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Ginecologia e Obstetrícia Valeska Barimacker 21 Síndrome Pré-menstrual É um distúrbio crônico que ocorre na fase lútea do ciclo menstrual, desaparecendo logo após o início da menstruação. Caracteriza-se por sintomas físico, psicológicos e comportamentais que afetam as relações interpessoais de maneira negativa, podendo comprometer a qualidade de vida, quando passa a ser nomeado de transtorno disfórico menstrual. Epidemiologicamente, em torno de 90% das mulheres apresentam sintomas de síndrome, enquanto 3 a 8% apresentam a sua forma mais intensa. Além disso, a prevalência é maior nos países da América Latina. Os sintomas mais apresentados no Brasil são ansiedade e alterações de humor. Clínica Os principais sintomas psicológicos relatados são labilidade humoral, ansiedade, irritabilidade, depressão, sentimento de desvalia, insônia ou aumento da sonolência, diminuição da memória, confusão, concentração diminuída e distração. As queixas físicas são aumento do volume abdominal, sensação de fadiga, cefaleia tensional, enxaqueca, mastalgia, dores generalizadas, aumento de peso, tonturas, náuseas e palpitação. Já nas alterações de comportamento, são comuns as mudanças de hábitos alimentares, aumento de apetite, avidez por alimentos específicos, maior permanência domiciliar, aumento de consumo de álcool e aumento ou diminuição da libido. Etiologia Não há consenso na etiologia, embora haja muitas hipóteses cogitadas e sem comprovação. Contudo, não está relacionada à menstruação, em virtude de mulheres que sofreram histerectomia ainda manter os sintomas após o procedimento, nem parece haver relação com nível hormonal, pois, na dosagem sérica, não há alteração de seus níveis. Vem sendo estudado o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), um neurotransmissor que possivelmente esteja associado à síndrome. O BDNF é uma neutrofina, que age regulando aspectos do desenvolvimento e funções neuronais e é modificado pelos níveis de estradiol e influência positiva de inibidores seletivos da recaptação da serotonina. Diagnóstico É necessário o acompanhamento de, pelo menos, 3 meses consecutivos para realizar o diagnóstico, não apenas um ciclo. Além disso, é preciso diferenciar os sintomas de outros sintomas psiquiátricos e de algumas condições médicas, como hiper e hipotireoidismo. Lembrar que os sintomas não coincidem com a fase lútea do ciclo menstrual. Ginecologia e Obstetrícia Valeska Barimacker 22 Ginecologia e Obstetrícia Valeska Barimacker 23 Tratamento O manejo inicial consiste em educação e orientação, bem como em modificações dietéticas. Por exemplo, evitar bebidas como café e chá à base de cola, pois são estimulantes, agravando sintomas humorais. Aliado a isso, a terapia cognitivo comportamental vem apresentando resultados benéficos no tratamento, bem como acupuntura. Medicamentoso inclui: Agentes psicotrópicos Antidepressivos serotoninérgicos – 1º linha, eficaz e de boa tolerabilidade. Podem ser utilizados de maneira contínua ou intermitente, a partir do 15º dia do ciclo. Ponto negativo: alteração na função sexual Benzodiazepínicos o Considerar risco de dependência e a rápida tolerância o Alprazolam 0,25mg 2x dia na fase lútea Supressão da Ovulação Anticoncepcionais orais combinados o Utilizado principalmente quando acompanhados de dismenorreia e mastalgia pré-menstrual o 1º escolha – etilenoestradiol + drospirenona no regime de 24/4 o Progesterona não mostra nenhum efeito significativo nos estudos já realizados Danazol o É um análogo androgênio que inibe as gonadotrofinas quando administrado em altas doses o Tem demonstrado alívio de mastalgia, mas não em outros sintomas o Uso prolongado pode provocar masculinização e outros efeitos colaterais Agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina - GnRH o Pode provocar castração química, aumento do risco de osteoporose, fogachos e atrofia urogenital
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