Buscar

Resumo do Capítulo 5 - Pulsão e Representação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Universidade Estácio de Sá
Curso de Psicologia
Teorias e Sistemas Psicológicos II
Pulsão e Representação
Patrícia Almeida dos S. Minelli – Matrícula: 2010.02.11595-7
Rio de Janeiro
Novembro / 2011
O Conceito de Pulsão
“A teoria das pulsões é, por assim dizer, nossa mitologia”, escreve Freud.
Muitos conceitos não descrevem o real, eles produzem o real. Esse é o caso da pulsão em Freud: ela nunca se dá por si mesma (nem a nível consciente, nem a nível inconsciente), ela só é conhecida pelos seus representantes: a idéia e o afeto. Além do mais, ela é meio física e meio psíquica. Daí seu caráter “mitológico”.
A diferença fundamental entre a pulsão e o instinto é que este último, além de designar um comportamento hereditariamente fixado, possui um objeto específico, enquanto a pulsão não implica nem comportamento pré-formado, nem objeto específico. É exatamente a variação quanto ao objetivo e ao objeto que se vai constituir num dos pontos centrais da teoria pulsional.
Pulsão, diz Freud, é “um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático”; ou ainda, “é o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente”. No artigo O inconsciente, Freud afirma que uma pulsão nunca pode tornar-se objeto da consciência e que mesmo no inconsciente ela é sempre representada por uma idéia ou por um afeto. Idéia (Vorstellung) é um termo consagrado no vocabulário filosófico alemão para designar: aquilo que está presente no espírito (por oposição a “coisa”), a percepção de um objeto, a reprodução da percepção, isto é, a recordação e o conteúdo de um ato de pensamento.
No sentido de tornar mais claro o significado dos vários termos empregados por Freud na noção de representação, veremos:
1 – Representação (Vorstellung) – é um dos representantes psíquicos da pulsão. Enquanto tal, opõe-se ao afeto (affekt). 
2 – Representante psíquico (Psychischerepräsentanz) – é a “representação” psíquica da pulsão. Engloba tanto a idéia quanto o afeto.
3 – Representante pulsional (Triebrepräsentanz) - Freud utiliza esse termo ora como sinônimo de representante ideativo, ora como sinônimo de representante psíquico.
4 – Representante ideativo (Vorstellungrepräsentanz) – é um dos registros da pulsão no psiquismo (o outro é o afeto): o representante ideativo é o que constitui o conteúdo do inconsciente (pois o afeto não pode ser inconsciente) e também aquilo que constitui o inconsciente, já que é sobre ele que incide o processo de recalcamento. Como veremos, uma pulsão não pode ser recalcada; o que é recalcado é o seu representante ideativo.
5 – Afeto (Affekt) – é o outro registro em que se faz a representação psíquica. Ele é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional. O afeto e o representante ideativo são independentes. Os destinos do afeto são diferentes dos destinos do representante ideativo. Não se pode, a rigor, falar em “afeto inconsciente”; a nível inconsciente o afeto tem que se ligar a uma idéia (representante ideativo).
Temos que distinguir a pulsão daquilo que a representa. Comecemos por examinar o conceito de pulsão em função de sua fonte, sua pressão, seu objetivo e seu objeto.
A fonte da pulsão é corporal, não psíquica; é um “processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo e cuja excitação é representada na vida mental pela pulsão”. Freud declara que as pulsões são inteiramente determinadas por sua origem numa fonte somática, entendendo-se por “fonte somática” ou “fonte orgânica” tanto o órgão de onde provém a excitação como o processo físico-químico que constitui essa excitação. Já vimos que o que caracteriza o apoio é o fato de as pulsões sexuais estarem ligadas, em sua origem, às pulsões de autoconservação. A fonte da pulsão é, pois, o instinto.
A pressão é a segunda dimensão da pulsão. “Por pressão de uma pulsão”, escreve Freud, “compreendemos seu fator motor, a quantidade de força ou a medida da exigência de trabalho que ela apresenta”. Toda pulsão é ativa e a pressão é a própria atividade da pulsão, seu fator dinâmico. A pressão é o elemento motor que impele o organismo para a ação específica responsável pela eliminação da tensão.
O objetivo é o terceiro elemento em relação ao qual Freud define a pulsão. O objetivo da pulsão é sempre a satisfação, sendo que “satisfação’ é definida como a redução da tensão provocada pela pressão.
O objeto da pulsão é definido por Freud como “a coisa em relação à qual ou através da qual a pulsão é capaz de atingir seu objetivo”, e completa, “é o que há de mais variável numa pulsão”. O objeto passa a ser concebido, portanto, como um meio para que um fim seja atingido, enquanto o fim (objetivo) é de certa forma invariável (satisfação), o objeto “é o que há de mais variável”. Num primeiro sentido, objeto da pulsão é um meio para alcançar o objetivo que é a satisfação. Ele pode ser uma pessoa, uma parte de uma pessoa, pode ser real ou fantasmático. Perde assim toda e qualquer especificidade, e é sob esse olhar que Freud afirma que ele é o que mais varia na pulsão. Um segundo sentido sob o qual aparece a noção de objeto é aquele que poderia ser assinalado pelo termo “objetal” (que não pode ser confundido com objetivo). O objeto no seu sentido objetal não seria mais um objeto parcial mas preferencialmente uma pessoa que seria amada (ou odiada). “Objeto” para Freud não é aquilo que se oferece em face da consciência, mas algo que só tem sentido enquanto relacionado à pulsão e ao inconsciente.
Pulsões do Ego e Pulsões Sexuais
Após analisar a distinção feita entre fonte, pressão, objetivo e objeto da pulsão, retomaremos a proposta do artigo, que é a análise dos “destinos das pulsões”. Freud não está se referindo somente às pulsões sexuais, mas também analisando outro grupo de pulsões que ele denomina pulsões do ego ou pulsões de autoconservação.
A diferença básica entre os dois tipos de pulsões é que elas se encontram sob o predomínio de diferentes princípios de funcionamento: como as pulsões do ego só podem satisfazer-se com um objeto real, o princípio que rege seu funcionamento é o princípio da realidade, enquanto as pulsões sexuais, podendo satisfazer-se com objetos fantasmáticos, encontram-se sob o predomínio do princípio do prazer.
O sistema inconsciente “é incapaz de fazer qualquer coisa que não seja desejar”, como nele não há lugar para o “não”, o conflito pulsional deve fazer-se entre pulsões pertencentes a diferentes sistemas, daí a oposição entre pulsões sexuais e pulsões do ego.
Freud então introduz a noção de pulsões do ego. Essas pulsões investem o ego concebido como um grupo de representações, isto é, que elas visam o ego e não que elas emanam do ego.
A substituição desse dualismo pulsional tem início com o artigo Sobre o narcisismo: uma introdução, no qual Freud faz a distinção entre “libido do ego” e “libido objetal”, constituindo a oposição por referência não à natureza da energia, mas por referência ao objeto de investimento. Assim, “libido do ego” designa não uma libido que emana do ego, mas uma libido investida no ego, enquanto “libido objetal” significa o investimento da libido sobre objetos externos. 
A autoconservação nada mais seria do que um amor a si mesmo. E, toda pulsão é, em última instância, sexual.
Porém Freud introduziu um novo dualismo: o das pulsões de vida e das pulsões de morte. As pulsões sexuais e as pulsões de autoconservação são unificadas sob a denominação de “pulsões de vida” e contrapostas à “pulsão de morte”.
Os Destinos da Pulsão
Apesar de o artigo As pulsões e seus destinos começar falando das pulsões em geral, é das pulsões sexuais que Freud está falando. Já vimos que uma pulsão tem apenas um objetivo: a satisfação. Vimos também que esta não se dá de forma direta e imediata, mas que, por exigência da censura, ela implica sempre uma modificação da pulsão. Essa é a razão pela qual os destinos da pulsão são também apresentados por Freud como modalidades de defesa.
A rigor, uma pulsão não pode ser nem destruídanem inibida: uma vez tendo surgido, ela tende de forma repressiva para a satisfação. Aquilo sobre o qual vai incidir a defesa é sobre os representantes psíquicos da pulsão.
A pulsão tem dois representantes psíquicos: o representante ideativo e o afeto.
Os destinos do representante ideativo são:
1 – Reversão ao seu oposto
2 – Retorno em direção ao próprio eu
3 – Recalcamento
4 – Sublimação
O afeto não está ligado necessariamente ao representante ideativo e, portanto, seus destinos são diferentes.
Destinos do afeto:
1 – Transformação do afeto – Histeria de conversão
2 – Deslocamento do afeto – Obsessões
3 – Troca de afeto – Neurose de angústia e melancolia
As pulsões e seus destinos trata não dos destinos da pulsão, mas dos destinos do representante ideativo da pulsão.
Reversão ao seu oposto
A primeira mudança pela qual passa uma pulsão, segundo Freud. Essa reversão pode se manifestar de duas maneiras: como uma reversão do objetivo da pulsão, isto é, uma mudança da atividade para a passividade; e como uma reversão do conteúdo, a qual, segundo Freud, encontra-se no exemplo isolado da transformação do amor em ódio. Ambas as mudanças dizem respeito ao objetivo da pulsão.
Objetivo – atividade / passividade. Temos a transformação do objetivo ativo (olhar, torturar) para o objetivo passivo (ser olhado, ser torturado).
Conteúdo – Na mudança de conteúdo temos a transformação do amor em ódio (ambos ativos).
Retorno da pulsão em direção ao próprio eu
Caracteriza-se essencialmente por uma mudança do objeto, permanecendo inalterado o objetivo.
Enquanto a reversão de uma pulsão ao seu oposto diz respeito aos objetivos da pulsão, o retorno em direção ao próprio eu do indivíduo diz respeito ao objeto, permanecendo o objetivo inalterado.
Transformação do amor em ódio: Um caso isolado da transformação no oposto pela mudança de conteúdo. Segundo Freud,o amor não admite um, mas três opostos:
Amar – Odiar
Amar – Ser amado
Amar/Odiar – Indiferença
Essas três formas de oposição nos remeteriam a três polaridades que regeriam não apenas as formas de oposição ao amar, mas toda a nossa vida mental. São elas as antíteses:
Sujeito (ego) – Objeto (mundo externo)
Prazer – Desprazer
Ativo – Passivo
Essas três polaridades articulam-se entre si e são responsáveis pelas vicissitudes das pulsões.
No período dominado pelo narcisismo o que é objeto de investimento das pulsões não é o mundo externo, mas o próprio ego do indivíduo, caracterizando uma forma de satisfação que é autoerótica.
Pulsões de Vida e Pulsão de Morte
A história da psicanálise é atravessada pelo modo de pensar dualista de Freud. Os pares antitéticos: consciente – inconsciente, princípio de prazer – princípio de realidade, ativo – passivo, pulsões sexuais – pulsões de autoconservação etc. são exemplos desse dualismo.
Na primeira teoria das pulsões, Freud opunha as pulsões sexuais às pulsões de autoconservação; esse dualismo é substituído, a partir de 1920, por um novo: pulsões de vida – pulsão de morte.
Além do princípio de prazer... há o princípio de realidade, aprendemos nós. O princípio de realidade era, até então, concebido como um princípio de regulação psíquica que impunha à procura de satisfação desvios, paradas, substituições e sobretudo renúncias. Ao caminho mais curto do princípio do prazer, o princípio de realidade oferecia o caminho mais longo – mas de alguma forma também gratificante – da renúncia.
Mais do que uma oposição, o princípio de realidade é um desvio do princípio de prazer.
Escreve Freud:
Na realidade, a substituição do princípio de prazer pelo princípio de realidade não implica a deposição daquele, mas apenas sua proteção. Um prazer momentâneo, incerto quanto a seus resultados, é abandonado, mas apenas a fim de ganhar, mais tarde, ao longo do novo caminho, um prazer seguro.
Há algo além do princípio de prazer? Freud diz que seria incorreto aceitarmos uma dominância pura e simples do princípio de prazer sobre os processos psíquicos e que, se tal dominância existisse, a maioria dos processos deveria ser acompanhada pelo prazer ou conduzir a ele, o que é contradito pela experiência cotidiana.
O máximo que se pode dizer, portanto, é que existe na mente uma forte tendência no sentido do princípio de prazer, embora essa tendência seja contrariada por certas outras forças ou circunstâncias, de maneira que o resultado final talvez nem sempre se mostre em harmonia com a tendência no sentido do prazer.
Quais são, então, essas outras forças ou circunstâncias? O opositor irredutível do princípio de prazer não é o princípio de realidade.
Os sete capítulos de Além do princípio de prazer vão revelando pouco a pouco essa realidade através da análise de uma série de fatos que conduzem o leitor até a hipótese da pulsão de morte. O primeiro desses fatos apontados por Freud é o dos sonhos que ocorrem nas chamadas neuroses traumáticas, os quais têm por característica conduzir o paciente de volta à situação em que ocorreu o seu acidente.
Freud então nos conduz para além do princípio de prazer: o da compulsão à repetição. 
Sabemos que o princípio de prazer não funciona isoladamente e, de forma absoluta o que é prazer para o sistema inconsciente pode ser vivido pelo sistema pré-consciente/consciente. Sabemos também que o princípio de realidade, mesmo quando implica renúncia ao prazer, está em última instância servindo ao próprio prazer. O que não havia sido tematizado até então era a possibilidade da ocorrência de um processo que de forma alguma pudesse ser fonte de prazer e que apesar disso se impusesse repetidamente. Esse é o caso da compulsão à repetição.
Resta explicar “algo que parece mais primitivo, mais elementar e mais pulsional do que o princípio de prazer...”. Esse algo é a pulsão de morte.
Freud levanta a hipótese, segundo a qual a pulsão é uma tentativa inerente à vida orgânica de restaurar um estado anterior de coisas; ela é a expressão da inércia inerente à vida orgânica.
Admitindo-se a natureza conservadora da pulsão, seria contraditório afirmar que ela tende a um objetivo novo, isto é, que ela visa à mudança. O lógico é admitirmos que o que ela tende a repetir é o mesmo, o mais arcaico, o estado inicial do qual o ser vivo se afastou por decorrência de fatores externos. Esse estado inicial, ponto de partida de toda a vida, é, segundo Freud, o inorgânico. “Seremos então compelidos a dizer que o objetivo de toda a vida é a morte”, o retorno ao inanimado.
Há, portanto, em todo ser vivo uma tendência para a morte.
É essa tendência inerente a todo ser vivo de retornar ao estado inorgânico que Freud chama de pulsão de morte, enquanto o esforço para que esse objetivo se cumpra de maneira natural, ele denomina pulsão de vida. O objetivo da pulsão de vida não é evitar que a morte ocorra, mas evitar que ela ocorra de uma forma não natural. Ela é a reguladora do caminho para a morte.
Tanto as pulsões sexuais como as pulsões de conservação são consideradas pulsões de vida já que ambas são conservadoras.
As pulsões sexuais são as verdadeiras pulsões de vida e implicam uma junção de dois indivíduos da qual vai resultar um novo ser vivo. Assim, enquanto pulsão de autoconservação, a pulsão de vida é a manutenção do caminho para a morte, mas enquanto pulsão sexual ela garante por meio do sêmen germinativo, a imortalidade do ser vivo.

Outros materiais