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Resumo por: Yasmin Barros - @idealizavet @yasminbarro.s Anestésicos Locais Uso clínico: Cirurgia em pacientes conscientes (adjuvantes): usado em animais de grande porte. Diminui o requerimento de fármacos indutores e de manutenção (tanto inalatório, como intravenoso) Analgesia por dessensibilização das fibras aferentes (sensitiva – está indo ao SNC) e inibição da sensibilização central (sensibilização secundária). Dependendo do bloqueio e da inervação, pode ter dessensibilização motora (fibra eferente). Efeito antiarrítmico usado nas taquiarritmias Efeito antimicrobiano intracavitário (lidocaína): staphylococus aureus, escherichia coli, pseudômonas aeruginosa, enterococcus – usado geralmente em quadros de peritonite. Definição: são fármacos que inibem reversivelmente os processos de excitação e condução do impulso nervoso ao longo das fibras nervosas, sem produzir inconsciência. Apresentação: pomadas, spray (usado na intubação), injetável (mais utilizadas – bloqueios), géis e geleias (usadoas na sondagem uretral e nasoesofágica e na intubação orotraqueal – anestesia e lubrificação) Fisiologia do potencial de ação O neurônio em repouso é negativo em seu interior: (-70 mv) e é positivo no meio extracelular (Na+). Para acontecer a passagem do impulso elétrico, tem que ocorrer a despolarização. O sódio entra no interior da fibra nervosa deixando o meio intracelular positivo e o meio extracelular negativo. O potássio sai da célula para o meio extracelular repolarizando a membrana, deixando o meio extracelular positivo. Período refratário: depois que o potássio sai, os canais iônicos se fecham, impedindo o fluxo de íons, deixando o impulso elétrico unidirecional - dura pouco tempo, mas tempo suficiente para o impulso não voltar. Mecanismo de ação mais aceito: os anestésicos locais se ligam aos canais iônicos sódio-seletivos nas fibras nervosas, inibindo a permeabilidade do sódio na membrana intracelular do axônio do neurônio, impedindo que aconteça a onda de despolarização e fazendo com que o impulso elétrico não seja mandado a diante > bloqueio da transdução e da transmissão do impulso elétrico. Esse bloqueio é tempo dependente e está relacionado ao grau de ativação dos canais. Descrição da imagem: curva em cinza demonstra o potencial elétrico saindo de -70mv, indo até 30mv (pela entrada de sódio), repolarizando (saída de potássio), entrando no período refratário e por fim no período de repouso. A curva em vermelho demonstra o potencial elétrico mantido em repouso sob efeito do anestésico local (bloqueio da entrada de sódio). Vias de dor Transdução: transformação de um estimulo nocivo em um potencial elétrico Transmissão: caminho que o potencial elétrico precisa percorrer para chegar na medula espinhal Modulação: na medula espinha acontece a modulação do estímulo nocivo (1° reconhecimento da dor). Estrutura química Anestésicos locais do tipo: Ester Amida A cadeia intermediária que diferencia os dois grupos. Em ambos, em uma extremidade há um grupo aromático (parte lipofílica) e na outra extremidade um grupo amina (parte hidrofílica). A cadeia intermediária pode ser um éster ou amida. Descrição da imagem: O anestésico local pode chegar ao seu local de ação por duas vias: uma via hidrofóbica (lipossolúvel) e hidrofílica (hidrossolúvel). O receptor do anestésico local está dentro do canal iônico, se o canal estiver fechado, ele precisa ser mais lipossolúvel para atravessar a membrana, se o canal estiver aberto ele pode ser lipossolúvel ou hidrossolúvel. Os anestésicos locais podem estar na sua porção não conjugada ou conjugada. Quando ele estiver conjugado ele é hidrossolúvel, quando está na sua forma não conjugada ele é lipossolúvel. O anestésico só vai se ligar no receptor dentro do canal iônico sódio seletivo se ele estiver conjugado com o íon H+, se ele não estiver conjugado (entrou pela membrana), ao alcançar o canal iônico ele precisa se conjugar. Se colocar o anestésico local em ambiente muito ácido, ele terá mais H+ para se ligar, portanto será mais hidrossolúvel. Ésteres: ex – tetracaína, benzocaína e procaína – mais utilizado na forma de colírio. Grande maioria hidrolisada pela colinesterase plasmática e tem curta durabilidade sem conservantes – duração menor O metabolismo da maioria dos ésteres resulta na produção de ácido paraaminobenzóico (PABA) que pode ser associado a reações alérgicas, por isso sua utilização é menos comum comparado as amidas. Amidas – ex: prilocaína, mepivacaína, lidocaína Estáveis, não podem ser hidrolisados pela colinesterase e têm degradação enzimática hepática. Fatores que interferem na ação dos anestésicos locais: Tamanho molecular Solubilidade lipídica Tipo de Fibra Bloqueada pH do meio Concentração do anestésico Associação com vasoconstritores - Peso molecular (tamanho molecular): está relacionado a movimentação dos anestésicos locais no canal de sódio (canais iônicos). Moléculas menores: tempo de ação reduzido (desprende mais facilmente do receptor) Moléculas maiores: possuem maior dificuldade de se desligarem dos receptores (maior duração) - Solubilidade lipídica: determinante de potência anestésica – chega ao canal iônico mais facilmente. Quanto maior a lipossolubilidade, maior a toxicidade e menor a margem de segurança do anestésico local, pela ação de atravessar a membrana. Potência: relação direta com a lipossolubilidade do fármaco. Quanto maior a lipossolubilidade maior a potência. - Tipo de fibra bloqueada: Finas e de condução lenta: efeito mais rápido (são bloqueadas primeiro). Ex: fibra C – primeira a ser bloqueada. Grossas e de condução rápida (mais mielina - gordura): efeito lento (mais difícil de absorver o anestésico e chegar no neurônio). Ex: A (Alfa e Beta) – mais grossas; A (Delta) Sequência do bloqueio: dor → frio → calor → tato e compressão profunda → função motora (nem todo bloqueio anestésico vai ter bloqueio motor) - pH do meio: AL são normalmente bases fracas: recebem H+ facilmente (ionizam em meio ácido) Se a base fraca se ionizar, ela vai virar hidrossolúvel e maior vai ser o período de latência, pois vai depender somente do canal iônico aberto. Grau de ionização (pKa): quanto maior o pKa (maior capacidade de receber íon H+), menor é a velocidade de ação (maior latência) Lidocaína pKa 7,7 Bupivacaína pKa 8,1 Tecidos infectados tendem a ter meio mais ácido que o habitual. Como o AL é uma base fraca, ele recebe ions H+ facilmente, tornando-se hidrossolúvel, desta forma, ele cai na corrente sanguínea e é eliminado. Portanto, se instilar AL em cima desse tipo de tecido, não terá efeito. Tecidos infectados também podem apresentar maior fluxo sanguíneo local Concentração do anestésico: AL amais concentrado tem uma capacidade maior de bloquear mais canis de Na+ A maior dose aumentará a eficácia total, reduzindo a latência e aumentando a duração Relação direta com o grau de ligação às proteínas plasmáticas: quanto menor a ligação com proteínas plasmáticas, menor vai ser a duração do efeito do fármaco. Dose tóxica dos fármacos: AL tem tropismo por células excitáveis presentes em SNC e coração (convulsão, hipotensão grave) Ex: lidocaína dose tóxica 7 mg/kg Cão; peso 10 kg; concentração 2% R: 10 x 7 = 70 mg → 70 mg/20mg/ml = 3,5 ml (volume máximo para esse paciente). Excreção dos anestésicos locais Os produtos do metabolismo podem ser excretados diretamente pelos rins Parte da dose excreta-se inalterada na ruina Os ésteres são eliminados na urinana forma inativa mais do que as amidas. Grande parte das amidas são eliminadas na forma ativa. Lidocaína 10 vezes mais potente que a cocaína. A cocaína foi considerado o primeiro anestésico local. Potência e duração moderadas Alto poder de penetração Pouca vasodilatação Ação tópica (tecidos íntegros) eficaz somente em altas concentrações e com veículos que seja oleoso. Ligação proteína plasmática: 64% (fica bastante disponível) Bloqueios infiltrativos 0,5% a 2% - principal apresentação comercial: pequenos e grandes animais. Bloqueio peridural e raquidiana (espinhal) 2% Uso tópico de 2 a 10%: para poder absorver precisa usar uma maior concentração, por isso tem apresentação até 10% Uso intravenoso 1 a 2 mg/kg (dose de infusão contínua: 50mcg/kg/min): promove analgesia visceral; efeito antiarrítmico usado em taquiarritmias (ex: complexo ventricular prematuro); efeito procinético (melhora peristaltismo) Dose máxima 7 mg/kg Dose máxima permitida com vasoconstritor 9 mg/kg A vasoconstrição aumenta o tempo de absorção do anestésico local, permanecendo no local por mais tempo. Com o vasoconstritor a dose tóxica sobe para 9 mg/kg, pois o medicamento vai ser absorvido mais lentamente. Não pode usar em extremidades, pois pode causar necrose do tecido. SEMPRE FUGIR DO VALOR DA DOSE TÓXICA Gatos!! Dose de infusão contínua: 25 mcg/kg/min Lidocaína em forma de gel: utilizado para tubo orotraqueal Lidocaína spray 10%: usado em lesão de pele e no tubo orotraqueal em gatos – 1 borrifada contém 10mg (calcular dose tóxica para o paciente) Toda vez que for fazer infusão contínua, é preciso fazer bolus, para aumentar a concentração plasmática e manter na faixa terapêutica o anestesio local. Vantagens: rápido início de ação (5-10 min); baixa toxicidade; redução da dor pós- operatória Desvantagens: curta duração (1,5-2h); toxicidade ao SNC e colapso cardiovascular em sobre dose. Anestésicos locais possuem tropismo para células excitáveis – neurônio e células cardíaca. Dose usual (epidural ou infiltração/ bloqueio local): 2 a 5 mg/kg a 2%. Lidocaína intravenosa Propriedades anestésicas e analgésicos Pode ser utilizada sozinha ou conjunta com outros anestésicos pra diminuir dose. Não pode ser administrado lidocaína com vasoconstritor pela via intravenosa. Vantagens: analgesia; diminuição da CAM (FLK - fentanil, lidocaína e cetamina e MLK – morfina, lidocaína, cetamina); ação anti- inflamatória; antiarritmogênico; redução do risco de íleo-paralítico (preocupante nos equinos, pois leva à cólica); proteção contra lesões de reperfusão. Bupivacaína Três a quatro vezes mais potente que a lidocaína (utilizar dose menor). Período anestésico longo (2 a 4 horas) Não produz vasodilatação como a lidocaína Adrenalina melhora pouco sua duração, pois a duração da bupivacaína já é prolongado, e a depuração da epinefrina é menor que da bupivacaína. Porém diminui o sangramento da área onde foi aplicado. Ligação proteína plasmática 95%: cuidado com pacientes com hipoproteinemias Dose máxima permitida: 2 mg/kg Concentração 0,5% (mais utilizada) e 0,75% Vantagens: longa duração (4-6h); baixa toxicidade; redução da dor pós-operatória Desvantagens: período de latência longo (30-40 min); toxicidade ao sistema cardiovascular mais fácil do que o SNC. Até 2 mg/kg (epidural, ou infiltração/ bloqueio local). Ropivacaína e levobupivacaína: são mais caros e mais atuais Produzidos a partir da bupivacaína, porém com menores chances de intoxicação. Possuem mesmo efeito farmacológico desejável da bupivacaína EMLA: Mistura Eutética de Anestésicos Locais Lidocaína (2,5%) + Prilocaína (2,5%): concentração de 5% Pomada oleosa capaz de ultrapassar pele íntegra Anestesia de pele: pomada de humanos (pele mais fina), no paciente veterinário, é necessário fazer uma boa tricotomia, aplicar e esperar de 20 a 30 minutos. Usada para realizar punção venosa ou arterial, sem necessidade de sedar o paciente.
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