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ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE Conceito Em sua essência, a anamnese é uma entrevista com objetivo e finalidade pré-estabelecidos Historicamente, foi desenvolvida com a intenção de direcionar o olhar do médico para a doença, sem considerar a pessoa doente O objetivo primordial dessa entrevista é o de reunir dados sobre o paciente, que nos levarão a compreender seu processo patológico subjacente, identificar riscos e agravantes a saúde do indivíduo É papel do médico avaliar o que o paciente vai lançando no seu discurso, para focar no que se deseja A valorização do contato com o paciente qualifica uma boa anamnese, embora a disponibilidade tecnológica tenha levado muitos a considerá-la secundária Nada substitui o contato direto com o paciente, o que proporciona uma boa anamnese Erros Comuns ERROS COMUNS NA ANAMNESE Se a narrativa da entrevista está relacionada com a doença e não com o ser humano, a consulta transforma-se apenas em algumas perguntas que objetivam descobrir doenças, e não o doente em questão Uma anamnese tipo "receita de bolo" negligencia as características peculiares de cada paciente Anamnese Escrita Comunicação não verbal Comunicação verbal Uma anamnese verdadeira sai da boca do próprio paciente, mas o médico deve ser COOPERATIVO, ATENTO, CUIDADOSO e, quando necessário, DIRECIONADOR Cerca de 60% dos exames solicitados são normais ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE Conhecimento COMO MÉDICOS, TEMOS OBRIGAÇÃO DE CONHECER: Componentes que integram a anamnese Termos propedêuticos Importância e dificuldades Habilidades HABILIDADES QUE DEVEMOS DESENVOLVER: Humanismo Empatia Sistematização Observação Formulação coerente e cronológica Atitudes ATITUDES QUE DEVEMOS TER: Uso da razão lógica Reconhecimento das próprias limitações Respeito às informações com interesse Manter uma abordagem clínica sempre: Gentil Competente Segura Confidente Na anamnese: Devemos considerar o perfil do paciente Todo paciente a ser consultado fica ansioso Ter paciência com respostas pouco claras Buscar identificar a experiência prévia com doenças (com o próprio paciente ou pessoas próximas a ele) Os medos Respeitar os âmbitos cultural, educacional e econômico de cada indivíduo Adaptar a entrevista ao perfil do paciente Linguagem Timing das perguntas Adaptar a deficiência auditiva ou de fonação, e características regionais de linguagem O primeiro minuto é muito significativo, acolhe e destaca o foco do contato Nos primeiros 20 segundos de contato pessoal, as informações visuais dominam a consciência dos dois participantes (médico e paciente) O PACIENTE OBSERVA: Postura Roupas Atitude Distância física Sexo e idade ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE O MÉDICO OBSERVA: Constituição corporal Postura e gestos Roupas Sexo e idade Cuidados O paciente deve estar confortável Priorizar a privacidade do paciente, sempre que possível Fique próximo do paciente, evite que objetos os separem Demonstre que está ouvindo atentamente OBS.: cuidados tanto no hospital, quanto no consultório Abertura A abertura da entrevista varia com o estilo de cada médico EXEMPLO: “Bom dia/boa tarde senhor(a)___, sou ____, aluno(a) de medicina, faço parte da equipe médica que cuida do senhor(a). Estou aqui para conversar sobre a sua história. Podemos conversar agora? Tudo bem se eu anotar algumas coisas durante a conversa? ” Sempre que possível, a anamnese deve ser colhida diretamente com o próprio paciente No caso de limitação para a coleta da anamnese, a história poderá ser colhida de um acompanhante ou responsável, devendo este fato constar por escrito (quem é o informante e qual o grau de parentesco) Más técnicas NÃO É INDICADO: Utilizar perguntas iniciadas com “porque” Exigem explicações defensivas que implicam em justificar fatos Traduzindo uma atitude queixosa por parte do entrevistador, levando o paciente a ter uma atitude de defesa Utilizar perguntas sugestivas Que contém a resposta O paciente pode se sentir inibido, inferiorizado em discordar, ou ser induzido a uma resposta Ausência de contato visual Médico concentrado em suas anotações Além de dar a impressão de que o papel é mais importante, perde todos os gestos e expressões do paciente Cumprimento Apresentação Solicitação para anamnese ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE Armadilhas A tentação de recorrer a perguntas diretas é a principal armadilha para o entrevistador inexperiente Devido ao tempo escasso, há uma tendência de abreviarmos excessivamente a entrevista Cuidado com a privacidade do paciente (atenção a determinadas perguntas) Faixa etária Pacientes idosos O entrevistador deve ter paciência, muitas vezes o idoso pode apresentar dificuldade em focar em um sintoma ou relacionar a cronologia real O médico deve estar atento a sinais de que o idoso não tem capacidade de realizar suas atividades diárias (como alimentação e o uso correto da medicação) Pacientes adolescentes O adolescente pode representar uma Anamnese difícil, podendo ser confuso ou ambivalente aos seus sentimentos, ou não querer falar, portanto a melhor abordagem é a direta e sincera Sempre que possível, garanta a conversa privada sem a presença dos pais, e os chame novamente no momento do exame físico Garanta para o adolescente que a conversa é confidencial Situações difíceis Pacientes defensivos Esperam um resultado negativo, sobre conversas englobando determinado tópico Esperam algum tipo de rejeição (Ex. etilismo, opção sexual, etc.) Pacientes zangados Respondem à entrevista com respostas mais emocionais do que cognitivas Pacientes manipuladores Tendem a manipular a situação com suas respostas Dificuldades Saber quando é o momento de mudar um tópico Aguardar o paciente concluir a última frase Devemos sinalizar o paciente com uma frase de ligação, do tipo “Senhor(a)____, vamos falar agora sobre ____?” Saber como agir quando o paciente começa a chorar Não interromper o paciente, ele pode se sentir envergonhado Se mostrar solidário, tentar confortar. Isso pode ser feito com palavras de consolo como “vai ficar tudo bem”, ou simplesmente ao tocar no ombro ou na mão do paciente ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE Passos da anamnese - A anamnese tradicional é composta por 6 etapas: IDENTIFICAÇÃO Nome, nome social, idade, sexo, data de nascimento Etnia Parda Negra Branca Amarela Vermelha Naturalidade Onde o paciente nasceu Procedência De onde o paciente veio Estado civil, religião, profissão ou escolaridade, acompanhante Endereço, telefone QUEIXA PRINCIPAL Principal motivo que trouxe o paciente para a consulta e há quanto tempo isso o incomoda Deve ser única e grafada com as palavras do próprio paciente Não deve ser um diagnóstico de outro médico, como “problema de coração”, e sim o principal sintoma pelo qual o paciente procura ajuda médica - Usamos as palavras do paciente com o objetivo de esclarecer de forma mais objetiva o seu sintoma mais intenso Ex: “falta de ar há duas semanas” “dor de barriga há 3 dias” Formas de realizar a pergunta: “O que o senhor(a) está sentindo? Há quanto tempo isso começou?” O que o senhor(a) estava sentindo quando veio ao hospital? Há quanto tempo esse sintoma começou?” “O que mais está/estava incomodando o senhor? ” Alguns sintomas podem apresentarsinais que o tornem perceptíveis. Ex. Dispnéia SINAIS: são alterações objetivas que são observadas através do exame físico. Ex: icterícia, cianose SINTOMAS: são sensações anormais sentidas pelo paciente, e são subjetivas. Ex: dor, tontura, náuseas ANTECEDENTES FAMILIARES ANTECEDENTES PESSOAIS ISDA HPMA QUEIXA E DURAÇÃO IDENTIFICAÇÃO ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE HISTÓRIA PREGRESSA DA MOLÉSTIA ATUAL (HPMA) Relato cronológico dos sinais e sintomas, desde o início da queixa principal até a data atual, utilizando caracteres propedêuticos, como: Início Localização Intensidade Caráter - Pontada - Queimação - Cólica - Aperto Duração + periodicidade = temporalidade Fator desencadeante Fatores de melhora ou de piora - Ex: postural, aos esforços, com alimentos, com tensão ou sono, medicamentos, etc Fatores que acompanham ou fatores associados - Ex: irradiação, náuseas, tontura, dispnéia Descrever em forma dissertativa, com terminologia propedêutica: início dos sintomas, sua sequência temporal, qualidade, intensidade fatores agravantes e de alívio, e os sintomas associados Nesta fase, o objetivo é obter dados sobre a queixa principal, permitindo que o paciente conte livremente sua história, investigando os dados mais relevantes, sem muita interferência Utilize os facilitadores de comunicação para ter um fluxo adequado de informações Utilize o sintoma principal (queixa principal) como fio condutor da história A HPMA deve ter começo, meio e fim A HPMA não é uma transcrição da história do paciente Ela é a formulação de uma história clínica, relatada pelo paciente, e formulada pelo entrevistador que a organiza de forma lógica e cronológica PERGUNTA FECHADA Pergunta sobre a presença de um sintoma mais específico Ex: "O senhor tem falta de ar? O senhor tem diarreia?" PERGUNTA ABERTA Permite que o paciente se expresse livremente sobre o que sente Ex: "O senhor tem algum problema de respiração?" PERGUNTA FECHADA DESCRITIVA Complementa o que não foi descrito pelo paciente, visando caracterizar melhor um sintoma Ex: "A falta de ar piora quando deita?" PERGUNTA ABERTA DESCRITIVA Sobre um sintoma específico já relatado, permitindo que o paciente descreva livremente o sintoma Ex: "Como é a falta de ar?" ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE INTERROGATÓRIO COMPLEMENTAR Questionar de maneira detalhada e organizada, relatando os sintomas atuais que não foram mencionados anteriormente, caracterizando cada sintoma com um breve relato cronológico e utilizando caracteres propedêuticos Objetiva uma visão ampla dos principais sintomas clínicos que podem ser associados à queixa do paciente, e eventualmente esquecidos dificultam a formulação de hipóteses diagnósticas IC/ISDA ISDA: interrogatório sobre os diversos aparelhos Perguntas elaboradas sobre os sinais e sintomas relacionados a todos os aparelhos do organismo, questionando o paciente de forma detalhada e organizada Em pacientes assintomáticos, normalmente o ISDA é de pouca utilidade Em paciente sintomáticos, é de grande relevância para completar a história da queixa atual, auxiliando nas hipóteses diagnósticas Geral Febre Alteração do peso, apetite ou sono Astenia ou fadiga Sudorese noturna Icterícia Pele e anexos Manchas ou máculas Palidez Prurido Dor Tumoração ou ulceração Temperatura Alopécia, pelos ou cabelo Alterações nas unhas DICA: É preferível que o ISDA seja iniciado através de perguntas introdutórias, que são perguntas abertas, ou seja, não precisam de respostas curtas, dando uma margem ampla para a resposta do paciente Ex: “Como está a respiração hoje?” A seguir, pode-se partir para a checagem de sintomas específicos de cada sistema através de perguntas fechadas, na qual suas respostas devem indicar a presença ou ausência de cada sintoma Ex: “O senhor tem tosse?” (sim ou não) A cada resposta afirmativa, deve-se solicitar novamente que o paciente discorra sobre esse sintoma, com uma pergunta aberta de caráter descritivo Ex: “Como é essa tosse?” (aberta) “É seca? Qual a cor da secreção? Tem sangue?” (fechadas) ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE Cabeça e pescoço Cefaleia Tontura e vertigem Alteração na acuidade visual Escotomas, diplopias Lacrimejamento, secreção ocular Vermelhidão ocular Linfoadenopatia, bócio Nódulos cervicais Anosmia, cacosmia Obstrução nasal Alteração na acuidade auditiva Zumbido Otalgia Rouquidão, disfonia Aparelho cardiovascular Síncope ou lipotimia Precordialgia Palpitação Dispneia Paroxística Noturna Ortopnéia Edema ou varizes Aparelho respiratório Dispneia Tosse Hemoptise Sibilância Cianose Dor torácica ou dor ventilatória Aparelho digestório Náuseas ou vômito Flatulência Regurgitação Empachamento Epigastralgia Hematêmese Esteatorreia Tenesmo Aparelho urinário Colúria Odor Espumúria Piúria Hematúria Disúria Ardúria Estrangúria Polaciúria Poliúria Noctúria Nictúria Aparelho genital masculino Ulceração Prurido Disfunção erétil Priapismo Hemospermia Aparelho genital feminino Dismenorreia Menorragia Metrorragia Amenorreia Dispauremia Aparelho locomotor Mialgia Artralgia ou artrite Edema articular Câimbra Crepitação articular Sistema nervoso e psiquismo Paresia Paralisia ou plegia Alteração de memória Alodinia Hiperalgesia Anedonia ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE ANTECEDENTES PESSOAIS Consiste em buscar conhecer eventos significativos na vida do paciente, desde o nascimento até o atual momento Doenças que foram diagnosticadas, tratadas ou não Medicações em uso Alergias Vacinação Hábitos e vícios - Vida sexual - Álcool - Tabagismo - Atividade física - Hábitos alimentares Antecedentes clínicos - Cirurgias prévias - Internações prévias Antecedentes ginecológicos - GPA - Menarca - Sexarca - Menopausa Enfoque preventivo: Consiste na busca ativa de situações e/ou fatores de risco para o desenvolvimento das doenças mais prevalentes no meio em que o paciente está inserido, de forma a estabelecer ações de prevenção (primária/secundária), aconselhamento, profilaxia e/ou tratamento precoce Exames de rastreio: De acordo com o sexo e a idade do paciente, alguns exames são solicitados, com o objetivo de diagnosticar precocemente doenças. Ex: exame de colesterol, papanicolau e mamografia ANTECEDENTES FAMILIARES Dados sobre a família do paciente são importantes devido à existência de inúmeras doenças hereditárias e transmissíveis Ex: neoplasias, diabetes, asma, dislipidemia, hipertensão arterial, doença coronária, tuberculose ou distúrbios psiquiátricos CONDIÇÕES SOCIAIS E DE HABITAÇÃO Perguntar delicadamente: Se a casa é arejada Se possui janelas Quantos moradores na residência Quantos cômodos possui Se tem chance de haver mofo Se possui animais de estimação Se possui água tratada, ou se costuma ter água de enchente Se há chão pavimentado DICA: Fazer perguntas sobre familiares próximos do paciente, como pais, irmãos e filhos. Ex: “Seus pais são vivos? Têm alguma doença? (Se falecidos) faleceram do que? Com quantos anos faleceram?” (mesma pergunta para irmãos, cônjuge e filhos). ANAMNESE LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE CONDIÇÕES DE TRABALHO Procurar saber mais sobre as condições de emprego do paciente, para conhecer melhor a sua rotina, através de informações como: Onde trabalha e com o que trabalha Como é a jornada de trabalho Se realiza esforço físico com frequência Se trabalha comsubstâncias químicas, microorganismos, sangue ou secreções humanas Se é submetido a frio ou calor intenso Se usa ou não EPI (Equipamentos de Proteção Individual) ILLNESS Consiste em uma etapa de extrema relevância para a comunicação médico- paciente No Ilness, o médico realiza uma interpretação subjetiva do paciente, das suas expectativas e sentimentos diante da situação Ideias O que o paciente pensa sobre o que o acomete Sentimentos Sobre o adoecimento e suas repercussões ou significado Efeitos/função Sobre as funções de vida diária Expectativas Quanto ao seu estado de saúde, à consulta, ao tratamento ou ao prognóstico ILNESS SENTIMENTO IDEIA FUNÇÃO EXPECTATIVA
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