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DJi - Penas Privativas de Liberdade

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- Índice Fundamental do Direito
Legislação - Jurisprudência - Modelos - Questionários - Grades
Penas Privativas de Liberdade - Art. 33 a Art. 42, Penas Privativas de Liberdade - Espécies de Pena -
Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 - Art. 53, Penas Privativas de Liberdade - Cominação das
penas - Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 - Art. 105 a Art. 146, Penas Privativas de
Liberdade - Execução das Penas em Espécie - Lei de Execução Penal - LEP - L-007.210-1984 - Art. 674
a Art. 685, Penas Privativas de Liberdade - Execução das Penas em Espécies - Execução - Código de
Processo Penal - CPP - L-003.689-1941
"Espécies
a) Reclusão.
b) Detenção.
c) Prisão Simples (para as contravenções penais).
Regimes penitenciários
a) Fechado: cumpre a pena em estabelecimento penal de segurança
máxima ou média.
b) Semi-Aberto: cumpre a pena em colônia penal agrícola, industrial ou
em estabelecimento similar.
c) Aberto: trabalha ou freqüenta cursos em liberdade, durante o dia, e
recolhe-se em Casa do Albergado ou estabelecimento similar à noite e
nos dias de folga.
Regime inicial de cumprimento de pena: de acordo com o art. 110 da Lei
de Execução Penal, o juiz deverá estabelecer na sentença o regime inicial
de cumprimento da pena, com observância do art. 33 do Código Penal,
o qual estabelece distinção quanto à pena de reclusão e de detenção.
Regimes penitenciários da pena de reclusão
a) Se a pena imposta for superior a 8 anos: inicia o seu cumprimento em
regime fechado.
b) Se a pena imposta for superior a 4, mas não exceder a 8 anos: inicia
em regime semi-aberto.
c) Se a pena for igualou inferior a 4 anos: inicia em regime aberto.
d) Se o condenado for reincidente: inicia sempre em regime fechado, não
importando a quantidade da pena imposta. Há, contudo, uma
possibilidade excepcional de o juiz conceder o regime aberto ao
sentenciado a reclusão mesmo que reincidente. O Supremo Tribunal
Federal permitiu que, embora reincidente, o sentenciado anteriormente
condenado a pena de multa pudesse iniciar o cumprimento da pena em
regime aberto, desde que sua pena fosse inferior ou igual a 4 anos.
Baseou-se no art. 77, § 1º, do Código Penal, que permite a concessão
de sursis ao sentenciado que, embora reincidente, foi condenado
anteriormente apenas à pena de multa (RT, 651/360). O Superior
Tribunal de Justiça também flexibilizou o rigor da regra que impõe regime
inicial fechado ao reincidente, independentemente da quantidade da pena
de reclusão fixada, ao editar a Súmula 269, publicada no DJU de 29 de
maio de 2002, estabelecendo que, mesmo no caso de reincidente, o juiz
Referências
e/ou
Doutrinas
Relacionadas:
Ação Penal
Analogia
Anistia e Indulto
Antijuridicidade
Antijurídico
Aplicação da Pena
Aplicação das
Sanções Disciplinares
Assistência
Assistência à Saúde
Assistência ao
Egresso
Assistência
Educacional
Assistência Jurídica
Assistência Material
Assistência Religiosa
Assistência Social
Autorizações de
Saída nas Penas
Privativas de
Liberdade
Cadeia Pública
Casa do Albergado
Causas de Extinção
da Punibilidade
Centro de
Observação na
Execução Penal
Cessação da
Periculosidade
poderá fixar o regime inicial semi-aberto, e não o fechado, quando a pena
privativa de liberdade imposta na sentença condenatória não exceder a 4
anos. Não é nosso entendimento, uma vez que, segundo o art. 33, § 2º, b
e c, os regimes iniciais semi-aberto e aberto pressupõem primariedade do
sentenciado. Para nós, reincidente que recebe pena de reclusão deve
sempre começar seu cumprimento no regime fechado.
e) Se as circunstâncias do art. 59 do CP forem desfavoráveis ao
condenado: inicia em regime fechado. Não se tratando de pena superior a
8 anos (art. 33, § 2º, letra a, do CP), a imposição de regime inicial
fechado depende de fundamentação adequada em face do que dispõem
as alíneas b, c e d do mesmo parágrafo (2º) e também o § 3º c/c o art.
59 do mesmo diploma (Nesse sentido: STF, 1ªT., HC 72.589-9, Rel.
Min. Sydney Sanches, DJU, Seção 1,18-8-1995, p. 24898.).
N esse sentido é o teor da Súmula 719 do STF, editada em 14-10-2003:
"A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea".
Regimes penitenciários iniciais da pena de detenção
Se a pena for superior a 4 anos: inicia em regime semi-aberto.
Se a pena for igual ou inferior a 4 anos: inicia em regime aberto.
Se o condenado for reincidente: inicia no regime mais gravoso existente,
ou seja, no semi-aberto.
d) Se as circunstâncias do art. 59 do Código Penal forem desfavoráveis
ao condenado: inicia no regime mais gravoso existente, ou seja, no semi-
aberto.
e) Importante: não existe regime inicial fechado na pena de detenção (CP,
art. 33, caput), a qual começa obrigatoriamente em regime semi-aberto
ou aberto. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o regime inicial
de cumprimento da pena de detenção deve ser o aberto ou semi-aberto,
admitido o regime fechado apenas em caso de regressão (Nesse sentido:
STJ, 6ª T., HC 422-MT, Rel. Min. Costa Leite, Ementário STJ, 4/258.).
 
Penas Privativas de Liberdade
Reclusão Detenção
Regime inicial fechado: pena
aplicada superior a 8 anos
Regime inicial scmi-aberto:
pena maior que 4 anos e não
superior a 8 anos
Regime inicial aberto: 4 anos
ou menos
Réu reincideute: a lei diz que
o regime inicial fechado é
obrigatório, mas a Súmula
269 do STJ díz que o juíz
poderá fixar o semi-aberto
se a pena aplicada ao
reincidente nào exceder a 4
anos
Regime inicial semi-aberto:
pena aplicada superior a 4
anos
Regime inicial aberto: pena
igual ou inferior a 4 anos
Réu reincidente: semi-aberto
Circunstâncias judiciais
desfavoráveis: o juiz pode
impor regime semi-aberto
(faculdade)
Circunstâncias
Classificação dos
Crimes
Colônia Agrícola,
Industrial ou Similar
Cominação
Cominação das
Penas
Comunicabilidade e
Incomunicabilidade
de Elementares e
Circunstâncias
Concepção do
Direito Penal
Concurso de Crimes
Concurso de Pessoas
Condenado e
Internado
Conduta
Conselho da
Comunidade
Conselho Nacional
de Política Criminal e
Penitenciária
Conselho
Penitenciário
Contagem do Prazo
Conversões de Penas
Crime Consumado
Crime Continuado
Crime Impossível
Crime Preterdoloso
Culpabilidade
Cumprimento da
Pena
Departamentos
Penitenciários
Detenção
Detração
Detração Penal
Deveres dos Presos
Direção e Pessoal
dos Estabelecimentos
Penais
Direito Penal no
Estado Democrático
de Direito
Direito Penitenciário
Direito Processual
Circunstâncias judiciais
desfavoráveis: o juiz pode
impor regime inicial fechado
(é discridonário)
Gravidade do delito: por si só não basta para determinar a imposição do
regime inicial fechado, sendo imprescindível verificar o conjunto das
circunstâncias de natureza objetiva e subjetiva previstas no art. 59 do CP,
tais como grau de culpabilidade, personalidade, conduta social,
antecedentes etc., salvo se devido à quantidade da pena for obrigatório
aquele regime (Nesse sentido: STF, HC 77.682-SP, Rel. Min. Néri da
Silveira, Infonnativo do STF, n. 128, de 19/23-10-1998, p. 1; STF, HC
77.790-6, Min. Sepúlveda Pertence, DJU, 27-11-1998, p. 10.). Nesse
sentido é o teor da Súmula 718 do STF, editada em 14-10-2003: "A
opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o
permitido segundo a pena aplicada".
Regime fechado na pena de detenção: o CP somente veda o regime
inicial fechado, não impedindo que o condenado a pena de detenção
submeta-se a tal regime, em virtude de regressão.
Regime inicial na pena de prisão simples: também não existe regime inicial
fechado, devendo a pena ser cumprida em serni-aberto ou aberto, em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, sem rigor
penitenciário (LCP, art. 6º). A diferença, em relação à pena de detenção,
é que a lei não permite o regime fechado nem mesmo em caso de
regressão, ao contrário do que acontece na pena de detenção. A
regressão, quantoà pena de prisão simples, só ocorre do aberto para o
semi-aberto.
Sentença omissa quanto ao regime inicial: se não houver expressa menção
quanto ao regime inicial, a dúvida deve ser resolvida em prol do regime
mais benéfico, desde que juridicamente cabível. Por exemplo: réu
primário condenado a 6 anos de reclusão, sem que a sentença faça
referência alguma quanto ao regime inicial. Sendo possíveis, na hipótese,
tanto o fechado quanto o semi-aberto, a pena deverá ser cumprida neste
último, por ser mais brando.
Comissão Técnica de Classificação: de acordo com o art. 5º da Lei de
Execuções Penais: "Os condenados serão classificados, segundo os seus
antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da
execução penal". "A classificação será feita por Comissão Técnica de
Classificação (CTC) que elaborará o programa individualizador da pena
privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório" (art.
6º, de acordo com a redação determinada pela Lei n. 10.792, de 1º-l2-
2003). A Constituição Federal estabelece em seu art. 5º, XLVI, que a lei
regulará a individualização da pena. Individualizar a pena é também
adaptar a sua execução às características pessoais do condenado, com o
objetivo de proporcionar a sua reintegração social. Buscando sempre
readaptar o condenado ao convívio social, a individualização da pena, em
matéria de execução, pressupõe que "a cada sentenciado, conhecida a
sua personalidade e analisado o fato cometido, corresponda tratamento
Penal
Direitos do
Condenado ou
Internado
Direitos do Preso
Disciplina
Efeitos da
Condenação
Eficácia de Sentença
Estrangeira
Erro de Tipo
Erro Judiciário
Espécies de Pena
Estabelecimentos
Penais
Exame Criminológico
Excesso ou Desvio
Execução das
Medidas de
Segurança
Execução das Penas
em Espécie
Execução Penal
Extraterritorialidade
da Lei Penal
Brasileira
Falta Grave
Faltas Disciplinares
Fato Típico
Fontes do Direito
Penal
Função Ético-Social
do Direito Penal
Hospital de Custódia
e Tratamento
Psiquiátrico
Ilicitude
Imputabilidade
Incidentes de
Execução Penal
Individualização da
Pena
Interdição
Temporária de
Direitos
Interpretação da Lei
Penal
Irretroatividade da
Lei Penal
penitenciário adequado" (cf. Exposição de Motivos da Lei de Execução
Penal). Instrumento importante para buscar a individualização da
execução da pena é a prévia classificação dos criminosos de acordo com
seus antecedentes e personalidade. Ela será feita pela Comissão Técnica
de Classificação, órgão colegiado presidido pelo diretor do
estabelecimento carcerário e composto por um psicólogo, um psiquiatra e
um assistente social, além de dois chefes de serviço, desde que se trate
de pena privativa de liberdade, ou composto apenas por fiscais do
Serviço Social, nos demais casos. A Lei n. 10.792, de 1º de dezembro
de 2003, ao modificar a redação do art. 6º da LEP, restringiu as funções
da Comissão Técnica de Classificação, a qual não terá mais a missão de
acompanhar a execução das penas privativas de liberdade, nem poderá
mais propor progressões ou regressões de regime. Isso porque a parte
final do mencionado art. 6º da LEP (" ... devendo propor, à autoridade
competente, as progressões e regressões dos regimes, bem como as
conversões") foi suprimida pela nova legislação. Assim, atualmente, o art.
6º da LEP diz apenas que caberá à CTC elaborar o programa
individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado
ou ao preso provisório, sem fazer referência ao acompanhamento do
cumprimento da pena privativa de liberdade. Com isso, caberá, agora, à
Comissão Técnica de Classificação, apenas no início da pena, submeter o
condenado a exame criminológico, estabelecer seu perfil psicológico e
classificá-lo de acordo com a sua personalidade, bem como com seus
antecedentes. A partir daí, elaborará todo o programa individualizador da
pena privativa de liberdade, nos termos dos arts. 5º e 6º da LEP,
modificados pela Lei n. 10.792/2003, bem como do art. 34, caput, do
CP, o qual dispõe: "O condenado será submetido, no início do
cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para
individualização da execução". Além de suprimir a atividade fiscalizatória
da CTC durante a execução da pena, a Lei n. 10.792/2003 promoveu
outra alteração no art. 6º da LEP, incluindo o preso provisório no rol
daqueles que estarão sujeitos ao programa individualizador elaborado
pela Comissão Técnica de Classificação, suscitando críticas na doutrina:
"Não se encontra justificativa para inclusão do preso provisório, mesmo
porque, de regra recolhidos em cadeias públicas (LEP, art. 102), e estas
não dispõem de condições para formar a CTC (Comissão Técnica de
Classificação), conforme prevê o art. 7º. Demais disso, não se
compactua com a idéia de realização de exame criminológico em relação
ao preso provisório, ainda que já sentenciado, mas sem que tenha
ocorrido o trânsito em julgado da condenação, devido ao Princípio
constitucional da Presunção de Inocência" (Maurício Kuehne, Direito
penal e processual penal, Revista Magister, ano I, n. 2, out./nov. 2004,
Porto Alegre, Ed. Magister, p. 7.).
Para classificar os delinqüentes de acordo com sua personalidade, é
necessário recorrer à biotipologia, que é o estudo da personalidade do
criminoso. O exame criminológico é uma das espécies de biotipologia. É
obrigatório para os condenados à pena privativa de liberdade em regime
fechado (LEP, art. 8º, caput) e facultativo para os condenados a cumprir
pena em regime semi-aberto (art. 8º, parágrafo único). Surge aqui uma
Juízo da Execução
Penal
Legislação Especial
Leis de Vigência
Temporária
Liberdade
Limitação de Fim de
Semana
Limites de Penas
Livramento
Condicional
Lugar do Crime
Medida de Segurança
Ministério Público
Multa (s)
Nexo Causal
Objeto do Direito
Penal
Objeto e Aplicação
da Lei de Execução
Penal - LEP
Órgãos da Execução
Penal
Patronato
Pena Cumprida no
Estrangeiro
Pena de Multa
Penas
Penas Restritivas de
Direitos
Penitenciária
Permissão de Saída
Potencial Consciência
da Ilicitude
Prescrição
Prescrição no Caso
de Evasão do
Condenado ou de
Revogação do
Livramento
Condicional
Prestação de
Serviços à
Comunidade ou à
Entidades Públicas
Princípio da
Legalidade
Prisão
Prisão-Albergue
contradição: o art. 35, caput, do CP, contrariamente ao que dispõe o
parágrafo único do art. 8º, determina a obrigatoriedade do exame
criminológico também para os condenados em regime semi-aberto.
Embora a questão não seja pacífica, predomina o entendimento
jurisprudencial de que a Lei de Execução Penal, lei especial, deve
prevalecer, sendo, portanto, facultativo o exame nesse caso.
Progressão de regime: a sentença penal condenatória, ao transitar em
julgado, o faz com a cláusula rebus sic stantibus, ou seja, será imutável
apenas enquanto os fatos permanecerem como se encontram. A
alteração da situação fática existente ao tempo da condenação faz com
que o Juízo da execução promova as necessárias adaptações a fim de
adequar a decisão à nova realidade. Assim, o fato de alguém ter recebido
um determinado regime de cumprimento da pena não significa, salvo
algumas exceções, que tenha de permanecer todo o tempo nesse mesmo
regime. O processo de execução é dinâmico e, como tal, está sujeito a
modificações. Todavia, o legislador previu a possibilidade de alguém, que
inicia o cumprimento de sua pena em um regime mais gravoso (fechado
ou semi-aberto), obter o direito de passar a uma forma mais branda e
menos expiativa de execução. A isso denomina-se progressão de regime.
Trata-se da passagem do condenado de um regime mais rigoroso para
outro mais suave, de cumpri" mento da pena privativa de liberdade,
desde que satisfeitas as exigências legais. Os requisitos para a progressão
são:
(1) Objetivo: consiste no tempo de cumprimento de pena no regime
anterior (1/6 da pena). A cada nova progressão exige-se o requisito
temporal. O novo cumprimento de 1/6 da pena, porém, refere-se ao
restante da pena enão à pena inicialmente fixada na sentença (Nesse
sentido: STJ, 6ª T., RHC 2.050-0/GO, Rel. Min. Vicente Cemicchiaro,
Ementário STJ, 6/657.).
(2) Subjetivo: na antiga redação do art. 112, caput, da LEP, para que o
condenado obtivesse a progressão de regime, dois eram os requisitos
subjetivos: (a) primeiro, era necessário que o mérito do condenado
indicasse a progressão. Com as modificações operadas pela Lei n.
10.792/2003 ao art. 112 da LEP, a expressão genérica "mérito" do
condenado foi substituída por "bom comportamento carcerário", assim
atestado pelo diretor do estabelecimento. Bom comportamento significa o
preenchimento de uma série de requisitos de ordem pessoal, tais como
autodisciplina, senso de responsabilidade do sentenciado e esforço
voluntário e responsável em participar do conjunto das atividades
destinadas a sua harmônica integração social, avaliado de acordo com
seu comportamento perante o delito praticado, seu modo de vida e sua
conduta carcerária; (b) segundo, era também preciso que a decisão,
motivada, fosse precedida de parecer da Comissão Técnica de
Classificação e do exame criminológico, quando necessário (antiga
redação do parágrafo único do art. 112 da LEP). Atualmente, a Lei n.
10.792/ 2003 suprimiu o referido parágrafo único, criando dois novos
parágrafos, passando a dispor no § 1º que, na progressão de regime, "a
decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público e do defensor". Portanto, a lei em questão passou a dispensar o
Domiciliar
Prisão e Liberdade
Provisória
Prisão Provisória
Privação da
Liberdade
Privativo
Procedimento
Disciplinar
Procedimento Judicial
na Execução Penal
Progressão da Pena
Reabilitação
Reclusão
Reclusão e Detenção
Regime Aberto
Regime Especial
Regime Fechado
Regime Inicial da
Pena
Regime Semi-Aberto
Regimes de Penas
Regimes de Penas
Privativas de
Liberdade
Regras do Regime
Aberto
Regras do Regime
Fechado
Regras do Regime
Semi-Aberto
Reincidência
Remição
Remição nas Penas
Privativas de
Liberdade
Requisitos da
Suspensão da Pena
Resultado
Saída Temporária na
Pena Privativa de
Liberdade
Sanção Penal
Sanções e
Recompensas
Disciplinares
Sentença Penal
Sistemas
Penitenciários
parecer da CTC e o exame criminológico. A questão, no entanto, pode
gerar polêmica. O § 1º do art. 112 da LEP dispensou o exame
criminológico e o parecer da CTC, ao substituir o parágrafo único que
constava da redação anterior. O dispositivo revogado falava na
necessidade de parecer da CTC e mencionava o exame criminológico
como opção do juízo da execução. O § 1º atual fala apenas em
manifestação prévia do Ministério Público e da defesa, sem mencionar a
CTC e o exame criminológico. Tal omissão, no entanto, não impede o
juiz da execução, se entender necessário para sua convicção, de exigir a
realização do exame criminológico, como instrumento auxiliar capaz de
respaldar o provimento jurisdicional concessivo ou denegatório do
benefício. Nesse ponto, pode-se dizer que não houve nenhuma
modificação significativa, pois o exame criminológico, no sistema anterior,
também era uma faculdade e não uma obrigação do juiz, na medida em
que o extinto parágrafo único falava que a decisão concessiva da
progressão seria acompanhada de exame criminológico, quando
necessário. Ora, dizer que o exame criminológico será realizado quando
o juiz da execução entender necessário e não mencionar tal exame, sem,
contudo, proibi-lo, acaba tendo o mesmo efeito. Além disso, o § 2º do
art. 112 da LEP, também acrescentado pela Lei n. 10.792/2003, no
lugar do extinto parágrafo único, diz que o mesmo procedimento para a
progressão de regime será seguido no tocante ao livramento condicional.
Pois bem. Referido art. 131 da LEP exige, para a concessão do
livramento condicional, prévia manifestação do Conselho Penitenciário.
Com isso, podemos concluir que, para se manifestar sobre a progressão
de regime, o juiz da execução deverá, previamente (a) colher as
manifestações do Ministério Público e da defesa, nos termos do art. 112,
caput, da LEP, já com a nova redação; (b) colher a manifestação do
Conselho Penitenciário, pois, se o § 2º do art. 112 exige para a
progressão o mesmo procedimento do livramento condicional, e se o art.
131 da LEP exige prévio parecer do Conselho Penitenciário, para o
livramento condicional, por conseqüência lógica, tal exigência se imporá
também para a progressão de regime; (c) finalmente, aqui apenas se o
juiz da execução entender necessário, a LEP não impede que ele colha a
opinião da Comissão Técnica de Classificação, a qual individualizou o
cumprimento da pena desde o seu início, nem que exija exame
criminológico, embora nesses dois casos haja apenas uma faculdade por
parte do juiz.
Soma e unificação de penas para aplicação da regra do concurso de
crimes: o regime inicial de cumprimento de pena será determinado de
acordo com o total imposto, seja este resultante da soma, como no caso
de concurso material ou formal imperfeito, seja da aplicação do critério
da exasperação, na hipótese de concurso formal perfeito e crime
continuado.
Se houver alguma pena de reclusão, o regime inicial será determinado de
acordo com o montante a ser cumprido (se superior a 8 anos, regime
fechado; se superior a 4, mas não exceder a 8, semi-aberto; se igualou
inferior a 4, aberto), salvo em se tratando de reincidente, caso em que o
regime inicial será obrigatoriamente fechado.
Superveniência de
Doença Mental
Sursis
Suspensão
Condicional da Pena
Taxa Penitenciária
Tempo do Crime e
Conflito Aparente de
Normas
Teoria do Crime
Territorialidade da
Lei Penal Brasileira
Tipicidade
Tipo Penal nos
Crimes Culposos
Tipo Penal nos
Crimes Dolosos
Trabalho do
Condenado ou
Internado
Trabalho do Preso
Vigência da Norma
Se todas as penas impostas forem de detenção, na pior das hipóteses o
regime inicial será o semi-aberto, pois só existe regime fechado na pena
de detenção em caso de regressão.
Sobrevindo alguma nova condenação durante a execução, a nova pena
será somada ou unificada com o restante e sobre o total far-se-á o
cálculo do novo regime a ser cumprido. Assim, se, por exemplo, quando
faltavam 2 anos de detenção, sobreviessem 7 anos de reclusão, em
virtude de novo processo, os 9 restantes (2 de detenção + 7 de reclusão)
teriam de ser cumpridos em regime fechado.
No caso de condenações provenientes de diferentes processos, procede-
se, inicialmente, ao cálculo de soma ou unificação de penas (quando
houver conexão ou continência entre os crimes) e, em seguida, de acordo
com o total a que se chegar, fixa-se o regime inicial.
Progressão de regime nos crimes previstos na Lei n. 8.072/90: no caso
de condenação pela prática de crime hediondo, terrorismo e tráfico ilícito
de entorpecentes, está proibida a progressão de regime, uma vez que o
art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) determina
que o cumprimento da pena se faça em regime integralmente fechado,
vedando a passagem ao regime semi-aberto e ao aberto. O regime
fechado, portanto, será não apenas inicial, mas integral, pouco
importando que a pena seja inferior a 8 anos ou que o condenado seja
primário e portador de bons antecedentes. É assente na jurisprudência do
STF e do STJ o entendimento no sentido da constitucionalidade do art.
2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90, que impõe o cumprimento da pena
integralmente em regime fechado. Não há que se falar em ofensa ao
princípio constitucional da individualização da pena (art. 5º, XLVI), uma
vez que o próprio constituinte autorizou o legislador a conferir tratamento
mais severo aos crimes definidos como hediondos, ao tráfico ilícito de
entorpecentes e ao terrorismo, não excluindo desse maior rigor a
proibição da progressão de regime. Por outro lado, não consta em
nenhuma passagem do Texto Constitucional que o legislador inferior não
possa estabelecer regras mais rigorosas para o cumprimento da pena em
delitos considerados, pelo próprio constituinte,como de grande
temibilidade social (Nesse sentido tem decidido o STJ, reiteradamente: 5ª
T., REsp 62.008-0-SP, Rel. Min. Edson Vidigal, unânime, DJU, 22-4-
1996; 6ªT., REsp 60.251-3-SP, Rel. Min. Vicente Leal, maioria, DJU,
27-5-1996; 6ª T., REsp 78.791-0-SP, Rel. Min. Adhemar Maciel,
maioria, DJU, 9-9-1996; 6ª T., REsp 62.210-7-SP, Rel. Min. Vicente
Leal, unânime, DJU, 9-9-1996. No mesmo sentido, o STF: 1ª T., HC
59.657.1-SP, Rel. Min. Francisco Rezek, DJU, 18-6-1993; 2ª T., HC
70.657.6-MS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJU, 29-4-1994.).
Progressão de regime no crime de tortura: a questão do art. 1º, § 7º, da
Lei n. 9.455/97: pretendendo agravar a resposta penal daqueles que
viessem a cometer crime de tortura, a Lei n. 9.455/97, em seu art. 1º, §
7º, assim dispôs: "o condenado por crime previsto nesta Lei iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado". Ao empregar o verbo
"iniciará", o legislador, esquecendo-se de que a Lei dos Crimes
Hediondos, em seu art. 2º, § 1º, proibia totalmente a progressão de
regime, previu que o regime fechado seria apenas inicial, e não integral,
no caso da tortura. Com isso, enquanto os crimes hediondos, o
terrorismo e o tráfico de drogas continuam sendo cumpridos
integralmente no regime fechado, a tortura passou a admitir a passagem
para o semi-aberto e o aberto, dado que a pena somente começa a ser
cumprida no fechado. Tratando-se de lei especial, o benefício não pode
ser estendido para os outros crimes. No entanto, poderá surgir outra
posição, no seguinte sentido: se a tortura encontra-se prevista no mesmo
dispositivo constitucional do terrorismo, do tráfico de drogas e dos
crimes hediondos (art. 5º, XLIII), isso quer dizer que para o constituinte
todos são delitos de idêntica gravidade. Dito isso, violaria o princípio da
proporcionalidade conferir tratamento penal diferenciado e resposta penal
de diversa severidade para delitos que produzem o mesmo dano e
repulsa social. Daí por que, em face da nova Lei n. 9.455/97, a
progressão de regime passou a ser possível para todos os delitos
previstos na Lei n. 8.072/90. Embora não sej a esse o nosso
entendimento, já existe uma primeira decisão do Superior Tribunal de
Justiça nesse sentido (6ª T., REsp 140.617-GO, ReI. Min. Luiz Vicente
Cemicchiaro, j. 12-9-1997, unânime, Boletim n. 60, novembro de 1997,
do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.). Em sentido contrário,
afirmando que "a Lei n. 9.455/97 não derrogou o art. 2º, § 1º, da Lei n.
8.072/90", e que, portanto, continua proibida a progressão de regime
para os crimes hediondos, posicionou-se o Plenário do Supremo Tribunal
Federal (Cf. HC 76.371-SP, j. 25-3-1998, Informativo do STF, n.
104,23/27-3-1998, p. 1.). Esse, inclusive, é o teor da Súmula 698,
editada pelo STF em 14-10-2003: "Não se estende aos demais crimes
hediondos a admissibilidade de progressão no regime de execução da
pena aplicada ao crime de tortura".
Progressão nos crimes contra a administração pública: ficará
condicionada à reparação do dano causado ao erário, devidamente
atualizado e com todos os consectários legais, ou à devolução do
produto do crime (cf. Lei n. 10.763, de 12-11-2003). Desse modo, além
do cumprimento de 1/6 da pena e do bom comportamento carcerário,
requisitos impostos pelo art. 112 da Lei de Execução Penal, a nova
legislação, nos crimes contra a administração pública, acrescentou mais
um, consistente na recomposição do patrimônio público lesado.
Progressão por salto: consiste na passagem direta do regime fechado
para o aberto. Não é permitida pela LEP, a qual exige o cumprimento de
1/6 da pena no regime anterior. Por essa razão a lei vigente torna
obrigatória a passagem pelo regime intermediário (semi-aberto). Na
Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal, afirma-se claramente
que "se o condenado estiver no regime fechado não poderá ser
transferido diretamente para o regime aberto". Só há um caso em que a
jurisprudência admite a progressão de regime com salto: quando o
condenado já cumpriu 1/6 da pena no regime fechado, não consegue a
passagem para o semi-aberto por falta de vaga, permanece mais 1/6 no
fechado e acaba por cumprir esse 1/6 pela segunda vez. Nesse caso,
entende-se que, ao cumprir o segundo 1/6 no fechado, embora estivesse
de fato nesse regime, juridicamente se encontrava no semiaberto, não se
podendo alegar que houve, verdadeiramente, um salto. Convém observar
que o 1/6 cumprido pela segunda vez, conforme já decidiu o Supremo
Tribunal Federal, ao julgar o Habeas Corpus n. 69.975-S-RJ, Rel. Min.
Moreira Alves, "tem como base a pena imposta na sentença, que se está
executando, e não o tempo que resta a cumprir" (cf. DJU, 5-3-93, n.
43). Exemplo: o réu é condenado a 12 anos de reclusão; após o
cumprimento de 1/6 da pena, ou seja, 2 anos, tem direito a passar para o
regime semiaberto, desde que seu mérito autorize a progressão. Para
obter a passagem para o regime aberto, teria de cumprir mais 1/6. De
acordo com o entendimento do STF, esse período deve incidir sobre os
12 anos aplicados na sentença, e não sobre os 10 anos que restaram. Em
nosso entendimento, o segundo 1/6 deveria ser calculado pela pena
restante, ante o princípio de que pena cumprida é pena extinta (CP, art.
113).
Falta de vaga no regime semi-aberto: a alegação de falta de instituição
para cumprimento da pena no regime semi-aberto não autoriza ao
magistrado a oportunidade de conceder regime aberto ou prisão-albergue
domiciliar ao sentenciado que se encontra cumprindo pena em regime
fechado. A evolução do regime prisional fechado há que ser,
obrigatoriamente, para o regime semi-aberto, conforme gradação
estabelecida no art. 33, § 1º, do Código Penal (Nesse sentido: STJ, 5ª
T., REsp 447/89-SP, DJU, 25-9-1989, p. 14953, RSTJ, 21220; STF,
2ª T., RHC 66.506/89-SP, DJU, 10-3-1989, p. 3012.). Porém, o STJ
já vem admitindo decisões em sentido contrário, entendendo ser
problema atribuível ao Estado, não podendo o condenado responder
pela ineficiência do Poder Público (STJ, 6ª T., RHC, 2.238-7-RS, Rel.
Min. José Cândido, DJU, Seção I, 29-3-1993, p. 5267; 6ª T., RHC
1.731-SP, Rel. Min.Adhemar Maciel, DJU, Seção I, 8-3-1993, p. 3137;
5" T., RHC 2.443-8-SP, Rel. Min. Edson Vidigal, DJU, Seção I, 10-2-
1993, p. 3823; 6" T., RHC 2.641-1-RS, Rel. Min. Vicente Cemicchiaro,
DJU, Seção I, 14-6-1993, p. 11791; 6ª T., RHC 2.779-7-RS, Rel. Min.
Anse1mo Santiago, DJU, Seção I, 13-12-1993, p. 27488.).
Preso provisório e progressão de regime: a progressão é forma de
cumprimento da pena e pressupõe a execução penal, ou seja, que a
sentença condenatória tenha transitado em julgado. Assim, não tem
direito a ela, evidentemente, o preso provisório (Nesse sentido, STJ:
RJSTJ, 3/183; RT, 605/411, 610/338, 615/312 e 279,623/273.). No
entanto, há decisão do STF reconhecendo, por exceção, ser possível a
progressão provisória de regime prisional, desde que transitada em
julgado para a acusação a sentença condenatória e presentes os
requisitos para a progressão, inclusive o exame criminológico (STF, 2ª T,
HC 68.572, Rel. Min. Néri da Silveira, Lex, 159/263; STF, 1ª T, HC
72.565-1, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, D1U, Seção 1,5-5-1995, p.
11905. No mesmo sentido: STJ, 6ª T, RHC 3.647-8/RJ, Rel. Min.
Pedra Acioli, Ementário ST1, 10/675.). Em 14-10-2003, essa Corte
editou a Súmula 716, cujo teor é o seguinte: "Admite-se a progressão de
regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos
severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória". No mesmo sentido é o teor da Súmula 717: "Não impede
a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato de o réu encontrar-se em prisão especial".
Requisitos: a progressão de regime exige o preenchimento de dois
pressupostos:
a) objetivo: consiste no tempo de cumprimento de pena no regime
anterior (1/6 da pena). A cada nova progressão exige-se o requisito
temporal. O novo cumprimento de 1/6 da pena, porém,refere-se ao
restante da pena e não à pena inicialmente fixada na sentença (Nesse
sentido: STJ, 6' T, RHC 2.050-0/GO, Rel. Min. Vicente Cemicchiaro,
Ementário ST1, 6/657.);
b) subjetivo: compreende o bom comportamento, assim atestado pelo
diretor do estabelecimento carcerário. Bom comportamento significa o
preenchimento de uma série de requisitos de ordem pessoal, tais como a
autodisciplina, o senso de responsabilidade do sentenciado e o esforço
voluntário e responsável deste em participar do conjunto das atividades
destinadas a sua harmônica integração social, avaliado de acordo com
seu comportamento perante o delito praticado, seu modo de vida e sua
conduta carcerária.
"Habeas corpus" e progressão: a progressão do condenado de um regime
para outro menos rigoroso implica o exame de requisitos objetivos e
subjetivos e, via de conseqüência, a produção de provas, o que não é
possível fazer no procedimento sumário do habeas corpus (No mesmo
sentido: STJ, 5ª T, HC 468/SP, Rel. Min. Costa Lima, Ementário
ST1,4/592.).
Manifestação do Ministério Público e do defensor: o § 1º do art. 112 da
LEP, com a redação dada pela Lei n. 10.792/2003, determinou a
obrigatoriedade da manifestação prévia do Ministério Público e do
defensor, para a concessão de progressão de regime.
Regras do regime fechado: são as seguintes:
a) Exame criminológico: no início do cumprimento da pena, o condenado
será submetido a exame criminológico de classificação para
individualização da execução (cf. art. 34, caput, do CP e art. 8º, caput,
da LEP);
b) trabalho interno: fica sujeito ao trabalho interno durante o dia, de
acordo com suas aptidões ou ocupações anteriores à pena. O trabalho é
um direito social de todos (art. 6º da CF); o trabalho do condenado tem
finalidade educativa e produtiva (art. 28 da LEP); é remunerado, não
podendo tal remuneração ser inferior a 3/4 do salário mínimo (arts. 39 do
CP e 29 da LEP); o preso tem direito aos benefícios da Previdência
Social (arts. 39 do CP e 41, III, da LEP); não se sujeita o trabalho do
preso ao regime da CLT e à legislação trabalhista, uma vez que não
decorre de contrato livremente firmado com o empregador, sujeitando-se
a regime de direito público (cf. art. 28, § 2º, da LEP); o trabalho interno
é dever do preso (arts. 31 e 39, V, da LEP); a recusa deste ao trabalho
constitui falta grave (art. 50, VI, da LEP); o preso provisório não está
obrigado ao trabalho (art. 31, parágrafo único, da LEP); tampouco o
preso político (art. 200 da LEP); na atribuição do trabalho, deverão ser
levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades
futuras do preso (art. 32 da LEP); a jornada normal de trabalho não será
inferior a 6, nem superior a 8 horas, com descanso nos domingos e
feriados (art. 33 da LEP); serviços de conservação e manutenção do
estabelecimento penal podem ter horário especial (art. 33, parágrafo
único, da LEP); a cada 3 dias de trabalho, o preso tem direito a
descontar um dia de pena (instituto da remição - art. 126 da LEP); se já
vinha trabalhando, sofre acidente do trabalho e fica impossibilitado de
prosseguir, continuará o preso a beneficiar-se da remição (art. 126, § 2º,
da LEP); aplicada falta grave, o preso perderá direito a todo o tempo
remido (art. 127 da LEP); atividades exercidas por distração ou
acomodação não são consideradas trabalho, para fins de remição;
c) trabalho externo: é admissível o trabalho fora do estabelecimento
carcerário, em serviços ou obras públicas, desde que tomadas as cautelas
contra a fuga e em favor da disciplina (arts. 34, § 3º, do CP e 36 da
LEP). O limite máximo de presos corresponderá a 10% do total dos
empregados da obra (art. 36, § 1º, da LEP); o trabalho externo confere
os mesmos direitos do trabalho interno; exige o preenchimento dos
seguintes requisitos: aptidão, disciplina, responsabilidade e cumprimento
de 1/6 da pena; é indispensável o exame criminológico antes de autorizar
o trabalho externo, pois não existe outro meio de avaliar se o condenado
preenche os requisitos subjetivos para o benefício; o trabalho externo
depende de autorização administrativa do diretor do estabelecimento.
Regime disciplinar diferenciado: o art. 52 da LEP, com a redação
determinada pela Lei n. 10.792, de 1º de dezembro de 2003,
estabeleceu o chamado regime disciplinar diferenciado, para o
condenado definitivo e o preso provisório que cometerem crime doloso
capaz de ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas. Tal regime
consistirá no recolhimento em cela individual; visitas de duas pessoas, no
máximo (sem contar as crianças), por duas horas semanais; e duas horas
de banho de sol por dia, pelo prazo máximo de 360 dias, sem prejuízo da
repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite
de 1/6 da pena aplicada. Aplicase também esse regime ao condenado ou
preso provisório, nacional ou estrangeiro, que apresente alto risco para a
ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade, ou,
ainda, sobre os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento com
organizações criminosas, quadrilha ou bando (cf. art. 52, §§ 1º e 2º, da
LEP com a redação determinada pela Lei n. 10.792/2003).
"A autorização para inclusão do preso em regime disciplinar dependerá
de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do
estabelecimento ou outra autoridade administrativa" (art. 54, § 1º, de
acordo com a redação determinada pela Lei n. 10.792/2003). Essa
sanção disciplinar somente poderá ser aplicada por prévio e
fundamentado despacho do juiz competente (art. 54, caput, com a
redação determinada pela Lei n. 10.792/ 2003). Não se trata, portanto,
de decisão meramente administrativa. Exigese, finalmente, que o ato
judicial de inclusão nesse regime seja precedido de manifestação do
Ministério Público e da defesa, devendo a decisão ser prolatada no prazo
máximo de 15 dias (art. 54, § 2º, de acordo com a Lei n. 10.792/2003).
Mencione-se que o parágrafo único do art. 87 da LEP (de acordo com a
Lei n. 10.792/2003) previu que a União Federal, os Estados, o Distrito
Federal e os Territórios poderão construir penitenciárias destinadas,
exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em
regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do
art. 52 da LEP.
Dispôs o art. 5º da Lei n. 10.792/2003 que: "Nos termos do disposto no
inciso I do art. 24 da Constituição da República, observados os arts. 44
a 60 da Lei n. 7.210, de 11 de junho de 1984, os Estados e o Distrito
Federal poderão regulamentar o regime disciplinar diferenciado, em
especial para:
I - estabelecer o sistema de rodízio entre os agentes penitenciários que
entrem em contato direto com os presos provisórios e condenados; II -
assegurar o sigilo sobre a identidade e demais dados pessoais dos
agentes penitenciários lotados nos estabelecimentos penais de segurança
máxima; III - restringir o acesso dos presos provisórios e condenados
aos meios de comunicação de informação; IV - disciplinar o
cadastramento e agendamento prévio das entrevistas dos presos
provisórios ou condenados com seus advogados, regularmente
constituídos nos autos da ação penal ou processo de execução criminal,
conforme o caso; V - elaborar programa de atendimento diferenciado
aos presos provisórios e condenados, visando a sua reintegração ao
regime comum e recompensando-lhes o bom comportamento durante o
período de sanção disciplinar".
Por se tratar de regra referente a disciplina interna do presídio, tem
caráter processual e, portanto, aplica-se aos fatos anteriores à vigência
da Lei n. 10.792/2003.
Convém, finalmente, mencionar que há posicionamento no sentido da
inconstitucionalidade do regime disciplinar diferenciado. Com efeito,
assinala Maurício Kuehne, "Como se observa, o dispositivo (inciso V)
não constava da Lei n. 7.210/84 e é o que tem sido alvo de críticas,
assim como de inconstitucionalidade flagrante. Com efeito, os estudos na
órbita do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciáriaprosseguiram, e através da Resolução n. 8, de 10 de agosto de 2004,
publicada no Diário Oficial de 18 de agosto de 2004, seção I, p. 70,
acolheu-se como Diretriz de Política Penitenciária, recomendando sua
adoção, o Parecer contrário à instituição do RDD - Regime Disciplinar
Diferenciado, efetivado pela Lei n. 10.792, de 1º de dezembro de 2003.
O Parecer em questão foi publicado no site http://www.mj.gov.br/cnpcp.
Importante ressaltar que no parecer emitido pelo Colegiado, que teve
como relator o Conselheiro Carlos Weis, a parte conclusiva está vazada
nos seguintes termos: 'Diante do quadro examinado, do confronto das
regras instituídas pela Lei n. 10.792/03 atinentes ao Regime Disciplinar
Diferenciado, com aquelas da Constituição Federal, dos Tratados
Internacionais de Direitos Humanos e das Regras Mínimas das Nações
Unidas para o Tratamento de Prisioneiros, ressalta a incompatibilidade da
nova sistemática em diversos e centrais aspectos, como a falta de garantia
para a sanidade do encarcerado e duração excessiva, implicando
violação à proibição do estabelecimento de penas, medidas ou
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, prevista nos instrumentos
citados. Ademais, a falta de tipificação clara das condutas e a ausência de
correspondência entre a suposta falta disciplinar praticada e a punição
decorrente revelam que o RDD não possui natureza jurídica de sanção
administrativa, sendo, antes, uma tentativa de segregar presos do restante
da população carcerária, em condições não permitidas pela legislação"
(Cf. Maurício Kuehne, Direito penal e processual penal, Revista
Magister, cit., p. 10.). Entendemos não existir nenhuma
inconstitucionalidade em implementar regime penitenciário mais rigoroso
para membros de organizações criminosas ou de alta periculosidade, os
quais, de dentro dos presídios, arquitetam ações delituosas e até
terroristas. É dever constitucional do Estado proteger a sociedade e
tutelar com um mínimo de eficiência o bem jurídico. É o princípio da
proteção do bem jurídico, pelo qual os interesses relevantes devem ser
protegidos de modo eficiente. O cidadão tem o direito constitucional a
uma administração eficiente (CF, art. 37, caput). Diante da situação de
instabilidade institucional provocada pelo crescimento do crime
organizado, fortemente infiltrado no sistema carcerário brasileiro, de onde
provém grande parte de crimes contra a vida, a liberdade e o patrimônio
de uma sociedade cada vez mais acuada, o Poder Público tem a
obrigação de tomar medidas, no âmbito legislativo e estrutural, capazes
de garantir a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito.
Prova da importância que nossa CF confere a tais valores encontra-se no
seu art. 5º, caput, garantindo a todos a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como no inciso
XLIV desse mesmo artigo, o qual considera imprescritíveis as ações de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático. Assim, cediço de que não existem garantias
constitucionais absolutas, e que essas devem se harmonizar, formando um
sistema equilibrado.
Regras do regime semi-aberto: são elas:
a) exame criminológico: o Código Penal dispõe que é necessária a sua
realização antes do ingresso nesse regime (CP, art. 35), mas a LEP prevê
que tal exame não será obrigatório, podendo ou não ser realizado (art.
8º, parágrafo único). Diante da indisfarçável contradição entre o art. 35
do Código Penal - que estabelece ser compulsório e imprescindível o
exame criminológico para que o detento ingresse no regime semi-aberto -
e o parágrafo único do art. 8º da Lei n. 7.210/84 - que dispõe,
expressamente, ser facultativo tal procedimento, ao usar o vocábulo
"poderá" -, deve prevalecer a regra da Lei de Execução Penal, que é
posterior, dado que o direito material sempre precede ao formal;
b) trabalho: segue as mesmas regras do regime fechado, dando direito
também à remição, com a diferença de que é desenvolvido no interior da
colônia penal, em maior liberdade do que no estabelecimento carcerário;
c) autorizações de saída: são benefícios aplicáveis aos condenados em
regime fechado ou semi-aberto e subdividem-se em permissão de saída e
saída temporária;
d) Permissão de saída: conforme preceitua o art. 120 da LEP, "os
condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os
presos provisórios poderão obter permissão para sair do
estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes
fatos:
a) falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente,
descendente ou irmão;
b) necessidade de tratamento médico".
O parágrafo único desse dispositivo confere a atribuição para conceder a
permissão de saída ao diretor do estabelecimento onde se encontra o
preso. Trata-se, portanto, de medida meramente administrativa. De
acordo com o disposto no art. 121 da LEP, "a permanência do preso
fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída".
Entretanto, como bem enfatiza Julio Fabbrini Mirabete, "nada impede que
o juiz da execução, tendo a competência administrativa originária para as
autorizações de saída (art. 66, VI), possa conceder a permissão"
(Execução penal, cit., p. 303.), em caso de injusta recusa por parte da
autoridade administrativa.
e) saída temporária: conforme o art. 122 da LEP, "os condenados que
cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para
saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes
casos:
a) visita à família;
b) freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução
do segundo grau ou superior, na comarca do juízo da execução;
c) participação em atividades que concorram para o retomo ao convívio
social".
A saída temporária não se aplica ao preso em regime fechado, tendo em
vista a natureza mais reclusa dessa forma de cumprimento de pena,
incompatível com a liberação sem vigilância, ainda que temporária.
Também não deverá ser concedida na hipótese de regime aberto, uma
vez que o condenado não precisa sair, pois já está em liberdade durante
todo o dia. Em sentido contrário, o Ministro Celso de Mello manifestou
entendimento no sentido da possibilidade, em despacho publicado no
Diário da Justiça, Seção I, 3-8-95, p. 22277, no qual salientou: " ... a
recusa desse benefício ao preso albergado constituiria contradictio in
terminis, pois conduziria a uma absurda situação paradoxal, eis que o que
cumpre pena em regime mais grave (semi-aberto) teria direito a um
benefício legal negado ao que, precisamente por estar em regime aberto,
demonstrou possuir condições pessoais mais favoráveis de reintegração à
vida comunitária". Finalmente, não se admite saída temporária para o
preso provisório, pois ele não é "condenado", nem "cumpre pena em
regime semi-aberto". Sua prisão tem natureza cautelar e a ele não se
aplicam direitos e deveres próprios de quem se encontra cumprindo
pena.
Ao contrário do que ocorre com as permissões de saída (art. 120), nas
saídas temporárias a lei permite a saída "sem vigilância direta", isto é, sem
escolta.
Dispõe o art. 123 da LEP que a autorização será concedida por ato
motivado do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a
administração penitenciária, e dependerá da satisfação dos seguintes
requisitos:
comportamento adequado;
cumprimento mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário, e 1/4,
se reincidente;
c) compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. A
competência para conceder a saída temporária é do juiz da execução,
como já previsto no art. 66, IV, da LEP.
Com isso, cumpre observar que a competência para conceder a saída
temporária é do juiz da execução, nos termos dos arts. 66, IV, e 123,
caput, da LEP, tratando-se, portanto, de ato jurisdicional, que pressupõe
motivação da decisão e prévia manifestação do sentenciado e do
representante do Ministério Público.
No que toca à exigência de o condenado cumprir 1/6 da pena, se
primário, e 1/4, se reincidente, necessárioressaltar que, se o preso veio
do regime fechado, onde já cumpriu 1/6 para a progressão, esse período
será computado para fins de obtenção da saída temporária, sendo
desnecessário cumpri-Io novamente no regime semi-aberto para ter
direito à saída temporária. Nesse sentido, a Súmula 40 do Superior
Tribunal de Justiça: "Para obtenção dos benefícios de saída temporária e
trabalho externo, considerase o tempo de cumprimento da pena no
regime fechado".
Exigem-se, ainda, comportamento adequado e compatibilidade do
benefício com os objetivos da pena (incs. I e III).
Estabelece o art. 124 da LEP que a autorização será concedida por
prazo não superior a 7 dias, podendo ser renovada por mais quatro vezes
durante o ano, mas o parágrafo único deste artigo ressalta que "quando
se tratar de freqüência a curso profissionalizante, de instrução de segundo
grau ou superior, o tempo da saída será o necessário para o cumprimento
das atividades discentes", até porque dificilmente haveria um curso de
apenas 7 dias de duração, por quatro vezes ao ano.
Dispõe o art. 125 da LEP que o benefício será automaticamente
revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso,
for punido por falta grave, desatender as condições impostas na
autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. Sendo
automática a revogação, o juízo da execução poderá determiná-Ia ex
officio, mesmo sem prévio requerimento do Ministério Público.
Seu parágrafo único assegura que a recuperação do direito à saída
temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento
da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do
condenado.
f) Remição: é o direito que o condenado em regime fechado ou
semiaberto tem de, a cada 3 dias de trabalho, descontar um dia de pena.
Deve-se atentar para o fato de que a lei não fala em "remissão", pois não
quer dar a idéia de perdão ou indulgência ao preso, mas em "remição",
visto que se trata de um verdadeiro pagamento: o condenado está
pagando um dia de pena com 3 de trabalho.
O preso que pretende trabalhar, mas não consegue porque o
estabelecimento não lhe oferece condições (como no caso de cadeias
superlotadas), não tem direito ao desconto, pois a mera vontade de
trabalhar não passa de um desejo, uma boa intenção, uma mera
expectativa de direito. Para ter acesso ao benefício é imprescindível o
efetivo trabalho.
Somente em um caso o preso terá direito a remir o tempo de pena sem
trabalhar: quando sofre um acidente de trabalho e fica impossibilitado de
prosseguir (LEP, art. 126, § 2º).
"A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvido o Ministério
Público" (LEP, art. 126, § 3º). Somente pode ser considerada, para os
fins de remição, a jornada completa de trabalho, ou seja, aquele que
trabalhar menos de 6 horas em um dia não terá direito ao desconto; por
outro lado, não é possível ao condenado aproveitar o que exceder a 8
horas de trabalho em um dia.
"O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo
remido, começando o novo período a partir da data da infração
disciplinar" (LEP, art. 127). Convém notar que, se o juiz da execução já
tiver concedido a remição e não couber mais recurso, o condenado não
perderá o tempo remido.
O tempo remido será computado para fins de livramento condicional
(LEP, art. 128).
Regras do Regime Aberto
a) Requisitos: exige-se autodisciplina e senso de responsabilidade do
condenado (CP, art. 36), somente podendo ingressar nesse regime se
estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-Io, apresentar
mérito para a progressão e aceitar as condições impostas pelo juiz (LEP,
arts. 113 e 114). O pressuposto para o ingresso no regime aberto é a
aceitação pelo condenado do seu programa e das condições impostas
pelo juiz. Caso o condenado se recuse expressamente a aceitá-Ios ou se
deduza, por seu comportamento, que não os aceita, não se lhe pode
conceder a progressão. O programa a que se refere tal dispositivo é o
estabelecido na lei federal ou local para a prisão-albergue ou outra
espécie de regime aberto.
b) Condições: podem ser gerais ou obrigatórias, e especiais. As
condições gerais e obrigatórias são aquelas previstas no art. 115, I a IV,
da LEP, as quais devem obrigatoriamente ser impostas pelo juiz. São
elas: a) permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos
dias de folga; b) sair para o trabalho e retomar nos horários fixados; c)
não se ausentar da cidade onde reside sem autorização judicial; d)
comparecer a juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando
for determinado. Além destas, de incidência obrigatória, o juiz da
execução, se quiser, poderá impor outras a seu critério. São as chamadas
condições especiais, afetas ao juízo discricionário do juiz da execução.
Prevê o art. 116 da LEP a possibilidade de o juiz modificar as condições
estabelecidas, de ofício, a requerimentó do Ministério Público, da
autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias
assim o recomendem. As condições especiais são as que o juiz pode
estabelecer, segundo seu prudente arbítrio, levando em conta a natureza
do delito e as condições pessoais do autor. Exemplo: proibição
defreqüentar determinados lugares (casas de bebidas, certas reuniões,
espetáculos ou diversões públicas); não trazer armas ou instrumentos
capazes de ofender a integridade corporal de outrem etc.
c) Casa do Albergado: destina-se ao cumprimento da pena privativa de
liberdade em regime aberto (LEP, art. 93).
d) Prisão-Albergue Domiciliar: a Lei de Execução Penal, em seu art. 117,
criou uma nova modalidade de prisão domiciliar, qual seja, a relativa ao
cumprimento de pena imposta por decisão transitada em julgado. Com
efeito, estabeleceu as hipóteses em que o condenado em regime aberto
pode recolher-se em sua própria residência, em vez da Casa do
Albergado: a) condenado maior de 70 anos; b) condenado acometido de
doença grave; c) condenada gestante; d) condenada com filho menor ou
deficiente físico ou mental. Observe-se que na primeira hipótese a idade a
que se refere a lei é a do momento da execução. No tocante à última
hipótese, a prisão-albergue domiciliar também poderá ser estendida ao
sentenciado do sexo masculino, por aplicação analógica.
e) Inexistência de Casa do Albergado na comarca: dispõe o art. 117 que
somente se admitirá o recolhimento em residência particular quando se
tratar de condenado que esteja em uma das situações estabelecidas no
referido dispositivo: condenado maior de setenta anos, acometido de
doença grave, condenada gestante, condenada com filho menor ou
deficiente físico ou mental. A inexistência de vaga na comarca não se
encontra elencada entre as hipóteses legais autorizadoras da prisão
domiciliar, nem tampouco é hipótese assemelhada a uma daquelas, de
maneira que não se pode falar em aplicação do dispositivo por analogia,
que, como se sabe, só é possível entre casos semelhantes. Por essa
razão, o condenado deve ser recolhido à cadeia pública ou outro presídio
comum, em local adequado, e não deixado em inteira liberdade (Nesse
sentido: STF, 1ª T., HC 73.207-1, ReI. Min. Octavio Gallotti, DJU,
Seção I, 17-10-1995, p. 34747.). O STJ, no entanto, vem se
posicionando em sentido contrário, entendendo que o condenado não
pode ser punido pela ineficiência do Estado (323. RISTJ, 2/325, 3/201,
9/243, 13/137, 17/208, 20/202, 23/232, 24/236; e RT, 610/367,
613/318, 644/296-7, 645/269 e 283, 648/289, 650/278, 651/271,
652/364, 653/315-6 e 377, 654/286.). O argumento principal é o de que
a LEP fixou o prazo de 6 meses, a contar da sua publicação, para que
tivesse sido providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios
para instalação de Casas do Albergado em número suficiente para
possibilitar o ingresso no regime aberto de todos os condenados que a
ele fizessem jus (LEP, art. 203, § 2º). Como, passados quase 20 anos,
praticamente nada foi providenciado, não há como obrigar o executado a
arcar com a incúria do Poder Público.
Regressão de regime: é a voltado condenado ao regime mais rigoroso,
por ter descumprido as condições impostas para ingresso e permanência
no regime mais brando. Embora a lei vede a progressão por salto (saltar
diretamente do fechado para o aberto), é perfeitamente possível regredir
do aberto para o fechado, sem passar pelo semi-aberto. Do mesmo
modo, a despeito de a pena de detenção não comportar regime inicial
fechado, ocorrendo a regressão, o condenado poderá ser transferido
para aquele regime.
As hipóteses de regressão são as seguintes:
a) prática de fato definido como crime doloso: em se tratando de delito
culposo ou de contravenção, a regressão ficará a critério do juízo da
execução;
b) prática de falta grave: graves são as faltas relacionadas no art. 50 da
LEP, dentre as quais destaca-se a fuga. Embora não tipifique crime, a
fuga é uma grave violação dos deveres disciplinares do condenado,
ensejando punições na órbita administrativa. Nesse sentido, já decidiu o
Superior Tribunal de Justiça: "Constituindo a fuga falta grave que autoriza
a regressão para regime mais rigoroso (LEP, arts. 50 e 118, I), pode o
Juiz das execuções determinar cautelarmente a suspensão do regime
semi-aberto em que se encontrava o apenado, sem prejuízo do seu
direito de ser posteriormente ouvido antes da decisão final de regressão
para o regime fechado (LEP, art. 118, parágrafo 2º)" (5ª T., REsp
53.817-0/RJ, Rel. Min. Edson Vidiga1, Ementário STJ, 16/476.);
c) sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante
da pena em execução, torne incabível o regime (art. 111);
d) frustrar os fins da execução, no caso de estar em regime aberto: isso
ocorre quando o condenado assume uma conduta que demonstre
incompatibilidade com o regime aberto. Exemplo: abandonar o emprego.
Essa hipótese é mais abrangente do que a prevista no item b;
e) não-pagamento da multa cumulativa, no caso de regime aberto: tal
hipótese foi revogada pela Lei n. 9.268, de 1º de abril de 1996, que
considerou a multa como dívida de valor para fins de cobrança, sem
qualquer possibilidade de repercutir negativamente o seu não pagamento,
no direito de liberdade do condenado.
Direitos do Preso: o preso conserva todos os direitos não atingidos pela
condenação (CP, art. 38, e LEP, art. 3º).
Exposição de Motivos da LEP: "É comum, no cumprimento das penas
privativas de liberdade, a privação ou a limitação de direitos inerentes ao
patrimônio jurídico do homem não alcançados pela sentença
condenatória. Essa hipertrofia da punição não só viola medida da
proporcionalidade, como se transforma em poderoso fator de
reincidência, pela formação de focos criminógenos que propicia". A LEP
preocupou-se em assegurar ao condenado todas as condições para a
harmônica integração social, por meio de sua reeducação e da
preservação de sua dignidade (cf. princípio contido no art. 1º da LEP).
Direito à vida: é o direito de não ter interrompido o processo vital, senão
pela morte espontânea e inevitável (José Afonso da Silva, Curso de
direito constitucional, São Paulo, Revista dos Tribunais, p. 177.). A
Constituição tutela a vida como o mais importante bem do homem,
proibindo a pena de morte, salvo em casos de guerra declarada.
A proibição à pena capital constitui limitação material explícita ao poder
de emenda (cláusula pétrea - núcleo constitucional intangível), nos termos
do art. 60, § 4º, IV, da Constituição Federal. Se a Constituição proíbe a
imposição da pena de morte ao condenado, mesmo após o devido
processo legal, o Estado deve garantir a vida do preso durante a
execução da pena.
Direito à integridade física e moral: está garantido nos seguintes
dispositivos:
a) CF, art. 5º, III: "Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante";
b) CF, art. 5º, XLIX: "É assegurado aos presos o respeito à integridade
física e moral";
c) LEP, art. 3º, e art. 38 do CP: vide supra;
d) LEP, art. 40: "Impõe-se a todas as autoridades o respeito à
integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios".
Direito à igualdade: na Constituição e na LEP:
a) CF, art. 5º, caput e inciso I: princípio da isonomia (todos merecem
tratamento igualitário perante a lei);
b) CF, art. 3º, IV: "A República Federativa do Brasil tem por objetivo
fundamental promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação";
c) LEP, art. 2º, parágrafo único: veda discriminações quanto ao preso
provisório e aos condenados de outras jurisdições;
d) LEP, art. 3º, parágrafo único: "Não haverá qualquer distinção de
natureza racial, social, religiosa ou política";
e) LEP, art. 41, XII: todo preso tem direito à igualdade de tratamento;
f) LEP, art. 42: o preso provisório e o internado têm os mesmos direitos
do condenado.
Direito de propriedade: direito subjetivo de gozar, fruir e dispor do bem,
oponível a todas as demais pessoas (novo CC, art. 1.228 e parágrafos).
Está resguardado na Constituição como direito fundamental de todos (art.
5º, XXII, XXVII, XXVIII, XXIX e XXX) e consagrado como
pressuposto básico da ordem econômica (art. 170, II).
Na LEP há menções expressas ao direito de propriedade nos arts. 29, §
2º, e 41, IV (direito à formação de pecúlio).
Direito à liberdade de pensamento e convicção religiosa: também
garantido na CF e na LEP:
a) CF, arts. 5º, IV, VI, VII, VIII e IX, e 220;
b) LEP, art. 24 e parágrafos: o preso tem direito à assistência religiosa,
mas nenhum preso poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa
ou culto.
Direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e
imagem: nos seguintes dispositivos:
a) CF, art. 5º, X;
b) LEP, art. 39, III: direito a ser tratado com urbanidade pelos
companheiros;
c) LEP, art. 41, VIII: direito do preso à proteção contra qualquer forma
de sensacionalismo;
d) LEP, art. 41, XI: direito a ser chamado pelo próprio nome.
Direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
abuso de poder: sobre ele dispõem:
a) CF, art. 5º, XXXIV, a: direito de petição e representação;
b) CF, art. 5º, XXXIV, b: direito à obtenção de certidões para defesa de
direito;
c) LEP, art. 41, XIV: garantia que todo preso tem de representar e
peticionar para resguardo de seus direitos.
Direito à assistência jurídica: garantido na Constituição e na LEP:
a) CF, art. 5º, LXXIV: "O Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos";
b) LEP, arts. 11, III, 15 e 16 e 41, IX, c/c o art. 7º, III, da Lei n.
8.906/94.
Direito à educação e à cultura: está nos seguintes dispositivos:
a) CF, art. 205: a educação é direito de todos e dever do Estado;
b) CF, art. 215: o Estado deve garantir a todos o pleno exercício dos
direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional;
c) LEP, art. 11, IV: todo preso tem direito à assistência educacional;
d) LEP, arts. 17 a 21: a assistência educacional compreende a formação
profissional do preso e a instrução escolar obrigatória de primeiro grau
(CF, art. 208, I).
Direito ao trabalho remunerado: vide art. 29 e §§ da LEP.
Direito à indenização por erro judiciário: na Constituição e no Código de
Processo Penal:
a) CF, art. 5º, LXXV;
b) CPP, art. 630.
Direito à alimentação, vestuário e alojamento com instalações higiênicas:
LEP, arts. 12 e 13.
Direito de assistência à saúde: LEP, art. 14 e parágrafos.
Direito à assistência social: LEP, art. 22.
Direito à individualização da pena: garantido na CF, na LEP e no CP:
a) CF, art. 5º, XLI, XLVI, XLVIII e L;
b) LEP: arts. 5º, 6º, 8º, 9º, 19 e seu parágrafo único, 32, §§ 2º e 3º, 33,
parágrafo único, 41, XII, parte final, 57, 82, §§ 1º e 2º, 86, § 1º, 110,
112, 114 e incisos, 117 e incisos, 120 e 121, 122 a 125;
c) CP, art. 59.
Direito de receber visitas: LEP, art. 41, X. Esse direito pode ser limitado
por ato motivado do diretor do estabelecimento ou do juiz, não
constituindo direito absoluto do reeducando, nos termos do parágrafo
único do art. 41. O regime disciplinar diferenciado, imposto para ocondenado definitivo ou preso provisório que cometerem crime doloso
capaz de subverter a ordem e disciplina internas, ou para presos de alto
risco, autoriza a restrição das visitas pelo prazo de duas horas semanais
no máximo, por apenas duas pessoas visitantes, não incluídas aí as
crianças.
Direitos políticos: CF, art. 15, III: a condenação transitada emjulgado
acarreta a suspensão dos direitos políticos enquanto durarem seus efeitos.
O art. 15, III, da CF é auto-executável, sendo desnecessária a norma
regulamentadora, contrariamente ao que ocorria com o antigo texto
constitucional (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal anotado, São
Paulo, Saraiva, p. 222). A suspensão dos direitos políticos ocorre mesmo
no caso de concessão de sursis, já que se trata de efeito extrapenal
automático e genérico da condenação, que independe da execução ou
suspensão condicional da pena principal.
A perda de mandato eletivo decorre de condenação por crime praticado
com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração
Pública quando a pena for igualou superior a 1 ano ou, nos demais casos,
quando a pena for superior a 4 anos (redação determinada pela Lei n.
9.268/96). Trata-se de efeito extrapenal específico que precisa ser
motivadamente declarado na sentença.
Superveniência de Doença Mental: o condenado deve ser transferido
para hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (CP, art. 41), e a pena
poderá ser substituída por medida de segurança (LEP, art. 183).
Caracteriza constrangimento ilegal a manutenção do condenado em
cadeia pública quando for caso de medida de segurança.
Atenção: sobrevindo doença mental, opera-se a transferência do preso
para hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, porém, caso não seja
instaurado incidente de execução para conversão da pena em medida de
segurança, ele continuará cumprindo pena e, ao término dela, deverá ser
liberado, mesmo que não tenha recobrado a higidez mental. Da mesma
forma, após o cumprimento da pena, não mais poderá ser instaurado
incidente para transformação em medida de segurança. A única solução é
fazer a transferência, e, caso seja constatado o caráter duradouro da
perturbação mental, proceder-se-á à conversão em medida de
segurança.
Detração penal
Conceito: é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de
segurança, do tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o
de prisão administrativa e o de internação em hospital de custódia e
tratamento ou estabelecimento similar.
Pena privativa de liberdade: a interpretação literal do dispositivo que trata
da detração nos leva à conclusão de que somente será possível a
aplicação da detração nas penas privativas de liberdade, dado que a lei
não menciona nem a pena de multa, nem as restritivas de direitos. No
caso das restritivas, porém, o óbice não parece justificável, conforme
veremos a seguir.
Juízo da Execução: a detração é matéria de competência exclusiva do
juízo da execução, nos termos do art. 66, III, c, da LEP. Não cabe,
portanto, ao juiz da condenação aplicá-Ia desde logo, para poder fixar
um regime de pena mais favorável ao acusado, até porque estar-se-ia
dando início ao cumprimento da pena em dado regime antes de se
conhecer a pena definitiva.
Prisão Provisória: é o tempo em que o réu esteve preso em flagrante, por
força de prisão preventiva ou de prisão temporária, de sentença
condenatória recorrível ou de pronúncia.
Detração em pena de multa: não é admitida. Anteriormente à Lei n.
9.268/96, que proibiu a conversão da multa em detenção, havia
entendimento no sentido da possibilidade, com fundamento na eventual
conversão da pena pecuniária em detenção, no caso de não-pagamento
ou fraude à execução. Assim, se, por exemplo, 30 dias-multa equivaliam
a 30 dias de detenção, na hipótese de conversão, nada obstaria se
descontasse desses 30 dias-multa o tempo de prisão provisória,
abatendo-se, desde logo, esse período dos 30 dias de detenção que
seriam aplicados caso o condenado não pagasse a multa ou frustrasse a
sua execução. Com a nova lei, a discussão perdeu interesse, pois
desapareceu o argumento que justificava a detração.
Detração e "Sursis": não é possível. O sursis é um instituto que tem por
finalidade impedir o cumprimento da pena privativa de liberdade. Assim,
impossível a diminuição de uma pena que nem sequer está sendo
cumprida, por se encontrar suspensa. Observe-se, porém, que, se o
sursis for revogado, a conseqüência imediata é que o sentenciado deve
cumprir integralmente a pena aplicada na sentença, e nesse momento
caberá a detração, pois o tempo de prisão provisória será retirado do
tempo total da pena privativa de liberdade.
Detração em penas restritivas de direitos: como o CP somente fala em
detração na hipótese de pena privativa de liberdade, a interpretação
literal do texto poderia levar à conclusão de que o benefício não deveria
ser estendido à pena restritiva de direitos. Deve-se considerar, no
entanto, que, se a lei admite o desconto do tempo de prisão provisória
para a pena privativa de liberdade, beneficiando quem não fez jus à
substituição por penalidade mais branda, refugiria ao bom senso impedi-
Io nas hipóteses em que o condenado merece tratamento legal mais
tênue, por ter satisfeito todas as exigências de ordem objetiva e subjetiva.
Quando se mantém alguém preso durante o processo, para, ao final,
aplicar-lhe pena não privativa de liberdade, com ainda maior razão não
deve ser desprezado o tempo de encarceramento cautelar. Além disso, a
pena restritiva de direitos substitui a privativa de liberdade pelo mesmo
tempo de sua duração (CP, art. 55), tratando-se de simples forma
alternativa de cumprimento da sanção penal, pelo mesmo período. Assim,
deve ser admitida a detração. Exemplo: o agente é condenado a 8 meses
de detenção, os quais vêm a ser substituídos pelo mesmo tempo de
prestação de serviços à comunidade. Se o tempo de prisão provisória
pode ser descontado dos 8 meses de detenção, não há razão lógica que
impeça tal desconto nos 8 meses da pena restritiva aplicada em
substituição.
Prisão provisória em outro processo: é possível descontar o tempo de
prisão provisória de um processo, cuja sentença foi absolutória, em outro
processo de decisão condenatória? Há três posições:
a) sim, desde que o crime pelo qual o réu foi condenado tenha sido
praticado antes da prisão no processo em que o réu foi absolvido, para
evitar que o agente fique com um crédito para com a sociedade;
b) sim, desde que o crime pelo qual houve condenação tenha sido
anterior à absolvição no outro processo;
c) sim, desde que haja conexão ou continência entre os crimes dos
diferentes processos.
Nossa posição: a primeira. É possível a detração penal em processos
distintos, ainda que os crimes não sejam conexos, de acordo com o que
dispõe a LEP, art. 111. A Constituição da República, em razão da
magnitude conferida ao status libertatis (CF, art. 5º, XV), inscreveu no rol
dos direitos e garantias individuais regra expressa que obriga o Estado a
indenizar o condenado por erro judiciário ou quem permanecer preso por
tempo superior ao fixado na sentença (CF, art. 5º, LXXV), situações
essas equivalentes à de quem foi submetido a prisão processual e
posteriormente absolvido.
Em face desse preceito constitucional, o art. 42 do Código Penal e o art.
111 da Lei das Execuções Penais devem ser interpretados de modo a
abrigar a tese de que o tempo de prisão provisória, imposta em processo
no qual o réu foi absolvido, seja computado para a detração de pena
imposta em processo relativo a crime anteriormente cometido (Nesse
sentido: 6" T., REsp 61.899-I-SP, Rel. Min. Vicente Leal, unânime,
DJU, 3-6-1996.).
Detração para fins de prescrição: pode ser aplicada calculando-se a
prescrição sobre o restante da pena. Exemplo: o sujeito ficou preso
provisoriamente por 60 dias. Desconta-se esse período da pena aplicada
e calculase a prescrição em função do que resta a ser cumprido. Em
sentido contrário, entendendo que a norma inscrita no art. 113 do Código
Penalnão admite que se desconte da pena in concreto, para efeitos
prescricionais, o tempo em que o réu esteve provisoriamente preso (STF,
1º T., HC 69. 865-4-PR, Rel. Min. Celso de Mello, DJU, Seção I, 2-2-
1993, p.255532.).
Medida de segurança: admite-se detração do tempo de prisão provisória
em relação ao prazo mínimo de internação. O exame de cessação da
periculosidade, portanto, será feito após o decurso do prazo mínimo
fixado, menos o tempo de prisão provisória.
Fundamentação: a decisão que concede a detração penal precisa ser
fundamentada, sob pena de nulidade, por força de exigência
constitucional (CF, art. 93, IX).
STJ, 6" T., REsp 61.899-I-SP, Rel. Min. Vicente Leal, unânime, DJU,
3-6-1996.
STF, 1º T., HC 69. 865-4-PR, Rel. Min. Celso de Mello, DJU, Seção
I, 2-2-1993, p.255532.
Silva, José Afonso da, Curso de direito constitucional, São Paulo,
Revista dos Tribunais.
STF, 1ª T., HC 73.207-1, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJU, Seção I,
17-10-1995.
RISTJ, 2/325, 3/201, 9/243, 13/137, 17/208, 20/202, 23/232, 24/236;
e RT, 610/367, 613/318, 644/296-7, 645/269 e 283, 648/289,
650/278, 651/271, 652/364, 653/315-6 e 377, 654/286.
STJ, 5ª T., REsp 53.817-0/RJ, ReI. Min. Edson Vidiga1, Ementário
STJ, 16/476.
Maurício Kuehne, Direito penal e processual penal, Revista
Magister.
STF, 2ª T, HC 68.572, Rel. Min. Néri da Silveira, Lex, 159/263.
STF, 1ª T, HC 72.565-1, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, D1U, Seção
1,5-5-1995, p. 11905.
STJ, 6ª T, RHC 3.647-8/RJ, Rel. Min. Pedra Acioli, Ementário ST1,
10/675.
STJ, 6' T, RHC 2.050-0/GO, ReI. Min. Vicente Cemicchiaro,
Ementário ST1, 6/657.
STJ, 5ª T, HC 468/SP, ReI. Min. Costa Lima, Ementário ST1,4/592.
STJ, 5ª T., REsp 447/89-SP, DJU, 25-9-1989, p. 14953, RSTJ, 21220
STF, 2ª T., RHC 66.506/89-SP, DJU, 10-3-1989, p. 3012.
STJ, 6ª T., RHC, 2.238-7-RS, Rel. Min. José Cândido, DJU, Seção I,
29-3-1993, p. 5267.
STJ, 6ª T., RHC 1.731-SP, Rel. Min.Adhemar Maciel, DJU, Seção I,
8-3-1993, p. 3137.
STJ, 5" T., RHC 2.443-8-SP, Rel. Min. Edson Vidigal, DJU, Seção I,
10-2-1993, p. 3823.
STJ, 6" T., RHC 2.641-1-RS, Rel. Min. Vicente Cemicchiaro, DJU,
Seção I, 14-6-1993, p. 11791.
STJ, 6ª T., RHC 2.779-7-RS, Rel. Min. Anse1mo Santiago, DJU,
Seção I, 13-12-1993, p. 27488.
STJ: RJSTJ, 3/183; RT, 605/411, 610/338, 615/312 e 279,623/273.
STJ, 6ª T., REsp 140.617-GO, Rel. Min. Luiz Vicente Cemicchiaro, j.
12-9-1997, unânime, Boletim n. 60, novembro de 1997, do Instituto
Brasileiro de Ciências Criminais.
HC 76.371-SP,j. 25-3-1998, Informativo do STF, n. 104,23/27-3-
1998.
STJ, 5ª T., REsp 62.008-0-SP, Rel. Min. Edson Vidigal, unânime,
DJU, 22-4-1996.
STJ, 6ªT., REsp 60.251-3-SP, Rel. Min. Vicente Leal, maioria, DJU,
27-5-1996.
STJ, 6ª T., REsp 78.791-0-SP, ReI. Min. Adhemar Maciel, maioria,
DJU, 9-9-1996.
STJ, 6ª T., REsp 62.210-7-SP, Rel. Min. Vicente Leal, unânime, DJU,
9-9-1996.
STF, 1ª T., HC 59.657.1-SP, Rel. Min. Francisco Rezek, DJU, 18-6-
1993.
STF, 2ª T., HC 70.657.6-MS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJU, 29-4-
1994.
STJ, 6ª T., RHC 2.050-0/GO, Rel. Min. Vicente Cemicchiaro,
Ementário STJ, 6/657.
Maurício Kuehne, Direito penal e processual penal, Revista
Magister, ano I, n. 2, out./nov. 2004, Porto Alegre, Ed. Magister.
STF, HC 77.682-SP, Rel. Min. Néri da Silveira, Infonnativo do STF,
n. 128, de 19/23-10-1998.
STF, HC 77.790-6, Min. Sepú1veda Pertence, DJU, 2711-1998.
STF, 1ªT., HC 72.589-9, Rel. Min. Sydney Sanches, DJU, Seção 1,18-
8-1995, p. 24898.
STJ, 6ª T., HC 422-MT, Rel. Min. Costa Leite, Ementário STJ, 4/258.
Capez, Fernando, Curso de Direto Penal, parte geral, vol. 1,
Saraiva, 10ª ed., 2006
(Revista Realizada por Suelen Anderson - Acadêmica em Ciências
Jurídicas - 06 de dezembro de 2009)
Jurisprudência Relacionada:
- Absolvição Criminal - Prejudicial - Medida de Segurança - Cabimento
- Privação da Liberdade - Súmula nº 422 - STF
- Cabimento - Habeas Corpus - Pena Privativa de Liberdade Extinta -
Súmula nº 695 - STF
- Condenação por Crimes Hediondos ou Assemelhados - Progressão de
Regime Prisional - Súmula nº 471 - STJ
- Crimes Hediondos - Admissibilidade de Progressão - Analogia ao
Crime de Tortura - Súmula nº 698 - STF
- Fiança - Concurso Material - Soma das Penas - Súmula nº 81 - STJ
- Fixação da Pena-Base no Mínimo Legal - Vedação - Estabelecimento
de Regime Prisional Mais Gravoso - Gravidade Abstrata do Delito -
Súmula nº 440 - STJ
- Freqüência a Curso de Ensino Formal - Remição do Tempo de
Execução de Pena - Regime Fechado ou Semi-Aberto - Súmula nº 341 -
STJ
- Lei de Execução Penal - Recepção - Ordem Constitucional - Vigência
- Limite Temporal - Súmula Vinculante nº 9 - STF
- Lei Especial - Penas Privativas de Liberdade e Pecuniária - Cuminação
Cumulativa - Substituição - Súmula nº 171 - STJ
- Opinião do Julgador Sobre Gravidade em Abstrato do Crime -
Idoneidade da Motivação para Imposição de Regime Mais Severo -
Súmula nº 718 - STF
- Pena Unificada - Limite de Trinta anos de Cumprimento -
Consideração para a Concessão de Outros Benefícios - Súmula nº 715 -
STF
- Prescrição pela Pena em Concreto - Aplicabilidade - Pretensão
Executória - Súmula nº 604 - STF
- Progressão de Regime - Impedimento - Sentença não Transitada em
Julgado - Réu em Prisão Especial - Súmula nº 717 - STF
- Progressão de Regime no Cumprimento de Pena por Crime Hediondo -
Inconstitucionalidade - Requisitos do Benefício - Exame Criminológico -
Súmula Vinculante nº 26 - STF
- Progressão ou Aplicação Imediata de Regime Menos Severo Antes do
Trânsito em Julgado da Sentença Condenatória - Admissibilidade -
Súmula nº 716 - STF
- Regime de Cumprimento Mais Severo - Exigência de Motivação
Idônea - Súmula nº 719 - STF
- Regime Semi-Aberto - Reincidentes Condenados - Circunstâncias
Judiciais - Súmula nº 269 - STJ
Normas Relacionadas:
Art. 62, Pena Privativa da Liberdade Aplicada a Civil - Penas
Principais - Penas - Código Penal Militar - CPM - DL-001.001-
1969
Art. 69, Fixação da Pena Privativa de Liberdade e Art. 83, Penas
Não Privativas de Liberdade - Aplicação da Pena - Penas -
Código Penal Militar - CPM - DL-001.001-1969
Função dos Estados na Execução das Penas Privativas de
Liberdade - Execução da Pena - Estatuto de Roma do Tribunal
Penal Internacional - D-004.388-2002
L-012.313-2010 - Lei de Execução Penal - Alteração
L-012.433-2011 - Remição de Parte do Tempo de Execução da
Pena por Estudo ou por Trabalho - Lei de Execução Penal -
Alteração
Penas Principais Não Privativas da Liberdade e Acessórias -
Execução da Sentença - Execução - Código de Processo Penal
Militar - CPPM - DL-001.002-1969
Detração - Direitos do Preso - Legislação Especial - Reclusão e
Detenção - Regime Especial - Regras do Regime Aberto - Regras do
Regime Fechado - Regras do Regime Semi-Aberto - Superveniência de
Doença Mental - Trabalho do Preso
Regimes de Penas Privativas de Liberdade - Autorizações de saída nas
penas privativas de liberdade - Remição nas Penas Privativas de
Liberdade - Livramento Condicional
Execução das penas em espécie
Execução penal
Processo penal em geral - Processo penal em espécie - Nulidades e
recursos penais em geral - Relações jurisdicionais penais com autoridades
estrangeiras - Disposições gerais do processo penal
Pena de Multa - Penas Restritivas de Direitos
Cominação das Penas
Aplicação da Pena - Efeitos da Condenação - Livramento Condicional -
Reabilitação - Suspensão Condicional da Pena - Espécies de Pena
Penas
Ação Penal - Aplicação da Lei Penal - Concurso de Pessoas - Crime -
Crimes contra a administração pública - Crimes contra a existência, a
segurança e a integridade do Estado - Crimes Contra a Família - Crimes
contra a fé pública - Crimes Contra a Incolumidade Pública - Crimes
Contra a Organização do Trabalho - Crimes Contra a Paz Pública -
Crimes Contra a Pessoa - Crimes Contra a Propriedade Imaterial -
Crimes Contra o Patrimônio - Crimes contra o sentimento religioso e
contra o respeito aos mortos - Crimes Contra os Costumes - Extinção da
Punibilidade - Imputabilidade Penal - Medidas de Segurança
[Direito Criminal] [Direito Penal]
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