* * Discentes: Cynthia Nunes Diana Alves Klaister Carvalho Milena Queiroz Nina Mayerhoffer Quesia Lessa * * Em Carandaí (MG) uma empresa de mineração de talco exercia atividades de lavra na zona rural e o beneficiamento num galpão situado na área urbana. Após o diagnóstico de doença pleural em um restaurador artístico que usava massa plástica que continha o talco¹ procedente dessa empresa, houve o início de uma fiscalização pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG). Com isso, iniciou-se um trabalho de investigação, entre 2004 e 2005, com 29 ex trabalhadores de mineração de talco contaminado com asbesto. ¹ : É um grupo heterogêneo de silicatos hidratados de magnésio . * * O minério era extraído por lavra rudimentar com uso de explosivos e em condições bastante inseguras. As rochas obtidas eram quebradas com marretas manuais. Tais rochas eram transportadas por carregadeiras e depositadas em caminhões que as levavam ao galpão de beneficiamento. O sistema de exaustão tinha baixa efetividade o que resultava na deposição de poeira em toda instalação. Apesar da disponibilidade de mascaras com filtro mecânico, estas não eram utilizadas por negligência dos trabalhadores. * * Em 1907 o médico inglês H. Montagne Murray descreveu a asbestose, doença responsável pela morte de um trabalhador exposto ao asbesto em atividades de fiação. A comprovação anatomopatológica obtida na necropsia revelava a essência do processo pneumoconiótico, caracterizada pela presença de extensas áreas cicatriciais nos pulmões. A primeira mineração de asbestocrisotila no Brasil, utilizando técnicas modernas, foi desenvolvida pela SAMA – S.A. Mineração de Amianto, na Bahia, a partir de 1940, permanecendo ativa até 1967, quando suas reservas se esgotaram. Entre 1964 e 1973, a produção mundial de asbesto aumentou cerca de 50%, tendo alcançado o pico de cinco milhões de toneladas/ano em meados da década de 70. Desde então passou a cair, pelas crescentes restrições de extração e importação do minério, que tendem a ampliar-se no mundo em função de sua nocividade. * * Conceito: É um grupo heterogêneo de silicatos hidratados de magnésio. Fórmula química: 3MgO.4SiO2.H2O Mineral Bruto Fibras ao microscópio eletrônico * * Indústrias têxtil, cerâmica. Farmacêutica, na produção de cosméticos, inseticidas, sabões, tintas e papeis. * * Mineração Moagem Ensacamento Distribuição * * Talcosilicose Talcoasbestose Talcose pura Doença pulmonar secundária * * Benignas derrame pleural placas pleurais espessamento pleural difuso fibrose pulmonar (asbestose) atelectasia redonda Malignas mesotelioma da pleura e do pericárdio o câncer de pulmão As manifestações clínicas decorrentes da exposição ao asbesto geralmente aparecem após longos períodos de latência, ao redor de 15 a 20 anos, sendo fundamental a correlação dose-resposta (Meirelles et al, 2007). * * O asbesto ocorre no pulmão em duas formas: A maior parte em forma de fibras não revestidas, que é a forma na qual ele é inalado. Uma minoria de fibras adquire um envoltório de proteína férrica, sendo então chamadas de corpos de asbesto, uma forma específica de corpo ferruginoso. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132006000800015&lang=pt&tlng= * * Fig. 1 – Derrame pleural pelo asbesto. Radiografia do tórax na incidência póstero-anterior mostrando opacidade na base esquerda (seta) . Fonte: http://www.spr.org.br/files/public/magazine/public_103/091-096.pdf * * Fig. 2 – (A) Espessamento pleural difuso relacionado ao asbesto. Espessamento contínuo da pleura da parede torácica direita na radiografia de tórax obliterando o seio costofrênico lateral (setas). (B) TCAR demonstrando espessamento contínuo da pleura direita (setas), compatível com espessamento pleural difuso relacionado ao asbesto. Fonte: http://www.spr.org.br/files/public/magazine/public_103/091-096.pdf * * Fig. 3 – Placas pleurais parietal (seta) e diafragmática (seta tracejada) na radiografia de tórax em póstero-anterior. Fonte: http://www.spr.org.br/files/public/magazine/public_103/091-096.pdf * * Anamnese clínica e ocupacional Radiografia de tórax Espirometrias Avaliação da exposição * * Dos 29 trabalhadores, 22 realizaram espirometria². Em 19 desses, o resultado foi normal e em 3 o resultado apontou distúrbio ventilatório obstrutivo leve. Os 7 trabalhadores restantes apresentaram alterações pleurais constatadas pela TCAR. ² Exame que mede a velocidade e a quantidade de ar que um indivíduo é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões. * * A mediana do tempo de exposição ao talco foi de 3 anos, tempo relativamente curto para o desenvolvimento de sintomas respiratórios, alterações radiológicas e diminuição da função pulmonar causadas por exposição a poeira mineral. As placas pleurais encontradas em 7 dos ex trabalhadores são consideradas as doenças relacionadas ao asbesto mais comum, de modo que surgem mesmo com pouco contato com o minério. * * Necessidade de ampliação do controle clinico e radiológico condizente aos trabalhadores do ramo. Maior rigor fiscal quanto ao estatuto legal referente à extração de minérios ( Lei Nº 9055 de 1 de Junho de 1995). Norma Regulamentadora – NR 15. * * Loyola CBR et al. Efeitos respiratórios da exposição ao talco industrial em ex-trabalhadores de mineração. Rev Saude Publica; 44(3)jun. 2010. Castro HA, Ribeiro TE,Gonçalves KS . Doença relacionada ao asbesto: estudo de sete casos em duas famílias. Pulmão RJ 2007;16(1):44-48. Meirelles GSP et al. Alterações pleurais e parenquimatosas relacionadas à exposição ao asbesto: ensaio iconográfico. Rev Imagem 2007;29(3):91–96 Terra Filho M, Freitas JP, Nery LE. Doenças asbesto-relacionadas. J Bras Pneumol. 2006; 32(Supl 1):S48-S53. Capelozzi VL, Saldiva PHN. Diagnósticos histopatológicos das pneumoconioses. J Bras Pneumol. 2006;32(Supl 1):S99-S112 * *