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O TRABALHO DO PSICÓLOGO Perspectivas e limites do trabalho do psicólogo YAMAMOTO, O. H.. Políticas sociais, "terceiro setor" e "compromisso social": perspectivas e limites do trabalho do psicólogo. Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 19, n. 1, p. 30-37, Apr. 2007. Disponível em < https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000100005>. Acesso em 10 jun. 2019. 1. O “compromisso social do psicólogo” a. Os primeiros vinte anos da profissão foram marcados por um elitismo, pois havia preferência pela atividade clínica associada ao modelo de profissional liberal (como os médicos), o que estaria afastando a profissão dos segmentos do bem-estar e do setor público, suja abrangência potencial do atendimento psicológico seria muito maior. A falência desse modelo levaria a profissão às “classes subalternas” https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000100005 b. Limitação das abordagens tradicionais centradas no indivíduo, sem a consideração dos determinantes socisias da conduta humana. 2. O contexto do desenvolvimento da profissão a. Importante lembrar que o debate interno, à época do início da profissão no Brasil, era restrito a um número bem pequeno de profissionais e de instituições de ensino b. Surgimento e desenvolvimento da profissão em meio ao regime autocrático-burguês c. Surgimento e desenvolvimento em meio ao regime autocrático-burguês era fator para a ausência de debate sobre as características e rumos da profissão, mas também havia certa incipiência. d. Após o colapso do “milagre brasileiro” (fim dos anos de 1970), os movimentos científico- profissionais se politizam. Na Psicologia, nos anos de 1980, destaca-se a inserção no movimento (luta antimanicomial, Conferências Nacionais) e no campo público do bem- estar social. 3. As políticas sociais (públicas) a. Questão social: conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos postos pela emergência da classe operária no processo de constituição da sociedade capitalista. Manifestação no cotidiano da vida social da contradição capital-trabalho. b. O Estado, ao articular funções econômicas e políticas, necessita de legitimação política pelo alargamento de sua base de sustentação, operando a institucionalização de direitos e garantias sociais. Há uma tentativa de equilíbrio nos interesses da luta de classes (acumulação x privação) c. Há uma aparente resolução da “questão social”, que se fragmenta, transformando as ações do Estado em políticas públicas, ou seja, trata-se de “questões sociais” de maneira fragmentária e setorizada d. Quando a Psicologia se insere no terreno do bem-estar social (que é uma política do Estado), a profissão (prática institucionalizada, socialmente legitimada e legalmente sancionada) é remetida para a ação nas sequelas da fragmentação da questão social. e. Limites da intervenção profissional: (1) a organização político-econômica e a situação da profissão; (2) hegemonia de um modelo de intervenção e condições da formação; e (3) capacidade de resistência das classes subalternas. 4. Ajuste neoliberal, desajuste social e a lógica da parceria com o “terceiro setor” a. As nações latino-americanas se baseiam em políticas meritocráticas que possuem debilidade na cobertura e baixa eficácia. O programa neoliberal nessas nações acentuou as desigualdades e aprofundou o quadro de miséria social. b. A refuncionalização neoliberal das políticas sociais fragmentadas (conforme itens 3a, 3b e 3c) permite a ascensão de dois processos complementares: a precarização e a privatização. c. Precarização e Privatização (ver cards) d. Lógica passa a ser estatal-gratuito-precário x privado-mercantil-boa qualidade x filantrópico-voluntário-qualidade questionável e. Despolitização dos movimentos sociais por meio da criação das organizações não- governamentais (parceiras do Estado) Precarização 1. descentralização dos serviços: transferência da responsabilidade para poderes locais, sem capacidade de financiamento e manutenção... 2. focalização: corte discriminatório para acesso às políticas (condição de pobreza) Privatização 1. (re)mercantilização: transformação dos serviços sociais em mercadoria 2. (re)filantropização: transferência da responsabilidade para a sociedade civil (“terceiro setor”) 5. Políticas sociais, “terceiro setor” e os limites do “compromisso social do psicólogo” a. A expansão dos serviços de psicologia para camadas mais amplas da população tem relação com (1) inserção no campo do bem-estar social e (2) presença no terceiro setor b. Retomando o compromisso social, ao pensar a abrangência da profissão deve-se ir além da abertura de mercado de trabalho e considerar o alcance de determinadas parcelas da população (as chamadas no texto de classes subalternas) i. O atendimento da maioria a partir de um referencial teórico-técnico tradicional (que historicamente atendia às elites) não representa sintonia com os interesses dessa maioria ii. A ação profissional continua partindo de uma prática convencional, com acesso desqualificado pela população c. “[...] ao mesmo tempo em que a crítica à reiteração das formas convencionais e inadequadas de intervenção clínica nas diversas modalidades de ação deve ser feita, é preciso evitar fazer exigências que vão além das possibilidades da ação profissional (confundindo a ação profissional que comporta uma dimensão política com a ação propriamente política)”(p.35). Obs.: executor terminal de políticas segmentadas (YAMAMOTO, 2012) d. A ampliação dos limites da dimensão política da ação profissional passa tanto pela aproximação com setores progressistas para avanço nas políticas, quanto pelo desenvolvimento de outras possibilidades teórico-técnicas, por parte da academia. Arte: Marc Chagall1 (Vitebsk, 1887 - Saint-Paul-de-Vence,1985) 1https://pt.wikipedia.org/wiki/Marc_Chagall https://pt.wikipedia.org/wiki/Marc_Chagall
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