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Nome: ADRIANA CHAES MARQUES Turma: 4003 Docentes: Marcia Hennig Lúcia Ramos Relatório de AISF – Visita Domiciliar No dia 26 de outubro de 2011, de acordo o programa da disciplina de Atenção Integral a Saúde da Família I, foi realizada a visita domiciliar referente ao Programa Saúde da Família – PSF. Acompanhados de um agente comunitário de saúde, no nosso caso a agente Ísis, o grupo de alunos no qual eu fazia parte se dirigiu ao setor devido dessa agente para que acompanhássemos o seu trabalho bem como avaliássemos as condições de algumas residências que seriam visitadas, sempre mantendo conexões com a disciplina. O intuito desse programa e continuidade dessas visitas é evitar que a população procure ajuda médico-hospitalar somente quando realmente adoece. O PSF procura justamente por meio de promoção de saúde e acompanhamento dessa população proporcionar a manutenção das condições de saúde dessa comunidade, prevenindo, quando possível, o adoecimento desses indivíduos e, quando a enfermidade já os acometeu, trabalhando com ações no sentido de recuperar e reabilitar essa população. Nos dirigimos então para um edifício na Rua Gomes Freire no centro da cidade, no qual os moradores cadastrados no programa são acompanhados pela agente comunitária, que inclusive reside no mesmo condomínio, e do grande número de residências, visitamos cinco domicílios: 1ª residência A moradora que nos recebeu foi a senhora Francisca Chagas Pereira nascida em 1975 que, em um apartamento de quarto, sala, pequena cozinha e banheiro abriga cinco pessoas, a própria Dona Francisca, seu marido, Francisco Rogério Pereira de 43 anos, a filha Ana Sofia de 5 anos, sua mãe, senhora Ana Chagas, e sogra, senhora Sofia Pereira, ambas senhoras com mais de 68 anos. O casal possui um filho mais velho, com 18 anos, que reside em Nova Iguaçu onde possuem uma casa. A família mora na Lapa há 7 anos devido a questões de trabalho e colégio para Ana Sofia. Dona Francisca é técnica em enfermagem em um hospital na Penha e seu marido trabalha em uma farmácia no centro da cidade. O PSF acompanha a família toda há vários anos. Dona Francisca, sua mãe e sogra frequentam regularmente o Hospital da Ordem Terceira do Carmo para acompanhamento médico tendo feito todos seus exames periódicos, inclusive preventivos e mamografias. A sogra de Dona Francisca, senhora Sofia, é a única com problemas de saúde; é diabética e hipertensa, ambas enfermidades tratadas e controladas, já sua mãe e a própria Dona Francisca não apresentam nenhuma doença ou disfunção considerável. Ana Sofia tem todas as vacinas em dia, também é acompanhada pelo PSF e não apresenta qualquer sinal de maus tratos. É bem cuidada e aparenta inclusive tendência a sobrepeso devido à alimentação não regrada aliada a uma vida relativamente sedentária - a própria mãe afirma que a criança come demais. Ana fica na creche o dia todo enquanto os pais trabalham, sendo uma instituição pública de ensino e fica nas proximidades da residência da família. Quando a visita foi feita, foi descrito que a criança estava precisando de consulta odontológica, no entanto o único horário disponível foi marcado para março de 2012. O marido de Dona Francisca é o mais relutante em ir ao médico. Por trabalhar em farmácia geralmente se automedica e raramente procura atendimento especializado. Ultimamente tem reclamado de estar com níveis de colesterol alto, mas não se consulta nem faz exames médicos que confirmem tal suspeita. Segundo Dona Francisca uma consulta já havia sido marcada para que os devidos exames fossem feitos e um possível tratamento pudesse ser iniciado caso essa desconfiança fosse confirmada. A casa apresentava condições precárias de limpeza e organização, muita sujeira e poeira por todos os cômodos. Ao entrarmos no local a mãe justificou-se como se preparando para fazer faxina, mas nenhum sinal para tal pode ser observado. O apartamento está no primeiro andar nivelado com o telhado de uma padaria vizinha. O telhado dessa padaria contém uma série de reservatórios de água mal cuidados comprovadamente focos de criadouro de mosquitos da dengue. Segundo Dona Francisca o proprietário da padaria foi notificado, bem como a vigilância sanitária e o próprio síndico do prédio em que residem, mas nenhuma ação eficiente foi tomada. A própria Dona Francisca já adoeceu três vezes por dengue. Ficou evidente que não havia espaço hábil para cinco pessoas residirem naquele ambiente. Questionando a agente de saúde sobre como tal família se instalaria em local tão pequeno ela disse que muitas vezes não há a menor condição para haja uma permanecia adequada. Afirmação comprovada com existência de uma rede no meio da sala onde dorme alternadamente a sogra e a mãe de Dona Francisca. 2ª residência: Visitamos também o senhor João Paulo de 60 anos morador da Lapa há 40. Frequenta o PSF com regularidade, dorme bem com horas regulares e não apresenta nenhum problema de saúde nem se recorda da ultima vez que foi acometido por alguma doença mais séria, fato contestado posteriormente pela agente alegando constar em sua ficha cadastral que o senhor João é hipertenso, mas que não nos foi indicado pelo próprio senhor João Paulo. Mora sozinho em um apartamento confortável composto de cozinha, sala e suíte impecavelmente limpo. Alimenta-se bem, fazendo cinco refeições por dia não ingerindo gorduras e doces em demasia nem exagerando no álcool. Apresenta boa aparência física e disposição, viaja muito e sai com relativa frequência para se divertir, confirmando gostar muito da vida noturna, também faz caminhadas regulares e anda muito de bicicleta. Alega ser aposentado, o que não foi confirmado pela agente de saúde. Segundo ela, senhor João possui rendimentos advindos de posses recebidas por herança no norte e vivendo assim desses bens, não trabalhando há um bom tempo. 3ª residência: Lar da senhora Deusarina Lucena de Matos de 88 anos, viúva há 4, que mora com a filha Magali, o genro e os dois netos, sendo um estudante e o outro bancário. Nordestina de nascimento e carioca de criação, Dona Deusa como é chamada, esbanja vitalidade e bom humor. Nunca é deixada sozinha, sempre está em companhia ou de um dos netos, ou do genro ou da diarista que trabalha duas vezes por semana da residência e mesmo da namorada de um dos netos que frequenta a casa e a considera como avó. Há 3 anos sofreu uma queda na escada e fraturou a perna direita em três partes, na cabeça do fêmur, no corpo desse osso e na articulação do joelho. Passou 8 meses internada para recuperação e desde então faz acompanhamento fisioterápico regular com visitas do profissional até sua casa. Queixa-se de dores não frequentes no membro operado que a impossibilitam de se locomover, fazendo então uso de analgésicos. Fora isso, não apresenta nenhum problema de saúde ou uso de qualquer tipo de droga. O apartamento é grande, com três quartos, duas salas, cozinha, área de serviço e dois banheiros. A família possui um cachorro que é regularmente banhado e não permanece na área comum da residência. Todos se alimentam bem e regularmente. Dona Deusa tem sua filha ou empregada sempre cuidando de suas refeições. Caminha na varanda toda manhã e aproveita para tomar um pouco de sol; dorme sem problemas e já teve dengue uma vez, não se recordando, no entanto, de quando. Apresenta certa dificuldade em lembrar certas datas e acontecimentos, que o ela mesma justifica como sendo devido a idade já avançada. Frequenta um centro espírita regularmente onde confecciona enxovais para recém-nascidos e os doa para caridade. Atividade esta que considera como extremamente prazerosa e importante para seu bem estar. A filha não apresenta nenhum problema de saúde bem como os netos. O genro trabalha como motorista de van coletiva e é hipertenso, mas se recusa a ir ao hospital e se tratar. Ele faz uso de convênio particular quando realmente necessário, mas segundo Dona Deusa, raramente procura cuidados médicos. Frente às três visitas foi possível concluir que o intenso trabalhoda equipe de saúde pública pertinente ao Programa Saúde da Família vem surtindo, nos casos acompanhados, os resultados desejados e esperados. Nas duas últimas residências visitadas, nada intrinsecamente ligado aos lares observados contribuiria para um possível adoecimento de algum de seus moradores ou comprometeria o bem estar de qualquer um dos moradores. Com relação a primeira residência, a questão da limpeza foi mais chamativa, mas com a afirmação da moradora que não se tratava de evento frequente e inclusive ela mesma estava se preparando para limpar o local, espera-se que ao menos o asseio do apartamento seja mantido por aqueles moradores. Todos os visitados fazem acompanhamento médico contínuo e mantém hábitos de vida saudáveis e regulares, como refeições frequentes, atividade física e exames periódicos. Há exceção dos maridos de Dona Francisca, senhor Francisco, e do genro de Dona Deusa, que não são adeptos convictos da prevenção da doença frente a seu posterior tratamento. Fator cultural que pode levar a sérios danos a esses indivíduos já que não dispõem de atenção constante às suas condições de saúde. O que mais nos preocupou nesse condomínio visitado, assim como aos moradores acompanhados e que pôde ser observado e notificado pela equipe foi o constante foco de dengue que existe nas proximidades. É cabível ressaltar a quantidade de idosos que habitam a região e também crianças, ambos muito mais frágeis ao adoecimento por dengue. É também importante relembrar a recorrente queixa dos moradores mais próximos que convivem e podem observar diretamente o problema em choque com o descaso do proprietário do local fonte de criadouros, da administração do condomínio, que faz vista grossa, e das autoridades responsáveis notificadas que não tomam as devidas ações. Especificamente relacionado a dengue, todos os entrevistados se dizem conscientes do perigo dessa doença, principalmente para idosos e crianças, e também se dizem cientes do novo tipo de vírus que vem sendo encontrado na região, o DEN-4. Mesmo sem muita informação, todos entendem a gravidade de mais um tipo de microorganismo patogênico e dos perigos que ele pode vir a causa para um área densamente povoada como é o Rio de Janeiro. No demais, as visitas foram satisfatórias. A própria agente de saúde afirmou ter poucos casos sérios em sua área de atuação, nenhum tendo correspondido aos lares por nós visitados, e essas pessoas que pudemos acompanhar realmente se empenham para que ao invés do tratamento pós adoecimento, possam promover a saúde e conscientização evitando danos maiores futuros, consciência essa que é justamente o objetivo do PSF.
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