anulado, os cônjuges retornam ao estado civil que tinham antes do casamento – se eram solteiros, voltam a ser solteiros, se viúvos, viúvos, se divorciados, divorciados... Se o segundo casamento foi anulado porque ele já era casado, retorna ao estado de casado. Sentença retroage à data da celebração – em termos patrimoniais, nada acontece. Não vai vigorar o regime de bens, não vai haver nenhum tipo de comunicabilidade (casamento foi declarado nulo com eficácia ex tunc da sentença). Se algum dos cônjuges faleceu no curso da ação, ela pode ser levada a termo e se julgado procedente o pedido de anulação com retroatividade, o cônjuge sobrevivente nada herdará do falecido (não entra na linha sucessória). Também não se teria que falar em direito a alimentos. Se for feita uma doação para os cônjuges antes do casamento, essa doação não terá efeitos – se ela já foi formalizada, se desfaz. Pacto antenupcial também não se observa. Mesmo com a eficácia ex tunc da sentença o casamento terá três efeitos: parentesco por afinidade – se mantém para efeito de impedimento matrimonial presunção de que o pai de filho concebido na constância do casamento é o marido da mãe causa suspensiva dos 10 meses Casamento Putativo Existem algumas peculiaridades no direito matrimonial: a nulidade não pode ser declarada de ofício pelo juiz; o casamento de absolutamente incapaz é anulável, não nulo; casamento putativo também tem suas peculiaridades. Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. § 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. – putatividade unilateral § 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. Casamento putativo é aquele que, embora contenha um vício que o torna nulo ou anulável, produz todos os efeitos como se válido fosse, até o trânsito em julgado da sentença anulatória, em atenção à boa-fé dos cônjuges. Assim, o casamento putativo produz todos os efeitos em atenção à boa-fé dos cônjuges. Pra efeito de reconhecimento de putatividade do casamento, a boa-fé não tem nenhuma conotação moral; é o desconhecimento de vício que invalida o ato (ex: não sabia que tinha um grau de parentesco que impedia o casamento com o outro cônjuge; acha que o cônjuge é divorciado; não sabe que o cônjuge revogou a procuração, etc). Além disso, é importante verificar a questão do momento da boa-fé. Tipo, cônjuge casou, depois tomou conhecimento desse vício e só um tempo depois ele propôs a ação, não foi instantâneo – o entendimento majoritário é que isso não retira dele o direito de propor a ação, de requerer o reconhecimento da putatividade. Esse reconhecimento, ou seja, reconhecer que ambos os cônjuges ou apenas um deles estava de boa-fé, é um benefício que a lei concede – por ser um benefício, os cônjuges podem preferir, por alguma razão, não aproveitar desse benefício. Como isso não traz nenhuma modificação para os filhos, a doutrina é unânime no sentido de que os cônjuges precisam alegar a boa-fé, requerer o reconhecimento da putatividade do casamento. Os cônjuges podem preferir que esse casamento não produza nenhum efeito. Hoje em dia, o único efeito que aproveita aos filhos é com relação à presunção de paternidade. É possível requerer o reconhecimento da putatividade alegando erro de direito? Ou seja, alegando que sabiam da existência daquele fato, mas não sabiam que esse fato era impedimento matrimonial? O entendimento amplamente majoritário é de que não (a ninguém é dado descumprir a lei alegando seu desconhecimento), embora já se tenha admitido em casos excepcionais a produção de efeitos em função de uma evidente e ampla ignorância das pessoas envolvidas. Quais são os efeitos da sentença que declara a putatividade bilateral (ambos estavam de boa-fé)? Essa sentença faz produzir eficácia ex nunc – do trânsito em julgado em diante. Ou seja, essa sentença vai ter os mesmos efeitos de uma sentença de separação ou de divórcio. Mesmo que declare nulo o casamento, se declara o casamento putativo, ele vai produzir efeitos – vínculo se desfaz dali em diante, casamento deixa de existir, porém produziu efeitos. Se ele se casa menor e mesmo que ainda não tenha completado 18 anos, se casou de boa-fé, se mantém plenamente capaz, não retorna ao estado civil de incapaz como ele retornaria se não fosse reconhecida a putatividade – emancipação se mantém. Em termos patrimoniais, terá que ser observado o regime de bens, que produziu efeitos até o trânsito em julgado da sentença (pacto antenupcial também produziu efeitos). Se houver patrimônio pra ser partilhado (casou em comunhão parcial ou total de bens), isso deverá ser feito. Se um cônjuge falece no curso do processo, o sobrevivente que estava de boa-fé está na linha sucessória do outro (sentença só produz efeitos depois de transitar em julgado, ou seja, no curso do processo ainda era casado). Poderá pleitear alimentos, se for o caso. A declaração de putatividade faz toda a diferença, portanto – os efeitos são tipo os do divórcio. Mais complicado é o caso do reconhecimento da putatividade unilateral – somente um dos cônjuges estava de boa-fé. Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá: I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente; II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial. O cônjuge de boa-fé pode requerer a putatividade do casamento, para que ele seja reconhecido putativo com relação a ele. Nesse caso, a produção de efeitos se dará na forma desse artigo 1564 – o cônjuge culpado perderá as vantagens havidas do cônjuge inocente e ficará obrigado a cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial. O cônjuge que estava de má-fé vai perder tudo, o outro não. No caso do casamento putativo unilateral, não está correto falarmos em eficácia ex nunc da sentença. Ex: se o cônjuge menor estava de má-fé, retorna ao estado civil de incapaz; se ele está de má-fé, retorna sua incapacidade. Se o cônjuge de má-fé faz uma doação ao de boa-fé através do pacto antenupcial, ela não vai deixar de valer – doação se mantém. Por isso não podemos falar que produz efeitos apenas pro cônjuge de boa-fé, não pro de má-fé. Já se fosse o inverso, se o cônjuge de boa-fé que tivesse feito a doação pro de má-fé, a doação se desconstituiria. O mesmo vale pra questão sucessória – se o sobrevivente for o de boa-fé, ele vai herdar; se for o de má-fé, não vai herdar. Então como é a produção de efeitos da sentença que declara a putatividade unilateral? Ela produz efeitos na forma do art. 1564 (não é ex tunc, ex nunc). X e Y se casam – X de boa e Y de má-fé -> alguns doutrinadores dizem que mesmo nos bens adquiridos na constância do casamento, o de má-fé não tem direito. Já outros afirmam que isso seria exagero, até geraria um enriquecimento sem causa pro cônjuge de boa-fé (divide-se). Com relação aos bens anteriores ao casamento, o cônjuge de boa-fé manteria seus bens anteriores incomunicáveis, ou seja, eles não entrariam na partilha, porque isso é uma situação que prejudicaria o de boa-fé e nada que é do casamento pode prejudicá-lo, e o de má-fé teria os bens partilhados. No unilateral, também é uma faculdade do cônjuge de boa-fé pedir o reconhecimento da putatividade. Eficácia do Casamento Essa foi a parte que mais mudou por força do princípio da isonomia conjugal. O CC/1916 estabelecia que o chefe da sociedade conjugal era o marido – ele podia representar em juízo a família. O homem que escolhia o domicílio matrimonial – assim, se a mulher não o acompanhasse, era considerado abandono do lar. A lei dizia que, se a mulher tivesse alguma justificativa, podia ser autorizada a não acompanhar o marido. Hoje a norma é isonômica – o que o marido não pode fazer sem a autorização da mulher, ela não pode fazer sem a do marido. No