86 pág.

Pré-visualização | Página 11 de 34
Ela ainda foi fechar as cortinas e olhou a noite lá fora. A chuva diminuía aos poucos. Sequer incomodava-se com os poucos pingos que ainda caíam. A tormenta tinha passado. Felipe, naquela noite, estava há algum tempo passeando pelo canal de bate-papo. Mudava de uma sala para outra, mas não conseguia levar nenhuma conversa adiante. Estava distraído demais, teclando enquanto assistia a um filme. Quando entreteve-se durante algum tempo conversando com uma garota bastante interessante, ela, de repente, desconectou. Sua última mensagem avisava que o marido chegara em casa. Ultimamente, ele vinha observando uma mudança no perfil das pessoas que encontrava nos chats. Cada vez mais, as salas de bate-papo refletiam a vida real. Hoje, a variedade de pessoas, com os mais diferentes níveis e idéias, era imensa. Bem diferente do início, quando grande parte das pessoas que as freqüentava trabalhava com computadores. Ou, ainda, eram pessoas que encontravam ali uma oportunidade de se relacionarem com o mundo, superando timidez, traumas e tantas outras limitações.. “No futuro, relacionar-se pela internet vai ser uma coisa absolutamente normal. As pessoas vão deixar de encarar os relacionamentos pelo computador como uma coisa estranha e vão fazer deles uma opção a mais de convívio. ”- concluiu. Ele gostou de conversar com Giulia naquele dia. Não se viam há algum tempo, desde o dia em que se separaram. Ela parecia estar mais madura, mais segura. Sabia que ela ainda não estava tão forte quanto demonstrava, mas isso era questão de tempo. Ela estava se esforçando e ele sabia que contribuíra para essa mudança. Ele vivia, agora, uma nova fase em sua vida. Sem compromissos, cobranças ou obrigações, sentia-se livre, aberto ao que a vida lhe trouxesse. Não fazia planos. Vivia um dia de cada vez, aproveitando os bons momentos. Estava quase desconectando, quando alguém prendeu a sua atenção. Sua interlocutora, uma garota do sul do país, tinha alguma coisa de diferente e ele quis descobrir o que era. Teclavam há algum tempo e ela fazia de tudo para que a conversa se estendesse. (00:47:07) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Quantos anos vc tem ? (00:47:35) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Tenho 31 anos, mas estou inteira, malho bastante. Dizem que os cariocas são muito soltos e isso me agrada. (00:48:01) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Vc parece de bem com a vida. 27 (00:48:27) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Sou uma garota que adora amizades, principalmente masculinas. Adoro meu trabalho, vivo numa boa, extremamente feliz e com quem eu amo. Conheço pessoas de todo o Brasil e do exterior, pelos chats e por causa da minha profissão. Adoro conversar, curtir som, cinema, adoro transas longas, gosto de curtir a pessoa inteira na cama. (00:49:19) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Emancipadinha, hein, que fera!. (00:50:38) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Se tu que é carioca pensaste isso, imagina os outros... Tu saíste com alguém daqui da Net? (00:51:33) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Já conheci umas minas aí super legais, umas chatas e uma completamente maluca. Duas viraram amigas mesmo. Rolou uns beijinhos, rolou transa...É bom que vc sai com uma pessoa que vc escolheu. Digo fisicamente... (00:52:17) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Que tipo de mulher te atrai fisicamente ? (00:53:39) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Tem que ter um rosto bonito, um cabelo maneiro e um corpinho transado...E tem que gostar de rir muito, brincar, ser do tipo alegre. Tem que ser chapinha, aí não tem erro, é dessa que eu gosto. (00:54:26) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Me diz o que é chapinha... (00:55:47) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Chapinha é amiga, que veste a tua camisa...Como tu é fisicamente? (00:56:07) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Tenho 1,66m e peso 50 kg, tenho cabelos encaracolados. Eu estou em forma, bundinha empinada, musculatura definida. Adoro usar minissaia e não uso sutiã. Uso blusinhas provocantes, do tipo que revelem sutilmente os mamilos, mas me faço de desentendida. Gosto de calcinhas pequenas, mas também adoro sair sem calcinha, sem ninguém saber. Adoro fantasias e minha imaginação é fértil. Para mim, a beleza está dentro da pessoa, no magnetismo e na sensualidade. 00:57:58) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Fala a verdade, emancipada desse jeito, tu consegue manter um relacionamento por quanto tempo? (00:58:37) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Estou num relacionamento há 5 anos...Por que tu me chamas de emancipada? Por eu curtir a minha sexualidade? Por eu curtir o meu corpo? Por gostar de calcinhas pequenas e te contar? (00:59:53) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Pô, não precisa ficar grilada assim, desculpe... (01:00:35) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Não fiquei grilada, não, fica tranqüilo. Quero te contar mais sobre minha vida porque ela é interessante e sei que a maioria dos homens gostariam de estar no lugar do meu amado. (01:01:24) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Já vi de tudo aqui no Rio, nada mais me surpreende. Estou até sacando, tu faz sexo com ele e com outra mina ou algum lance parecido, não é? (01:02:23) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Viu como eu sei que todo homem gostaria de estar no lugar dele? Acertaste em cheio. Vivo com duas pessoas casadas há 16 anos. Sou o tesão da vida deles. Os dois são o meu tesão. Nunca transei com um homem tão gostoso. E ela me dá muito tesão, tb. Adoro o toque suave de uma mulher. Acho nossas transas super-eróticas. Somos amigos acima de tudo e nosso casamento é fechado. Não temos relacionamentos fora dele. E tu és muito esperto! 28 (01:03:24) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Acho legal, o importante é a gente se sentir bem, ser feliz... (01:04:05) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: Mas, fala a verdade, qual dos dois te dá mais tesão? (01:04:52) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Os dois, cada um de um jeito. Ela sabe exatamente como eu gosto de ser tocada. Ele sabe exatamente como transar comigo. Quase sempre transo só com ele. Às vezes, só com ela. É raro ficarmos os três juntos, por causa dos nossos compromissos profissionais. Quando acontece é uma festa, mas é difícil rolar. Entre nós duas tem uma ligação fortíssima, coisa de alma mesmo. E nós três somos muito amigos. Não tem posse entre nós. (01:05:01) Felipe RJ fala reservadamente com G@T@: E até quando tu fica nessa? (01:05:35) G@T@ fala reservadamente com Felipe RJ: Não sei, talvez pinte um homem por quem eu me apaixone. Não se sabe, a vida é muito louca... A conversa, então, continuou em seu rumo natural. Ela contou detalhes de sua vida com o casal, mas deixou claro que queria uma vida com marido, casa e filhos. - Qual mulher não quer? – ele se perguntava. Não que ele achasse errado o fato de uma mulher sonhar com isso. Muito pelo contrário. O problema, para ele, era que, no caso de uma separação, quem fica com todo o ônus é sempre o homem. Não bastasse a justiça privilegiar sempre a mãe quanto à guarda dos filhos, o homem ainda tem que arcar com pensões. Isso sem falar que, quando há bens, o patrimônio, construído em uma vida, é dividido, não importando o quanto a mulher colaborou ou não para construir esse patrimônio. Dessa forma, enquanto a mulher fica livre para reconstruir a sua vida, o homem faz as contas para ver como pode reconstruir a sua. Ele não achava isso justo. “Em uma sociedade que preconiza a igualdade entre os sexos, chega a ser hipocrisia.” – costumava dizer. Sua esperança era que a virada do século mostrasse às pessoas que, hoje, nós vivemos em uma sociedade onde homens e mulheres têm papéis profissionais ativos, onde ambos têm condições de conquistar seus espaços. E que, portanto, é mais do que tempo de realmente se igualar homens e mulheres em direitos e deveres. Hoje, vivemos em