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Apostila Teoria e Pratica da Redacao Juridica 2012 (2)

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CURSO DE DIREITO
REDAÇÃO FORENSE
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
MATERIAL DE APOIO
Profa. KATIA ARAUJO
2012
Parte 1: Estruturação do parecer jurídico
Parte 2: A ementa do parecer: explicação e exercícios
Parte 3: Elementos da narrativa forense
Parte 4: Peças processuais para análise
Parte 5: A fundamentação do parecer jurídico
Parte 6: Casos e exercícios para parecer
Parte 7: Petições iniciais para análise
PARECER JURÍDICO
É a expressão de um juízo, um opinamento.
 É o nome da peça escrita na qual o sujeito argumentador deverá fundamentar a sua tese = ponto de vista
 Contém pronunciamento ou opinião sobre questão submetida a órgão consultivo, com a finalidade de esclarecer dúvidas ou indagações para servir à emanação ou ato conclusivo vinculado ao assunto.
 É um ponto de vista técnico.
 É opinativo e sugestivo.
- O parecerista: . expõe o fato 
 . analisa 
 . dimensiona 
 . sugere uma possível solução 
. não julga.
Obs.: O Juiz dará VOTO ou SENTENÇA, não faz Parecer.
ESTRUTURA DO PARECER
- Cabeçalho
- Título centralizado (PARECER)
- EMENTA – forma reduzida de apresentação do opinamento ou do julgado.
Apresentação formal dos fatos, sem questioná-los, dos nexos causais, dos juízos principais que nortearam todo o processo. É o que se cogita dentro do processo.
A Ementa pode ser constituída por frases nominais, localizando-se à direita, tendo o máximo de 8 linhas. 
- RELATÓRIO – apresentação dos antecedentes, de forma exaustiva, completa, objetiva.
- FUNDAMENTAÇÃO – é a parte argumentativa do parecer. Nesta o parecerista explicita os argumentos (provas, fatos) que sustentam o seu ponto de vista (tese ou conclusão). Além disso, pode fazer uso, nesta parte, de recursos polifônicos para tentar enriquecer a sua argumentação.
- CONCLUSÃO – corresponde o ponto de vista (tese) do parecerista, é a apresentação de uma solução/sugestão, que pode ser una ou múltipla.
PARECER
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I – EMENTA
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II – RELATÓRIO
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 É o relatório.
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III – FUNDAMENTAÇÃO 
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IV – CONCLUSÃO 
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 É o parecer.
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 Data
 Assinatura 
SÍNDICO DE EDIFÍCIO É ACUSADO DE RACISMO
 
 O síndico de um edifício residencial no Recreio dos Bandeirantes, Jamyr Adelino Machado, está sendo acusado de racismo por tentar impedir a circulação de um morador negro nas dependências do prédio. A moradora Maria da Penha Santos recebeu uma carta do administrador com a determinação de que seu filho de criação, Júlio César Ribeiro, de 24 anos, teria a circulação no prédio limitada à lixeira e à caixa de correio. Ela ficou indignada e resolveu procurar a 16a. DP (Barra da Tijuca), que começou a investigar o caso.
 Júlio, que mora há um ano no prédio, contou que até já discutiu com o síndico.
 - É muito humilhante. É muito triste tudo isso. Não queria estar vivendo essa situação – disse o rapaz. 
 Maria da Penha também não se conforma com o caso e não tem dúvidas de que se trata de racismo.
 - Isso é evidente. Não concordo com isso.
 O delegado adjunto, Alan Luxardo, que está cuidando do caso, vai intimar o síndico a depor. Jamyr terá que explicar o motivo da carta.
 - Um síndico não pode impedir um morador de entrar num prédio – disse o delegado, observando que o caso está sendo investigado como suspeita de racismo. 
 (O Globo, 14/06/2001)
PARECER
EMENTA
Morador negro impedido pelo síndico de circulação pelas dependências de edifício residencial. Preconceito racial. Violação do direito de ir e vir. Ofensa à dignidade. Parecer favorável a condenação por injúria.
I - RELATÓRIO 
 Jamyr Adelino Machado, síndico de um edifício residencial no Recreio dos Bandeirantes, é acusado de racismo por ter tentado impedir a livre circulação, no referido edifício, de Júlio César Ribeiro, 24 anos. 
 Maria da Penha Santos, mãe de criação da vítima, recebeu uma carta do administrador, determinando que o rapaz somente poderia dirigir-se à lixeira e à caixa do correio.
 Morador do prédio há um ano, Júlio César Ribeiro declarou já ter inclusive discutido com o síndico e sentir-se humilhado com toda aquela situação.
 O delegado adjunto da 16a. DP (Barra da Tijuca), Alan Luxardo investigou o caso.
 É o relatório. 
II – FUNDAMENTAÇÃO 
 Atitudes de discriminação e desrespeito às diferenças e direitos das chamadas minorias são constantes em nossa sociedade. Infelizmente o alto desenvolvimento tecnológico alcançado pelo homem destoa do atraso e da intolerância nas relações sociais. Ante a nossa perplexidade, negros são freqüentemente discriminados, ferindo-se, constantemente, os ideais democráticos no preâmbulo da Constituição Brasileira:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituintepara instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
 
Distante da harmonia social preconizada pela Carta Magna, surpreendemo-nos com práticas que visam à segregação dos negros, parcela da sociedade que não se desvencilhou da imagem de inferioridade, acentuada pela manutenção da exclusão sócio-econômica. Júlio César Ribeiro foi, portanto, vítima de um crime aviltante, mas comum e, para conter a sua banalização, é imprescindível a aplicação da lei, de maneira exemplar. Não se podem tolerar atos de preconceito racial, que tanto ferem a dignidade humana. Sim, vale lembrar que negros também são seres humanos, apesar de, em um período vexatório da nossa história, terem sido equiparados a coisas ou animais, tendo lhes sido negados direitos sociais e afetivos. A cada atitude de preconceito racial o Brasil deve responder com a lei.
 
Jamyr Adelino Machado, considerando-se investido de um alto poder, como síndico do prédio, resolveu determinar que a circulação de Júlio César Ribeiro deveria limitar-se à lixeira e à caixa do correio. É oportuno registrar que embora possa alegar que tal determinação não teve motivação preconceituosa, é inegável que limitar a circulação de apenas um morador, além de extrapolar as suas atribuições, constitui prática claramente discriminatória. Qual razão poderia ser considerada justificável para essa atitude? Com que direito um morador, síndico ou não, limita a circulação de outro?
 Cabe assinalar que são fartas as leis aplicáveis ao caso, partindo do artigo 3o. da Constituição, que inclui entre os objetivos fundamentais deste país a promoção do bem de todos, “sem preconceito de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Podem ser citadas, ainda, as leis no.7.716, de 05/11/1989 e no. 9.459, de 13/05/1990. (Falta relacionar a lei ao caso.)
 Mister se faz complementar que a Lei Afonso Arinos, (lei no. 7.437, de 20/12/1985) inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo. Em seu artigo 2o. dispõe: “Será considerado agente da contravenção o diretor, gerente ou empregado do estabelecimento que incidir na prática referida”. (Falta relacionar a lei ao caso.)
 Evidencia-se que Júlio César Ribeiro foi ferido em seu direito de ir e vir, direito à igualdade. Cumpre-nos ressaltar que foi humilhado, teve sua dignidade ofendida, razões suficientes para apresentação de notícia crime contra Jamyr Adelino Machado, pois, conforme o Código Penal, em seu artigo 140, injúria é crime que ofende a dignidade ou o decoro, não admitindo retratação. Não há que se relevar, nem mesmo atenuar a culpabilidade do crime ilícito e antijurídico cometido, analisado como um fato típico com todas as suas características necessárias à condenação. O acusado é imputável, teve conduta ilícita, obteve resultado como nexo causal e os crimes cometidos estão tipificados na legislação do nosso país.
III – CONCLUSÃO 
 Ex-positis, pelas razões de fato e de direito anteriormente aduzidas, entende-se que Jamyr Adelino Machado deva ser condenado pela prática de injúria.
	É o parecer. 
 
 Rio de Janeiro, 01 de agosto de 2001.
 João da Silva 
METODOLOGIA DA EMENTA DO PARECER
Professora Claire Neib Ferrari Guimarães
	Essa exposição tem como objetivo apresentar a didática utilizada para ministrar as aulas referentes à ementa da Parecer Formal, documento que integra a programa de Hermenêutica Textual – Português III do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. Essa proposta foi resultado de análise de pareceres, exercícios realizados com os alunos e pesquisa, embora seja rara bibliografia sobre o assunto.
	Como adverte Campestrini ( 1994 ), as ementas devem ser elaboradas antes de se passar à redação do texto, haja vista que ela não deve ser considerada resumo do documento e sim delineadora dele, servindo de fio condutor da exposição, pois isso obriga o parecerista a definir claramente o seu ponto de vista.
	Deve-se advertir o aluno de que é essencial, que a ementa seja bem elaborada, tendo em vista que ela é a primeira a ser consultada, por isso é relevante o reconhecimento das principais características dessa etapa do Parecer:
 é composta por palavras-chave;
 apresenta de forma coesa e coerente os fatos e questões principais que nortearão todo o processo;
 é o fio condutor da exposição;
 é síntese;
é composta por frases nominais;
 constitui um só parágrafo composto por segmentos separados por travessões, ocorrendo ponto apenas no final;
 não faz desenvolvimento de idéias;
não utiliza elos coesivos;
não faz qualquer destaque gráfico;
CAMPESTRINI, Hildebrando. Como redigir ementas. São Paulo: Saraiva, 1994.
EXERCÍCIOS REFERENTES A EMENTAS
1 – Modifique as orações em destaque, transformando-as em sintagmas nominais:
O advogado de defesa pediu que as testemunhas colaborassem.
O promotor advertiu o acusado que o crime era grave.
É provável que mantenham a sua proposta.
É necessário que todos ajudem na recuperação do jovem.
Ele não se lembra de que fora chamado pelo juiz.
É mister que lutemos pela justiça. 
O advogado ajudou para que os funcionários públicos comprem sua casa própria.
É provável que existam outras pessoas envolvidas na fraude.
A solução é que o bandido confesse os seus crimes.
É conveniente que os bens deixados pelo falecido sejam arrolados.
2 – Transforme a oração em destaque, colocando o verbo no particípio:
O livro que comprei é ótimo.
Os crimes a que o bandido se referiu causaram apreensão em todos.
Na entrevista que o governador concedeu à imprensa ele destacou os problemas da violência.
O preço que combinamos não foi respeitado.
A resposta que prometeram não chegou.
3 – Substitua os termos em destaque por orações equivalentes, iniciadas por conectivos, fazendo as adaptações necessárias: 
O promotor pediu a condenação do réu.
Com a colaboração da testemunha, poderemos inocentar o réu. 
A notícia da fuga dos presos foi confirmada. 
Para a alegria da família, os noivos marcaram o casamento.
O advogado alertou-o da importância do seu testemunho.
Ementas para análise
Disputa por premiação – Compras efetuadas com cartão de crédito adicional, inclusive compras pessoais – Direito ao preenchimento do cupom pela empregada – Oportunidade de enriquecimento – Parecer favorável à confirmação do prêmio à sorteada.
Morte de criança em conseqüência de queda de apartamento – Ausência de grades ou telas para proteção – descaracterização de homicídio culposo – Fatalidade – Parecer favorável à absolvição da mãe.
Queda e morte de criança deixada pela mãe sob os cuidados do irmão menor – Negligência na atenção ao menor - Dor e abalo emocional dos pais superiores a qualquer punição – Parecer favorável ao perdão judicial.
Queda e morte da criança deixada pela mãe aos cuidados do irmão de oito anos – Ausência de grades e telas de proteção em apartamento no 26º andar – Negligência na atenção ao menor – Excesso de confiança – Inobservância dos deveres inerentes ao pátrio poder – Parecer favorável à condenação dos responsáveis por homicídioculposo.
Impetrada ação por danos morais, materiais e físicos – Vítima com dependência química causada por responsabilidade de Cia. De Cigarros Souza Cruz – Parecer favorável ao pagamento da indenização.
Menores proibidos de assistir a filme – Ficção próxima da realidade urbana carioca – Recurso educativo – Medida preventiva – Oportunidade para reflexão – Parecer favorável à liberação do filme Traffic para jovens maiores de 16 anos.
Menores proibidos de assistir a filme – Apresentação do submundo do narcotráfico – Apologia às drogas e à violência – Jovens com personalidade em formação incapazes de discernimento – Parecer favorável à proibição de exibição do filme para menores de 18 anos. 
Utilização de fotos de renomados artistas em interior de loja – Alegação de violação do uso de imagem. Inexistência de antijuridicidade - Finalidade meramente decorativa – Ausência de vantagem decorrente da utilização – Parecer favorável à manutenção da exibição das fotos.
Acusação de uso indevido de marca e exibição da imagem de compositores famosos – Ausência de autorização dos herdeiros – Violação de direitos autorais – Parecer favorável à suspensão imediata do uso da marca e exibição das fotos. 
Atropelamento seguido de morte – Motorista alcoolizado em alta velocidade – Violação do Código de Trânsito – Imprudência, com certeza da impunidade – Parecer favorável à condenação por homicídio culposo.
Pedido de modificações infraestruturais e pedagógicas na Escola João Luís Alves – Atendimento acima da capacidade da instituição – Único estabelecimento com atendimento masculino no estado – Necessidade de atuação junto aos menores infratores – Parecer favorável a estudo de viabilidade e implementação de parcerias com vistas à reforma da escola, com a suspensão do pagamento de multas.
Pedido de modificações infraestruturais e pedagógicas na Escola João Luís Alves – Ineficácia no atendimento sócio-educativo proposto – Jovens recuperáveis desassistidos – Ùnico estabelecimento no estado atendendo a adolescentes – Descumprimento do ECA e da Constituição Federal – Omissão do Estado – Parecer favorável à implementação urgente das medidas exigidas pelo Ministério Público.
ELEMENTOS DA NARRATIVA FORENSE
 É a exposição dos fatos reais que envolvem uma situação de conflito. Importante lembrar que se torna imprescindível à análise de todos os elementos estruturais da narrativa visando à coerência, à lógica e à hermenêutica adequada para a correta elaboração de uma peça processual. 
 Igualmente é adequado insistir sobre a importância da análise dos elementos da narrativa de um fato jurídico para o profissional de Direito, haja vista que, de acordo com Henriques & Damião (1999-p.137), a narrativa está presente em todas as peças jurídicas, nos vestibulares – Petição Inicial, Denúncia, Reclamação Trabalhista etc, apresentando um fato como retrato da verdade fática.
 Poderá o defensor ou o promotor, após a análise dos elementos essenciais que constituem o caso em tela, selecionar aqueles que melhor justifiquem a sua tese, pois em função de seu ponto de vista, irá privilegiar determinados elementos em detrimento de outros. Esses elementos deverão ser analisados separadamente com o objetivo de se fazer, passo a passo, um estudo profundo, pois essa análise determinará uma tese coesa e fundamentação coerente, portanto pertinente. 
Elementos estruturais da narrativa forense:
a) Centralidade: é a essência do fato, o cerne da questão, sem juízo valorado.
b) Personagem: 
Ativo – aquele que propulsiona a situação de conflito. 
Passivo – aquele que se sente lesado.
c) Caracterização: impossível conceito mais claro e completo sobre esse elemento do que o de Reis (1986-p.34) É por meio dela que se fica a conhecer um retrato relativamente definido de cada um dos mais relevantes elementos humanos que compõem o fato, retrato esse que diz respeito às características físicas, morais, sociais e psicológicas.
d) Educação: quantitativa = grau de escolaridade 
 qualitativa = utilização social da educação recebida desde o núcleo familiar.
e) Representatividade Social: é a relação do personagem com o contexto social, é o que ele representa socialmente. 
f) Espaço:
- físico – apresentação dos espaços físicos nas quais a situação de conflito ocorre.
- social – é a relação que se estabelece entre os acontecimentos sociais e os personagens.
g) Tempo:
- cronológico – é o registro dos fatos na seqüência dos acontecimentos, o tempo do relógio.
- psicológico - ocorre na mente dos personagens, é um tempo complexo, incoerente que às vezes é responsável pelo comportamento deles e às vezes pelo registro de lembranças que podem elucidar ou complicar um caso.
Ponto de Vista: após a análise dos elementos acima, poderá o Profissional de Direito caracterizar o fato em questão e com coerência e lógica persuasiva elaborar sua tese que deverá ser devidamente fundamentada com as possibilidades polifônicas que julgar adequadas, com o objetivo de, finalmente, chegar à conclusão.
 Compreende-se que o Profissional de Direito já estará permeado, engajado pela sua tese, porém deverá examinar com lucidez todas as possibilidades, de tal forma que possa perceber o seu “calcanhar de Aquiles” e, assim, preparar-se para uma possível refutação. 
 E, para finalizar, é sempre bom lembrar, o que nos adverte Reis (1986-p.102):
 
Mas a posição em que se coloca o narrador para representar a diegese não a afeta só em termos de quantidade, isto é, não tem que ver só com a maior ou menor dose de informação facultada; com efeito, o conceito de ponto de vista implica, sobretudo, uma certa qualidade de informação.
Sugestão de esquema para análise da narrativa forense:
1) Centralidade 
2) Personagens - ativo 
 passivo 
3) Caracterização - familiar 
 social 
 profissional 
4) Educação - quantitativa 
 qualitativa 
5) Representatividade Social 
6) Espaço - físico 
 social 
7) Tempo - cronológico 
 psicológico 
8) Ponto de Vista
Bibliografia :
Granatic, Branca. Técnicas básicas de redação. 2. Ed. São Paulo: Scipione, 1995.
Henriques & Damião, Antônio e Regina Toledo. Curso de português jurídico. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Medeiros & Henriques, João Bosco e Antônio. Monografia do Curso de Direito. São Paulo: Atlas, 1999.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1a. Vara da Infância e da Juventude da Comarca da Capital – Rio de Janeiro.
“A partir das relações que estabelece com o seu mundo, o homem, criando, recriando, decidindo, dinamiza este mundo (...). ninguém luta contra as forças que não compreende – “
(Paulo Freire) 
 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, através do Promotor de Justiça infra-assinado, em esteio de suas atribuições contitucionais e consoante o disposto no art. 220 da Carta Federal e arts. 149 e 153 da Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – vem, através do presente, na defesa de interesse difuso afeto aos adolescentes, narrar os fatos adiante aduzidos para, posteriormente, requerer o seguinte:
I - DOS FATOS:
1) O Requerente é Titular da 7ª. Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude da Comarca da Capital, Órgão de Execução com atribuição para o processamento dos adolescentes envolvidos em práticas infracionais no Rio de Janeiro e, concorrentemente, com atribuição para oficiar perante a Justiça da Infância e da Juventude;2) Como é por demais sabido, diferentemente do que ocorre em outras Comarcas do País, no Rio de Janeiro há uma característica peculiar: cerca de 70% (setenta por cento) das apreensões de adolescentes infratores referem-se a tráfico de substâncias entorpecentes (art. 12 da Lei 6.368/76), aumentando ainda mais este percentual quando, independentemente do tipo de ato infracional perpetrado, a sua origem se dá não só por envolvimento, mas também o uso (art. 16 da Lei 6.368/76), de substâncias entorpecentes ou que causam dependência física ou psíquica;
3) No último dia 16 de março do corrente ano, entrou em circuito o filme “Traffic”, dirigido por Steven Soderbergh, recomendado nacionalmente pela Coordenadoria Geral de Classificação, Títulos e Qualificação da Secretaria Nacional de Justiça para “maiores de 18 anos de idade”, impossibilitando dessa forma que os adolescentes habitantes desta Cidade do Rio de Janeiro possam, sozinhos, assistir à referida produção; 
4) O filme em tela retrata o submundo do narcotráfico nos Estados Unidos e mostra uma realidade muito próxima do que ocorre no Rio de Janeiro, onde os adolescentes que são apreendidos e chegam à Justiça da Infância e da Juventude têm como motivo principal o envolvimento no mundo das drogas;
5) Em reportagem veiculada hoje pela Imprensa (em anexo), especialistas em drogas puderam emitir suas opiniões e parecem concordar com o Ministério Público quando priorizam a educação na difícil tarefa de combater o tráfigo de drogas. Segundo Maria Thereza de Aquino, Diretora do NEPAD, o filme “tem o mérito de tratar a questão sem preconceito ou falsos moralismos. Saídas ? Há, sim. Elas dependem de nós”. Para o Ex-Secretário Nacional Antidrogas Walter Maierovitch, “dá para assistir o filme com o olho no Brasil. Nós temos vizinhos produtores de cocaína, heroína e maconha. O consumo de drogas e toxicomania aumentam no nosso País. O filme espelha a realidade quando mostra que estamos perdendo a luta contra o narcotráfico. Evidentemente não devemos capitular. Nem desanimar ...”
II – DO DIREITO:
6) A Lei Magna do País, em seu art. 220, proíbe toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística, cabendo ao Poder Público informar indicativamente sobre as faixas etárias a que os espetáculos públicos não se recomendam. Aos pais, detentores do pátrio poder, compete a maneira de melhor educar seus filhos, cabendo ao Poder Público recomendar (Depto. De Classificação Indicativa) ou decidir (Poder Judiciário) acerca da entrada de crianças e/ou adolescentes sozinhos em casas de espetáculos ou diversões públicas;
7) Paralelamente, de acordo com o art. 149, I, “e” da Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – compete ao Juiz da Infância e da Juventude da respectiva Comarca a autorização para a entrada de crianças e adolescentes em espetáculos públicos, devendo as medidas serem adotadas “caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral”;
8) Segundo a Lei Estatutária vigente que, excepcionalmente,confere atividade legislativa a autoridade judiciária local, que melhor conhece os interesses e as necessidades de seus jurisdicionados, em seu art. 153 preconiza que se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto no ECA ou em outra lei, “a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público”, a quem competirá a propositura de “todas as espécies de ações pertinentes” (art. 212), na defesa de interesse difuso;
9) Uma das metodologias mais indicadas para afastar alguém de um determinado mal é mostrar a sua realidade e as sérias conseqüências dele decorrentes. O filme em epígrafe revela a realidade nua e crua do submundo das drogas. A sua proibição pelo Poder Público sob o fundamento de que mostra o “consumo das drogas, violência e desvirtuamento de valores” precisa ser revista, pelo menos no Rio de Janeiro, ante as peculiaridades já mencionadas, até para que os adolescentes – pessoas em formação – possam saber que “um tapinha” pode doer e muito. De acordo com o educador Paulo Freire, “a realidade não pode ser modificada, se não quando o homem descobre que é modificável e que ele pode fazê-lo”.
III – DO PEDIDO:
 EX POSITIS, pelas razões de fato e de direito anteriormente aduzidas, requer o Ministério Público, seja autorizada judicialmente, mediante Alvará, a entrada de adolescentes desacompanhados dos pais ou responsável, a partir de 16 anos, nos estúdios de exibição da Cidade do Rio de Janeiro, intimando-se a direção da Europa Filmes, Distribuidora do Filme “Traffic” e o Departamento de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, para a ciência e demais providências cabíveis.
 Outrossim, protestando pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito, a fim de prestarem depoimento sobre o assunto, requer o Ministério Público sejam intimados os seguintes Especialistas:
1 – Dra. Maria Thereza de Aquino, Diretora do NEPAD – UERJ
2 – Dr. Walter Maierovitch – Juiz e Ex-Secretário Nacional Antidrogas do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
 Termos em que P.Deferimento
Rio de Janeiro, 30 de março de 2001.
MÁRCIO MOTHÉ FERNANDES
Promotor de Justiça
JUÍZO DA PRIMEIRA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
PROCESSO Nº
REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
 
 VISTOS, ETC ...
 CONSIDERANDO que compete ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais, individuais, difusos ou coletivos referentes á infância e à adolescência, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis no interesse superior da criança;
 CONSIDERANDO que a autoridade judicial poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público, para resguardar as medidas de interesse da criança e ou adolescentes;
 CONSIDERANDO que as razões expendidas pelo ilustre representante do Ministério Público, em exercício no Juízo da 2ª. Vara da Infância e da Juventude, retratam a cruel realidade da Cidade do Rio de Janeiro, com excesso de crianças e adolescentes dependentes economicamente ou quimicamente do uso de substâncias que causam dependência física ou psíquica e/ou econômica, carecendo de uma ação equivalente à dimensão do problema de saúde pública individual e coletiva por parte das autoridades administrativas das três esferas de governo capaz de assegurar a proteção integral às infelizes vítimas da ação do narcotráfico;
 CONSIDERANDO o caráter didático e educativo do filme “TRAFFIC” cujo enredo mostra o problema envolvendo o submundo das drogas atingindo vítimas adolescentes, tratando da questão sem preconceito ou falsos moralismos, segundo pontual e respeitável especialista Profa. Maria Thereza de Aquino, ilustre Diretora do NEPAD, com excelentes serviços prestados à causa da infância e adolescência da área da dependência química;
 CONSIDERANDO as razoes do ilustre representante do Ministério Público atuando no interesse superior da criança e as peculiaridades do Município do Rio de Janeiro.
 DEFIRO o pedido do Ministério Público, com fundamento nos artigos 153 e 149, I, letra “e” do Estatuto da Criança e do Adolescente e o art. 220 da Constituição Federal, para autorizar, mediante alvará, a entrada e permanência de adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis, a partir de 16 anos, nos estúdios de exibição da Cidade do Rio de Janeiro. Recomendo, ainda, a exibição da película em todos os estabelecimentosde cumprimento de medidas sócio-educativas ou protetivas de adolescentes no Município do Rio de Janeiro.
 PUBLIQUE-SE E INTIME-SE A DIREÇÃO DA EUROPA FILMES, DISTRIBUIDORA DO FILME “TRAFFIC” E CIENTIFIQUE-SE O DEPARTAMENTO DE CLASSIFICAÇAO INDICATIVA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA PARA CIÊNCIA E PROVIDÊNCIAS QUE ENTENDE CABÍVEIS.
Rio de Janeiro, 30 de março de 2001.
SIRO DARLAN DE OLIVEIRA
JUIZ DA 1ª. VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
RIO DE JANEIRO-RJ
EMENTA, FUNDAMENTAÇÃO E CONCLUSÃO, A PARTIR DA LEITURA DA PETIÇÃO SOBRE O FILME TRAFFIC
EMENTA
Pedido de liberação de filme para maiores de 16 anos – Temática relativa ao uso de drogas – Necessidade de conscientização dos jovens – Tema pertinente à faixa etária – Ficção próxima da realidade do Rio de Janeiro – Abordagem educativa – Parecer favorável à alteração da classificação etária do filme.
FUNDAMENTAÇÃO
1º parágrafo) Apresentação de reflexão política, filosófia ou sociológica sobre o tema em questão, sem referência direta ao caso
	O Rio de Janeiro vive hoje uma crise devido ao poder adquirido pelo tráfico de drogas. Há interferências na vida social, definindo quando os estabelecimentos podem funcionar, decidindo quem pode atuar nas comunidades sitiadas pelos traficantes, infiltrando-se nas polícias e nos três poderes. Com isso, a droga circula livremente em nossa cidade, da classe baixa à alta. Os jovens, por sua grande vulnerabilidade, tornam-se alvo de toda sorte de aliciamento, como consumidores potenciais que são. 
2º parágrafo) Apresentação do Argumento de Oposição à Tese 1 e defesa do Argumento Pró-tese 1
	Muitos consideram que o filme Traffic apresenta tema inoportuno para jovens com a personalidade em formação. Entretanto, a temática retratada não poderia ser mais adequada. Os adolescentes envolvem-se com as drogas, lícitas ou ilícitas, cada vez mais cedo. Torna-se, então, fundamental conscientizá-los dos malefícios do álcool, do fumo e dos entorpecentes, para que, assim, possam se proteger da sedução que o mundo das drogas oferece. Segundo Paulo Freire, “ninguém luta contra as forças que não compreende.” Desta forma, resta mais do que relevante a exibição do filme para os adolescentes, a fim de que eles conheçam a realidade.
3º parágrafo) Apresentação do Argumento de Oposição à Tese 2 e defesa do Argumento Pró-tese 2
	Ainda que Traffic seja considerado violento para a faixa etária em questão, a violência a que assistimos é necessária, pois é real, é aquela que envolve o narcotráfico e as pessoas que, de alguma forma, com ele se relacionam, como vendedores ou usuários. Reside nessa abordagem o caráter pedagógico da obra. As cenas fortes são educativas, justamente porque o filme não romantiza o uso de entorpecentes, pelo contrário, apresenta-o de forma negativa e destrutiva. O drama que o filme expressa tem a importante função de alertar e mostrar que o mundo das drogas não tem nada de colorido.
4º parágrafo) Defesa do Argumento Pró-tese 3
	Segundo fontes do Ministério Público, cerca de 70% dos jovens apreendidos no Rio de Janeiro tiveram infrações relacionadas a drogas, por tráfico ou consumo. Ora, esse dado apenas explicita o que é de conhecimento público: as drogas são hoje o maior problema dos jovens. Portanto, todas as maneiras de conscientização devem ser experimentadas, sobretudo aquelas de fácil acesso aos adolescentes, como filmes, músicas, informações pela internet, programas de televisão. Muitas vezes, um filme tem o poder de penetração e convencimento mais eficaz que um livro, uma aula, uma palestra, uma conversa, por constituir-se de uma linguagem mais próxima dos jovens.
5º parágrafo) Apresentação do Argumento de Autoridade e defesa do Argumento Pró-tese 4
	O Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 149, estabelece que compete ao Juiz da Infância e da Juventude a autorização para entrada de crianças e adolescentes em espetáculos públicos. No caso em tela, considerando tratar-se de obra de grande relevância social, caberia ao Poder Judiciário, na defesa do interesse dos menores da cidade do Rio de Janeiro, autorizar a liberação do filme para os maiores de 16 anos. Encontra, pois, o Poder Judiciário todas as justificativas para acatar o pleito do Ministério Público.
CONCLUSÃO
	Com base no exposto, opina-se pela mudança da classificação indicativa de Traffic, liberando a entrada dos jovens maiores de 16 anos nas salas de exibição.
		É o parecer.
Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 2006.
 João da Silva
CASOS E EXERCÍCIOS
Caso 1)
Domingo, 9 de março de 2003. 2a. edição O Globo 
ESTUDANTE CONFESSA TER MATADO O PAI
São Paulo – A estudante Lígia Lírio dos Santos, de 20 anos, foi presa na madrugada de ontem após confessar o assassinato do pai, o pedreiro Lírio Joaquim da Silva, de 48 anos. Ela contou à polícia que o pai se tornava agressivo quando bebia e a ameaçava de morte.
Disse ainda que, cansada das agressões pediu ajuda ao namorado. Ricardo Costa da Silva, 18 amos, com quem se relacionava há oito meses, para “ se livrar “ do pai.
 A estudante, que se mostrou calma durante todo depoimento, disse que o relacionamento familiar sempre foi ruim e que a mãe está presa por tráfico de drogas.
Policiais acharam que casal levava produto de roubo.
 O crime ocorreu por volta das 3h da manhã de ontem, quando o pedreiro, depois de passar a noite em um bar, voltava para casa, no bairro de Cangaíba, na Zona Leste de São Paulo. Ao entrar, foi surpreendido pela filha e o namorado. Enquanto o rapaz segurava o pedreiro, Lígia o atingiu com cerca de 30 facadas.
 O corpo foi amarrado com pedaços de corda de varal. Embrulhado em lençóis, cobertor, tapete e saco plástico preto e porto em um carrinho do tipo utilizado para transportar bagagem. A idéia, segundo a estudante, era jogar o corpo num córrego próximo. Antes de deixar a casa, os criminosos ainda trocaram de roupa.
 Na rua, a dupla foi abordada por policiais da 3ª Companhia do 8º Batalhão da Polícia Militar , que desconfiaram de que o casal estivesse transportando mercadoria roubada.
 Percebendo a aproximação da PM, Ricardo fugiu, mas Lígia foi presa e levada para o 10º Distrito Policial na Penha, e em seguida para a Dacar 4 (Divisão de Assuntos Carcerários) em Pinheiros. Ela foi indiciada por homicídio e está sujeita a pena entre 12 e 30 anos de cadeia. 
Até o fim da tarde o rapaz continuava desaparecido.
 Durante todo o dia de ontem, os policiais procuraram pelo namorado da estudante, em casa de amigos e parentes, mas até o final da tarde ele não tinha sido encontrado. De acordo com a polícia, Lígia colaborou com as investigações apontando lugares onde o namorado pudesse estar escondido. 
 Segundo Isabel Barreto, amiga da família de Ricardo, os pais dele, Carlos Pereira da Silva e Rita de Cássia Costa, estão muito abalados com o crime, já que o filho sempre se mostrou amável e responsável. 
 - Ricardo visitava regularmente uma psicóloga mas nunca mostrou problemas sérios de caráter. Ele sempre foi um bom menino e esse assassinato nos pegou de surpresa - disse Isabel.
EXERCÍCIOS
1)Elabore a sua tese;
2)Produza 3 argumentos que sustentem a sua tese;
3)Elabore uma fundamentação explorando os seus argumentos. 
Caso 2)
EXERCÍCIOS
Com base nas informações presentes nos considerandos abaixo, redija a ementa do parecer
 Considerando que a vítima perdeu sua vida de forma brutal a caminho do trabalho, realizando, pois, o mais elementar direito de cidadania, qual seja, o de ir e vir, direito esse tutelado pela norma constitucional soberana, e cuja defesa é função principal da autoridade policial;Considerando que o agente, autoridade policial armada, cujo principal dever de ofício é dar proteção e amparo aos cidadãos em tempo integral, encontrava-se à paisana, em estado de embriaguez, e iniciou, violentamente, constrangimento à vítima para conjunção carnal ou ato libidinoso em veículo de transporte de passageiros, demonstrando não possuir o equilíbrio necessário esperado de um homem da lei;
 Considerando a impertinência ostensiva do agente, que ignorou as constantes represálias da vítima, e o modo frio e covarde com que executou os disparos, sem permitir qualquer reação; 
 Considerando serem necessárias todas as medidas que impeçam o processo de banalização da vida (ou da morte) humana que todos vivenciamos em nossos dias, especialmente por parte daqueles que a deveriam proteger;
 Opina-se pela sumária expulsão do agressor do efetivo da Polícia Militar, sem prejuízo das sanções militares legais, e que seja acatada denúncia pelo Ministério Público requerendo sua condenação, em rito sumário (prisão em flagrante), às penas previstas no art. 121, §2o, II, do Código Penal, homicídio doloso qualificado (motivo fútil).
Caso 3)
RIO O GLOBO 3a. edição, Sábado, 8 de maio de 1999.
Mãe diz que não abandonou o menino que caiu.
Moradora do Barramares, onde filho morreu em queda do 26º andar, achou que ele seria vigiado pelo irmão mais velho.
 O sono pesado de Fernando Moraes Júnior, de 3 anos, deu à mãe dele, Rosana Rosa Cavalcanti da Silva, a certeza de que poderia ir sem problemas até a farmácia de propriedade da família num pequeno shopping embaixo do apartamento onde mora, no 26º. andar de um dos prédios do Condomínio Barramares, na Barra da Tijuca. Segundo Rosana contou a parentes, mesmo assim pediu para o filho mais velho, de 8 anos, ficar em casa até que ela voltasse. Mas o menino recebeu um telefonema de um vizinho e saiu para jogar bola. Fernando acordou sozinho. Abriu a porta do quarto e levou uma cadeira até a varanda – que estava com a porta de correr aberta. Fernando subiu na cadeira, apoiou-se no parapeito sem grade, desequilibrou-se e caiu de uma altura de pouco mais de 80 metros às 20h40m de anteontem. Ele morreu no local e foi enterrado ontem à tarde no Cemitério São João Batista, em Botafogo. 
 À mãe foi avisada e foi para o local.Em estado de choque, sentou e chorou ao lado do corpo do filho por mais de duas horas. Segundo testemunhas, antes de cair no chão o corpo ainda bateu num coqueiro na frente do edifício, o que amorteceu a queda e evitou que ele tivesse muitas escoriações. O menino ainda teria respirado por alguns instantes, mas não resistiu. Policiais militares cobriram o corpo com um plástico preto. Na mesma noite, em São Conrado, Rodrigo Martins Lopes, de 6 anos, morador da Favela da Rocinha, escapou de ser atropelado na auto-estrada Lagoa-Barra, após ter caído de uma caminhonete. Ele havia se pendurado na carroceria do veículo. Foi socorrido por motoristas e internado, em estado grave, no Hospital Miguel Couto.
 Parentes negam hipótese de negligência da mãe. 
 Cerca de 30 pessoas acompanharam o enterro de Fernando ontem à tarde. Os pais, que haviam tomado tranqüilizantes para conseguir ir ao velório, ficaram por um tempo sentados na capela chorando muito. Amigos e parentes falavam com incredulidade e dor sobre a tragédia. 
 - Não há dúvidas de que foi uma fatalidade. Ela sempre foi uma excelente mãe, cuidadosa, carinhosa com os filhos. Não foi negligência – afirmou Gisela Moraes Zepeta, irmã de Fernando Moraes, pai do menino.
 À morte foi registrada na 16ª. DP (Barra) como fato a ser investigado. O perito Antônio Carlos Alcoforado disse que encontrou uma cadeira na sacada do apartamento no 26º andar. Segundo ele, o parapeito tinha 1.20 metros e só com a cadeira o menino poderia ter ultrapassado. O delegado titular Heitor Gonçalves disse que vai esperar alguns dias até que a família esteja mais tranqüila para tomar os depoimentos. Segundo ele, caso seja apurada negligência na atenção ao menor, o responsável poderá ser indiciado por homicídio culposo. 
 - Não podemos, porém falar de um caso assim porque a família já está sofrendo muito. Temos que esperar pelas provas técnicas – disse o delegado. 
 Ontem a farmácia estava fechada com um bilhete na porta: “Por motivo de falecimento não abriremos hoje. Agradecemos à compreensão”. A família foi para a casa de parentes. Segundo Gisela, Rosana contou que foi até a Farmácia Barramares 2000, que é administrada pelo marido Fernando, pegar remédios e um panfleto para fazer no computador de casa. Gisela afirmou que Rosana não trabalha na farmácia.
 A mãe teria demorado menos de cinco minutos fora de casa. 
 A mãe contou ainda que o menino estava cansado depois de brincar na creche que freqüentava desde o início do ano, dentro do condomínio. Depois de tomar banho e jantar, ele dormia profundamente, segundo a mãe que aproveitou para descer. Segundo Gisela, Rosana teria demorado fora de casa cerca de cinco minutos até o momento do acidente.
 - Ele tinha o sono muito tranqüilo, mas ela nunca o deixava sozinho. Ninguém imaginaria que isso ia acontecer, foi uma coincidência rara. Parece que era o destino dele não ter ninguém em casa naquele momento, porque havia chegado a sua hora – disse. 
 No Condomínio Barramares, um dos mais antigos e tradicionais da Barra, poucas pessoas quiseram falar sobre o assunto ontem. Alguns vizinhos lamentavam que o apartamento não tivesse grades ou telas para proteger as crianças deste tipo de acidente doméstico. 
Caso 4)
Sexta-feira, 10 de novembro de 2000 JORNAL DO BRASIL cidade@jb.com.br
Maitê ganha indenização da Shering 
A indústria química Schering do Brasil foi condenada pela 18ª. Vara Civil, a indenizar a atriz Maitê Proença, no valor de dois mil salários mínimos (R$ 320 mil), por danos morais. De acordo com a ação movida por Maitê, ao promover o anticoncepcional Microvlar, ela teve sua imagem profissional arranhada, porque algumas cartelas do produto não continham o número de pílulas discriminadas pela embalagem, o que gerou diversas reclamações;
 Na sentença o juiz Werson Franco Pereira Rêgo determinou ainda que o laboratório faça uma retratação pública, de âmbito nacional, desvinculando a imagem da atriz de seus produtos. O advogado de Maitê, Paulo César Pinheiro Carneiro, vai recorrer do valor a ser pago. Segundo ele, o montante teria que ser proporcional ao poder econômico do ofensor. “O laboratório faturava mensalmente R$ 1,6 milhões com a venda dos anticoncepcionais. Acho que a metade disso seria um valor razoável a ser pago”.
 Já o advogado da Schering, Cid Scartezzine Filho, qualificou como absurdo o valor estipulado na sentença e também recorrerá. Para ele, não houve qualquer tipo de abalo à imagem de Maitê. “Ela apenas aparecia anunciando a nova embalagem do produto, e o fato de ter havido problemas com algumas cartelas do Microvlar, não justificaria uma ação judicial por parte da atriz”, disse.. 
Atriz, que poderá receber R$ 302 mil, alegou prejuízo à imagem em propaganda de pílula.
 A Schering do Brasil foi condenada pelo juiz Werson Franco Pereira Rêgo, da 18a. Vara Cível do Rio de Janeiro, a pagar para a atriz Maitê Proença uma indenização de dois mil salários mínimos, o que corresponde hoje a R$ 302 mil. O pagamento é uma reparação por danos morais e à imagem da atriz, que participou de uma campanha publicitária, em 1998, para resgatar o confiança das mulheres no anticoncepcional Microvlar, cujas vendas despencaram depois da denúncia de que muitos comprimidos colocados à venda no mercado eram feitos de farinha de trigo. 
 A campanha publicitária deveria ser veiculada por três meses, mas acabou sendo retirada do ar porque novas irregularidades foram descobertas.
 Além da indenização, o juiz determinouque o laboratório fizesse uma retratação pública. Na sentença, Werson Franco considerou que ao escolher Maitê, a empresa buscou alguém com reputação, seriedade e simpatia junto ao público feminino. 
 Segundo Paulo César Pinheiro Carneiro, advogado da atriz Maitê não fará qualquer comentário enquanto o processo não terminar. Ele disse que entrará com um recurso por considerar pequeno o valor da indenização, se comparado ao volume do faturamento do laboratório e aos danos que o fato causou à imagem da atriz.
 - “A indenização, nesse caso, deve ser exemplar e dois mil salários mínimos são insuficientes - disse”.
 A Schering informou que recorrerá da decisão após receber a notificação da Justiça.
Entenda o caso
 O Ministério da Saúde interditou por cinco dias, em junho de 1998, o laboratório Shering do Brasil, denunciado por mulheres que engravidaram mesmo tendo tomado o anticoncepcional Microvlar. A empresa informou que os comprimidos, inócuos, à base de farinha, estavam em cartelas usadas no teste de uma máquina de embalagem. 
 A empresa fora avisada do engano por uma consumidora em maio de 1998, mas nada comunicou às autoridades. Punida, a Shering chegou a levantar a hipótese de as cartelas terem sido roubadas e vendidas no mercado. Para a Vigilância Sanitária, o laboratório deveria ter controlado os lotes descartados e feito à incineração.
O Globo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000.
Ementa a favor da Schering 
Empresa condenada a pagamento de indenização. Ciência da atriz em relação à falta de credibilidade do produto. Impossibilidade de vinculação da indenização ao faturamento da empresa. Má-fé. Parecer favorável à redução do valor da indenização
Ementa a favor da Maitê :
Empresa condenada a pagamento de indenização a atriz. Grave dano à imagem. Necessidade de indenização exemplar. Prejuízo pela perda de credibilidade no mercado de trabalho. Parecer favorável ao aumento do valor da indenização.
Caso 5)
O GLOBO, 2a. edição – Terça-feira, 27 de junho de 2000.
Juiz condena empresa em ação de fumante.
Doente afirma que desde criança foi vítima da propaganda
Arnaldo Ferreira
Maceió. Em decisão inédita, o juiz substituto da 2a. Vara Cível dos Feitos Não-Privativos do Fórum de Maceió, Henrique Gomes de Barros Teixeira, concedeu tutela antecipada em favor do ex-servidor municipal João Jorge Lopes Lamenha Lins, de 41 anos, determinando que a multinacional Companhia de Cigarros Souza Cruz S/A deposite, R$ 50 mil numa conta judicial para custear as despesas no tratamento de câncer do pulmão. A empresa não quis comentar a decisão da Justiça.
 Fumante desde os 13 anos, João Jorge teve o câncer detectado em 1999 e hoje está aposentado por invalidez. Os laudos de dois dos maiores especialistas de Alagoas, o cardiologista José Wanderley Neto (pioneiro de transplantes no estado) e a pneumologista e oncologista Andréa Albuquerque, atestam que o câncer foi causado pelo tabagismo.
Juiz cita dados de estudos contra o cigarro.
 Dizendo que não fuma, mas também não é um “antitabagista de carteirinha”, o juiz Barros Teixeira explicou que concedeu a tutela antecipada com base nas provas técnicas, nos laudos médicos e nos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que comprovam que o cigarro mata mais que a Aids, cocaína, álcool, suicídio e trânsito, juntos. 
 João Jorge, que ontem fazia quimioterapia na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, disse que tentou parar de fumar, diversas vezes, mas não conseguiu. Na ação, ele quer que a Souza Cruz lhe pague indenização de R$ 3 milhões, por danos materiais e físicos, e R$ 1,5 milhão por danos morais.
 A Souza Cruz pode recorrer da decisão. Porém, a tutela antecipada é indicativa do reconhecimento do direito do autor da ação.
Caso 6)
O DIA Sábado, 18-9-99.
Advogados acham que empregada pode faturar.
 O pesadelo da empregada doméstica Rogenas da Silva pode voltar a ser um sonho. De acordo com o advogado Jorge Béja, se a decisão da Justiça não for favorável a domestica, ela poderá entrar com ação de indenização por contribuir com sua sorte para o enriquecimento de seus padrões. E a indenização, acredita Béja, pode ser num valor ainda maior do que o do Mercedes, que custa R$ 29 mil.
 O caso é inédito na Justiça do Rio e, segundo o advogado, não há legislação específica sobre o assunto. A premiação está provocando uma controvertida discussão sobre ética, justiça e ganância - além de uma inédita polêmica no campo jurídico. A liminar foi concedida ao casal Adelino e Sandra Bulhosa sob alegação de que as compras foram feitas para eles, usando o cartão de crédito adicional do Bom Marche em que a titular é Sandra.
 Sem dinheiro nem advogado, Rogenas – que pediu demissão – levou seu drama para a Defensoria Pública, que apresentará a contestação segunda-feira. O ineditismo do caso vai fazer a defensora pública Maria Regina Amaral de Sá Barreto, que defende Rogenas, passar o fim de semana estudando o episódio. Mas, adiantou, irá sustentar que, no cupom sorteado, não constam informações que indiquem de quem era o dinheiro usado nas compras ou mesmo se foi pago com cartão. Embora juridicamente polêmico, o caso foi analisado por alguns advogados consultados pelo DIA em favor de Rogenas. 
 Segundo os advogados, só o fato de a doméstica ter feito, em várias ocasiões, compras particulares com o cartão da patroa e ser descontada no salário põem em cheque a discussão. Rogenas contou que preencheu vários cupons com seu nome e com os nomes dos filhos dos patrões. O fato, segundo o advogado João Tancredo, basta para que ela tenha direito ao Mercedes de R$ 29 mil. “Como advogado, penso que, se ela também fazia compras para si, o carro é seu. O patrão, sim, é que vai ter que provar que as compras eram só para ele. Como cidadão, se a minha empregada ganha um prêmio desses, mesmo sendo como o meu dinheiro, o carro também seria dela”, discursou Tancredo.
 “Nesse primeiro momento, o carro tem que ficar com ela. Os patrões, se quiserem, têm que entrar na Justiça contra ela”, observa o advogado Paulo Goldrajch. 
 Dona da gráfica Ral Fênix, no Engenho da Rainha, seus patrões – Adelino Bulhosa e Sandra Conrado Nobre Bulhosa Fernandes – moram no luxuoso condomínio Golden Green, na Barra da Tijuca. Segundo Rogenas, eles têm um Fiat Coupé, um Vectra e duas picapes. 
Marcos Almeida e 
Mônica Marques
 Mecânico em Duque de Caxias há 20 anos, Nilson Jose da Silva, 45, jamais havia sido premiado em sorteios. Mas, em janeiro de 1992, sua sorte mudou. Ao comprar uma peça numa autorizada da Volkswagen, com o dinheiro do cliente Antônio Augusto Silva, o mecânico preencheu cupons para o sorteio de um Santana 2000. Acabou sendo premiado. Sua sorte foi melhor do que a da doméstica da Barra da Tijuca, Rogenas da Silva, que ganhou um Mercedes-Benz Classe A do hipermercado Bon Marché, mas não pôde levar por causa de uma liminar conseguida por seus patrões. Antônio Augusto, um empresário português de 59 anos, nem sequer questionou o direito de Nilson ao prêmio e ainda acabou comprando o Santana novo do mecânico. 
 “Não tinha nem o que discutir. Eu assinei o cupom sorteado. Talvez o doutor Silva não tivesse a mesma sorte se preenchesse os bilhetes”, destacou Nilson. Na época, graças ao valor da peça do veículo do empresário, o mecânico teve direito a preencher 18 cupons. Nilson foi honesto, entregou o troco ao português e comentou sobre o sorteio. “Cheguei a brincar com Nilson dizendo que iríamos ver se seu nome dava sorte”, relembra o empresário, indignado com a atitude contrária dos patrões de Rogenas. 
 No caso da doméstica, quando os patrões souberam da premiação, mal deram um sorriso amarelo. “Vale o que está escrito. Como no caso do Nilson, ela assinou o cupom premiado. É causa ganha. Eles só vão atrasar o lado da garota,que necessita do dinheiro”, lamentou Antônio Augusto. Dono de três veículos e de comércios na Baixada Fluminense, o empresário foi ainda mais generoso com o mecânico sortudo: alem de ter comprado o Santana novo por um valor abaixo do mercado, arrematou também um de seus carros usados. “Fiz um bom negócio”, garantiu.
 O mecânico só não foi feliz com o destino do dinheiro que recebeu do português. “Ganhei bastante dinheiro e um bom carro. Achei até que estava rico. Fiz obras em casa, emprestei dinheiro e cai na farra. Agora estou pobre de novo. Mas é melhor a Rogenas aplicar corretamente seu prêmio”, aconselhou Nilson. (Colaborou Álvaro Miranda)
Família diz que houve má-fé
 Acusada de agir com mesquinharia, a família do empresário Adelino Bulhosa, patrão de Rogenas, alega que tudo não passou de um mal-entendido. A doméstica, que já trabalhava na casa a cinco anos, estaria agindo de má-fé. “Nós sempre a tratamos como se fosse da família. Ela só pode estar sendo influenciada”, disse Sandra Conrado Nobre Bulhosa, mulher do empresário.
 Segundo familiares, Rogenas teria pedido demissão antes de avisar sobre a premiação. Junto com o dinheiro, ela também teria pedido um comprovante de residência para a retirada do Mercedes no supermercado Bon Marché. “Ninguém entendia por que ela precisava de um comprovante de residência. Quando a família soube, fez até festa. O carro ia ser dela”, contou uma sobrinha do casal. Rogenas nega e diz que, para retirar o seu prêmio, só precisou dos documentos. 
 Sandra se esquiva de explicar o motivo de ter entrado na Justiça e diz: “Essa não é a Rogenas que sempre cuidou bem dos meus filhos. Não é do coração dela agir assim”.
Caso 7)
O GLOBO, Segunda-feira, 23 de julho de 2001.
Helô Pinheiro reage e aciona as famílias de Tom e Vinícius por danos morais
(Germano Oliveira – São Paulo)
 Ela já não é tão garota. Fez 57 anos no último dia 7. e nem é mais de Ipanema. Mora a 25 anos em São Paulo, mas ainda é conhecida internacionalmente como a “Garota de Ipanema”, musa inspiradora de dois dos maiores compositores brasileiros, o maestro Tom Jobim e o poeta Vinícius de Moraes. Há 36 anos, Tom e Vinícius tomavam suas cervejinhas no bar Veloso e se encantaram com o rebolado de Heloísa Eneida Meneses Pais Pinto, uma normalista de corpo dourado, que passava pela Rua Montenegro a caminho do mar. Daí compuseram a música que é a segunda mais tocada no mundo todo. “Garota de Ipanema”, a canção, contabiliza 4,8 milhões de execuções por ano. E rende muito dinheiro.
 Os herdeiros de Tom, como a viúva Ana Beatriz Lontra, os filhos Maria Luiza Helena Lontra Jobim, Paulo e Elizabeth Ermany Jobim; e os de Vinícius, como os filhos Pedro, Luciana, Maria e Georgiana, entraram na Justiça para que Helô Pinheiro deixe de usar a marca Garota de Ipanema, nome de sua loja de roupas no Shopping Villa Lobos, em São Paulo.
 - Não sei por que a mulher do Tom e os filhos de Vinícius não gostam de mim. Se eles pensam que estou nadando em dinheiro por usar a marca Garota de Ipanema na minha lojinha em São Paulo, estão enganados. Ela foi aberta há oito meses e mal consigo pagar o aluguel do shopping e as três funcionárias. Montei a loja com R$ 100 mil emprestados, mas vou levar uns dois anos para ter lucro. Em 36 anos como a Garota de Ipanema, nunca tentei ganhar dinheiro com isso. 
Marca registrada e roupas cafonas.
 Helô Pinheiro registrou a marca Garota de Ipanema Comercio de Roupas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 1988. Dez anos depois, ela conseguiu aprovação da marca. Mesmo assim, a viúva de Tom e os filhos de Vinícius entraram na 1a. Vara Cível do Fórum de Pinheiros, em São Paulo, com uma ação de protesto exigindo que ela deixe de usar a marca. Eles a consideram uma propriedade das famílias dos compositores. Querem que o juiz Pedro Luiz Baccarat da Silva estabeleça uma multa diária para Helô, caso ela não tire imediatamente as fotos de Tom e Vinícius que a Garota de Ipanema expôs em sua loja. 
 - Eles querem que eu e minha família passemos fome? A loja Garota de Ipanema foi a forma que encontrei para garantir a sobrevivência da minha família. Dos quatro filhos que tenho, dois ainda moram comigo. Um deles, o Fernandinho, de 22 anos, é deficiente, não fala direito, não lê, não escreve e depende de mim. Quando ele nasceu, sofreu falta de oxigenação no cérebro. Minha filha mais nova, Ticiane, de 23 anos, só agora está fazendo uns trabalhos no programa “Zorra Total”, na Globo. Meu marido Fernando, que é engenheiro metalúrgico e com quem estou casada a 35 anos, está desempregado a cinco anos. Ninguém dá emprego para um homem de 60 anos – desabafa Helô Pinheiro, em seu apartamento de classe média, na Zona Oeste de São Paulo, decorado com inúmeras fotos dela ao lado de Tom e Vinícius, além de recortes de jornais e revistas emoldurados com frase dos compositores sobre as razões que os levaram a se inspirar em Helô para compor o mais famoso de todos os sucessos da bossa nova.
 Além de Fernandinho e Ticiane, Helô tem outros dois filhos com Fernando: Kiki, de 29 anos (que também já foi eleita Garota de Ipanema em concurso) e Georgeane, de 27 anos, que trabalha como psicóloga numa empresa de recursos humanos.
 - Passei muitas dificuldades para criar essas meninas. A empresa de metalurgia do meu marido faliu em 78 e sobrevivi com uma agência de modelos. Mas, depois, vieram as grandes multinacionais, como a Ford, e acabaram com meu negócio. Fiz algumas novelas, como “Cara a cara”, na Bandeirantes, “Água viva” e “Coração alado”, na Globo. 
 Além dos problemas judiciais com as famílias de Tom e Vinícius em torno da loja em São Paulo, o que mais irritou a Garota de Ipanema foi uma das filhas de Vinícius ter comentado em um jornal que deseja que a Justiça determine que Helô retire as fotos de seu pai que decoram a loja. 
 - A Maria disse que não queria ver fotos do pai decorando uma loja de roupas cafonas. Ora, ela nem conhece minha loja. Não viu as roupas que eu vendo! Fiquei revoltada e acho que isso já é o suficiente para que eu a processe por danos morais. Mas não quero confusão. Só quero vender minhas roupas e sustentar meus filhos. Os filhos de Vinícius já ganham milhões com o direito autoral das músicas do pai. Podiam me deixar em paz aqui com minha loja. Afinal, eu sou a Garota de Ipanema. Não há dinheiro que tire esse título de mim. Quando vou à loja Toca do Vinícius, no Rio, onde vendem camisetas com a estampa Garota de Ipanema e a letra da música que inspirei, os turistas pedem para eu autografar. Faço com o maior orgulho, pois ser Garota de Ipanema foi uma dádiva de Deus. 
Tudo começou com troféu de “Caras”
 Logo que recebeu a intimação da Justiça, no dia 10 de julho, Helô Pinheiro contratou o advogado Paulo Cremonese para impedir que a loja seja fechada. 
 - Nesta segunda-feira, vou entrar na Justiça com uma ação para mostrar que Helô tem o direito de usar a marca Garota de Ipanema. Não há como divorciar Helô da Garota de Ipanema. Vou provar que, desde que as famílias de Tom e Vinícius entraram na Justiça contra Helô, ela já está sofrendo danos morais e materiais, que devem ser ressarcidos – diz Cremonese.
 Na ação impetrada pelos herdeiros dos compositores, a advogada Eni Moreira diz que Helô está utilizando indevidamente a imagem e a obra dos compositores.
 “Apesar de ser reconhecidamente a musa inspiradora da obra literomusical” “Garota de Ipanema”, ela não tem legitimidade para dispor, a seu bel prazer, da obra e das imagens de Tom Jobim e Vinícius de Moraes como vem fazendo, em prejuízo de seus herdeiros. Ela compareceu a evento em homenagem à memória dos dois grandes artistas para recebimento de troféus oferecidos pela revistas “Caras” a Ayrton Senna, Charles Chaplin, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Além disso, ela utiliza-se de fotografias de Tom e Vinícius para fins de comércio, vez que reproduziu exuberantementealgumas, apondo-se nas paredes da loja explorada por ela em São Paulo, escreveu a advogada.
 Sobre os troféus, Helô Pinheiro explica o que aconteceu. Em janeiro, a revista fez uma pesquisa pela Internet para escolher as maiores personalidades do século XX. Os leitores elegeram Ayrton Senna, Charles Chaplin, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A revista, então convidou Viviane Senna, Geraldine Chaplin e Helô Pinheiro para receberem os troféus. Helô foi convidada para receber em nome de Tom e Vinícius. 
 - Alguns dias depois, a Danuza Leão escreveu uma nota em sua coluna dizendo que a família do Tom estava furiosa comigo, pois não tinha me autorizado a receber os troféus. Então, liguei para a casa de Ana Jobim, mas me disseram que ela estava em Nova York. Liguei para o escritório da empresa de promoções da Luciana Moraes e consegui falar só com a secretária dela. Eu queria explicar o que aconteceu, entregar-lhes os troféus. Mas ninguém quis falar comigo. Então, embrulhei o troféu do Tom e deixei na casa da Ana, com um bilhete pedindo para ela me ligar. Não ligou. Fiz outro pacote com o troféu do Vinícius e deixei na Toca do Vinícius para que o Carlos Alberto Afonso, dono da loja, o entregasse aos familiares de Vinícius, mas ninguém me ligou de volta. Aí entendi que eles estavam contra mim.
 Mas Helô reclama que nunca foi mesmo muito bem tratada pelos parentes de Tom e Vinícius.
 - Quando os dois estavam vivos, eles até me engoliam em respeito ao amor que Tom e Vinícius tinham por mim. Mas acho que tinham ciúmes. Quando Tom era com Tereza (a primeira mulher do compositor), ela até gostava de mim. Os dois foram padrinhos de meu casamento. Mas a Ana Jobim, sua última mulher, não gostou de mim desde o início.
 Helô Pinheiro diz que, em 36 anos de Garota de Ipanema, não ganhou dinheiro com isso.
 - O Tom falava que “Garota de Ipanema” era a galinha dos ovos de ouro, mas eu não ganhei nem um pintinho com isso. Agora que estou usando uma marca que ganhei legalmente e registrei no INPI, querem me proibir de ser a Garota de Ipanema. Aí já é demais.
Nós, herdeiros de Antônio.
 Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, estamos acompanhando, com preocupação, a repercussão que um protesto por nós enviado a Sra. Helô Pinheiro está tendo junto à opinião pública.
 Em primeiro lugar, esclarecemos que jamais, em tempo algum, negamos a Sra. Helô Pinheiro o fato de ter sido a involuntária inspiradora da canção “Garota de Ipanema”. Não há, na petição que encaminhamos à Justiça, qualquer afirmação de que a Sra. Helô Pinheiro não seja a Garota de Ipanema.
 O que reivindicamos em protesto judicial (e não em processo), e que veio a público somente por interesse da própria Sra. Helô Pinheiro (distorcendo nossas reivindicações), é que ela não ultrapasse os limites razoáveis de sua associação com a imagem dos compositores.
 Entendemos que a Sra. Helô Pinheiro possui uma loja chamada Garota de Ipanema by Helô Pinheiro, porém isso não lhe garante o direito de se utilizar das imagens e da obra de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes para fins comerciais. Afinal, a Sra. Helô Pinheiro, além de não ter escrito a canção, não é viúva, nem filha, nem representante legal de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes. Ela foi à fonte de inspiração para a canção Garota de Ipanema e, por esse feliz acaso, sua vida, assim como a de todo mundo, tornou-se melhor. 
 É só isso, não tem drama. Sinceramente, desejamos a Sra. Helô Pinheiro o contínuo e bom proveito ao que lhe cabe do seu incontestado título; mas que respeite também o nosso incontestado direito.
Carta das famílias de Antônio Carlos Jobim e de Vinícius de Moraes.
Caso 8)
Trata-se de indenização por danos morais de EVA TERESINHA SILVA DA ROSA em face de MANZOLI S.AINDÚSTRIA E COMÉRCIO. A violação da imagem ocorreu na loja Manlec no. 12, Rio Grande do Sul, no dia dezesseis de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e oito.
 Alega a autora que esteve em uma das lojas da empresa requerida na ocasião em que comprou uma televisão marca Baysinic, além de outros objeto s. No mesmo dia, foi filmada de forma imperceptível e depois sua imagem passou a aparecer diariamente, com destaque entre outras pessoas, na RBS, canal 12, em propaganda promocional da loja. Por um período de trinta dias, a gravação produzida era transmitida em sua velocidade normal e depois passou a ser apresentada com maior velocidade, o que tornou as cenas jocosas. Tudo acontecendo muito rapidamente, fez com que os gestos e o caminhar das pessoas tornassem-se caricatos. Aduziu a requerente que, além da exploração clandestina de sua imagem, a demandante passou a enfrentar o ridículo da gozação de pessoas suas conhecidas e dos colegas da repartição pública onde trabalha.
 Carlos Alberto Corrêa Machado, colega da autora no Hospital Santa Casa, ouviu de sua esposa que Eva estava aparecendo na televisão por diversas vezes, entre a novela das sete e a novela das oito e teve curiosidade, assistiu ao comercial umas duas ou três vezes, e, efetivamente, viu Eva carregando uma caixa de televisão. O depoente só assistiu aos colegas brincarem com Eva dizendo que ela estava famosa. Jaqueline Camargo Domingues relatou que também foi colega da autora na Santa Casa e tem certeza que viu a propaganda no horário das novelas, e que não era reportagem jornalística, era propaganda mesmo. Jaqueline tem certeza porque chegava ao serviço e todos os dias “mexiam” com ela, chamando-a de garota propaganda da Manlec e até chegou a dizer que parecia uma louquinha correndo com aquela caixa. Na Santa Casa eram gerais as brincadeiras com ela, todos dizendo que a viram na televisão. 
 						 É o relatório.
Caso 9)
2) Trata-se de negativação indevida do nome de conhecida senhora da sociedade carioca, Marininha Cavalcante Pessoa Jordão, residente em Teresópolis, Rio de Janeiro.
 Ao tentar renovar contrato de crédito de cheque especial junto ao Banco no qual titulariza conta-corrente, em dezessete de julho do ano de mil novecentos e noventa e sete, foi surpreendida diante da negativa do Banco em fazê-lo, sob o argumento de que seu nome encontrava-se inscrito em cadastro de inadimplentes (SERASA), bem como havia um título protestado em função da devolução de cheque por insuficiência de fundos. 
 A senhora Jordão desconhecia tais fatos e, ao proceder a investigação junto à empresa Argentina Veículos, terminou por descobrir que terceira pessoa, de nome diverso do seu, havia utilizado o número de seu CPF para adquirir um veículo junto à citada concessionária, mediante financiamento concedido pela financeira Financial Now, ao qual inadimpliu, gerando o protesto do título e a inscrição do CPF da senhora Marininha em órgão de restrição ao crédito.
 Após inúmeras tentativas junto à concessionária de veículos, para que retirasse a restrição de seu nome, bem como suspendesse o protesto do título, sem sucesso, terminou por recorrer ao judiciário, pleiteando a exclusão de tais restrições, bem como indenização por danos morais, em virtude dos constrangimentos experimentados ante a negativa de crédito e aos aborrecimentos gerados.
	 
 É o relatório.
Caso 10)
 Trata-se do caso de acusação de injúria com ofensa à dignidade e ao decoro em face da loja Mappin, localizada no bairro paulistano do Itaim, em São Paulo. As vítimas foram identificadas como Ângela de Moraes, 25 anos, Andréa de Moraes, 28 anos, irmãs e jogadoras profissionais de vôlei, e Zilma de Moraes, 57 anos, mãe das moças. O fato ocorreu no dia treze de outubro de mil novecentos e noventa e sete, segunda-feira à tarde, na loja Mappin, localizada em Itaim, São Paulo.
 Zilma e suas duas filhas, Ângela e Andréa, foram à loja Mappin fazer compras. Ao entrarem no provador feminino da loja as jogadoras foram confundidas com travestis, porNilda, vendedora encarregada de vigiar o provador, que chamou o departamento de segurança do estabelecimento.
 Com o acionamento da vendedora, Flávio, um dos seguranças, foi verificar o que estava acontecendo e ele causou um mal entendido ao afirmar para Zilma, mãe das atletas, que as duas pessoas que estavam no provador eram travestis.
 Ao perceberem o que estava acontecendo, Ângela não teve reação por causa do seu nervosismo, porém Andréa pegou seu telefone celular e ligou para a advogada Therezinha da Silva Carvalho.
 A mãe e as duas atletas saíram do estabelecimento e foram para uma delegacia de polícia registrar queixa para abertura de inquérito.
 Segundo Nilda, vendedora encarregada de vigiar o provador, ela só chamou a segurança porque imaginou que as duas irmãs devido as suas musculaturas, eram travestis.
 A referida funcionária alegou, mais tarde, que foi alertada da presença dos supostos travestis por uma cliente, que também estava no provador.
 A advogada das jogadoras de vôlei irá mover uma ação por violação do artigo 140 do Código Penal, que caracteriza a injúria com ofensa à dignidade e ao decoro, e moverá também uma ação indenizatória por danos morais.
 
 É o relatório.
Caso 11)
Onde: Rio de Janeiro (RJ)
Quem ativo: Banco Futuro Tranqüilo, com matriz situada na Rua Treze de Outubro, 324, Centro, Curitiba, Paraná
Quem passivo: Ubiraci Sampaio de Mendonça, 48, motorista de táxi, casado, morador na Rua dos Igarapés, 13, Bairro dos Amores, Duque de Caxias, Rio de Janeiro
Quando: abril de 2004
Fato: Pedido de indenização por dano moral, material e lucros cessantes
Como: 
( ) A fiscalização não aceita a alegação de que o imposto foi pago porque não há condição de ler mais nada no boleto a não ser o registro do caixa
( ) O boleto para o pagamento do IPVA é emitido automaticamente por um caixa automático e é em papel, impresso eletrostaticamente. 
( ) O sr. Ubiraci paga o IPVA do seu carro em uma agência do Banco Futuro Tranqüilo, no último dia de prazo para o pagamento do referido tributo
( ) O passageiro abandona o táxi e segue para o aeroporto sem pagar a corrida
( ) A impressão é sensível à luz e de baixa durabilidade, e apaga-se em menos de três meses
( ) O Sr. Ubiraci é detido em uma blitz de trânsito, com um passageiro no carro, na Linha Vermelha às 13h, no dia 21 de abril de 2004
Consequência: O automóvel é apreendido pelos policiais devido à falta de comprovação de pagamento do IPVA
Depoimentos:
1) Josué Medeiros Rosa, 29 anos, policial militar:
O taxista não estava ok com os documentos do carro. Coisa de bandalha. Tá cheio disso por aí. Era caso de retenção do veículo. O táxi está no depósito e vai ficar lá até a apresentação do IPVA pago. 
2) Otto von Liebermann:
Ningum respeitar horário nesta país! Eu chamar uma táxi com dois horas de antecedência. O polícia não ter bom vontade, como o resto do povo brasileira. Eu perdeu meu avião. Quem vai pagar o meu hotel?
3) Seu Ubiraci:
Eu avisei para a caixa do banco, na mesma hora, que aquilo ia apagar logo. Ela disse que não podia fazer nada. O documento é impresso pela máquina. Aquele papel não presta para nada, não. Tá vendo? E agora? Quem paga o meu preju? Hoje em dia, prá trabalhar está difícil, imagine ficar sem meu ganha-pão. O banco tem que responder por isso.
Caso 12)
Onde: Rio de Janeiro, RJ
Quem ativo: Redelar S/A, localizada na Rua Orlando Silva 45, Santo Cristo, Rio de Janeiro
Quem passivo: Mario Serafim Salgado, 32 anos, casado, funcionário público, residente na Rua Pedro Álvares Cabral, 56, ap. 405, Vila da Penha, Rio de Janeiro
Quando: fevereiro de 2001
Fato: Ação Indenizatória
Como:
( ) O Sr. Mário Serafim Salgado contrata, no dia 10 de fevereiro de 2001, a empresa Redelar para instalar, nas janelas de sua casa, redes protetoras. Ele tem dois filhos pequenos e muito levados.
( ) Ao voltar, ela constata estarrecida que seu filho mais novo está pendurado pelo lado de fora do prédio na altura do terceiro andar e desmaia. O porteiro é quem chama a Defesa Civil.
( ) Para resolver o problema, a Defesa Civil precisa desprender e inutilizar a rede, o que é feito com a autorização imediata da aflitíssima esposa do Sr. Mário.
( ) O menino passa a ter dificuldade para dormir, fica muito agitado.
( ) A Redelar nega-se a executar a reinstalação, uma vez que o equipamento foi danificado.
( ) Após o fato, o Sr. Mário exige que a reinstalação da rede de proteção seja feita por outra empresa de sua confiança, mas custeada pela Redelar, já que o serviço ainda se encontra na garantia.
( ) Em 12 de fevereiro, dois dias depois da instalação, sua mulher sai para fazer compras na padaria que fica ao lado de sua casa e deixa as crianças sozinhas por alguns instantes.
Consequência: A família pleiteia indenização por danos morais e materiais
Depoimentos:
1) Murilo Serafim Salgado, 6 anos:
– O culpado foi o Mateus, que quis dar adeus para a mamãe quando ela ia à padaria. Ele subiu na janela e a rede rasgou. Ele não caiu por pouco.
2) Nelson Ribeiro, 32 anos, instalador:
– Aqueles moleques são uns capetas. Deus me livre! Credo! Sou bom no que faço. O material que uso é de primeira. Tanto que não arrebentou com aquele menino gordo que ficou lá pendurado. Coitado. Se fosse material ruim ele tinha era caído. Mas não. Agora não é direito o Seu Mário querer que a gente pague a instalação de uma rede de outra empresa. Onde é que já se viu? O garoto cortou a rede, com certeza. A rede está cortada.
3) Sargento João Luciano Motta, 36, agente da Defesa Civil:
– O menino poderia ter morrido. Ficou pendurado por um fiozinho de nada. Tivemos que cortar a rede e retirá-la para não arriscar a vida do garoto.
Caso 13)
 Trata-se do caso de agressão moral sofrida por Manoela Henriques, 59 anos, brasileira, viúva, residente na rua Visconde de Pirajá 565, apto. 601, Ipanema, Rio de Janeiro. O acusado é Gerald Thomas, diretor de teatro. O fato aconteceu em agosto de dois mil e três, no dia da estréia da peça “Tristão e Isolda” no Teatro Municipal, Rio de Janeiro.
 Durante a apresentação, a peça foi vaiada pelo público. O diretor, então, subiu ao palco e, repentinamente, virou de costas para a platéia e abaixou as calças, exibindo as nádegas. No final do último ato, houve mais vaias. Várias reportagens e artigos sobre o assunto foram publicados na mídia.
 	Fernando Costa e Manoela Henriques, espectadores, afirmaram que o ato foi uma agressão a todos os presentes no teatro.
 Aurélia Barroso, soprano, por sua vez, declarou que todo o elenco foi submetido a constrangimento e que, ao contrário do que disse o acusado, o ato não fazia parte do espetáculo e nunca foi ensaiado. 
 Manoela Henriques entrou na Justiça com pedido de Indenização por Dano Moral com base na lei do consumidor.
 É o relatório. 
2)Redija uma ementa coerente com os argumentos que seguem:
a)Considerando que toda a platéia, inclusive o elenco, foram submetidos a enorme constrangimento moral, e que o ato praticado por Gerald Thomas nada tinha a ver com a peça; 
Considerando que a atitude do diretor representa uma afronta, uma verdadeira agressão às pessoas, e que tais comportamentos não podem ser estimulados com sua impunidade;
Considerando que um dos pilares da nossa Carta Magna é representado pela dignidade da pessoa humana e que o ato perpetrado fere de morte um paradigma da sociedade, o que caracteriza, portanto, flagrante desrespeito à pessoa humana em sua dignidade; 
b)Considerando que toda a platéia é constituída por pessoas maiores, acostumadas a ver cenas de sexo e de nudez no cinema, na televisão e no teatro quase que diariamente, não havendo

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