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Direito de Família - Resumo Completo

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Direito de Família
Aula 1 – 03 de Março de 2010
O termo família sofre de plurivalência semântica, ou seja, tem vários significados. Isso decorre de dois fatos. 
	A família sofreu mudanças importantes. A família romana era uma grande família, constituída por parentes descendentes do mesmo tronco ancestral, e a mulher saía de sua família quando casava, perdia inclusive direito sucessório, e ingressava na família do marido. O pater familias, ancestral mais velho vivo homem, congregava filhos, netos, cônjuges dos filhos, empregados, serviçais sobre o seu poder, sua autoridade. Esse poder (pátria potestas) era tão forte que ele o responsável pela distribuição da justiça, era o chefe político, chefe religioso (ele era juiz, padre, tudo). O pater tinha até poder de vida e de morte sobre o filho – podia sentenciar o filho a morte, impor pena corporal ao filho, entregar o filho a vítima na condição de escravo se ele cometesse um ato ilícito, etc.
	A origem do poder família é a patria potestas, mas, se na época romana, o objetivo era fortalecer a autoridade do pater, o objetivo hoje é proteger a pessoa, o patrimônio do menor. Aos poucos, a patria potestas foi diminuindo... A primeira prerrogativa que o pai perdeu foi a de sentenciar o filho à morte.
	Manus era o poder que o pater famílias exercia sobre a mulher e sobre as noras. No primeiro momento, o pater famílias era o único sui iuris, o único que tinha capacidade plena. 
Assim, o pater famílias tinha poder sobre os filhos, sobre as mulheres e sobre o patrimônio – ele era o titular do patrimônio da família. Ele até podia conceder aos filhos uma espécie de procuração para os filhos negociarem, mas eles o faziam em nome do pater famílias.
	Essa unidade patrimonial da família começa a ser quebrada quando se passa a admitir que os patrimônios que os filhos conquistassem com as guerras como soldados do Império tornassem-se seus, e não do pater famílias. 
	A Igreja Católica tem uma importância muito grande nesse processo, porque com a importância do amor cristão, ela acabou introduzindo o elemento afetivo na família, uma vez que esta não era vista como um centro de afeto, de compreensão. Assim, ao longo da Idade Média, a família sofreu uma grande influência cristã. Além disso, a família passou a ir diminuindo por força das circunstancias históricas, e hoje evoluímos pela família nuclear, que aquela composta basicamente pelos genitores e seus filhos, e que tem características completamente diferentes da família antiga. Essa era grande, o poder se concentrava nas mãos do ancestral mais velho vivo e ela era economicamente suficiente. Hoje a principal função da família é de afeto e de criação dos filhos.
Aula 2 – 05 de Março de 2010-03-05
	A Constituição de 1824 só tratava da família imperial, da sucessão e do seu aspecto de dotação – como devíamos contribuir para o sustento da família imperial. A de 1891 – primeira Constituição republicana – continha um art. que dizia que o casamento reconhecido pelo Estado é o civil e sua celebração será gratuita. Ou seja, o casamento estava previsto na Constituição como A forma de constituição de família como um vinculo absoluto. Isso porque antes, quando não havia separação entre igreja e Estado, o casamento oficial era o religioso. Com a proclamação da República, houve a necessidade de se disciplinar o casamento civil e as regras para esse casamento, o que aconteceu em 1890 (decreto 181 disciplinou o casamento civil). Assim, a Constituição de 1891 trouxe esse dispositivo que afirmava que o casamento civil era o oficial, disciplinado pelo Estado. 
	As Constituições posteriores, até 67/69, assim dispuseram também – tratavam da família constituída pelo casamento, era a família legitima (as fora do casamento eram ilegítimas), que merecia especial proteção do Estado, e o vinculo era indissolúvel. 	
	A Emenda Constitucional nº 9 (junho, 1967) alterou o artigo da Constituição da época dizendo que o casamento poderá ser dissolvido nos casos expressos em lei. Precisávamos de uma legislação para regular o divórcio.
	A lei 6515/77 disciplinou o divórcio – deixamos de ter o desquite e passamos a ter a separação judicial. Não teve tanta modificação de um para o outro não. Mas o legislador fez um artigo afirmando que as pessoas só poderiam se divorciar uma vez – essa norma ficou apenas até a Constituição de 88. 
	Assim, até a Constituição de 88, só tínhamos como merecedora de proteção, mencionada na Constituição, a família matrimonial, só que, desde 67 em diante, não mais considerada indissolúvel. Não era possível continuar fechando os olhos para os outros tipos de família, que já existiam.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. – Ver lei 9263/96
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Nos dois primeiros parágrafos, fala-se de família constituída pelo casamento. Já o par. 3º traz uma forma diferente de constituição de família – união estável (o principal objetivo é constituir família). O único requisito objetivo trazido pelo Constituição é ser uma união heterossexual (inclusive, isso hoje é muito discutido. Muitos afirmam que ela trouxe uma discriminação que não podia ter trazido – ver CF, art. 3º, IV. O par. 4º fala da família monoparental. 
	Existem, ainda, outras formas de constituição familiar que não estão enumeradas no texto constitucional, que não tem aquela verticalidade. Assim, é unanimidade entre os doutrinadores hoje que essa enumeração feita pela Constituição de 88 é exemplificativa, não taxativa. Ex: 2 irmãos que moram juntos, tios morando com os sobrinhos, casais divorciados que se casam, já tinham filhos dos casamentos anteriores e têm filhos em comum (família pluriparental ou família mosaico). 
	O termo família implica pluralidade? Ou seja, uma pessoa só pode representar uma família? O STJ, em um primeiro momento, não considerou que uma pessoa representasse uma família – entendeu, no primeiro caso que julgou, que um homem solteiro que morava sozinho não devia ficar protegido pela lei que fala que você não pode perder seu bem de família. Mas o objetivo da lei não é proteger a pessoa, impedir que ela perca sua moradia? Depois o STJ reviu seu entendimento. 
	O conceito de família hoje, portanto, é um grande desafio. Deve-se abranger todos os grupos, buscando nos elos afetivos o principal identificador do conceito de família. 
	O par. 5º traz a idéia da isonomia conjugal, que decorre da igualdade entre o homem e a mulher, trazida pelo art. 5º – acabou a figura do chefe da família conjugal. Os direitos e deveres são iguais para ambos.
	O par. 6º foi um avanço no sentido de facilitar o divórcio. Antes, para converter, precisava de 3 anos, agora só de 1. E o prazo para o divórcio direto era de 5 anos, passou a ser 2. Quando a lei 6515 falava em divórcio, trazia também o divórcio culposo, ou seja, você podia discutir culpa no divórcio. Hoje só se fala em culpana separação judicial, o requisito para o divórcio é apenas objetivo – tempo. Assim, o par. 6º reduziu os prazos e eliminou o divórcio culposo.
	Na década de 80 se intensificou uma discussão na qual se questionava se o Estado brasileiro deveria ou não adotar uma política limitativa de controle demográfico. Em 88, a Constituição foi bem enfática e vedou isso – par. 7º. O Estado deve, apenas, propiciar os recursos educacionais e científicos; ele não pode adotar coercitivamente uma política de esterilização, por exemplo. O planejamento familiar é livre decisão do casal. 
Pela lei 9236 (art. 9º), o SUS deveria proporcionar às pessoas que não tem condição financeira acesso às técnicas de reprodução humana assistida. O art. 10 trata da esterilização e, nesse caso, o paciente assina um termo de consentimento informado. Essa lei regulamente o par. 7º e garante o acesso à técnicas contraceptivas e conceptivas e trata dos requisitos para a esterilização voluntária. 
Antigamente, a família era vista coletivamente. Hoje já se observa os interesses individuais – par. 8º. Há uma preocupação com cada membro do grupo familiar, não apenas com o grupo como um todo. 
O art. 226 se dirige todo à família. O 227 trata da criança e do adolescente.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.
§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
O texto desse art. é excelente, o problema é colocá-lo em prática. A criança e o adolescente têm, formalmente, todos os direitos garantidos. As normas desse art. vão sendo divididas de acordo com os direitos enumerados no caput. Criança e idoso que têm prioridade de atendimento, salvamento, etc.
	Existia uma discussão que questionava se devia ou não aceitar a adoção de crianças por estrangeiros (medo de tráfico de órgãos, de menores, etc. A adoção pelo CC/1916 se fazia por escritura pública, não havia participação do PJ. A adoção não rompia os vínculos do adotado com a família biológica. Antes da Constituição de 88, algumas leis já tinham criado processo judicial de adoção de menores. A Constituição de 88 disse que não existe mais adoção sem a intervenção do poder público, seja o adotando maior ou menor. A adoção se dá através de um processo judicial que culmina com uma sentença constitutiva – par. 5º. Aceitou-se também a adoção por estrangeiros, mas esta é regulada de forma mais rigorosa (o estrangeiro que vem pra cá já tem que trazer uma habilitação do seu país dizendo que ele está apto a adotar, depois tem um processo aqui também). 
Aula 3 – 10 de Março de 2010-03-10
Continuação do art. 227
O parágrafo 6º é o que traz o principio da igualdade entre os filhos. Antes desse dispositivo, os filhos podiam ser:
Legítimos: concebidos na constância do casamento dos genitores. A importância é o momento em que a criança é concebida, e não quando ela nasce. 
Ilegítimos: aqueles que não foram concebidos na constância do casamento dos genitores. Os ilegítimos se dividiam em naturais e espúrios. No caso dos primeiros, não havia impedimento matrimonial entre seus genitores. Ou seja, eles poderiam se casar posteriormente e os filhos passavam ao status de legitimados; os filhos naturais poderiam galgar esse status de legitimados com o casamento dos genitores, e aí passariam a ter os mesmos direitos dos filhos legítimos. Já os ilegítimos espúrios são aqueles filhos de pais não casados, e entre esses havia um impedimento matrimonial. Os filhos ilegítimos espúrios se dividiam ainda entre adulterinos e incestuosos. Na redação originária do CC passada, os filhos ilegítimos espúrios adulterinos e incestuosos não podiam nem investigar a paternidade. Com relação aos filhos adulterinos, uma lei posterior ao CC antigo permitiu que o pai reconhecesse em testamento o filho adulterino. Depois começou a se admitir também que o filho poderia investigar a paternidade se o pai fosse desquitado. O que estava sendo protegido, cabe lembrar, era a família legítima. Começaram a admitir alguns avanços, mas desde que não prejudicasse a família legítima. Já os filhos incestuosos, até a CF de 88, não podiam investigar a paternidade. Se os pais voluntariamente reconhecessem, tudo bem, mas eles não tinham o direito de entrar com a ação. 
Legitimados: aqueles ilegítimos naturais cujos pais se casaram posteriormente.
Adotivos: oriundos de adoção. Se concorressem com filhos biológicos, herdavam menos, etc. O parágrafo 6º estabeleceu a plena igualdade entre os filhos, todos têm os mesmos direitos. 
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
	Esse artigo não precisava estar aqui, isso decorre do dever de solidariedade familiar. Ação de alimentos é muito interessante porque você pode ter inversão daqueles que estão no pólo passivo em diferentes momentos (primeiro filho cobra do pai, depois pai carente, idoso, doente, que se encontra em uma situação de necessidade, vem cobrar do filho). 
	A CF teve a preocupação de mostrar que protege a família, seja qual for sua forma de constituição. Ela trouxe fortes princípios de igualdade: a isonomia entre os cônjuges, a igualdadeentre os filhos e a proteção aos idosos. 
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.
§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
Houve uma corrente que surgiu na França questionando a inserção do direito de família no ramo do direito privado, até porque a maior parte das normas do direito de família são normas cogentes, que não podem ser afastadas. Assim, sustentavam que o Direito de Família deveria ver inserido no Direito Público – publicização do Direito de Família. Alguns autores defendem, ainda hoje e aqui no Brasil, essa publicização, mas isso não prevaleceu. A maioria afirma que, apesar de ser constituído em sua maior parte por normas de ordem publica, o mais importante é ver a natureza das relações jurídicas que são tratadas pelo Direito de Família. Ou seja, o fato de conter várias normas cogentes não retira a natureza privada do Direito de Família. 
Características dos institutos do Direito de Família
Os institutos do Direito de Família são regidos, em geral, por normas de ordem pública. São direitos personalíssimos, uma vez que estão ligados à pessoa em função da posição que ela ocupa na família (ex: apenas o marido tem o direito de contestar a paternidade). Por serem personalíssimos, esses direitos são irrenunciáveis (os pais não podem renunciar dos deveres que decorrem do poder familiar) e, em regra, intransmissíveis mortis causas, intransferíveis inter vivos. Não suportam condição. 
Casamento 
	
	Os doutrinadores geralmente definem primeiro se posicionando sobre a natureza jurídica do instituto. Depois, falam das características e finalidades do casamento. Com relação à natureza jurídica do casamento, podemos dizer que ela é bastante controvertida. Existem três principais correntes que conquistaram adeptos no Brasil:
Corrente contratualista: partiu da análise do casamento no Direito Canônico. No Direito Canônico, o casamento tem uma dúplice natureza: de contrato e sacramento. Pela teoria do Direito Canônico, o sacerdote não é o celebrante, os celebrantes são os cônjuges – o sacerdote é uma testemunha qualificada. Essa corrente contratualista enxerga o casamento como um contrato bilateral e solene – contrato entre um homem e uma mulher, dotado de certas finalidades, e que depende da livre e consciente manifestação de vontade dos nubentes. É essa livre e consciente manifestação de vontade que constitui o vínculo matrimonial. 
Essa teoria, contudo, começou a ser muito criticada porque muitos diziam que, tirando essa necessidade de livre e consciente manifestação, o que sobra de identidade com os contratos? Ao contrário dos contratos, a idéia do casamento é que ele seja perene, de constituir um vinculo para sempre. Não é para cumprir cláusulas contratuais e se extinguir. Dizem também que os contratos são constituídos de cláusulas que serão, em grande parte, negociadas pelos contratantes. Já no casamento, as normas estão previstas em lei – uma vez constituído o vínculo, surgem direitos e deveres entre os nubentes, e eles não podem fazer nada a respeito disso (podem apenas antes do casamento decidir sobre o regime dos bens). O casamento, ao contrário dos contratos, não admite o distrato, precisa ser dissolvido em juízo. E mesmo os mais ferrenhos contratualistas admitem que o casamento é um contrato diferenciado. Essa corrente contratualista surgiu com muita força na França que acabou sendo refletida no CCFr de 1804, que chega a definir casamento falando em contrato. 
Corrente institucionalista (anticontratualista): essa corrente afirma que o casamento é uma instituição; ou seja, casamento seria um estatuto, um conjunto de normas às quais os nubentes aderem e uma vez dada essa adesão, os direitos e deveres decorrem de forma cogente, não podendo os nubentes afastar por sua própria vontade as normas que disciplinam o casamento. Eles reconhecem a predominância das normas de ordem publica e afirmam que, em função disso, o casamento é uma instituição e não um contrato.
A crítica que se faz a essa teoria é que ela levou em consideração apenas o casamento em sua condição jurídica, ignorando a importância dessa livre e consciente manifestação de vontade dos nubentes.
Assim como o termo família, o “casamento” também sofre de plurivalencia semântica. A palavra pode ser usada para indicar a celebração (“vou ser madrinha de um casamento”) ou também o estado, a relação jurídica (“o casamento deles está em crise”). Essa foi a grande sacada da corrente mista: afirma que a corrente contratualista se importa apenas com a celebração, com o momento da celebração do vínculo, enquanto a institucionalista ignoraria a celebração e levaria em conta apenas a relação jurídica.
Corrente mista: afirma que o casamento tem uma natureza mista – é, ao mesmo tempo, contrato e instituição. No momento de sua formação, da constituição do vínculo matrimonial, predomina a natureza contratualista. Mas mesmo no momento da constituição do vínculo você tem a interveniência obrigatória do juiz de paz. Quando o juiz os declara casados, o vínculo está constituído. Uma vez celebrado o casamento, o casamento como estado, como conjunto de relações jurídicas, prepondera o elemento institucional. Aos cônjuges não sobra muita coisa, podem se manifestar apenas a respeito das condições patrimoniais que decorrem do casamento (quais bens irão se comunicar e quais não irão).
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
Características do casamento:
Solenidade
O casamento é um ato solene, e essa é uma característica universal. É o ato mais solene do ordenamento jurídico. As pessoas precisam provar que são capazes de contrair casamento - processo de habilitação (ao final dele, nubentes recebem um certificado) – celebração – registro
Diversidade de sexos
Essa característica não é mais universal – alguns países hoje já admitem o casamento homossexual. Alguns países disciplinaram a união estável entre pessoas do mesmo sexo, mas isso não é a mesma coisa. Alguns países já disciplinam inclusive o casamento. Admitir isso ou não é uma questão de política legislativa – a maioria dos países ainda tem como característica o casamento heterossexual. 
E no caso dos transexuais, que fazem a alteração de sexo e pedem a alteração no registro? O que acontece com eles? Essa cirurgia hoje é admitida no Brasil como a forma de tratamento para esse transtorno sexual. Em 2002, a resolução 1652 do Conselho Federal de Medicina autorizou, com alguns considerandos, a cirurgia de transgenitalização do sexo masculino para o feminino e, a título experimental, do feminino para o masculino – entenderam que essa cirurgia é uma forma de tratamento, cirurgia terapêutica. Ou seja, a lógica é a pessoa que se submete a essa cirurgia ir buscar no registro a modificação do nome do sexo.
Na época da mudança de sexo da Roberta Close, a 1ª instância autorizou a mudança do nome e do sexo no registro, mas o MP recorreu - grupo de procuradores resolveu que deveria prevalecer o interesse coletivo sobre o interesse individual nesse caso. Depois, entretanto, tribunais entenderam que se você negasse essa mudança, estaria ofendendo princípios constitucionais (até a própria dignidade da pessoa humana, a privacidade, etc). Alguns acórdãos falam até na identidade sexual, falando que ela faz parte da identidade física, do direito à privacidade e tal. Assim, admitem a alteração do nome e do sexo no registro civil – não prevalece o interesse coletivo sobre direitos individuais constitucionalmente protegidos. 
A questão é: essa pessoa que fez a mudança tem o direito de casar com alguém do sexo oposto ao da mudança (sem enganar, a outra pessoa aceitando)? Umavez que o transexual realizou a cirurgia que é tratamento, terapêutica para esse transtorno, se essa pessoa ingressa em juízo e consegue obter juridicamente a alteração do nome e do sexo, a professora não entende por que se poderia proibir o casamento dessa pessoa com uma do sexo oposto ao da mudança. Se não fosse assim, essa pessoa não poderia casar com ninguém – ou seja, estaria retirando dela um direito que é garantido a todos – o direito de casar (se não estiver expresso no registro, não há nada que obrigue essa pessoa a falar para a outra sobre a mudança de sexo, mas isso pode levar depois a uma anulação do casamento por erro de pessoa).
Dissolubilidade do casamento
Essa característica hoje é praticamente universal.
Finalidades do casamento
Comunhão de vida e de interesses
Para a professora, todas as outras características decorrem dessa. É isso que faz com que duas pessoas constituam o vínculo matrimonial. Ter filhos não é necessariamente uma finalidade – casamento pode ocorrer, por exemplo, entre idosos. Não existe idade máxima para o casamento – enquanto a pessoa estiver lúcida, pode constituir casamento. Essa idéia de ter filhos, criar os filhos, estava mais ligada à questão da legitimidade.
Aula - 12/03/2010
Relações de parentesco
	Existem três espécies de parentesco no ordenamento jurídico - arts. 1591 e ss. São elas: 
- consanguíneo/ natural (art. 1593)
- afim/por afinidade (art. 1595)
- civil (art. 1593) - adoção
		 - técnicas de RHA heterólogas 
		 - socioafetiva ("pai de criação", por exemplo)
	Os manuais, em regra, quando trazem a definição do parentesco, tratam do consanguíneo/natural - "vínculo que une entre si pessoas que descendem do mesmo tronco ancestral". 
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem.
	O parentesco afim é aquele que resulta do casamento ou da união estável - é o vínculo que une o cônjuge aos parentes do outro cônjuge. 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
	Cônjuges são cônjuges, não são parentes entre si; o mesmo vale para companheiros. Pár. 1º: O parentesco por afinidade na linha colateral se limita aos irmãos do cônjuge - os filhos do seu cunhado já não são seus parentes. Pár. 2º: a relação de parentesco entre os cunhados se extingue para sempre, já a relação de parentesco por afinidade com os sogros não se extingue com a dissolução de casamento - o mesmo vale para os filhos do cônjuge, seus enteados, com os avós dele, etc. Isso se justifica para efeito de impedimento matrimonial - você nunca poderá casar com um deles. Antes, o parentesco afim só decorria do casamento; hoje, com o novo CC, vale também para a união estável. 
	O parentesco civil, em princípio, decorre da adoção, mas também pode decorrer das técnicas de RHA heterólogas e também das relações socioafetivas. Nessas técnicas de RHA, usa-se o sêmen de um doador - o pai da criança será o marido da mulher, não o doador, mas ele não tem relação consanguínea com essa criança. Contudo, juridicamente ele é o pai (assina para concordar com a doação um termo de compromisso).
	Em função do princípio da igualdade, hoje não temos nenhum tipo de hierarquia entre as diferentes espécies de parentesco.
Linhas de parentesco - linha reta
	Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
			 - linha colateral/transversal
	Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
								Trisavô
								Bisavô (3º grau)
Parentes em linha reta ascendente: 			 Avô (2º grau)
								Pai (1º grau)
								Eu - Cônjuge/companheiro
								Filho (1º grau)
Parentes em linha reta descendente		 	Neto (2º grau)
								Bisneto (3º grau)
								Trineto
	Assim, meu avô, por exemplo, é meu parente consanguíneo em linha reta ascendente de 2º grau. Para contar em linha colateral, tenho sempre que ir primeiro ao ascendente comum - por isso não existe parente consanguíneo na linha colateral de 1º grau, começa sempre do 2º. Assim, minha irmã é minha parente consanguínea na linha colateral de 2º grau (vai até o pai e volta - "triângulo reto"); meu sobrinho, de 3º grau. Primo é de 4º grau - vou até o ascendente comum, ou seja, passa pelo pai,vai até o avô (2 graus). Meu primo é filho do meu tio - tio: 3º grau, primo: 4º grau. Também é parente de 4º grau meu tio avô.
	Na linha reta, não há limitação de parentes. Já na linha colateral, só se vai até o 4º grau. Biologicamente estão todos na mesma árvore genealógica, mas juridicamente, o parentesco vai só até o 4º grau. Ou seja, o filho do meu primo, juridicamente falando, já não é meu parente.
	Com relação aos cônjuges, o parentesco com a minha família é igual ao meu, muda só a primeira parte. Assim, o meu marido é parente afim na linha reta ascendente de 1º grau do meu pai. Na linha colateral, vai só até o 2º grau - irmãos do cônjuge. Meu marido é parente afim na linha colateral de 2º grau. 
	Maria casa com João - ambos tinham 1 filho de casamentos anteriores, e tem um filho juntos - Pedro. Maria tem relação de parentesco com o filho de João, e João com o filho de Maria - são parentes afim na linha reta descendente de 1º grau. Já esses filhos dos relacionamentos anteriores não são parentes!! Ou seja, eles podem ser criados como se irmãos fossem, pode surgir entre eles uma relação afetiva entre irmãos. Porém, juridicamente eles não são parentes e NÃO HÁ nenhum impedimento matrimonial entre eles!! Assim como primos, esses "irmãos" podem casar!! – MAS PRIMO NÃO É PARENTE DE 4º GRAU?????????????????????
	Existe também uma classificação para os irmãos:
- irmãos germanos: filhos do mesmo pai e da mesma mãe
- irmãos uterinos - mesma mãe
- irmãos unilaterais - mesmo pai
Habilitação para o casamento
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
	As pessoas são capazes para contrair matrimônio, em princípio, a partir dos 16 anos, mas até os 18 são relativamente incapazes e, por isso, devem ser assistidas por seus representantes legais. Preenche-se um formulário com a assinatura dos nubentes, das testemunhas e tem também um espaço para a assinatura dos pais.
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
	Ou seja, se não houver consenso entre os genitores sobre a autorização para casar, recorre-se ao juiz, uma vez que dar a autorização é uma atribuição dos pais por conta do poder familiar. Não prevalece a vontade de nenhum dos 2, tem que dar a autorização - se um deles não der, tem que recorrer ao juiz. Se nenhum concordar, o menor vai entrar com uma ação requerendo o suprimento judicial do consentimento. O juiz cita os réus (ou so o réu, se só um não concordar) e há a inversão do ônus da prova - pais que terão que provar que não deram o consentimento por tal e tal motivo, terão que apresentar uma justificativa. Se o juiz julgar a ação procedente, essa sentença de suprimento judicial do consentimento vai entrar na habilitação. Hoje isso não tem tanta importância porque o suprimento judicial só será pedido até os 18 anos. 
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a autorização.
	Ainda que os genitores tenham dado o consentimento,eles podem revogar o consentimento até o momento da celebração, mesmo que ela já tenha se iniciado. Se eles revogarem a autorização antes do final da celebração, esta terá que ser suspensa.
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
	"Injusta" - muito subjetivo.
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
	Se a menor engravidar e tiver menos de 16 anos, se for da intenção dela e do pai da criança constituir o casamento, não existe motivo para impedir que eles se casem - é uma exceção à regra geral. Só que nesse caso não basta apenas a autorização dos genitores, precisa da autorização judicial (indispensável!!). A primeira parte do dispositivo perdeu a razão de ser por causa da modificação do CP. Antes ele previa no artigo de extinção da imputabilidade que na hipótese de crimes contra os costumes (estupro, atentado violento ao pudor, etc), que se o ofensor casasse com a ofendida, o casamento era causa de extinção de punibilidade. Agora o casamento não é mais causa de extinção de punibilidade, então isso deixou de fazer sentido.
	Além de juntar a documentação para mostrar que tem capacidade para casar, existem as hipóteses específicas - você tem que mostrar que pode casar com aquela pessoa. A parte de impedimento matrimonial mudou muito no CC/02 - o de 1916 enumerava 16 hipóteses de impedimento matrimonial, agora são 7. Isso porque estavam enumeradas como hipóteses de impedimento situações que não eram de impedimento matrimonial. Impedimento matrimonial é situação que gera nulidade do casamento. 
Aula - 17 de Março de 2010
Impedimento matrimonial
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta; - essa é a justificativa para a manutenção do parentesco por afinidade mesmo depois da dissolução do casamento (sogro). Já cunhado passa a ser ex-cunhado, e aí pode casar!
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante - o cônjuge do adotado é o genro ou a nora do adotante - parente afim em linha reta; o cônjuge do adotante é o padrasto ou a madrasta do adotado - parente afim em linha reta. O adotado, uma vez que é adotado, rompe todos os vínculos com a família biológica, com exceção de um: continua existindo o impedimento matrimonial (pessoa adotada não pode casar nem com o marido da mãe adotiva nem com o da mãe biológica, por exemplo).
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; - parentesco na linha colateral. O tio é o parente colateral de 3º grau - não podem casar então irmãos (parentes colaterais de 2º grau, sejam apenas de pai ou mãe comum ou de ambos) e outros colaterais até o 3º grau, inclusive. Aqui, diferente do que ocorre na linha reta, para efeito de impedimento matrimonial vai até o 3º grau; assim, é possível casamento entre primos (4º grau). A única hipótese em que pode haver levantamento do impedimento no ordenamento jurídico é essa - existe a possibilidade de os nubentes requererem uma autorização para o casamento - 3º grau! (decreto-lei 3200/41). Embora seja uma ação de jurisdição voluntária (não tem autor nem réu), necessita de perícia médica - são nomeados 2 ou 3 médicos que vão atestar a sanidade dos doentes e que não haverá prejuízo para os cônjuges e os filhos que nascerem. 
V - o adotado com o filho do adotante; - o adotado seria irmão de outros filhos do adotante, uma vez que a adoção insere o adotado na família do adotante. 
VI - as pessoas casadas;- direito brasileiro é monogâmico e a bigamia é crime - só tem validade um casamento. Se a pessoa já casada casar novamente, o segundo casamento é nulo. Pessoa já casada só pode casar nas seguintes hipóteses: ficar viúva (viuvez tem que ficar averbada no registro civil e essa certidão será documento necessário no processo de habilitação); se divorciar (cônjuge divorciado pode casar novamente); casamento for anulado (pessoas retornam ao status quo anterior, ao estado civil anterior - ou seja, não está certo falar que com a anulação a pessoa retorna ao estado civil de solteira - ela retorna ao estado civil anterior; ou seja, se fosse viúva, retorna ao estado de viúva, se fosse divorciada, ao estado de divorciada; volta ao estado de solteira se fosse solteira antes do casamento).
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. - (ex: amante mata o marido da mulher - ela não pode casar com esse amante) em primeiro lugar, a questão de ordem moral é evidente. A lei fala em cônjuge condenado, o que significa dizer que exige sentença penal condenatória - transitada em julgado ou não? Isso diverge - alguns falam que eles poderiam conseguir a habilitação e casar com o processo ainda em curso, mas a professora duvida que algum casal numa situação dessa conseguirá a habilitação. Se, ao final do processo, ele não for condenado, pode casar, mesmo que não seja condenado por falta de provas. Também é importante frisar que o homicídio na hipótese desse artigo tem que ser doloso, não se aplica ao culposo. Outra observação: se o amante tenta matar o marido da mulher, não consegue, ela se divorcia dele - mulher pode se casar com o amante, ainda que ele tenha sido condenado por tentativa de homicídio? Tem gente que acha que sim, uma vez que afirmam que o inciso fala em "cônjuge sobrevivente", mas professora discorda muito disso!!
Os 5 primeiros incisos tratam do impedimento em razão de parentesco, seja em linha reta, colateral ou afim. 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
	Em princípio, o momento próprio para impor o impedimento é durante o processo de habilitação. Proclames do casamento - editais dão publicidade às intenções dos nubentes para que, se alguém tiver algo contra, possa se declarar. Esse, contudo, não é o momento final. Se no momento da celebração alguém opuser o impedimento, o juiz será obrigado a suspender a celebração (se a pessoa apresentar razões pelo menos minimamente plausíveis, lógico). Qualquer pessoa capaz pode opor o impedimento - legitimidade ativa para opor o impedimento matrimonial é muito ampla - não precisa ter qualquer tipo de vínculo com os nubentes, basta que seja uma pessoa capaz. Mesmo o juiz da habilitação, o juiz de paz e o oficial que celebra o casamento devem se manifestar. Se alguém quiser se manifestar depois de já realizada a celebração, não é mais impedimento, mas sim nulidade - aí não pode ser qualquer pessoa capaz, tem que ser alguém interessado. 
	Causas suspensivas não geram a nulidade nem a anulabilidade do casamento - a punição é a exigência do regime de separação obrigatória de bens. Causas suspensivas porque todas as situações são, em princípio, transitórias, que visam proteger o cônjuge e as pessoas próximas a ele, patrimonialmente - diferente do que ocorre no caso do impedimento. São suspensivas porque suspendem a possibilidade de casamento por um tempo, e aí, quando elas deixarem de existir, não é mais obrigatório o regime de separação total de bens. 
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; - natureza nitidamente patrimonial. A viuvez dissolve o casamento, o que significa que a viúva ou o viúvo podem casar novamente. Assim, o viúvo poderia se casar logo que sua mulher morresse - a limitação de ordem temporal ocorre apenas se o viúvo tiver filhos - tem que fazer primeiro o inventário e dar partilha aos herdeiros. Se esse viúvo se casar de novo antes do inventário, o que vai acontecer é que será regime de separação total de bens - visa proteger o patrimôniodos filhos do primeiro casamento.
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; - aqui não se fala do divórcio, o prazo para o divórcio é maior do que 10 meses. Tem esse tempo por força da presunção de paternidade. A lei diz que essa causa suspensiva visa evitar a turbatio sanguinis, ou conflito de paternidade - ver art. 1597, incisos I e II*. Ex: marido morre no dia 30 de janeiro - se nascer algum filho até tipo 27 de novembro (300 dias), presume-se que ele é o pai. O irmão do falecido vai consolar sua ex-cunhada, eles se apaixonam e casam dia 30 de março do mesmo ano - se nascer algum filho a partir de mais ou menos o dia 28 de setembro (180 dias), presume-se que a criança é filha desse segundo casamento. Então teríamos entre o dia 28 de setembro e 27 de novembro uma zona de conflito de paternidade, turbatio sanguinis. Por isso essa causa suspensiva - isso hoje já tá mais fácil porque tem o DNA, etc. 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; - com o divórcio, pode casar novamente. Mas a lei quer que essa partilha esteja definida para que a pessoa case de novo. A justificativa para a lei permitir o casamento após o divórcio é porque as pessoas ficariam desvinculadas. Professora acha, contudo, que isso não funciona muito enquanto os cônjuges ainda estiverem vinculados por um patrimônio comum - às vezes o juiz dá o divórcio e as pessoas ainda ficam discutindo a partilha depois disso. 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. - intenção do legislador: tutor ou curador tem uma ascendência muito grande sobre o tutelado ou curatelado, sabem da vida patrimonial do tutelado ou do curatelado. Poderia surgir, assim, um interesse de ordem patrimonial, e se pudessem casar antes de saldadas as contas, o tutor ou curador poderiam acabar se beneficiando do patrimônio do tutelado ou curatelado.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. - possibilita que ainda que não tenham sido respeitadas essas situações, a pessoa consiga liberação pra casar. Se não conseguir a liberação, o juiz não homologará o processo da habilitação. Se, contudo, o casamento ocorrer, mesmo desrespeitando uma dessas situações (ex: juiz não soube do inventário, passou despercebido), casamento continua valendo, mas o regime de bens é de separação total. 
P.s: o CC/1916 dizia que era imutável o regime de bens - casou, era imutável. Hoje não é mais - você pode requerer judicialmente, juiz tem que homologar. Se você casa por um regime de separação total e depois a situação que gerava a causa suspensiva se acaba, alguns entendem que pode mudar o regime de bens.
*Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins. - legitimidade muito mais restrita. Por que se em nenhum momento do código se fez limitação ao parentesco civil (adoção, técnica de reprodução heteróloga, etc), aqui se está fazendo? Professora acredita que foi um esquecimento do legislador. 
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; - são os chamados memoriais. 
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita perante o oficial do Registro Civil e, após a audiência do Ministério Público, será homologada pelo juiz.- a maioria dos doutrinadores critica muito isso de exigir sentença homologatória do juiz (formalidades excessivas). 
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
	Se houver oposição de impedimento, ver 1529 c/c 1530 c/c art. 67 da Lei 6015/73 (lei de registros públicos não fala da homologação pelo juiz, mas hoje ela já é necessária) - ver par. 5º desse art. - a idéia é que a oposição de impedimento em si não supere 30 dias. Se tudo ocorrer sem oposição de impedimento, o processo de habilitação dura de 1 a 2 meses.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. 
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.- se não for celebrado o casamento no prazo de 90 dias da certidão, tem que fazer todo o processo de novo. 
Aula 6 - 19 de Março de 2010
Celebração do casamento
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. 
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
	A idéia é que o acesso possa ser franqueado a qualquer pessoa para que se ela tiver alguma causa de impedimento possa alegá-la, até porque essas causas podem ser alegadas até o momento da celebração. Se o casamento chegar a se celebrar, o simples fato de ele ter sido celebrado sem essa formalidade das portas abertas não o macula.Se alguém, entretanto, não conseguiu opor o impedimento, pode propor uma ação de nulidade do casamento - feita a prova do impedimento, ele será declarado nulo. O que vai macular o ato é a declaração de um impedimento que não pode ser declarado antes, não o fato de não ter sido realizado de portas abertas.
	Se o casamento for realizado em algum edifício particular, o número de testemunhas sobre pra 4 - o mesmo acontece se algum dos nubentes não souber ou puder escrever. 
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
p.s: Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Nesse momento, o casamento está celebrado. O artigo seguinte trata da última formalidade que visa fazer prova do casamento. Se por algum equívoco, se esquecerem de registrar o ato, não significa que o casamento não está celebrado - a última etapa é registrar o ato do matrimônio. 
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial.
	Antigamente se discutia se o menor entre 16 e 18 anos devia ser assistido por um representante legal para a celebração do pacto antenupcial. Caio Mário, defensor da corrente que "perdeu", afirmava que se o representante legal já deu a autorização para o casamento, não seria indispensável a presença ou a assistência dele para a realização do pacto nupcial, uma vez que este vai regular as relações que decorrem do casamento. Se a pessoa já está autorizada a casar, não precisaria de um 3º para interferir na realização do pacto. Vale lembrar que o casamento emancipa - pessoa casou, torna-se plenamente capaz. Só que o pacto é realizado antes do casamento, ou seja, pessoa ainda não se emancipou. Por isso, a corrente majoritária afirmava que precisava, sim, da assistência para a realização do pacto antenupcial. 
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I - recusar a solene afirmação da sua vontade;
II - declarar que esta não é livre e espontânea;
III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
	A manifestação de vontade tem que ser livre e espontânea. No que diz respeito à celebração de casamento, não vale o "quem cala consente" - você precisa manifestar a vontade afirmativamente, o silêncio não vale como assentimento. O principal para a constituição do vínculo é a manifestação da vontade - se ela não existir, cabe ao celebrante suspender a cerimônia. O nubente que der causa à suspensão não pode se retratar no mesmo dia - isso é justamente para evitar uma coação momentânea. Os 3 incisos do 1538 estão ligados à ausência da manifestação de vontade
	Além disso, existem outras 2 situações em que o celebrante será obrigado a suspender: oposição de impedimento ou de arguição de causa suspensiva; ou quando o menor já tinha tido autorização do representante pra casar, mas este tira o consentimento no momento da celebração (ver 1518) - essa revogação da autorização deve ser antes do celebrante falar aquelas palavras - pode até interromper a manifestação de vontade dos nubentes, mas depois não pode. Se quiser falar depois, tem que entrar com a ação para anular o casamento. 
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
	Se a pessoa está doente, está numa situação de difícil locomoção, o celebrante vai celebrar o ato onde se encontrar o impedido. Sobre o motivo urgente... Quando a lei 6015/73 (Lei de Registros Públicos) trata do processo de habilitação, no art. 69, trata da dispensa dos proclamas - a questão do motivo urgente para o casamento permite que os nubentes requeiram a dispensa dos proclamas. Claro que a lei não enumera os motivos de urgência - a doutrina, por sua vez, declara os mais diversos: gravidez, situação de guerra/pessoa convocada para servir em outro país, etc. Outro ex: cara consegue um emprego nos EUA pra ficar 2 anos - estava noivo, mas a noiva não poderia ficar lá todo esse tempo com o visto de turista, precisava casar para ela poder ficar lá com ele. Conseguiram a dispensa dos proclamas (é dispensada a formalidade da publicação dos editais) e, ao final, eles conseguindo o certificado de habilitação, o casamento é celebrado normalmente. 
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. - esse art. é o maior argumento contra os defensores da teoria institucionalista. Dispensa de todas as formalidades preliminares em respeito à vontade daquele que quiser contrair casamento. 
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;- a manifestação de vontade tem que ser livre e consciente. 
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
§ 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias.
§ 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à datada celebração.
§ 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
	Essa hipótese do chamado casamento em iminente risco de vida também é chamada pelos doutrinadores de casamento nuncupativo ou in extremis. Pessoa já está para receber a extrema unção, e não precisa ser uma situação de longa data. O noivo pode, por exemplo, ser atropelado. O outro nubente, não o enfermo, pode até ser representado por um procurador. Se não houver possibilidade de comparecimento da autoridade competente, eles vão convocar 6 testemunhas que não tenham com os nubentes parentesco na linha reta ou colateral até o segundo grau. No casamento nas CNTP, não existe essa exigência. Por que aqui existe? Por causa da questão patrimonial - esses parentes são aqueles que estão na linha sucessória. O cônjuge, no CC/02, galgou um status que não tinha antes - ele não era herdeiro necessário, podia ser afastado da linha sucessória por testamento (se fosse regime de comunhão de bens, ele teria direito à sua parte, mas isso é de fato direito seu). O Código Civil de 2002 ainda tornou o cônjuge, dependendo do regime de bens, herdeiro concorrentemente com os ascendentes (antes ele era o 3º da linha sucessória). Por isso que as 6 testemunhas no caso do casamento nuncupativo não podem ser parentes em linha reta ou colateral até o 2º grau. 
	No casamento nuncupativo, temos uma hipótese de habilitação a posteriori - testemunhas e nubente sobrevivente vão ao cartório e apresentarão os documentos necessários. Primeiro o juiz verá se era caso mesmo de iminente risco de vida ou se eles podiam ter se habilitado normalmente - primeiro vem a celebração e depois a análise da documentação. O juiz pode julgar improcedente essa habilitação a posteriori e aí, se verificar que havia algum impedimento ou que eles podiam ter se habilitado da forma ordinária. Se for julgado procedente, registrará-se no livro de registro a decisão do juiz, não o termo do casamento. A partir de quando produz efeitos essa decisão do juiz? Vai retroagir até a data da celebração, porque se não você vai ter morto casando. 
	Par. 5º - "mega errado". O que o legislador quis dizer é que se o enfermo que estava em iminente risco de vida sobreviver, ele pode ratificar essa vontade nupcial. Mas não há como dispensar essas formalidades todas. A apresentação da documentação para verificar a idoneidade dos nubentes para casar não pode ser dispensada! Não existe casamento ou até conversão da união estável em casamento sem a verificação dos impedimentos matrimoniais. 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais.- o casamento por procuração é admitido expressamente pelo ordenamento brasileiro. Na prática, se exigia a escritura pública, mas essa exigência não estava na lei - todos os doutrinadores diziam que tinha que ser por escritura pública, CC/02 adicionou isso! Assim, é ad substantiva - se a procuração para o casamento não for feita por escritura pública, o casamento não vale. Para que o procurador tenha poderes para casar em nome de alguém, tem que qualificar, além do outorgante e do outorgado, o outro nubente e expressamente definidos os poderes para receber em casamento, no regime tal, de acordo com o pacto nupcial (isso não é indispensável, mas professora acha que tem que colocar esse regime de bens na procuração). É uma procuração por escritura pública com poderes especiais. 
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. - ver 1550, V. Se o nubente se arrepende e resolve revogar a procuração por instrumento público e nada fez, fica silente, o casamento é anulável. Assim, é óbvio que o outorgante da procuração tem que tomar todas as providências para que a revogação do mandato chegue ao conhecimento de ambos ou pelo menos de um dos 2, do mandatário ou do outro nubente. Legislador quis dizer que, mesmo que não chegue ao conhecimento do mandatário, o casamento não vai ser válido, vai ser anulável. Além disso, a mandante responderá por perdas e danos se houver revogação do mandato e ainda assim o casamento for celebrado. 
§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.- o cônjuge que não estiver correndo risco. O que estiver em iminente risco de vida precisa manifestar sua vontade ele própria, 6 testemunhas precisam estar olhando pra ele e vendo que ele está lúcido, consciente. 
§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias- esse prazo não precisa estar no mandato, uma vez que está previsto em lei. 
§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.- da mesma forma que se exige instrumento público pra fazer o mandato, exige-se para revogá-lo.
	Todos esses tipos de casamento são casamentos civis. Falta tratarmos, portanto, do casamento religioso com efeitos civis. 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil - mesmo que a pessoa tenha se divorciado, não pode registrar o casamento dessa forma. 
	Quando a pessoa resolve casar em ambas as jurisdições - civil e canônica (não são todos os tipos de seitas em que se reconhece efeitos civis para o casamento, como acontece com a igreja católica, judaísmo, islamismo, etc... Na umbanda, por exemplo, não se reconhece). 
	Corre o processo de habilitação no registro civil no domicílio dos nubentes. Corre, também, o processo da habilitação canônico - tem seus próprios impedimentos (ex: não pode casar com o padrinho do seu filho). A celebração será realizada pelo ministro religioso - ou seja, o Estado confere autoridade e juiz de paz a esses ministros religiosos. Depois que ele pronuncia aquelas palavras, aquele ato vai ser lavrado por termo, as testemunhas vão assinar também e vai ser levado ao registro civil. A especificidade está apenas na celebração, que é presidida por um ministro religioso. 
	A última parte do par. 1º e o par. 2º tratam da segunda hipótese que o ordenamento jurídico tem de habilitação a posteriori (a outra é o casamento nuncupativo) - efeitos do registro retroagem à data da celebração. Não é necessário fazer nova celebração. Aqui o requerimento é de registro do casamento religioso, apresentando os documentos do 1525, e aí corre tudo normalmente. Ou seja, você ter casamento religioso com efeitos civis com habilitação a posteriori.
Aula 7 – 24 de Março de 2010
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.
	O registro que faz prova. Em hipótese de perda de registro (ex: perde o livro do registro, ele é roubado, cartório pega fogo, etc) ou quando ele não tiver sido feito, é admissível qualquer outraespécie de prova – você vai poder fazer prova do seu casamento em juízo, justificando a falta ou a perda do registro. Ou seja, terá que fazer duas provas – registro não foi feito por algum motivo ou foi perdido e fazer prova do ato de celebração do casamento. 
Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado.
	Com o advento da Constituição de 88 e a igualdade entre os filhos, esse artigo perdeu muita a sua importância. A lei diz que na hipótese de pessoas que não possam manifestar sua vontade ou já tenham falecido, se alguém contestar esse casamento, os filhos – são os interessados em provar aquele casamento. Esse artigo tinha o objetivo de proteger os filhos legítimos. De alguma maneira, ele protege os filhos lato sensu.
	A posse de estado de casados (assim como a de filho) se comprova a partir de três elementos: nome (tipo mulher adotar o sobrenome de família do marido), tratado (fato de que eles se tratam como marido e mulher) e fama (fato de que são reconhecidos no meio em que vivem como marido e mulher). 
	Se os filhos, numa ação em que o casamento estiver impugnado, não tiverem como obter a certidão do registro, a lei autoriza que eles utilizem esse tipo de prova – a posse do estado de casados. Lei só autoriza que os filhos façam esse prova porque é uma prova muito específica e não prova, de maneira inequívoca, que houve a celebração do casamento – poderia ser uma união estável. Assim, a posse de estado de casada pode levar a esse status pessoas que são conviventes – por isso somente os filhos podem se utilizar dessa prova, e isso se não tiverem como provar por outro meio. E isso desde que o impugnante do casamento não apresente uma certidão de registro de casamento mostrando que um dos dois era casado com outra pessoa. 
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
	Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, magistrado pode julgar pela existência do casamento se os cônjuges viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.
Leva à registro a sentença que julgou procedente o casamento, como é levada a registro a sentença do casamento nuncupativo.
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
Você pode ser compelido a registrar seu casamento aqui mesmo que você não volte. 
	A lei autoriza tanto brasileiros que estejam residindo fora do Brasil ou estrangeiros (ambos com a mesma nacionalidade) que estejam residindo aqui no Brasil, que essas pessoas casem de acordo com sua lei nacional perante as autoridades consulares do seu país de origem. E se quiser registrar o casamento no país onde estão residindo, registrarão como um casamento celebrado no Brasil. 
	Não há nenhuma penalidade ou multa se esse prazo de 180 dias não for respeitado – exigiria-se, apenas, nova habilitação. Mesmo que não volte ao Brasil, continue residindo lá fora, pode mandar os documentos para registrar aqui.
	No caso, por exemplo, de dois franceses residindo aqui – podem casar perante a autoridade diplomática francesa (por isso que os dois têm que ter a mesma nacionalidade), observando a legislação francesa – LICC, art. 7º.
	Você observa as regras da celebração e sobre o impedimento do país em que você está casando. 
	O mais importante nesse artigo é a questão do casamento consular – possibilidade de 2 pessoas de um mesmo país casarem em outro país perante a autoridade diplomática do seu país de origem, observando suas leis. 
	LICC – art. 18 – tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para celebrar o casamento, observando a legislação brasileira. 
Invalidade do casamento
	O Código Civil enumera de maneira até exaustiva as hipóteses de nulidade e anulabilidade do casamento. Todos os manuais, ao falaram sobre isso, tratam antes do casamento inexistente.
	A previsão de inexistência do ato não está na lei, é construção doutrinária. Essa teoria da inexistência do ato foi criada por um doutrinador alemão que estudava o Código Civil Francês de 1804 – “não há casamento quando não houver consentimento”. Estudando a teoria da invalidade no CCFr, esse doutrinador alemão seguiu o seguinte raciocínio: se não há consentimento, não há uma situação pré; não podemos nem avaliar a validade do casamento porque não houve consentimento. Num caso como esse, não haveria nem pressuposto de fato – não tem nem como entrar no plano da análise da validade do ato porque ele nem ocorreu.
	Assim, para a teoria da inexistência, o casamento é considerado inexistente na hipótese da falta de pressupostos de fatos/ materiais. São eles: 
- celebração do casamento: se não houver celebração, casamento inexistente (ex: alguém que não tem a atribuição celebra o casamento).
- diversidade de sexos: identidade de sexo é falta de pressuposto material no Brasil, casamento inexistente. No Brasil ainda não temos o casamento homossexual regulamentado.
- consentimento: a ausência absoluta de consentimento (não é consentimento defeituoso!!) é falta de pressuposto de fato – celebrante pergunta se a pessoa quer receber a outra em casamento, ela fica calada, diz que não. Apesar de a lei não fazer nenhuma diferenciação, Sílvio Rodrigues faz uma diferença entre a vis absoluta (coação física) e vis compulsiva (coação moral) – se colocam uma arma na cabeça de um nubente perguntando se ele quer ou não contrair casamento (hipótese extremada de coação física), Sílvio Rodrigues entende que não há nem uma mínima possibilidade de manifestar sua vontade – entende que nesse caso não é coação, é casamento inexistente.
	Tem muito doutrinador que não aceita a teoria da inexistência – “qual é a diferença entre o ato inexistente e o ato nulo?”. Essa observação até serve na parte geral, mas no direito matrimonial não – o casamento nulo pode produzir efeitos em uma hipótese específica, já o casamento inexistente não produz efeito algum (p.s na parte geral, as nulidades podem ser declaradas de ofício pelo juiz, não há qualquer produção de efeitos).
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - por infringência de impedimento.
	Infringência de impedimento - pelos graus de parentesco afim, civil ou consanguíneo; pessoa já casada anteriormente, não pode casar; casar com quem matou o cônjuge (p.s: as hipóteses do impedimento se aplicam também à união estável).
	I – absolutamente incapazes do art. 3º do CC. É nulo o casamento daquelas pessoas que não têm discernimento para os atos da vida civil. Para alguns, isso poderia ser considerado ausência de consentimento, o que geraria a inexistência do casamento – é uma linha tênue, mas a lei enumerou como hipótese de nulidade. 
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode (DEVE!!!!!!) ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
	Fala da ação de nulidade. Apesar de o artigo ter o utilizado o verbo pode, deveria ter utilizado o verbo deve – a nulidade do casamento exige, para que ela seja declarada, a propositura de ação própria específica de ação declaratória de nulidade – ojuiz não pode declarar a nulidade de ofício (diferente do que ocorre com a nulidade na parte geral). É indispensável que haja a propositura da ação declaratória da nulidade do casamento, apesar de não se exigir mais a ZZpresença de um curador e do duplo grau de jurisdição, como ocorria antes.
	A natureza dessa sentença é declaratória, com eficácia ex tunc (em regra retroage à data da celebração, o casamento não vai produzir qualquer efeito e os nubentes retornam ao status quo ante, seja ele qual for). 
Casamento putativo – nubentes acham que estão contraindo um casamento válido, mas não estão – ex: não sabem que são parentes. É o desconhecimento do vício que invalida o casamento – boa-fé. A putatividade pode ser unilateral, quando só um nubente está de boa-fé, ou seja, desconhece o vício que invalida o casamento (outro nubente sabe sobre o parentesco, por exemplo). 
Casar sabendo da existência de impedimento que o torna nulo (ambos estão de má-fé) é até crime, mas se ninguém ajuizar essa ação, ele produzirá efeitos. 
	Se aquela ação específica de nulidade for proposta e um dos cônjuges morrer, é entendimento tranqüilo que continua a ação, até por causa do interesse sucessório. Já se ele já estiver morto, é uma questão mais polêmica. 
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
I – idade mínima: 16 anos. Menor de 16 anos é absolutamente incapaz – conseqüência de ato jurídico praticado por absolutamente incapaz é a nulidade, mas o casamento de menor de 16 não é nulo, é anulável! (é outra especificidade com relação à parte geral).
	O ato nulo, na regra geral, nasce sem produzir qualquer efeito, qualquer interessado ou mesmo o juiz de oficio pode declarar a nulidade, não estão sujeitos a prazos prescricionais, vícios não podem ser sanáveis, etc. Já o casamento anulável é virtualmente válido – nasce produzindo efeitos, estando sujeito, porém, a um pronunciamento judicial contrário que o anule. As anulabilidades são sanáveis de duas formas: pessoa pode ratificar o ato anulável (expressa) ou quando há a prescrição (tácita) – deixa transcorrer o prazo previsto em lei para a propositura da ação (lei prevê quem é o legitimado para propor a ação e qual é o prazo para que isso seja feito. Se a ação não for proposta nesse tempo, o ato se convalida).
	Ou seja, casamento de alguém de 14, 15 anos, nasce produzindo efeitos. 
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez – se adveio a gravidez, não se pode mais propor a ação; se ela já foi proposta, será extinta. Não fere o interesse público. 
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor; - tecnicamente, isso tá errado – o casamento emancipa, não existe mais cônjuge menor nem representante legal, como disposto no inciso seguinte. Mas entendemos como sendo o cônjuge que era menor antes do casamento.
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.
O casamento é causa de emancipação. O casamento de menor de 16 é anulável, ou seja, nasce produzindo efeitos. Assim, se ele casou com 15 anos, já está emancipado. Então, cadê o cônjuge menor? E quem é o representante legal? Tecnicamente isso está errado, mas entendemos como o cônjuge que era menor antes de celebração do casamento. 
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial. –“ ABERRAÇÃO”
Se o casamento produz efeitos e ele se emancipou, por que exigir que ele confirme o casamento? E, de novo, quem são os representantes legais? Professora acha esse artigo uma aberração. 
Art. 160, § 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes – se não for proposta a ação nesse caso, o casamento se convalida. 
Aula – 26 de Março de 2010
	O casamento anulável nasce produzindo efeitos e a ação deve ser proposta pelos legitimados. E a ação deve ser proposta dentro do prazo fixado, se não o casamento convalida.
	No casamento nulo, a sentença é meramente declaratória; já no anulável, a sentença é desconstitutiva ou constitutiva negativa. “A eficácia da sentença do ato nulo é ex tunc e do anulável, ex nunc” – art. 182, o termo “anulado” está sendo utilizado genericamente, tanto para ato nulo quanto anulável – assim, a sentença, nos dois casos, tem eficácia ex tunc, retroage à data da celebração e as partes vão ser restituídas ao estado em que antes dele se achavam e, se não for possível indenizadas com o equivalente. 
Continuando com o 1550...
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
II – hipótese do maior de 16 que casou sem o consentimento dos responsáveis e sem o suprimento judicial. 
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal (não tem mais, já está emancipado), só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários.
§ 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.
§ 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação.
	O próprio cônjuge que casou com a autorização legal pode propor a ação – com o casamento, ele está emancipado (casamento nasce produzindo efeitos, lógico que ele se emancipou), não é mais incapaz. Representantes legais – ele não tem mais. Herdeiros necessários – descendentes, ascendentes e cônjuge. 
	Entende-se que uma pessoa só se torna herdeira quando a outra morre. O herdeiro necessário só vai poder propor a anulação a partir da morte do cônjuge que casou sem a autorização – esse tem 180 dias pra propor a ação (depois disso, o casamento se convalida) – se ele morrer dentro desse prazo, os herdeiros necessários vão ter 180 dias pra propor a ação de anulação do casamento a partir da morte dele.
III – nas hipóteses de erro no negocio jurídico, o ato é anulável. No casamento, o erro essencial sobre a pessoa é um erro bastante específico. Significa que o nubente manifestou a vontade de casar com a outra pessoa desconhecendo um determinado fato que se fosse do seu conhecimento anteriormente, ele não teria consentido. É um erro tão grave, a circunstância que ele conhecia era tão grave, que se ele conhecesse, não teria contraído o matrimonio. O legislador tomou cuidado de enumerar as hipóteses que ele entende como erro essencial sobre a pessoa – 1557.
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes,

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