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ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE Anemia Conceito e Definição Segundo a OMS, a anemia representa uma condição patológica em que ocorre diminuição da massa de hemoglobina (Hb) e, eventualmente, da massa eritrocitária É importante salientar que a anemia é a manifestação de uma doença base que muitas vezes está oculta Apresenta como consequência a hipóxia tecidual, ou seja, condição em que os tecidos não são adequadamente oxigenados Fatores que influenciam a [Hb] Idade Sexo Altitude Tabagismo Idade gestacional Índice de massa corporal Epidemiologia A anemia afeta 1/4 da população mundial, com uma maior prevalência em grupos de baixo nível socioeconômico Por exemplo, a anemia falciforme e a talassemia β são mais prevalentes na África equatorial e na bacia do Mediterrâneo A deficiência de ferro foi sua principal causa, e as crianças com menos de 5 anos eram as mais afetadas Malária, esquistossomose e insuficiência renal crônica foram as causas de anemia cuja prevalência mais aumentou nesse período As regiões mais afetadas pela anemia foram o Sudeste da Ásia e a África subsaariana No Brasil, a Região Nordeste foi a que apresentou maior prevalência de anemia nas crianças (25,5%) e nas mulheres (39,1%) No caso da anemia falciforme, a doença monogênica mais comum no Brasil, observa-se distribuição heterogênea, dependendo da composição étnica da população de cada região ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE Fisiopatologia Cada tipo de anemia tem suas caraterísticas fisiopatológicas específicas. Entretanto, vale a pena discutir aspectos fisiopatológicos comuns a todos os tipos de anemia A hemoglobina é a proteína que transporta o oxigênio dos pulmões aos tecidos. A captação e a liberação do oxigênio pela hemoglobina são influenciadas por: Temperatura pH Concentração de CO2 Quantidade de 2,3-DPG A redução da massa de hemoglobina pode acarretar diminuição significativa da capacidade de transporte de O2 e de sua liberação para os tecidos A queda da concentração da Hb leva à mobilização pelo organismo de mecanismos compensatórios, tais como: Aumento do débito cardíaco Redistribuição do fluxo sanguíneo para órgãos vitais Aumento do influxo de líquido do espaço extravascular para o intravascular Classificação A anemia pode ser classificada em: Aguda ou crônica, quanto ao tempo de instalação Hipoproliferativa (diminuição da produção) ou perda/hemólise (do aumento da destruição dos eritrócitos), quanto à causa Normocítica/normocrômica, macrocítica e microcítica/hipocrômica, quanto ao volume corpuscular médio (VCM) A classificação mais usada na prática clínica é de acordo com o volume corpuscular médio das hemácias, pois confere a vantagem prática de guiar o médico com respeito à investigação de sua causa, ANEMIA FERROPRIVA Advinda do esgotamento das reservas de ferro, na maioria das vezes, por perda crônica de sangue, por exemplo, por fluxo menstrual aumentado e sangramento por trato gastrointestinal ANEMIA DECORRENTE DA DOENÇA INFLAMATÓRIA Decorre do bloqueio do ferro no sistema reticuloendotelial, da redução da eritropoese e da menor sobrevida das hemácias OBS.: A ferritina está diminuída na anemia ferropriva e aumentada na anemia da doença inflamatória ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS DE ACORDO COM O VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO (VCM) DAS HEMÁCIAS VCM < 80 fL (microcitose) Ferropriva Talassemia Sideroblástica VCM 80-100 fL (normocitose) Doença inflamatória crônica Insuficiência renal crônica Anemia falciforme Síndrome mielodisplásica Falência MO/mielotoxicidade Deficiência combinada (ferro + folato ou B12) Infiltração da medula óssea VCM > 100 fL (macrocitose) Anemia megaloblástica (def. folato ou B12) Doença hepática crônica Síndrome mielodisplásica Reticulocitose acentuada OBS.: a anemia normocítica e a normocrômica são anemias hipoproliferativas Manifestações clínicas São variáveis e dependem de vários fatores, como: Etiologia Gravidade Velocidade de instalação Eventuais comorbidades Mecanismos compensatórios que o paciente foi capaz de mobilizar As queixas mais comuns são: Astenia Dispneia Palpitações, especialmente aos esforços Tontura Cefaleia Zumbidos Claudicação intermitente Angina pectoris, nos pacientes com doença arterial aterosclerótica Queixas específicas também podem ocorrer em diferentes tipos de anemia, por exemplo, a perversão do apetite (pica) na anemia ferropriva e queixas neurológicas na anemia por deficiência de cobalamina Ao exame físico, o paciente, em geral encontra-se pálido. Pode-se ainda observar hipotrofia das papilas da língua nas anemias ferropriva e megaloblástica, edema maleolar, entre outros sinais A icterícia e a esplenomegalia são sinais sugestivos de anemia hemolítica ou de anemia megaloblástica Outros achados podem sugerir síndromes de falência ou infiltração da medula óssea (MO), como a presença de petéquias e a febre ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE Diagnóstico Segundo a OMS, é considerado anemia: Feminino: Hb < 12mg/dL Masculino: Hb < 13mg/dL Na anemia ferropriva, observa-se redução da saturação da transferrina e da concentração da ferritina sérica Na anemia da doença inflamatória crônica, a saturação da transferrina também é baixa, mas vem comumente associada ao aumento da concentração da ferritina sérica (que também pode estar normal) Nas anemias megaloblásticas, as concentrações de cobalamina (vitamina B12) ou de ácido fólico estão comumente reduzidas OBS.: Dentre os exames a ser solicitados, o hemograma é o mais importante, pois ele permite classificar a anemia de acordo com sua a intensidade e com o volume corpuscular médico (VCM) das hemácias O hemograma mostra: Contagem de leucócitos Morfologia das hemácias (ex. pleocariócitos e bastonetes gigantes nas anemias megaloblásticas Contagem de plaquetas (reduzida na falência ou infiltração da MO e na anemia megaloblástica, entre outras) Contagem de reticulócitos, que contribui para definir a magnitude da eritropoese, ou seja, se se trata de causa de origem central (anemia hipoproliferativa-reticulocitopenia) ou de destruição ou perda de eritrócitos (reticulocitose) Anemia Ferropriva A deficiência de ferro afeta todo o organismo, não apenas a eritropoese e o transporte de oxigênio, uma vez que o ferro é constituinte de todas as células e tecidos, como, por exemplo, os músculos, cuja proteína mioglobina também contém o grupo heme É a mais prevalente das anemias, afetando mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo Ocorre uma série de mecanismos compensatórios da anemia, desde os cardiovasculares, comuns a todo tipo de anemia, até os mais específicos, como a redução da síntese do hormônio hepcidina, que resulta em aumento da absorção de ferro ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE POSSÍVEIS CAUSAS Demanda aumentada de ferro Gestação Adolescência Primeira infância (especialmente prematuros) Perdas menstruais aumentadas Perdas gastrointestinais Doença péptica Doença diverticular dos cólons Divertículo de Meckel Câncer Má-formação vascular Parasitose intestinal (ancilostomose) Doença inflamatória intestinal (doença celíaca) Má absorção Cirurgia bariátrica Cirurgia de úlcera péptica Inibidor de bomba de prótons Doença celíaca Diminuição da ingestão Dieta exclusiva de leite por período prolongado Idosos Tratamento O tratamento da anemia depende de sua causa, como a reposição de ferro ou de eritropoetina, entre outros ANEMIA FERROPRIVA O tratamento padrão é a suplementação de ferro por via oral, na dose de 50-200 mg/dia de ferro elementar para indivíduos adultos Em caso de intolerância ao ferro oral ou confirmada má absorção, pode-se administrar ferro por via parenteral A suplementação de ferro deve ser feita até a normalização da concentração de Hb e das reservas de ferro ANEMIA DA DOENÇA INFLAMATÓRIA O tratamento da doença de base, que pode ser: Doenças autoimunes (ex. artrite reumatoide) Infecção crônica (ex. osteomielite, tuberculose) Câncer (em geral avançado) Doença renal crônica (a causa predominante é a ↓ da EPO) Insuficiência cardíaca congestiva Doença pulmonar crônica (ex. DPOC) Obesidade Anemia do idoso Eventualmente, pode ser útil o uso da eritropoetina, especialmente em pacientes idosos e com comorbidade que torne mais difícil ao paciente mobilizar os mecanismos compensatórios da anemia Entretanto, o uso da eritropoetina pode acarretar complicações como hipertensão arterial e levar a aumento do risco de trombose ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE Hemácias PRODUÇÃO Nas primeiras semanas da vida embrionária, hemácias nucleadas primitivas são produzidas no saco vitelino Durante o segundo trimestre da gestação, o fígado passa a constituir o principal órgão de produção de hemácias, embora número razoável também seja produzido pelo baço e pelos linfonodos. Posteriormente, durante o último mês de gestação e após o nascimento, as hemácias são produzidas exclusivamente na medula óssea. A medula óssea de quase todos os ossos produz hemácias até que a pessoa atinja a idade de 5 anos. A medula óssea dos ossos longos, exceto pelas porções proximais do úmero e da tíbia, fica muito gordurosa, deixando de produzir hemácias aproximadamente aos 20 anos de idade Após essa idade, a maioria das hemácias continua a ser produzida na medula óssea dos ossos membranosos, como vértebras, esterno, costelas e íleo. Mesmo nesses ossos, a medula passa a ser menos produtiva com o avanço da idade. NUTRIENTES NECESSÁRIOS PARA A FORMAÇÃO DAS HEMÁCIAS Ferro Vitamina B12 Ácido Fólico OBS.: o ácido fólico e a B12 são essenciais para a síntese de DNA A falta desses compostos resulta numa quantidade reduzida de DNA, gerando falha na maturação e divisão nuclear, causando meia vida menor (metade a um terço do normal) PREJUDICA O TRANSPORTE DE O2 Em anemia, há o aumento do débito cardíaco, e consequente destruição de fluxo alterada Com isso, observamos um aumento do plasma sanguíneo e eritropoietina, diminuindo a afinidade do eritrócito com 02 Anemia na Doença Renal A anemia está presente em 70% de pacientes com DRC e 98% em pacientes dialisados A eritropoies deficiente, em decorrência da baixa produção de Eritropoetina (Epo) e diminuição da excreção renal (acúmulo de toxinas urêmicas) geram anemia POSSÍVEIS CAUSAS Multifatorial Diminuição da eritropoietina Diminuição da resposta à eritropoietina Diminuição da meia vida do eritrócito Deficiência de Ferro ANEMIA EM PACIENTES COM DRC ESTÁ LIGADA À: Dilatação cardíaca Insuficiência cardíaca Hipertrofia ventricular esquerda Risco de doença coronariana Progressão da doença renal Mortalidade ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE FISIOPATOLOGIA DA ANEMIA NA DRC O subgrupo de pacientes com doença renal crônica (marcados como “Uremia”) apresenta níveis plasmáticos muito menores de eritropoietina do que aqueles com outros tipos de anemia TRATAMENTO Eritropoetina Início: se HT < 33% Dose: 50 a 150 U / kg Suplementação de Ferro Causa + frequente de resposta insatisfatória à EPO Via: VO nas fases iniciais IV / IM fases + avançadas Objetivo: sat transferrina > 20%; ferritina > 100ng/dl Mal de altitude Também conhecido como “soroche” Sofrimento físico causado pela dificuldade em se adaptar à menor pressão de oxigênio em altitudes elevadas A maioria dos casos da doença de altitude é leve, mas alguns podem ser fatais A partir dos 2.500 metros de altitude SINTOMAS DO MAL DA ALTITUDE Dor de cabeça Náuseas Falta de ar Incapacidade de se exercitar COMO PREVENIR E EVITAR? 1) Aclimatização 2) Descanse nos primeiros sintomas 3) Hidratação: a desidratação piora os sintomas da doença 4) Medicações: AINEs aliviam os sintomas, folha de coca 5) Evitar etilismo e tabagismo 6) Oxigenoterapia e descer a altitude menores Funções da Eritropoietina (EPO) Eritropoetina ou EPO é um hormônio glicoproteico secretado pelos rins que controla a eritropoiese, ou seja, a produção de células vermelhas do sangue, estimulando a medula óssea a elevar a produção de células vermelhas do sangue É uma citocina (molécula de sinalização de proteína) para eritrócitos (hemácias e glóbulos vermelhos) precursores da medula óssea Eleva os níveis de eritrócitos sanguíneos, incrementando a troca de oxigênio O uso desse hormônio consiste no tratamento terapêutico da anemia em pacientes com problemas renais Em pessoas saudáveis, é utilizado para o aumento do rendimento muscular e da resistência à fadiga ANEMIA @FUTURA.DRA.MINGHE Anemia nas neoplasias malignas SINTOMAS Fadiga Perda da qualidade de vida Aumento da mortalidade OBS.: prejudicam as atividades diárias do paciente, os cuidados pessoais e a capacidade de trabalho RELAÇÃO DO CÂNCER COM ANEMIA Infecções Radioterapia Quimioterapia Hemorragia Diminui a produção Medicação Quimioterapia mielosupressiva Radioterapia Infecção Citomegalovírus Parvovírus B19 Doença Deficiência de Ferro Tumores sólidos DRC Aumenta a destruição Medicação Antibióticos (ex.: b-lactâmicos, Dapsone) Quimioterapia (ex.: Gemcitabine) Infecção Vírus da Imunodeficiência Humana Doença Anemia Hemolítica Microangiopática (pode ter relação com medicações ou doenças) Anemia Hemolítica Autoimune Perda maciça, oculta ou iatrogênica Medicação Anticoagulação, Agentes Antiplaquetários Antiinflamatórios não esteroidais Infecção Helicobacter Pylori Doença Tumor Gastrointestinal Flebotomia frequente (coleta frequente de sangue) Menstruação e Cirurgia TRATAMENTO Garantir a oxigenação dos tecidos Melhorar a qualidade de vida Cognição Fadiga Tolerância ao exercício PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS Ferro Transfusões Terapia androgênica Controlar as perdas
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