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DJi - Penas Restritivas de Direitos - Penas Alternativas

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- Índice Fundamental do Direito
Legislação - Jurisprudência - Modelos - Questionários - Grades
Penas Alternativas - Penas Restritivas de Direitos - Art. 43 a Art. 48, Penas Restritivas de Direito -
Espécies de Pena - Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 - Art. 54 a 57, Penas Restritivas de
Direitos - Cominação das Penas - Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 - Art. 147 a Art. 155,
Penas Restritivas de Direito - Execução das Penas em Espécie - Lei de Execução Penal - LEP - L-007.210-
1984 - Prestação Social Alternativa
Penas Alternativas em Geral
 Na sentença, o juiz determina a escolha de uma pena ou outra. Ex.:
prisão ou pagamento de 100 dias multa. (estão dentro das penas
alternativas as Penas Restritivas de Direitos - Lei 7.209/1984).
"Antecedente histórico: O 6º Congresso das Nações Unidas,
reconhecendo a necessidade de buscar alternativas para a pena privativa
de liberdade, cujos altíssimos índices de reincidência (mais de 80%)
recomendavam uma urgente revisão, incumbiu o Instituto da Ásia e do
Extremo Oriente para a Prevenção do Delito e Tratamento do
Delinqüente de estudar a questão. Apresentada a proposta, foi aprovada
no 8º Congresso da ONU, realizado em 14 de dezembro de 1990,
sendo apelidada de Regras de Tóquio, também conhecidas como Regras
Mínimas das Nações Unidas para a Elaboração de Medidas Não
Privativas de Liberdade.
Objetivo fundamental das Regras de Tóquio: promover o emprego de
medidas não privativas de liberdade.
Medidas alternativas: constituem toda e qualquer medida que venha a
impedir a imposição da pena privativa de liberdade, tais como reparação
do dano extintiva da punibilidade, exigência de representação do
ofendido para determinados crimes, transação penal, suspensão
condicional do processo, composição civil caracterizadora da renúncia ao
direito de queixa ou representação etc. Não se trata de penas, mas de
institutos que impedem ou paralisam a persecução penal, não se
confundindo, portanto, com as penas alternativas.
Classificação das medidas alternativas: também se classificam em
consensuais e não consensuais, conforme dependam ou não da
concordância do acusado. Como exemplo das primeiras temos a
suspensão condicional do processo e a composição civil extintiva da
punibilidade; caracterizam a segunda espécie o sursis e o perdão judicial.
Penas Alternativas: constituem toda e qualquer opção sancionatória
oferecida pela legislação penal para evitar a imposição da pena privativa
de liberdade. Ao contrário das medidas alternativas, constituem
verdadeiras penas, as quais impedem a privação da liberdade.
Compreendem a pena de multa e as penas restritivas de direitos.
Penas alternativas consensuais: sua aplicação depende da aquiescência
do agente. Exemplo: pena não privativa de liberdade (multa ou restritiva
de direitos) aplicada na transação penal (Lei n. 9.099/95, art. 76).
Referências
e/ou
Doutrinas
Relacionadas:
Ação Penal
Analogia
Anistia e Indulto
Antijuridicidade
Antijurídico
Aplicação da Pena
Aplicação das
Sanções Disciplinares
Assistência
Assistência à Saúde
Assistência ao
Egresso
Assistência
Educacional
Assistência Jurídica
Assistência Material
Assistência Religiosa
Assistência Social
Autorizações de
Saída nas Penas
Privativas de
Liberdade
Cadeia Pública
Cálculo da Pena
Casa do Albergado
Causas de Extinção
da Punibilidade
Centro de
Observação na
Execução Penal
Cessação da
Periculosidade
Penas alternativas não consensuais: independem do consenso do
imputado. Subdividem-se em:
a) diretas: são aplicadas diretamente pelo juiz, sem passar pela pena de
prisão, como no caso da imposição da pena de multa cominada
abstratamente no tipo penal ou das penas restritivas de direitos do
Código de Trânsito Brasileiro, as quais são previstas diretamente no tipo,
não carecendo de substituição;
b) substitutivas: quando o juiz primeiro fixa a pena privativa de liberdade
e, depois, obedecidos os requisitos legais, a substitui pela pena
alternativa.
Diferença entre penas alternativas e medidas alternativas: medidas
alternativas são soluções processuais ou penais para evitar o
encarceramento cautelar provisório ou a prisão imposta por condenação
criminal definitiva (p. ex.: suspensão condicional do processo, ampliação
das hipóteses de cabimento de fiança, facilitação da progressão de
regime, maior acesso ao livramento condicional e ao sursis etc.). Diferem
das penas alternativas porque não constituem penas, mas opções para
evitar a persecução penal e, por conseguinte, a imposição da pena
privativa de liberdade, por sentença judicial.
Alternativas penais: são todas as opções oferecidas pela lei penal a fim de
que se evite a pena privativa de liberdade. Comportam duas espécies:
a) as medidas penais alternativas (transação, suspensão do processo
etc.);
b) as penas alternativas.
Lei n. 9.714/98: antes de seu advento, havia, além da multa, outras cinco
penas alternativas, todas elas restritivas de direitos: prestação de serviços
à comunidade, limitação de fim de semana, proibição do exercício de
cargo ou função, proibição do exercício de profissão e suspensão da
habilitação para dirigir veículo. Com a nova legislação, foram criadas
outras quatro: prestação pecuniária em favor da vítima, perda de bens e
valores, proibição de freqüentar determinados lugares e prestação
pecuniária inominada.
Dessa forma, atualmente o Código Penal contempla, além dajá existente
e conhecida pena pecuniária, outras nove sanções alternativas:
a) prestação de serviços à comunidade;
b) limitação de fim de semana;
c) quatro interdições temporárias de direito: proibição do exercício de
cargo, função pública ou mandato eletivo; proibição do exercício de
profissão ou atividade; suspensão da habilitação para dirigir veículo
(entendemos que esta foi extinta pelo novo Código de Trânsito
Brasileiro); e proibição de freqüentar determinados lugares;
d) prestação pecuniária em favor da vítima;
e) prestação pecuniária inominada;
f) perda de bens e valores.
Natureza do elenco legal das penas alternativas: trata-se de rol taxativo,
não havendo possibilidade de o juiz criar, discricionariamente, novas
sanções substitutivas.
Objetivos da nova lei: dar cumprimento ao disposto no art. 5º, XLVI, da
Constituição Federal, que prevê a pena de prestação social alternativa, e
Circunstâncias
Classificação das
Penas Quanto a Sua
Aplicabilidade
Classificação dos
Crimes
Colônia Agrícola,
Industrial ou Similar
Cominação
Cominação das
Penas
Comunicabilidade e
Incomunicabilidade
de Elementares e
Circunstâncias
Concepção do
Direito Penal
Concurso de Crimes
Concurso de Pessoas
Condenado e
Internado
Conselho da
Comunidade
Conselho Nacional
de Política Criminal e
Penitenciária
Conselho
Penitenciário
Contagem do Prazo
Conversão da Multa
e Revogação
Conversão das Penas
Restritivas de Direitos
Conversões de Penas
Crime Continuado
Culpabilidade
Departamentos
Penitenciários
Detenção
Deveres dos Presos
Direção e Pessoal
dos Estabelecimentos
Penais
Direito (s)
Direito Penal no
Estado Democrático
de Direito
Direito Processual
Penal
atingir as seguintes metas:
a) diminuir a superlotação dos presídios e reduzir os custos do sistema
penitenciário;
b) favorecer a ressocialização do autor do fato, evitando o deletério
ambiente do cárcere e a estigmatização dele decorrente;
c) reduzir a reincidência, uma vez que a pena privativa de liberdade,
dentre todas, é a que detém o maior índice de reincidência;
d) preservar os interesses da vítima.
Modificação na tendência de recrudescimento do sistema penal brasileiro:
com a nova legislação, amplia-se um pouco mais o novo modelo de
jurisdição consensual e alternativa inaugurado em 1995 com a Lei dos
Juizados Especiais Criminais, em oposição ao modelo penal clássico, cuja
eficiência estava fundada na difusão do medo coletivo da sanção penal
(prevenção geral), pela convicção de que, quanto mais severa a
repressão, maior a inibição à prática delituosa. Posteriormente, sobreveioa Lei n. 9.605/98, que definiu os crimes contra o meio ambiente, a qual,
em seu art. 8º, aumentou o rol das penas restritivas de direitos aplicáveis
aos delitos nela tipificados. É certo que, por um lado, o modelo penal
clássico já contava com medidas alternativas despenalizadoras, tais como
livramento condicional, sursis, remição de pena, multa substitutiva etc.; no
entanto, não se pode negar que a Lei n. 9.714/98 caracteriza a adoção
de um compromisso ainda maior com um novo e alternativo modelo
penal, o qual passará a conviver lado a lado com o sistema tradicional
ainda vigente.
Classificação das infrações penais segundo o grau de lesividade,
para incidência do sistema alternativo
a) Infrações de lesividade insignificante: acarretam a atipicidade do fato,
uma vez que não é razoável que o tipo penal descreva como infração
penal fatos sem absolutamente nenhuma repercussão social.
b) Infrações de menor potencial ofensivo: menor potencial ofensivo não
se confunde com lesividade insignificante. São os crimes punidos com
pena de até dois anos de prisão e todas as contravenções, os quais são
beneficiados por todas as medidas consensuais despenalizadoras da Lei
dos Juizados Especiais.
c) Infrações de médio potencial ofensivo: punidas com pena mínima não
superior a um ano, admitem a suspensão condicional do processo,
prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/95. São também os crimes culposos e
os dolosos punidos com pena de até 4 anos, excluídos os crimes
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, beneficiando-se com
a aplicação de penas substitutas.
d) Infrações de grande potencial ofensivo: crimes graves, mas não
definidos como hediondos - homicídio simples, por exemplo.
e) Infrações hediondas: às quais se aplica o regime especial da Lei dos
Crimes Hediondos.
Incidência do sistema penal alternativo: o sistema penal alternativo incide
prioritariamente nos grupos intermediários (b e c). Mas isso não significa
que não haja medida alternativa também nos grupos d e e: inclusive nas
infrações hediondas, para as quais se prevê livramento condicional (Lei n.
8.072/90, art. 5º).
Direitos do
Condenado ou
Internado
Disciplina
Efeitos da
Condenação
Efeitos Extrapenais
da Condenação
Efeitos Genéricos e
Específicos
Eficácia de Sentença
Estrangeira
Elementares
Espécies de Pena
Estabelecimentos
Penais
Excesso ou Desvio
Execução das
Medidas de
Segurança
Execução das Penas
em Espécie
Execução Penal
Extraterritorialidade
da Lei Penal
Brasileira
Faltas Disciplinares
Fixação da Pena
Fontes do Direito
Penal
Função Ético-Social
do Direito Penal
Hospital de Custódia
e Tratamento
Psiquiátrico
Ilicitude
Imputabilidade
Incidentes de
Execução Penal
Interdição
Temporária de
Direitos
Interpretação da Lei
Penal
Irretroatividade da
Lei Penal
Juízo da Execução
Penal
Limitação de Fim de
Classificação das penas alternativas: são de dois tipos:
a) penas restritivas de direitos;
b) pena de multa.
Classificação das penas alternativas restritivas de direitos: podem ser:
a) penas restritivas de direitos em sentido estrito;
b) penas restritivas de direitos pecuniárias.
Penas restritivas de direitos em sentido estrito: consistem em uma
restrição qualquer ao exercício de uma prerrogativa ou direito. São elas:
a) prestação de serviços à comunidade;
b) limitação de fim de semana;
c) as quatro interdições temporárias de direitos: proibição de freqüentar
determinados lugares; proibição do exercício de cargo, função pública ou
mandato eletivo; proibição do exercício de profissão ou atividade; e
suspensão da habilitação para dirigir veículo (entendemos que esta foi
extinta pelo novo Código de Trânsito Brasileiro).
Penas restritivas de direitos pecuniárias: implicam uma diminuição do
patrimônio do agente ou uma prestação inominada em favor da vítima ou
seus herdeiros.
São elas:
a) prestação pecuniária em favor da vítima;
b) prestação inominada;
c) perda de bens e valores.
Distinção entre a pena de multa e as penas restritivas pecuniárias: a multa
não pode ser convertida em pena privativa de liberdade, sendo
considerada, para fins de execução, dívida de valor (CP, art. 51). As
penas alternativas pecuniárias, ao contrário, admitem conversão (CP, art.
44, § 4º). Por essa razão, não há como confundir as novas espécies de
penas restritivas de direitos constantes do art. 43 do Código Penal com a
pena de multa, pese embora todas terem caráter pecuniário.
Requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por
pena alternativa restritiva de direitos
Requisitos objetivos: são os seguintes:
a) quantidade da pena privativa de liberdade aplicada: deve ser igual ou
inferior a 4 anos. No caso de condenação por crime culposo, a
substituição será possível, independentemente da quantidade da pena
imposta, não existindo tal requisito;
b) natureza da infração penal: crime cometido sem violência ou grave
ameaça à pessoa. O crime culposo, mesmo quando cometido com
emprego de violência, como é o caso do homicídio culposo e das lesões
corporais culposas, admite a substituição por pena restritiva. A lei,
portanto, se refere apenas à violência dolosa.
Requisitos subjetivos: são os seguintes:
a) não ser o réu reincidente em crime doloso. Atualmente, o reincidente
pode beneficiar-se da substituição, pois a nova lei vedou o benefício
apenas ao reincidente em crime doloso. Dessa forma, somente aquele
que, após ter sido definitivamente condenado pela prática de um crime
doloso, vem a cometer novo crime doloso fica impedido de beneficiar-se
da substituição. Se entre a extinção da pena do crime dolos o anterior e a
prática do novo delito doloso tiverem decorrido mais de 5 anos, o
Semana
Limites de Penas
Livramento
Condicional
condenado fará jus à substituição, não subsistindo a vedação (o chamado
período depurador, também conhecido como prescrição qüinqüenal da
reincidência);
b) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta ou a personalidade ou
ainda os motivos e circunstâncias recomendarem a substituição. Convém
notar que esses requisitos constituem uma repetição das circunstâncias
constantes do art. 59, caput, do CP, salvo duas: comportamento da
vítima e conseqüências do crime, coincidentemente as únicas de natureza
objetiva. Assim, o art. 44, III, do CP somente levou em conta as
circunstâncias subjetivas do mencionado art. 59.
Requisito da quantidade de pena na hipótese de concurso de crimes: na
hipótese de concurso de crimes deve ser levado em conta o total da pena
imposta, em decorrência da aplicação do critério da exasperação. Desse
modo, se, aplicada a regra do concurso formal ou do crime continuado, o
total da pena privativa de liberdade efetivamente imposta não exceder a 4
anos, será possível a substituição por pena alternativa. Na hipótese de
concurso material, também será vedado o benefício se o total fixado in
concreto exceder a 4 anos, pouco importando que cada uma das penas,
isoladamente, seja inferior a esse patamar. Assim, se, por exemplo, o
agente vem a ser condenado a 2 anos de detenção por um crime e a 3
anos de detenção por outro, ambos cometidos em concurso material, não
terá direito ao benefício da substituição por pena alternativa, uma vez
que, somadas, essas penas excedem o limite legal de 4 anos. De notar
que o art. 44, I, do CP refere-se de modo expresso à pena efetivamente
aplicada e não à pena cominada abstratamente (Cf., também, Luiz Flávio
Gomes, Penas e medidas alternativas à prisão, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 1999, p. 109, e Victor Eduardo Rios Gonçalves, Penas
alternativas, Ed. Paloma, 1999, p. 15.).
Crime cometido sem violência ou grave ameaça: a lei está se referindo
exclusivamente à violência dolosa, não impedindo o benefício no caso de
homicídio culposo e lesões corporais culposas. A violência que obsta a
substituição é a empregada contra a pessoa; logo, se há emprego de
força bruta contra coisa, seja pública ou privada, nada impede a
aplicação da pena alternativa.
Crime de lesões corporais leves (CP, art. 129, "caput"),constrangimento
ilegal (art. 146), ameaça (art. 147) e contravenção de vias de fato (LCP,
art. 21): embora cometidos com violência ou ameaça, admitem a
substituição por pena alternativa, pois se trata de infrações de menor
potencial ofensivo, as quais comportam transação penal e imposição
consensual de pena não privativa de liberdade. Assim, se, antes mesmo
de instaurada a relação processual, tais infrações penais beneficiam-se de
medidas penais alternativas, não há razão para impedi-Ias na sentença
final, quando transcorrido todo o processo. Não se aplica, portanto, o
requisito da não-violência ou da ausência de grave ameaça, sendo
possível a imposição de pena alternativa (No mesmo sentido: Luiz Flávio
Gomes, Penas e medidas alternativas, cit., p. 111, e Victor Eduardo Rios
Gonçalves, O âmbito de incidência da Lei n. 9.714/98, Revista da
Associação Paulista do Ministério Público, 24/19.).
Condenação por crime hediondo ou tráfico ilícito de entorpecentes:
mesmo que a pena privativa de liberdade aplicada seja igualou inferior a 4
anos, não será possível a sua substituição por pena alternativa, uma vez
que, de acordo com o art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), a pena nesses delitos deverá ser cumprida integralmente em
regime fechado, o qual é, por óbvio, incompatível com a pena alternativa.
Com efeito, se a pena deve ser cumprida integralmente em regime
fechado, não pode haver substituição, pois só existe regime fechado na
pena privativa de liberdade, sendo impossível cumprir em regime fechado
uma pena alternativa. O Superior Tribunal de Justiça, em suas primeiras
manifestações, tem reiteradamente decidido que os crimes hediondos e o
tráfico ilícito de drogas não admitem pena alternativa, por ser esta
incompatível com o cumprimento da pena integralmente em regime
fechado (STJ, 5ª T, RHC 8.620-PR, Rel. Min. José Amaldo da
Fonseca, DJU, 16-8-1999, p. 80; STJ, 5ª T, RHC 8.406-RJ, ReI. Min.
Félix Fischer, DJU, 27-9-1999, p. 100-1; STJ, 5ª T, HC 10.796-MG,
ReI. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJU, 22-11-1999, p. 173; e STJ,
5ª T, HC 9.953-RJ, Rel. Min. Edson VidigaI, DJU, 29-11-1999, p.
179.). No entanto, pende de julgamento no âmbito do STF habeas cor
pus em que se pleiteia a substituição da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos na hipótese de condenação por crime hediondo. O
rel. Min. Gilmar Mendes, no HC 85.894/ RJ, de 30-11-2005, concedeu
o writpara que, afastada a proibição, em tese, de substituição da pena
privativa de liberdade pela restritiva de direito, o tribunal a quo decida
fundamentadamente acerca do preenchimento dos requisitos do art. 44
do CP, em concreto, para a substituição pleiteada. Acompanharam o
voto do relator os Ministros Eros Grau, Cezar Peluso e Marco Aurélio.
Em divergência, o Min. Joaquim Barbosa, acompanhado pelos Ministros
Carlos Velloso e Celso de Mello, denegou a ordem, invocando o
entendimento perfilhado no julgamento do HC 83.627/SP (DJU, 27-2-
2004) pela impossibilidade da substituição da pena, tendo em conta o
disposto na Lei n. 8.072/90. O julgamento foi suspenso em virtude do
pedido de vista do Min. Carlos Britto.
Condenação por estupro e atentado violento ao pudor com violência
presumida: tratando-se de crimes hediondos, cujas penas devem ser
cumpridas integralmente em regime fechado, não é possível a substituição
por pena alternativa. Em sentido contrário, entendeu o STJ que é possível
a substituição por pena alternativa quando houver violência presumida,
uma vez que a lei somente se referiu à violência real (STJ, 6ª T, RHC
9.135-MG, ReI. Min. Hamilton Carvalhido, DJU, 19-6-2000, p.210.).
Condenação por roubo simples praticado com emprego de meio que
reduza a vítima à impossibilidade de resistência: se a pena aplicada for de
4 anos, surgirá a dúvida sobre a possibilidade ou não de substituição por
pena alternativa. Isto porque não houve emprego nem de violência nem
de ameaça, mas de um terceiro meio não previsto em lei como óbice ao
benefício. A nosso ver não cabe a substituição, uma vez que se trata de
forma imprópria de violência. Não se cuida aqui de empregar analogia in
maiam partem, mas de obter o exato significado da expressão "violência",
empregada no art. 44 do CP, significando qualquer meio exercido contra
a vítima para forçá-Ia a agir ou omitir-se contra sua vontade, seja a força
bruta, seja por meio de quaisquer artifícios que aniquilem sua capacidade
de querer.
Reincidente em crime doloso: a lei é expressa ao vedar o benefício ao
reincidente em crime doloso (CP, art. 44, II); logo, em hipótese alguma
poderá obter a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos. Como a lei não excepcionou a hipótese da condenação à
pena de multa, como o fez no sursis (CP, art. 77, § 1º), se o agente for
reincidente em crime doloso não terá direito ao benefício da pena
alternativa, ainda que a condenação anterior tenha sido a pena pecuniária.
Período depurador: decorridos mais de 5 anos entre a extinção da pena
anterior e a prática do novo delito opera-se a chamada prescrição
qüinqüenal da reincidência, cessando, em virtude dela, a reincidência e
qualquer óbice para a substituição por pena alternativa (CP, art. 64, I).
Reincidente específico: da mesma forma que o reincidente em crime
doloso, não tem direito ao benefício (CP, art. 44, § 3º). Será
considerado como talo agente que reincidir em crime da mesma espécie,
isto é, previsto no mesmo tipo legal, pouco importando se na forma
simples, privilegiada, qualificada, consumada ou tentada.
Demais reincidentes: quanto aos demais reincidentes, o benefício poderá
ser concedido. No entanto, para que isso seja possível, será necessário
que, além do preenchimento de todos os requisitos legais, o juiz entenda
que a medida é socialmente recomendável. Trata-se, portanto, de
faculdade do juiz da condenação, e não de direito público subjetivo do
condenado.
A questão do § 3º do art. 44 do CP: este dispositivo prevê que, "se o
condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde
que, em face da condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não tenha se operado em virtude da
prática do mesmo crime". Como se nota, essa regra admite o benefício
para todos os reincidentes, somente o impedindo para o reincidente
específico. Ora, há uma aparente contradição entre esse § 3º e o inciso II
do art. 44 do CP. Isto porque este último é expresso ao proibir o
benefício da substituição por pena alternativa ao reincidente em crime
doloso, ao passo que o § 3º do art. 44 se refere genericamente a todos
os reincidentes, exigindo apenas que a medida se revele socialmente
recomendável, ressalvado apenas o reincidente específico. Dessa forma,
fica a dúvida: afinal de contas, o reincidente doloso tem direito às penas
alternativas ou, tanto quanto o reincidente específico, não faz jus à
substituição? Entendemos que o § 3º do art. 44 não tem o condão de
revogar a letra expressa de seu inciso II; portanto, ao se referir ao
"condenado reincidente", está fazendo menção ao não-reincidente em
crime doloso, pois, do contrário, tomaria letra morta a proibição anterior.
A conclusão a que se chega, enfim, é a de que nem o reincidente em
crime doloso nem o reincidente específico têm direito à substituição da
pena privativa de liberdade por pena alternativa. Em sentido contrário
orienta-se Luiz Flávio Gomes, para quem, "se de um lado o inc. II do art.
44 excluiu o instituto da substituição para o réu reincidente em crime
doloso, de outro, o § 3º do mesmo dispositivo abriu a possibilidade de
exceção, nesses termos: se o condenado for reincidente (em crime
doloso, evidentemente, porque o § 3º está em conexão lógica,
topográfica e sistemática com o inc. II citado), o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em
virtude da prática do mesmo crime"(Penas e medidas alternativas, cit., p.
114.). Para o ilustre penalista, a norma do § 3º do art. 44 foi criada para
abrandar os rigores da proibição do inciso II do mesmo artigo,
aplicando-se, por conseguinte, ao reincidente em crime dolos o (se ele
não for reincidente específico, poderá ter acesso ao benefício ) (No
mesmo sentido: Damásio E. de Jesus, Direito penal, cit., v. 1, p. 534.).
Com essa interpretação surge um problema: se o § 3º mencionado diz
respeito somente ao reincidente em crime doloso, não se aplicando aos
demais reincidentes, a exigência feita pelo dispositivo, no sentido de que
somente haverá a substituição se a medida for socialmente recomendável,
não poderia ser feita para toda a imensa gama de reincidentes que não o
fossem em crime doloso. Não nos parece ter sido esse o espírito da lei, a
qual pretendeu vedar de forma absoluta o benefício aos reincidentes
dolosos e específicos, e, no que tange aos demais reincidentes,
condicionar sua aplicação à conveniência social da medida.
Síntese da questão afeta à reincidência: de acordo com nosso
entendimento:
a) reincidente em crime doloso: não pode em hipótese alguma, salvo se
decorrido o período depurador;
reincidente específico: idem;
b) reincidente: pode, desde que preenchidos os requisitos legais e o juiz
entenda ser a medida socialmente recomendável.
Regras complementares: são as seguintes:
a) na condenação a pena igualou inferior a um ano, a substituição pode
ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos, pouco
importando se a infração é dolosa ou culposa. Nunca poderá haver, no
entanto, aplicação cumulativa de multa e pena restritiva de direitos, sendo
a pena igualou inferior a um ano. Caso a sanção imposta seja superior a
um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena
restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos (CP, art.
44, § 2º);
b) se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição,
desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da
prática do mesmo crime (CP, art. 44, § 3º);
c) a pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No
cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de 30
dias de detenção ou reclusão (CP, art. 44, § 4º);
d) sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade por outro crime,
o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de
aplicá-Ia se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva
anterior (CP, art. 44, § 5º). Por exemplo: o condenado está pagando em
parcelas uma pena de prestação pecuniária, quando vem a sofrer nova
condenação a pena privativa de liberdade em regime fechado. Nada
impede que, preso, continue a pagar a pena alternativa, sendo
desnecessária a conversão.
A revogação do art. 60, § 2º, do CP: para Luiz Flávio Gomes, referido
dispositivo, que tratava da multa substitutiva ou vicariante, aplicada em
substituição à pena privativa de liberdade igual ou inferior a 6 meses, está
revogado, uma vez que, com a nova redação do art. 44, § 2º, tornou-se
possível a substituição por multa, quando a pena privativa de liberdade
não exceder a um ano, desde que preenchidos os demais requisitos do
referido art. 44 (Penas e medidas alternativas à prisão, cit., p. 120. No
mesmo sentido, Damásio E. de Jesus, Direito penal, cit., v. 1, p. 535.). A
multa vicariante, portanto, passa a ser prevista no art. 44 e seu § 2º,
ficando revogado o art. 60, § 2º, do CP. Entendemos correta esta
posição. O art. 60, § 2º, do CP exige três requisitos para a substituição
da pena privativa de liberdade aplicada por multa: (a) que esta pena seja
igualou inferior a seis meses; (b) que o réu não seja reincidente em crime
doloso (CP, art. 44, II); (c) e que as circunstâncias judiciais lhe sejam
favoráveis (CP, art. 44, III). Ocorre que, com as novas modificações
introduzidas pela Lei n. 9.714, de 25 de novembro de 1998, o art. 44, §
2º, do Estatuto Repressivo passou a permitir a substituição, quando a
pena imposta não exceder a um ano. Assim, operou-se uma novatio legis
in mellius, a qual, ainda, retroage para alcançar fatos anteriores (CF, art.
5º, XL). Em suma, o primeiro requisito foi elevado de seis meses para um
ano. Convém notar que não interessa se o crime foi cometido com ou
sem violência ou grave ameaça, bastando que os três requisitos sejam
preenchidos. Há quem entenda que o art. 60, § 2º, continua em vigor
para alcançar a hipótese de crime cometido mediante violência ou grave
ameaça, cuja pena não exceda a 6 meses. Assim, neste caso não incidiria
o art. 44, § 2º, do CP, pois sua aplicação é restrita aos delitos não
violentos, restando um campo residual para a regra antiga. Não é nossa
posição, pois, com o art. 44, § 2º, a matéria passou a ser disciplinada de
modo diverso, operando-se a revogação tácita. Além disso, se a pena
aplicada não excede a seis meses, ou a infração é de menor potencial
ofensivo (pena máxima cominada não superior a 2 anos) ou o crime foi
cometido sem violência ou grave ameaça. Deste modo, a norma do art.
60, § 2º, foi mesmo revogada tacitamente, por sua matéria ter sido
integralmente regulada pela lei posterior, não lhe restando mesmo nenhum
espaço.
Competência para aplicação da lei nova mais favorável: haverá conflito
intertemporal para os crimes cometidos antes da entrada em vigor da Lei
n. 9.714/98:
a) após o trânsito em julgado: transitada em julgado a sentença
condenatória e expedida a guia de recolhimento (LEP, art. 105), inicia-se
a competência do juízo da execução, o qual, portanto, deverá proceder à
aplicação da lei nova favorável, não havendo que falar em revisão
criminal, nem se cogitando de rescisão da coisa julgada, mas de mera
adaptação à nova realidade jurídica, invocando-se a cláusula rebus sic
stantibus (LEP, art. 66, I, art. 13 da LICPP e Súmula 611 do STF);
b) processo em andamento sem sentença de primeiro grau: não havendo
trânsito em julgado, se o processo ainda estiver em andamento perante o
juízo de primeira instância, caberá ao próprio magistrado a aplicação da
novatio legis in mellius;
c) processo em grau de recurso: nesta fase caberá ao órgão jurisdicional
ad quem a aplicação da nova tio legis. Entendemos não ser o caso de
remeter novamente os autos à primeira instância, a qual já esgotou sua
jurisdição, de acordo com a legislação vigente à época. Não há que falar
em ofensa à ampla defesa e ao contraditório, muito menos ao duplo grau
de jurisdição, pois todos esses princípios foram respeitados pela lei
vigente ao tempo da sentença (se não foram, o caso é de anulação da
sentença e não de aplicação de nova tio legis in mellius).
Condenação posterior a pena privativa de liberdade: se durante a
execução da pena restritiva de direitos sobrevier condenação por outro
crime a pena privativa de liberdade, a conversão não será obrigatória,
podendo o juiz decidir pela subsistência da pena restritiva sempre que o
seu cumprimento for compatível com a nova sanção (CP, art. 44, § 5º).
Conversão da pena alternativa em privativa de liberdade: anteriormente à
Lei n. 9.714/98, a questão da conversão da pena restritiva de direitos em
privativa de liberdade estava tratada no art. 45 do CP. Atualmente, de
acordo com o § 5º do art. 44, acrescentado pela nova legislação,
sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade por outro crime, o
juiz da execução decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-
Ia se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Dessa forma, de acordo com o novo dispositivo, haverá a conversão da
pena restritiva de direitos em privativa de liberdade quando:
a) durante o cumprimento da pena alternativa, sobrevier condenação a
pena privativa de liberdade. Trata-se, obrigatoriamente,de decisão
transitada em julgado, por imperativo do princípio do estado de
inocência;
b) a nova condenação tornar impos sível o cumprimento da pena
alternativa.
Além disso, também haverá conversão quando:
a) o condenado não for encontrado para ser intimado do início do
cumprimento da pena;
b) houver o descumprimento injustificado da restrição imposta ou quando
o condenado praticar falta grave.
- antes de converter a pena restritiva de direitos em privativa de
liberdade, deve-se possibilitar ao condenado ampla defesa de seus
direitos, com a instauração do devido processo legal e a observância do
contraditório, pois esses princípios também devem ser observados na
execução penal, durante a qual subsiste o devido processo legal.
Regime aberto e "Sursis": a condenação não torna, em nenhum desses
dois casos, impossível o cumprimento da pena alternativa, razão pela qual
não acarreta a conversão em pena privativa de liberdade.
Regime fechado e semi-aberto: a condenação nesse caso torna
impossível o prosseguimento da execução da pena alternativa restritiva de
direitos, acarretando, por conseguinte, a sua conversão em privativa de
liberdade. Em se tratando de pena alternativa pecuniária, contudo, não
haverá a conversão, uma vez que não existe qualquer incompatibilidade
entre o cumprimento desta e a nova condenação.
Não-pagamento da multa substitutiva ou vicariante, por devedor solvente:
como vimos, com a Lei n. 9.714/98, essa espécie de multa passou a ser
regida pelo art. 44, § 2º, do CP, ficando revogado o art. 60, § 2º, do
Estatuto Repressivo. Entretanto, por não se tratar de pena restritiva de
direitos, não se submete às regras de conversão destas. Com efeito, à
multa vicariante aplica-se a regra do art. 51 do CP, com a redação dada
pela Lei n. 9.268/96, segundo a qual, para fins de execução, a multa será
considerada dívida de valor, estando proibida, de modo expresso e
indiscutível, a sua conversão em pena privativa de liberdade. A
conversão, portanto, somente terá incidência sobre as penas restritivas de
direitos em sentido estrito e restritivas de direitos pecuniárias.
Tempo de cumprimento da pena privativa de liberdade resultante de
conversão: convertida a pena restritiva de direitos em privativa de
liberdade, será deduzido o tempo em que o condenado esteve solto,
devendo ele cumprir preso somente o período restante. A lei determina,
no entanto, seja respeitado um saldo mínimo de 30 dias de detenção ou
reclusão, não podendo o agente ficar preso por menos tempo, ainda que
restassem menos de 30 dias para o cumprimento integral da pena
alternativa. Desse modo, se, operada a dedução, resultar um período
inferior, o condenado deverá ficar pelo menos 30 dias preso. Tratando-
se de prisão simples, não há exigência de período mínimo (CP, art. 44, §
4º). De acordo com a legislação anterior, desprezava-se o tempo de
cumprimento da pena restritiva, e o sujeito tinha de cumprir preso todo o
período correspondente à pena aplicada na sentença condenatória, o que
era profundamente injusto. Quanto às penas restritivas pecuniárias, como
não existe tempo de cumprimento de pena a ser descontado, o mais justo
é que se deduza do tempo de pena privativa de liberdade a ser cumprido
o percentualjá pago pelo condenado. Assim, se já tiver pago metade do
valor, somente terá de cumprir preso metade da pena privativa aplicada
na sentença condenatória.
- na hipótese de descumprimento de pena restritiva de direitos imposta
em transação penal, nas infrações de competência dos juizados especiais
criminais, o STF, por sua 2ª' Turma, adotou o entendimento de que a
sentença que aplica a penalidade por ocasião da audiência preliminar, de
que cuida o art. 76 da Lei n. 9.099/95, não é condenatória nem
absolutória, mas homologatória da transação penal. Desobedecidas as
restrições impostas, a conseqüência não será a conversão em pena
privativa de liberdade, mas a desconstituição do acordo penal e a
remessa dos autos ao Ministério Público para o oferecimento da
denúncia, dando-se início ao processo criminal pelas vias normais (STF,
HC 79.572-GO, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 29-2-2000.).
Penas alternativas pecuniárias
Prestação pecuniária: a prestação pecuniária consiste no pagamento em
dinheiro, à vista ou em parcelas, à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada
pelo juiz, não inferior a um salário mínimo, nem superior a 360 salários
mínimos. O Poder Judiciário não pode ser o destinatário da prestação,
pois, apesar de ter destinação social, não é entidade. O montante será
fixado livremente pelo juiz, de acordo com o que for suficiente para a
reprovação do delito, levando-se em conta a capacidade econômica do
condenado e a extensão do prejuízo causado à vítima ou seus herdeiros.
Em hipótese alguma será possível sair dos valores mínimo e máximo
fixados em lei, não se admitindo, por exemplo, prestação em valor
inferior a um salário mínimo, nem mesmo em caso de tentativa.
Deve-se frisar que o legislador, ao fixar o teto máximo da prestação
pecuniária em 360 salários mínimos, seguiu critério diverso daquele que
regulamenta a perda de bens e valores (CP, art. 45, § 3º), no qual o
limite do valor é o total do prejuízo suportado pela vítima ou o do
provento obtido com o crime (o que for maior). A nosso ver, andou bem
o legislador, uma vez que, se limitasse o valor da prestação pecuniária ao
prejuízo suportado pelo ofendido, estaria inviabilizando sua aplicação
àqueles crimes em que não ocorre prejuízo, como, por exemplo, em
alguns delitos tentados. O valor pago será deduzido do montante de
eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários, o que vale dizer, a fixação da prestação pecuniária não
impede a futura ação civil reparatória (actio civilis ex delicto).
Importante notar que, se o juiz atribuir o benefício da prestação
pecuniária a alguma entidade, no lugar da vítima ou seus herdeiros, não
haverá dedução do valor na futura ação indenizatória, porquanto não
coincidentes os beneficiários. Admite-se que o pagamento seja feito em
ouro, jóias, títulos mobiliários e imóveis, em vez de moeda corrente.
Prestação inominada: no caso de aceitação pelo beneficiário, a prestação
pecuniária poderá consistir em prestação de outra natureza, como, por
exemplo, entrega de cestas básicas a carentes, em entidades públicas ou
privadas. A interpretação, aqui, deve ser a mais ampla possível, sendo,
no entanto, imprescindível o consenso do beneficiário quando o crime
tiver como vítima pessoa determinada. Damásio E. de Jesus entende que
a prestação inominada corresponde a uma espécie de "pena inominada",
o que feriria o princípio da legalidade, trazendo incertezas ao aplicador da
lei e ensejando dúvida a respeito do verdadeiro conteúdo da resposta
penal. Faz, porém, a seguinte ressalva: "o dispositivo, contudo, encontra-
se em consonância com as Regras de Tóquio, que recomendam ao juiz,
depois de arrolar dezesseis medidas penais alternativas (non-custodial
measures), a aplicação, se necessário e conveniente, de 'qualquer outra
medida que não envolva detenção pessoal'. Medida liberal, corresponde,
entretanto, ao ideal de justiça, pela qual ao juiz, nas infrações de menor
gravidade lesiva cometidas por acusados não perigosos, atribuir-se-ia o
poder de aplicar qualquer pena, respeitados os princípios da segurança
social e da dignidade, desde que adequada ao fato e às condições
pessoais do delinqüente"336. Convém ressaltar que essa pena não pode
consistir no pagamento em dinheiro, para que não se confunda com a
prestação pecuniária, nem na prestação de trabalho, pois, para essa
finalidade, já existe a prestação de serviços à comunidade.
Perda de bens e valores: trata-se da decretação de perda de bens
móveis, imóveis ou de valores, tais como títulos de crédito, ações etc.
Não pode alcançar bens de terceiros, mas apenas os bens do
condenado, já que a pena não pode passar de sua pessoa (CF, art. 5º,
XLV).Essa pena consiste no confisco generalizado do patrimônio lícito
do condenado, imposto como pena principal substitutiva da privativa de
liberdade imposta. Trata-se de pena de grande utilidade, pois permite a
constrição dos bens do infrator, sem o ônus de demonstrar sua origem
ilícita.
Não devemos confundir a perda de bens e valores, prevista como pena
alternativa pela nova legislação, com o confisco dos bens que
constituírem instrumento, produto e proveito do crime (instrumenta e
producta sceleris - CP, art. 91, II, a e b). Enquanto a perda de bens e
valores é pena principal, o confisco configura mero efeito secundário
extrapenal da condenação. Além disso, a nova pena atinge bens e valores
de natureza e origem lícitas, o que não ocorre com o confisco.
A perda de bens e valores pertencentes aos condenados, ressalvada a
legislação especial, dar-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e
o seu valor terá como teto o montante do prejuízo causado ou do
provento obtido pelo agente ou terceiro, em conseqüência da prática do
crime, decidindo-se, na dúvida, pelo valor mais elevado. Exemplo: no
crime de dano, o prejuízo da vítima é superior ao lucro do agente, que,
aliás, pode não ser nenhum. Prevalecerá, nesse caso, o montante
equivalente ao prejuízo suportado pelo ofendido. Excepcionalmente, de
acordo com o que dispuser a legislação especial, os bens e valores
poderão reverter a outras entidades e fins. Por exemplo: um empresário
ganancioso contrata um famoso conjunto musical; porém, temendo a
realização de um outro show no mesmo horário, no estabelecimento rival,
resolve incendiá-lo, obtendo com isso grande lucro, na medida em que
sua casa de espetáculos ficou completamente lotada ante a falta de
concorrência naquela noite. Se a sua vantagem foi maior, o seu lucro será
o limite máximo do confisco; se, contudo, o prejuízo da vítima tiver
excedido a vantagem do agente, tal dano norte ará o quantum a ser
confiscado.
O Fundo Penitenciário Nacional foi instituído pela Lei Complementar n.
79, de 7 de janeiro de 1994, está regulamentado pelo Decreto n. 1.093,
de 23 de março de 1994, e tem por finalidade proporcionar recursos e
meios destinados a financiar e apoiar as atividades e os programas de
modernização do Sistema Penitenciário brasileiro, tais como a
construção, a reforma e a ampliação de estabelecimentos carcerários. O
FUNPEN pode repassar recursos para os Estados para a consecução de
seus fins. Convém relembrar o que acima foi dito, no sentido de que a
perda de bens e valores não pode recair sobre o patrimônio ilícito do
condenado, ou seja, não tem por objeto o produto (vantagem direta
obtida com a prática delituosa - p. ex.: o bem móvel furtado), nem o
proveito (vantagem indireta - p. ex.: o dinheiro obtido pelo ladrão com a
venda do bem furtado), mas apenas os bens que integram o patrimônio
legal e regular do agente.
Princípio da personalidade da pena (CF, art. 5º, XLV): para Luiz Flávio
Gomes, uma vez fixado na sentença, a prestação pecuniária e o
perdimento de bens e valores podem ser cobrados dos herdeiros, até os
limites da herança, uma vez que se destinam exclusivamente à reparação
de parcela do dano patrimonial suportado pela vítima, não tendo,
portanto, caráter de pena. Sustenta que a CF, em seu art. 5º, XLV, ao
dispor sobre o princípio da personalidade da pena, ressalva
expressamente a possibilidade de a obrigação de reparar o dano ser
executada contra os sucessores do condenado e o perdimento de bens
ultrapassar a pessoa do delinqüente. Alicerça seu entendimento no fato
de essas pe~ nas alternativas possuírem finalidade exclusivamente
reparatória, ao contrário da pena de multa, a qual, por ter caráter
punitivo, não pode passar da pessoa do condenado (Penas e medidas
alternativas, cit., p. 138.).
Nosso entendimento: a CF, em seu art. 5º, XLV, é expressa ao
determinar, sem exceção, que nenhuma pena passará da pessoa do
condenado. Nem poderia ser diferente: pena é castigo, retribuição, ainda
que sua finalidade seja também reeducativa, de maneira que o sucessor
não pode ser castigado, nem reeducado por algo que outra pessoa
cometeu. A pena é personalíssima e em hipótese alguma pode
comunicar-se a terceiros, na medida em que a responsabilidade objetiva
foi repudiada pela nova ordem constitucional. Não existe nexo causal
nem norrnativo entre a condição de herdeiro e a infração cometida pelo
de cujus, sendo inviável qualquer extensão, ainda que limitada até as
forças da herança. Quando a Constituição fala em possibilidade de a
reparação do dano e o perdimento dos bens serem estendidos aos
sucessores, está-se referindo aos efeitos secundários da condenação,
consistentes em tornar certa a obrigação de reparar o dano ex delicto e
no confisco dos instrumentos, bem como do produto e proveito do crime
em favor da União. O que se comunica, portanto, não é a pena, mas os
efeitos extrapenais automáticos da condenação, de que trata o art. 91, I e
II, do CP. Quanto à perda de bens e valores, não há sequer que se falar
em função reparatória, já que o beneficiário não é a vítima e seus
dependentes, mas o Fundo Penitenciário Nacional, não havendo a
relação com a obrigação de indenização ex delicto.
No que diz respeito à prestação pecuniária, embora tenha finalidade
reparatória, não perde o seu caráter de pena. Em primeiro lugar porque
nem sempre o valor pago será descontado da futura indenização ex
delicto, como, por exemplo, na hipótese de o beneficiário ser uma
entidade e não a própria vítima. Nesse caso, não há nenhuma finalidade
reparatória. Ora, a prestação pecuniária não pode em alguns casos ser
pena e em outros reparação do dano, dependendo de quem o juiz
escolher como destinatário do pagamento. Além disso, se não for paga,
pode ser convertida em pena privativa da liberdade. Se a pena de multa,
que não pode ser convertida em privativa, não passa da pessoa do
delinqüente, não parece correto permitir que a prestação pecuniária, que
admite tal conversão, se transfira aos herdeiros do falecido.
Finalmente, se, por um lado, o art. 5º, XLV, da CF, ao prever o princípio
da personalidade da pena, permitiu a transmissão aos herdeiros da
obrigação de reparar o dano, por outro exigiu prévia regulamentação
expressa em lei. Trata-se, portanto, de norma constitucional de eficácia
limitada, cuja incidência depende de legislação inferior complementadora
que discipline o assunto. Como a Lei n. 9.714/98 limitou-se a criar as
penas de prestação pecuniária e perda de bens e valores, sem
regulamentar, em momento algum, a transmissão da obrigação aos
sucessores, ainda não é possível cogitar de tal hipótese.
Execução da prestação pecuniária: é feita pelo próprio beneficiário, que,
em caso de descumprimento, comunica o ocorrido ao juízo da execução
para que se proceda à conversão em pena privativa de liberdade. Desse
modo, transitada em julgado a sentença que impôs a prestação
pecuniária, o beneficiário deverá extrair cópia do título executivo e
ingressar com a execução por quantia certa contra devedor solvente, no
juízo cível. Frustrada a cobrança e inexistindo bens para penhora, cabe
ao beneficiário comunicar o ocorrido ao juízo da execução penal para
que, cientificado o Ministério Público, se proceda à conversão da
prestação pecuniária em pena privativa de liberdade. Importante notar
que a grande vantagem da prestação pecuniária em relação ao efeito
genérico e automático da condenação, consistente na obrigação de
reparar o dano ex delicto, é a de que, enquanto neste último caso a vítima
ou seus herdeiros têm um título certo, mas ilíquido, sendo necessário
prévio processo de liquidação (por artigos), na prestação pecuniária já é
fixado o valor do pagamento, dispensando a parte da tormentosa tarefa
de liquidar o montante a ser cobrado.
Penas alternativas restritivas de direitos (prestação de serviços à
comunidade, limitação de fim de semana, interdição temporária de
direitos)
Características: em regra, possuem natureza de penas substitutivas, isto é,
não são cominadasabstratamente pelo tipo, mas substituem as penas
privativas de liberdade, desde que preenchidos os requisitos legais. Desse
modo, a pena restritiva de direitos, embora seja autônoma, tem caráter
substitutivo, não podendo ser aplicada diretamente e sim em substituição
à pena corporal imposta. No novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei n.
9.503/97), porém, há alguns casos de cominação abstrata e autônoma de
pena restritiva de direitos (cf. arts. 302, 303 e 306).
Duração: a atual redação do art. 55, determinada pela Lei n. 9.714, de
25 de novembro de 1998, passou a prever que "as penas restritivas de
direitos referidas nos incisos IV, V e VI do art. 43 terão a mesma
duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto
no § 4º do art. 46". Dessa forma, foi inserida uma ressalva até então não
existente.
Exceção à regra legal do art. 55: o art. 46, § 4º do CP, com a nova
redação determinada pela Lei n. 9.714, de 25 de novembro de 1998, ao
tratar da prestação de serviços à comunidade, passou a dispor que:
"Se a pena substituída for superior a I (um) ano, é facultado ao
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca
inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada".
Assim, quando a pena privativa de liberdade a ser substituída por essa
restritiva de direitos for igualou inferior a um ano, o seu tempo de duração
será o mesmo. Por exemplo: 8 meses de detenção equivalem a 8 meses
de prestação de serviços à comunidade. No entanto, sendo a pena
privativa superior a um ano, o juiz poderá fixar uma duração menor do
que esse total, desde que não inferior à sua metade. Esse benefício foi
estendido também para a limitação de fim de semana e para as
interdições temporárias de direitos, por determinação expressa do art. 55
do CP. Dessa forma, a prestação de serviços à comunidade, a limitação
de fim de semana e as interdições temporárias de direitos, quando forem
aplicadas em substituição a penas privativas de liberdade superiores a um
ano, não terão necessariamente a mesma duração destas, podendo ser
fixadas em quantidade menor, desde que não inferior à metade.
Injustiças decorrentes dessa regra: sujeito condenado a um ano e 6 meses
de detenção tem sua pena substituída por 9 meses de prestação de
serviços à comunidade (metade da pena fixada, de acordo com o art. 46,
§ 4º, do CP). Se tivesse sido condenado a 11 meses de detenção, teria
de cumprir exatamente esse período de pena restritiva, já que o benefício
da substituição por tempo menor só se aplica quando a pena aplicada
exceder a um ano. À vista disto, entendemos que o benefício da
substituição por tempo menor, nunca inferior à metade da pena privativa
de liberdade imposta, deve ser estendido também às penas inferiores a
um ano, em atenção ao princípio da proporcionalidade. Há entendimento
de que não há nenhuma injustiça nessa regra, sendo desnecessário
estendê-Ia aos condenados a penas iguais ou inferiores a um ano. Isto
porque, embora a pena seja substituída por metade, compensa-se o
benefício dobrando-se a carga diária de horas de trabalho. Assim, o
condenado, em vez de cumprir dois anos de prestação de serviços à
comunidade, à razão de uma hora por dia, cumpre apenas um ano,
trabalhando duas horas por dia. Como se costuma dizer: acaba dando na
mesma. Tal posição, a nosso ver, não merece prosperar, em face do que
dispõe o art. 55 do CP, o qual estendeu para a limitação de fIm de
semana e para as interdições temporárias de direito a regra aqui
mencionada. Ora, é impossível compensar horas nas interdições, uma vez
que o condenado fIca 24 horas por dia impedido de exercitar o direito.
O argumento somente seria válido se a regra se limitasse às prestações de
serviço à comunidade, o que não acontece. Daí por que o dispositivo é
mesmo infeliz e inconstitucional, devendo ser ampliado às penas iguais ou
inferiores a um ano.
Cumulação: sendo substitutivas, não podem ser aplicadas
cumulativamente com as penas privativas de liberdade que substituem.
Ou o juiz aplica a privativa de liberdade ou a substitui pela restritiva de
direitos. No caso das penas restritivas do Código de Trânsito Brasileiro é
possível a aplicação cumulativa, uma vez que elas estão cominadas
abstratamente no tipo, cumulativamente com as penas privativas de
liberdade.
Classificação das penas restritivas de direitos: são de dois tipos:
a) genéricas: substituem as penas privativas de liberdade em qualquer
crime, satisfeitos os requisitos legais. São a prestação de serviços à
comunidade, a limitação de fIm de semana, a prestação pecuniária e a
perda de bens e valores;
b) específicas: só substituem as penas privativas de liberdade impostas
pela prática de determinados crimes. São as interdições temporárias de
direitos, salvo a pena de proibição de freqüentar determinados lugares
(acrescentada pela Lei n. 9.714/98), que é genérica.
Espécies
Prestação de serviços à comunidade ou à entidades públicas: possui as
seguintes características:
a) consiste na atribuição de tarefas ao condenado, junto a entidades
assistenciais, hospitais, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres,
em programas comunitários ou estatais, ou em benefício de entidades
públicas;
b) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é
aplicável às condenações superiores a 6 meses de privação da liberdade;
c) as tarefas não serão remuneradas, uma vez que se trata do
cumprimento da pena principal (LEP, art. 30), e não existe pena
remunerada;
d) as tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do condenado;
e) a carga horária de trabalho consiste em uma hora por dia de
condenação, fixada de modo a não prejudicar a jornada normal de
trabalho (CP, art. 46, § 3º);
f) cabe ao juiz da execução designar a entidade credenciada junto à qual
o condenado deverá trabalhar (LEP, art. 149, I);
g) a entidade comunicará mensalmente ao juiz da execução, mediante
relatório circunstanciado, sobre as atividades e o aproveitamento do
condenado (LEP, art. 150);
h) se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado
cumprir a pena substitutiva em tempo inferior ao da pena privativa
substituída (CP, arts. 55 e 46, § 4º), nunca inferior à metade da pena
privativa de liberdade fixada;
i) por entidades públicas devemos entender tanto as pertencentes à
Administração direta quanto à indireta passíveis de serem beneficiadas
pela prestação dos serviços. Assim, além da própria Administração
direta, podem receber a prestação de serviços: as empresas públicas, as
sociedades de economia mista, as autarquias, as entidades
subvencionadas pelo Poder Público.
Limitação de Fim de Semana: tem como características:
a) a limitação de fim de semana consiste na obrigação do condenado de
permanecer aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, na Casa do
Albergado (LEP, art. 93) ou outro estabelecimento adequado;
b) o estabelecimento encaminhará mensalmente ao juiz da execução
relatório sobre o aproveitamento do condenado.
Interdição temporária de direitos: características:
a) proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem
como de mandato eletivo: trata-se de pena específica, uma vez que só
pode ser aplicada ao crime cometido no exercício do cargo ou função,
com violação de deveres a estes inerentes (CP, art. 56), e desde que
preenchidos os requisitos legais para a substituição. Quando a lei fala de
cargo, está-se referindo ao efetivo, e não ao eventual.
- no que toca à suspensão de mandato eletivo, a condenação criminal
transitada em julgado acarreta a suspensão dos direitos políticos,
enquanto durarem seus efeitos, nos termos do art. 15, III, da
Constituição (norma de eficácia plena, que não depende de lei
regulamentadora para gerar efeitos);
b) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam
de habilitação especial, autorização ou licença do Poder Público: também
se trata de restritiva específica, pois só se aplica aos crimes cometidos no
exercício da profissão ou atividade e se houver violação dedeveres a
estas relativos (CP, art. 56);
c) suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículo: da mesma
forma que as anteriores, cuida-se aqui de pena específica, só aplicável
aos delitos culposos de trânsito (não se enquadram nessa categoria os
veículos movidos a tração animal e a propulsão humana).
1 - mesmo no caso da imposição dessa pena, o juiz deve comunicar à
autoridade de trânsito a ocorrência do acidente, para apreensão da
carteira de habilitação e sujeição do motorista a novos exames, pois se
trata de medida meramente administrativa, cuja aplicação não configura
bis in idem.
2 - o CP não obriga a que, nos crimes culposos de trânsito, se aplique
sempre a interdição temporária de habilitação para dirigir veículos,
podendo ser aplicada outra pena restritiva de direitos. Entendase: o que a
lei diz é que o juiz só pode aplicar a pena de suspensão de habilitação
para os crimes culposos de trânsito, isto é, não pode impor essa restritiva
para nenhum outro crime. Os crimes culposos de trânsito não são,
contudo, punidos obrigatoriamente com essa pena, podendo o juiz
escolher outra restritiva. Assim, toda suspensão pune um crime culposo
de trânsito, mas nem todo crime culposo de trânsito é punido com a
suspensão.
3 - com o novo Código de Trânsito Brasileiro, a suspensão ou proibição
de obter habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta
como pena principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades
(Lei n. 9.503/97, arts. 292 e 293);
d) proibição de freqüentar determinados lugares (Lei n. 9.714/98): além
de pena restritiva de direitos, funciona como condição do sursis especial,
conforme disposto no art. 78, § 2º, a, do Código Penal.
Alterações promovidas pelo Código de Trânsito: de acordo com o
disposto no art. 292 do novo Código de Trânsito, a suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir pode ser
imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com
outra pena, devendo ter a duração de 2 meses a 5 anos.
A suspensão pressupõe permissão ou habilitação já concedida, enquanto
a proibição aplica-se àquele que ainda não obteve uma ou outra,
conforme o caso.
Diferenças entre a suspensão para dirigir do novo Código de Trânsito e a
pena restritiva de direitos prevista no art. 47, III, do Código Penal:
podemos enumerar as seguintes diferenças:
1) a interdição temporária de direitos do Código Penal não alcança a
proibição de obter permissão ou habilitação para dirigir veículo,
limitando-se à suspensão da licença já concedida. Desse modo, a pena
prevista na Parte Geral somente pode ser aplicada a quem já tiver
habilitação válida;
2) a pena restritiva de direitos trazida pelo novo Código de Trânsito,
contrariando o disposto no art. 44 do Código Penal, não tem caráter
substitutivo. No sistema tradicional, até então o único em vigor, o juiz
deve, em primeiro lugar, fixar a pena privativa de liberdade, de acordo
com o critério trifásico (art. 68, caput). Aplicada a pena in concreto, caso
seja inferior a 4 anos ou se trate de crime culposo (qualquer que seja a
pena), e desde que preenchidos os demais requisitos legais (CP, art. 44,
II e III, com a redação dada pela Lei n. 9.714/98), o juiz procede à
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos;
3) devido ao seu caráter substitutivo, a pena restritiva de direitos tratada
pelo Código Penal não é cominada abstratamente no tipo, nem tem seus
limites mínimo e máximo previstos no preceito secundário da norma. Ao
contrário, tem exatamente a mesma duração da pena privativa de
liberdade substituída (CP, art. 55). Assim, o juiz, em primeiro lugar,
aplica a pena privativa de liberdade, e somente então, se esta for cabível,
a substitui por restritiva de direitos, pelo mesmo tempo de duração;
4) dado seu caráter substitutivo, a suspensão de habilitação prevista no
Código Penal não pode ser aplicada em conjunto com pena privativa de
liberdade: é uma ou outra. Excepcionalmente, permite-se a aplicação
cumulativa, mas, ainda assim, se a pena privativa de liberdade tiver sido
suspensa condicionalmente (CP, art. 69, § 1º); Concurso Material
5) no novo sistema do Código de Trânsito, a suspensão ou proibição de
permissão ou habilitação apresenta as seguintes características: a) não
tem caráter substitutivo, isto é, não substitui pena privativa de liberdade
fixada pelo mesmo tempo de duração; b) é cominada abstratamente no
tipo, tendo seus limites mínimo e máximo nele traçados, não havendo que
falar em substituição pelo mesmo período da pena privativa de liberdade
aplicada; c) sua dosagem obedece aos mesmos critérios previstos no art.
68, caput, do Código Penal; d) tratando-se de pena não substitutiva,
nada impede seja aplicada cumulativamente com pena privativa, pouco
importando tenha esta sido ou não suspensa condicionalmente.
Crimes punidos com a nova modalidade de pena restritiva: homicídio
culposo e lesão culposa, praticados na condução de veículo automotor,
direção em estado de embriaguez, violação de suspensão ou proibição
impostas e participação em disputa não autorizada ("racha").
Forma de aplicação da nova pena de suspensão ou proibição: nos crimes
acima mencionados, o juiz deverá dosar a suspensão ou proibição entre o
mínimo de 2 meses e o máximo de 5 anos, de acordo com as
circunstâncias judiciais (CP, art. 59, caput), as agravantes e atenuantes e
as causas de aumento e diminuição, seguindo-se idêntico critério ao das
penas privativas de liberdade.
Somente na hipótese do crime previsto no art. 307 do novo Código de
Trânsito, qual seja, o de violação da suspensão ou proibição, a pena
restritiva terá idêntico prazo ao da pena privativa aplicada. Frise-se,
contudo, que não há substituição, mas cumulação de penas.
Caráter não substitutivo - cumulação com pena privativa de liberdade:
conforme já dito, a Lei n. 9.503/97 também possibilita a aplicação de
pena privativa de liberdade, não suspensa condicionalmente,
cumulativamente com pena restritiva de direitos, contrariando o disposto
no art. 69, § 1º, da Parte Geral. Aplicada junto com pena privativa de
liberdade, a nova penalidade de interdição temporária de direitos não se
inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver
recolhido a estabelecimento prisional (CTB, art. 293, § 2º).
Execução da interdição imposta: transitada em julgado a sentença
condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em
48 horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Impossibilidade de cumulação com a suspensão da habilitação prevista
no Código Penal: a pena de suspensão da habilitação para dirigir veículo,
prevista no art. 47, III, do Código Penal, e que pode ser aplicada em
substituição (CP, art. 44), pelo mesmo tempo de duração (art. 55), aos
delitos culposos de trânsito (art. 57), não tem mais cabimento nos crimes
previstos no Código de Trânsito, para os quais foi cominada,
abstratamente, a nova interdição temporária de direitos. Não teria
sentido, por exemplo, no crime de lesão corporal culposa na direção de
veículo automotor, substituir a pena privativa de liberdade pela suspensão
de habilitação prevista no Código Penal e cumulá-la com a suspensão ou
proibição da nova lei. É possível, no entanto, substituir a pena privativa
de liberdade concretamente fixada por outra restritiva de direitos, como a
prestação de serviços à comunidade ou a limitação de fim de semana, e
cumulá-la com a nova interdição de direitos, já que não são incompatíveis
ou redundantes.
Impossibilidade de aplicação da suspensão de habilitação prevista no
Código Penal também aos demais crimes do novo Código de Trânsito
Brasileiro: quanto aos crimes de omissão de socorro (CTB, art. 304),
fuga do local do acidente (art. 305), direção sem habilitação (art. 309),
entrega de veículo automotor a pessoa não habilitada ou sem condições
de dirigi-lo (art. 310), condução de veículo em velocidade incompatível
com o local (art. 311) e inovação artificiosa de inquérito policialou
processo criminal (art. 312), para os quais não é prevista abstratamente a
interdição temporária de direitos, em princípio nada impediria a
substituição da pena privativa aplicada pela suspensão de habilitação
prevista no art. 47, III, do Código Penal. No entanto, como o art. 57 do
Estatuto Repressivo somente permite a aplicação dessa pena aos delitos
culposos de trânsito, considerando que todos os crimes acima referidos
são dolosos, não será aplicável a substituição.
Revogação da pena prevista no Código Penal: não existindo mais
qualquer alternativa em que possa ser aplicada, visto que os delitos
culposos de trânsito passaram a ser punidos com a nova interdição
temporária de direitos, considera-se revogada a pena de suspensão de
habilitação para dirigir veículo prevista no art. 47, III, do Código Penal
brasileiro.
Aplicação cumulativa de pena privativa de liberdade e suspensão ou
proibição para dirigir veículo: nos crimes em que a nova lei comina
cumulativamente essa pena restritiva de direitos com a privativa de
liberdade (arts. 302, 303, 306, 307 e 308) é possível a imposição de
ambas em concurso material. Trata-se de regra especial aos crimes do
Código de Trânsito, que contraria a regra geral do art. 69, § 1º do
Código Penal, a qual tolera o concurso somente no caso de a privativa de
liberdade ser suspensa condicionalmente. Havendo imposição conjunta, a
interdição do direito não se iniciará enquanto o condenado estiver
recolhido a estabelecimento prisional.
Efeito extrapenal da condenação: o condutor condenado por qualquer
dos delitos previstos no Código de Trânsito Brasileiro perderá sua
habilitação ou permissão, ficando obrigado a submeter-se a novos
exames para que possa voltar a dirigir, de acordo com as normas
estabelecidas pelo Contran. Trata-se de efeito extrapenal automático da
condenação, que independe de expressa motivação na sentença. Não
importa tampouco, para a incidência desse efeito, a espécie de pena
aplicada ou até mesmo eventual prescrição da pretensão punitiva ou
executória (CTB, art. 160).
Execução da pena de suspensão ou proibição de dirigir: de acordo com o
disposto no art. 293, § 1º, do Código de Trânsito, transitada em ju1gado
a decisão condenatória que impuser a penalidade de suspensão ou
proibição de obter a permissão ou habilitação, o réu será intimado a
entregar à autoridade judiciária, em 48 horas, a Permissão para Dirigir ou
a Carteira de Habilitação. De qualquer forma, a pena será sempre
comunicada pela autoridade judiciária ao Contran e ao órgão de trânsito
local, para os fins mencionados no tópico anterior.
Inexistência de "Bis in idem": não há que falar em dupla apenação, uma
vez que se trata de penalidade administrativa, de natureza diversa da
sanção penal.
Reincidência específica: nos mesmos moldes do art. 5º da Lei de Crimes
Hediondos, a Lei n. 9.503/97 traz novamente à baila o conceito de
reincidência específica. Trata-se do agente que, após ter sido
definitivamente condenado por qualquer dos crimes previstos no Código
de Trânsito, vem a cometer novo delito ali também tipificado.
Efeitos da reincidência específica: nos crimes em que a leijá prevê a pena
de suspensão ou proibição de obter a permissão ou habilitação para
dirigir veículo (CTB, arts. 302, 303, 306, 307 e 308), a reincidência atua
como circunstância agravante preponderante (CP, art. 61, I, c/c o art.
67), naqueles em que o Código de Trânsito não comina essa modalidade
de interdição temporária de direitos (CTB, arts. 304, 305, 309, 310, 311
e 312), o juiz poderá aplicá-Ia, sem prejuízo das demais penas previstas.
Neste último caso, a fim de que a reincidência não prejudique o agente
duas vezes, não poderá ser aplicada como agravante.
Suspensão ou proibição cautelar: em qualquer fase da investigação ou da
ação penal, havendo necessidade para garantia da ordem pública, poderá
o juiz, como medida cautelar, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, ou ainda mediante representação da autoridade policial,
decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da
habilitação para dirigir veículo, ou a proibição de sua obtenção.
Da decisão que decretar a providência cautelar ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público caberá recurso em sentido estrito,
sem efeito suspensivo.
Trata-se de decisão cautelar de natureza processual, que tem por
finalidade impedir que o condutor continue a provocar danos ou a
colocar em perigo a coletividade, enquanto se aguarda o desfecho
definitivo do processo. Ao contrário da prisão preventiva (CPP, art. 313
e seu inciso I), pode ser aplicada aos delitos culposos de trânsito, bem
como aos apenados com detenção. Mais uma vez, diferentemente da
custódia cautelar, cabe recurso em sentido estrito não apenas da decisão
que indefere o requerimento, mas também da que impõe a suspensão ou
proibição cautelar.
Livrar-se solto: ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de
trânsito de que resulte vítima, não se imporá prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. Repetindo
dispositivo da Lei n. 4.611/65, essa regra visa estimular o causador do
acidente a socorrer a vítima sem correr o risco de ser preso em flagrante.
Agravantes específicas: são aquelas que agravam somente as penas dos
crimes de trânsito:
a) ter praticado o crime com dano potencial para duas ou mais pessoas
ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
b) utilizando veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
c) sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
d) com permissão ou habilitação de categoria diferente do veículo;
e) quando sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o
transporte de passageiros ou de carga;
f) utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou
características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de
acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do
fabricante;
g) sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a
pedestres.
Multa reparatória: consiste na condenação criminal do agente, mediante
depósito judicial em favor da vítima ou seus sucessores, ao pagamento de
uma quantia calculada de acordo com o critério do dia-multa, previsto no
art. 49, § 1º, do Código Penal, sempre que houver prejuízo material
resultante do crime. O valor da multa será fixado de acordo com dois
fatores - extensão do dano e capacidade econômica do agente -,
devendo o juiz buscar a justa medida entre ambos.
Esse dispositivo reforça a tendência da moderna criminologia de
privilegiar o interesse da vítima, outrora tão esquecida pela política
criminal.
Quadro Sinótico
Penas alternativas: quaisquer penas que o juiz puder aplicar em
substituição à pena privativa de liberdade. Atualmente são 10 (dez) [9
(nove) restritivas de direito, dentre as quais 6 (seis) em sentido estrito e
3 (três) pecuniárias] + a pena de multa.
Espécies:
a) Restritivas de direito:
aI) em sentido estrito: prestação de serviços à comunidade, limitação
de fim de semana e quatro interdições temporárias de direito (proibição
do exercício de cargo ou função pública, proibição do exercício de
atividade ou profissão que dependa de habilitação especial ou licença
do Poder Público, suspensão da habilitação para dirigir veículo e
proibição de freqüentar lugares).
a2) pecuniárias: prestação pecuniária, prestação inominada e perda de
bens e valores. b) Multa (diferencia-se das restritivas pecuniárias
porque, ao contrário destas, a multa não pode ser convertida em
privativa de liberdade, sendo considerada dívida de valor para fins de
execução).
Características: substituem a pena privativa de liberdade aplicada na
sentença condenatória, desde que preenchidos os requisitos legais (cf.
CP, art. 44 e incisos). Em regra, são genéricas, ou seja, podem ser
aplicadas em substituição a qualquer espécie de crimes, obedecidos os
requisitos impostos pela lei. Três penas restritivas, no entanto, são
específicas, só podendo ser aplicadasa determinados crimes. São elas:
proibição do exercício do cargo ou função pública (só para crimes
cometidos em seu exercício), proibição do exercício de profissão ou
atividade (só para crimes cometidos em seu exercício) e suspensão da
habilitação ou autorização para dirigir veículos (só para delitos
culposos de trânsito).
Requisitos para a substituição: (a) que a pena total imposta na sentença
condenatória não exceda a 4 (quatro) anos, salvo se o delito for
culposo + (b) que o crime tenha sido cometido sem violência ou grave
ameaça contra a pessoa, salvo se for culposo + (c) que o réu não seja
reincidente em crime doloso (se a condenação anterior tiver sido a
pena de multa, cabe sursis, mas não pena alternativa), nem reincidente
específico em crime culposo (CP, art. 44, § 3º, parte final) + (d) que a
culpabilidade, os antecedentes, a personalidade e a conduta social
autorizem a substituição.
Tráfico de drogas e estupro tentado com violência presumida: a Lei
dos Crimes Hediondos determina que suas penas deverão ser
cumpridas integralmente em regime fechado; logo, não cabe pena
alternativa, pela singela razão de que tal pena não pode ser cumprida
em regime fechado. A única pena que comporta tal regime
penitenciário é a privativa de liberdade, razão pela qual não cabe
substituição.
Conversão da pena alternativa em privativa de liberdade: se houver
descumprimento injustificado da restrição imposta ou se houver
condenação que torne impossível a continuidade do cumprimento da
pena alternativa (CP, art. 44, §§ 4º e 5º). Operada a conversão,
aproveita-se o tempo de pena até então decorrido, salvo se restarem
menos de 30 (trinta) dias, caso em que serão cumpridos, pelo menos,
esses 30 (trinta) dias.
Primeira classe e classe econômica: como cabe pena alternativa para
penas de até 4 (quatro) anos, a lei acabou estabelecendo um rol
bastante diverso e variável de beneficiários, pois o limite compreende
quem recebeu desde 1 (um) dia até 4 (quatro) anos de pena. Visando
a evitar injustiças, o CP separou tais condenados em duas classes: (a)
se a pena imposta for igualou inferior a 1 (um) ano, a pena privativa de
liberdade será substituída por uma multa ou por uma restritiva. É a
turma da primeira classe. (b) Se, no entanto, a pena imposta for maior
do que I (um) ano e não exceder a 4 (quatro), o juiz poderá aplicar
duas restritivas ou uma restritiva + uma de multa (CP, art. 44, § 2º). É
a turma que viaja de econômica. De fato, o legislador tinha mesmo de
fazer uma distinção, pois entre o condenado que recebe um dia e o que
recebe quatro anos, há grande diferença, embora ambos possam ser
beneficiados com a substituição.
Jesus, Damásio E. de, Direito penal, 25 ed., São Paulo, Saraiva, v. 1.
STJ, 5ª T, RHC 8.620-PR, Rel. Min. José Amaldo da Fonseca, DJU,
16-8-1999, p. 80;
STJ, 5ª T, RHC 8.406-RJ, ReI. Min. Félix Fischer, DJU, 27-9-1999, p.
100-1;
STJ, 5ª T, HC 10.796-MG, ReI. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJU,
22-11-1999, p. 173;
STJ, 5ª T, HC 9.953-RJ, ReI. Min. Edson VidigaI, DJU, 29-11-1999,
p. 179.
STJ, 6ª T, RHC 9.135-MG, ReI. Min. Hamilton Carvalhido, DJU, 19-
6-2000, p.210.
Gomes, Luiz Flávio, Penas e medidas alternativas à prisão, São
Paulo, Revista dos Tribunais, 1999.
Gonçalves, Victor Eduardo Rios, Penas alternativas, Ed. Paloma,
1999.
Capez, Fernando, Curso de Direto Penal, parte geral, vol. 1,
Saraiva, 10ª ed., 2006
(Revista Realizada por Suelen Anderson - Acadêmica em Ciências
Jurídicas - 06 de dezembro de 2009)
Jurisprudência Relacionada:
- Impedimento - Concessão do "Sursis" - Condenação Anterior à Pena
de Multa - Súmula nº 499 - STF
- Sentença Condenatória Transitada em Julgado - Conpetência na
Aplicação de Lei Mais Benigna - Súmula nº 611 - STF
Normas Relacionadas:
Art. 43 a Art. 48, Penas Restritivas de Direito - Espécies de Pena
- Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940
Art. 54 a 57, Penas Restritivas de Direitos - Cominação das Penas
- Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940
Art. 147 a Art. 155, Penas Restritivas de Direito - Execução das
Penas em Espécie - Lei de Execução Penal - LEP - L-007.210-
1984
Prestação de Serviço à Comunidade - Limitação de Fim de Semana -
Interdição Temporária de Direitos
Execução das Penas em Espécie
Execução Penal
Pena de Multa - Penas Privativas de Liberdade
Cominação das Penas
Aplicação da Pena - Efeitos da Condenação - Livramento Condicional -
Reabilitação - Suspensão Condicional da Pena - Espécies de Pena
Penas
Processo penal em geral - Processo penal em espécie - Nulidades e
recursos penais em geral - Relações jurisdicionais penais com autoridades
estrangeiras - Disposições gerais do processo penal
[Direito Processual Penal]
Conversão das penas restritivas de direitos - Interdição temporária de
direitos - Limitação de fim de semana - Prestação de serviços à
comunidade ou a entidades públicas
Pena de Multa - Penas Privativas de Liberdade
Espécies de Pena
Aplicação da pena - Cominação das Penas - Efeitos da condenação -
Livramento Condicional - Reabilitação - Suspensão Condicional da Pena
Penas
Ação Penal - Aplicação da Lei Penal - Concurso de Pessoas - Crime -
Crimes contra a administração pública - Crimes contra a existência, a
segurança e a integridade do Estado - Crimes Contra a Família - Crimes
contra a fé pública - Crimes Contra a Incolumidade Pública - Crimes
Contra a Organização do Trabalho - Crimes Contra a Paz Pública -
Crimes Contra a Pessoa - Crimes Contra a Propriedade Imaterial -
Crimes Contra o Patrimônio - Crimes contra o sentimento religioso e
contra o respeito aos mortos - Crimes Contra os Costumes - Extinção da
Punibilidade - Imputabilidade Penal - Medidas de Segurança
[Direito Criminal] [Direito Penal]

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