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MATERIAL DE APOIO - DIREITO CIVIL - PARTE GERAL - Apostila 5
ESTÁCIO
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que a “apresentação do cheque pré- datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar, presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos”. É o caso também do Resp 213.940, no qual o relator, ministro aposentado Eduardo Ribeiro, ressaltou que a devolução de cheque pré- datado por insuficiência de fundos que foi apresentado antes da data ajustada entre as partes constitui fato capaz de gerar prejuízos de ordem moral. A nova súmula ficou com a seguinte redação: “caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado”. Leia também: Nova súmula exige contraditório para pensão alimentícia 48 Processos: Resp 213940; Resp 557.505; Resp 707.272; Resp 16.855 Fonte: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=90 959# STJ - O Tribunal da Cidadania Constituição de mora em contrato de leasing exige notificação prévia 17/02/2009 A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou nova súmula. Segundo o verbete, “no contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora”. O projeto que deu origem à súmula 369 foi relatado pelo ministro Fernando Gonçalves e tem, entre os precedentes, os recursos especiais 139.305, 150.723, 185.984, 285.825 e os embargos de divergência no recurso especial 162.185. Em um desses precedentes, o Resp 285.825, o relator, ministro aposentado Raphael de Barros Monteiro Filho, considerou que, para a propositura da ação reintegratória, é requisito a notificação prévia da arrendatária, ainda que o contrato de arrendamento mercantil contenha cláusula resolutiva expressa. Em outro recurso, Eresp 162.185, o ministro Aldir Passarinho Junior destacou que é entendimento hoje pacificado no âmbito da Segunda Seção ser necessária a notificação prévia da arrendatária para a sua constituição em mora, extinguindo-se o processo em que tal pressuposto não tenha sido atendido, conforme dispõe o artigo 267, 49 inciso VI, do Código Processual Civil. Leia também: STJ sumula: apresentação do cheque pré-datado antes do prazo gera dano moral Processos: Resp 139305; Resp150723; Resp 185984; Resp 285825 ;Eresp 162185; Ag 51656 Fonte: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=90 957# 5. Textos Complementares Recomendamos a leitura, nesta apostila, textos de dois brilhantes juristas nacionais. Vale a pena conferir. Texto 01 www.jus.com.br Natureza jurídica da sentença na ação pauliana Texto extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8162 Frederico Garcia Pinheiro advogado em Goiânia (GO), especialista em Direito Processual pelo Axioma Jurídico/FESURV, pós-graduando em Direito Civil pela Universidade Federal de Goiás 50 RESUMO O presente artigo científico visa a ressaltar a importância de haver mecanismos eficazes no combate às condutas fraudulentas. Partindo dessa premissa, será demonstrada a viabilidade de se adotar a teoria da ineficácia relativa dos negócios jurídicos praticados em fraude contra credores stricto sensu (fraude pauliana) – que se contrapõe à tese clássica da anulabilidade. Outrossim, em se adotando a teoria da ineficácia relativa (ou inoponibilidade perante terceiros), veremos que a sentença que julga procedente o pedido formulado na ação pauliana é de natureza meramente declaratória. PALAVRAS-CHAVE: fraude contra credores, teoria da ineficácia relativa, inoponibilidade perante terceiros, natureza jurídica da sentença, declaratória 1 INTRODUÇÃO A função primordial da normatização jurídica é permitir que haja vida em sociedade. Melhor dizendo, é através da regulamentação das condutas toleradas, bem como das proibidas, que se torna possível obter "o equilíbrio social, impedindo a desordem e os delitos, procurando proteger a saúde e a moral pública, resguardando os direitos e a liberdade das pessoas" (DINIZ, 1999, p. 243). 51 O sistema jurídico tem a preocupação de traçar normas de conduta e, ao mesmo tempo, mecanismos eficazes para fazer com que tais normas sejam satisfatoriamente respeitadas por todos, pois só dessa forma conseguir-se-ia atingir o seu objetivo principal – a pacificação social. Na esteira dessa idéia de que as normas jurídicas devem ser respeitadas indistintamente por todos, por vezes, há quem tente mascarar a prática de determinadas condutas vedadas, objetivando se esquivar de deveres e obrigações, bem como evitar possíveis conseqüências jurídicas. Tal conduta é denominada, genericamente, fraude. Independentemente do tipo de fraude – se contra terceiros ou contra a coletividade –, o ordenamento jurídico, através da busca pela efetividade dos direitos, como não poderia deixar de ser, preocupa-se em evitar a perpetuação da fraude, estabelecendo regras e mecanismos sancionadores das condutas fraudulentas. Contudo, apesar dos mecanismos existentes para se barrar a prática de fraudes, a verdade é que, quanto mais evoluída é a sociedade e a inteligência humana, mais se percebe a prática de fraudes, utilizando-se de meios com acentuada criatividade lesiva, fato esse que traz, por vezes, enormes dificuldades para que se possa reprimir tempestiva e eficazmente os danos advindos do ato fraudador. De fato, enquanto o agente do ilícito comum atua às claras e, com isso, permite reação da vítima a tempo de defender seus direitos e de evitar a consumação do dano, o mesmo não se passa com o agente da fraude. Aqui, a vítima é surpreendida, em regra, quando a astúcia do defraudador conseguiu, às escondidas, consumar a lesão do patrimônio 52 alheio, tudo sob a aparência de inocente exercício de direito. Nessa altura só resta ao lesado o socorro ao processo judicial para invalidar o ato fraudulento. Para complicar mais a situação, constata-se que, como fruto de inteligência preordenada à ilicitude, a fraude sempre corresponde a uma preocupação do causador do dano de agir com cautela e segurança para encontrar na aparência de ato jurídico perfeito a principal barreira à defesa da vítima (THEODORO JÚNIOR, 2001, p. 61-62). Diante desse quadro apresentado, o direito deve estar sempre em evolução, atualizando-se, de modo a munir as vítimas e o Judiciário de mecanismos para que se possa, em combatendo a fraude, dar efetividade às normas jurídicas. Todavia, o recém vigente Código Civil trilhou caminho retrógrado ao disciplinar a fraude contra credores stricto sensu (fraude pauliana), haja vista que a manteve disciplinada no mesmo título referente aos defeitos dos negócios jurídicos, como causa de anulabilidade. A melhor doutrina, afastando-se de uma interpretação meramente gramatical do Código Civil, vem sistematizando a teoria da ineficácia relativa, a qual já fora adotada, inclusive, em vários julgados de tribunais pátrios e se mostra mais adequada como medida de repulsa à fraude. Dentre os adeptos de tal teoria progressista, há divergências quanto à natureza jurídica da sentença que julga procedente o pedido na ação pauliana, havendo quem entenda tratar-se de uma sentença constitutiva e, outros que advogam ser uma sentença meramente declaratória. 53 2 fraude contra a coletividade e fraude contra terceiros Conforme já dito alhures, existem duas espécies de fraude, a fraude que atinge toda a coletividade – também denominada fraude à lei – e a fraude comum, cujos lesionados são terceiros determinados ou, ao menos, determináveis. Na fraude comum, contra terceiros, o ato fraudador em si, extrinsecamente, não contém nenhum vício – pois a fraude se localiza nos efeitos colimados pelo referido ato, que visam a lesar interesses de