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Marcos Históricos da Educação Especial no Brasil

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AULA 2 
EDUCAÇÃO ESPECIAL E 
INCLUSIVA NA PERSPECTIVA 
HISTÓRICO-SOCIAL BRASILEIRA 
Profª Joice Martins Diaz 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Nesta aula veremos os marcos históricos e normativos do atendimento às 
pessoas com deficiência no Brasil e no mundo, os históricos de Leis e Políticas 
voltadas para a educação especial na perspectiva da educação inclusiva. 
Veremos também a grande influência da Declaração de Salamanca nas Políticas 
Públicas em prol da educação inclusiva e a relação com a igualdade e diversidade, 
bem como os princípios para alcançar a inclusão escolar e contemplar a 
diversidade. 
TEMA 1 – MARCOS HISTÓRICOS E NORMATIVOS 
O atendimento aos deficientes no Brasil teve iniciou na época do Império, 
com a criação de instituições, como o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 
1854, atualmente Instituto Benjamin Constant (IBC). Criou-se também o Instituto 
dos Surdos Mudos, em 1857, atualmente Instituto Nacional da Educação dos 
Surdos (NES), ambos no Rio de Janeiro. 
Essa trajetória conta com um longo histórico de Leis e Políticas que foram 
criadas com o intuito de aperfeiçoar os propósitos no âmbito da Educação 
Especial com vistas a Educação Inclusiva. 
O quadro seguinte resume essa trajetória com os principais marcos 
históricos e normativos: 
Quadro 1 – Principais marcos históricos e normativos 
1961 
O atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser 
fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN), Lei n. 74.024/1961, que aponta o direito dos “excepcionais” 
à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. 
Lei n. 
5.692/1971 
Altera a LDBEN de 1961, ao definir ‘tratamento especial’ para os alunos com 
“deficiências físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável 
quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”, não promove a 
organização de um sistema de ensino capaz de atender as necessidades 
educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para 
as classes e escolas especiais. 
1973 
Criado pelo MEC, o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), 
responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, sob a égide 
integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com 
deficiência e às pessoas com superdotação, ainda configuradas por 
campanhas assistenciais e ações isoladas do Estado. 
(continua) 
 
 
 
3 
(continuação do Quadro 1) 
Constituição 
Federal de 
1988 
Traz como um dos seus objetivos fundamentais, “promover o bem de todos, 
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação” (Art.3º, inciso IV). Define no Art. 205, a educação como um 
direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da 
cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu Art. 206, inciso I, estabelece 
a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” , como um dos 
princípios para o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do 
atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de 
ensino (Art. 208). 
Lei n. 
8.069/1990 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Art. 55, reforça os dispositivos 
legais supracitados, ao determinar que "os pais ou responsáveis têm a 
obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. 
Também, nessa década, documentos como a Declaração Mundial de 
Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), passam a 
influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva. 
1994 
Publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de 
‘integração instrucional’ que condiciona o acesso às classes comuns do ensino 
regular àqueles que "[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as 
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os 
alunos ditos normais”. Ao reafirmar os pressupostos construídos por meio de 
padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a Política não provoca 
uma reformulação das práticas educacionais de maneira que sejam valorizados 
os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mantendo a 
responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da 
educação especial. 
Lei n. 
9.394/1996 
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei n. 9.394/96, no 
Art. 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos 
currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas 
necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram 
o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas 
deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do 
programa escolar. 
1999 
O Decreto n. 3.298 que regulamenta a Lei n. 7.853/89, ao dispor sobre a 
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define 
a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e 
modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação 
especial ao ensino regular. 
Lei n. 
10.172/2001 
O Plano Nacional de Educação (PNE), Lei n. 10.172/2001, destaca que “o 
grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção 
de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”. 
Convenção 
da 
Guatemala 
(1999) 
Promulgada no Brasil pelo Decreto n. 3.956/2001, afirma que as pessoas com 
deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as 
demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência, toda 
diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos 
humanos e de suas liberdades fundamentais. 
Resolução 
CNE/CP 
n.1/2002 
Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP n.1/2002, que 
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de 
Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior 
devem prever em sua organização curricular formação docente voltada para a 
atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as 
especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. 
 (continua) 
 
 
 
4 
(continuação do Quadro 1) 
2003 
O Ministério da Educação cria o Programa Educação Inclusiva: direito à 
diversidade, visando transformar os sistemas de ensino em sistemas 
educacionais inclusivos, que promovam um amplo processo de formação de 
gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de 
acesso de todos à escolarização, a organização do atendimento educacional 
especializado e a promoção da acessibilidade. 
2004 
Ministério Público Federal divulga o documento: O Acesso de Alunos com 
Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de 
disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o 
direito e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas 
turmas comuns do ensino regular. 
2006 
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação, o 
Ministério da Justiça e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (UNESCO) lançam o Plano Nacional de Educação em 
Direitos Humanos que objetiva, dentre as suas ações, fomentar, no currículo da 
educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência e 
desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência 
na educação superior. 
2007 
No contexto com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), é lançado o 
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), reafirmado pela Agenda Social 
de Inclusão das Pessoas com Deficiência, tendo como eixos a acessibilidade 
arquitetônica dos prédios escolares, a implantação de salas de recursos e a 
formação docente para o atendimento educacional especializado. 
Decreto n. 
6.094/2007 
Estabelece dentre as diretrizes do Compromisso Todos pela Educação, a 
garantia do acesso e permanênciano ensino regular e o atendimento às 
necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão 
educacional nas escolas públicas. 
Fonte: Brasil, 2008, p. 6-10 
TEMA 2 – EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
A educação inclusiva, fundamentada na concepção de direitos humanos, é 
um movimento de ação política, cultural e social bem como pedagógica, que 
considera igualdade e diferença como valores indissociáveis em prol da ideia de 
equidade, com base no contexto e circunstâncias históricas da produção da 
exclusão dentro e fora da escola. 
O movimento em prol da educação inclusiva no Brasil “teve um grande 
impacto na discussão de políticas educacionais para crianças e adolescentes com 
necessidades especiais uma vez que a grande maioria dessa população havia 
sido historicamente excluída do sistema educacional público brasileiro” (Mendes; 
Almeida; Toyoda, 2011, p. 81). Nessa perspectiva: 
O Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial apresenta a 
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva, que acompanha os avanços do conhecimento e das lutas 
sociais, visando constituir políticas públicas promotoras de uma 
educação de qualidade para todos os alunos. (Brasil, 2008, p. 5) 
Com a Declaração de Salamanca, de 1994, foi possível estabelecer como 
princípio que todas as escolas do ensino regular devem educar todos os alunos 
 
 
5 
que estejam enfrentando situações de exclusão escolar como os deficientes, 
superdotados e as que apresentam diferenças culturais. 
Com isso, o conceito de necessidades educativas especiais, com base 
nessa declaração, é definido como a “interação das características individuais dos 
alunos com o ambiente educacional e social, chamando a atenção do ensino 
regular para o desafio de atender as diferenças”. (Brasil, 2008, p.14). 
A educação especial, na perspectiva da educação inclusiva, passa a 
constituir a proposta pedagógica da escola e defini como público alvo alunos com 
deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e também altas 
habilidades/superdotação. 
O documento elaborado em 2008 que trata da política nacional de 
educação especial, na perspectiva da educação inclusiva, considera alunos com 
deficiência: 
Aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras 
podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na 
sociedade. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são 
aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais 
recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades 
restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com 
autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. Alunos 
com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em 
qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, 
acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam 
elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização 
de tarefas em áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais 
específicos estão: dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno 
de atenção e hiperatividade, entre outros. (Brasil, 2008, p. 14) 
É importante pensar nas definições do público alvo de forma 
contextualizada, não se esgotando com a mera categorização atribuída a um 
determinado quadro de deficiência, distúrbios e aptidões, pois é considerável a 
questão de que as pessoas se modificam de forma contínua, transformando o 
contexto na qual está inserida. Toda essa questão passa a exigir um certo 
dinamismo na atuação pedagógica que deve enfatizar a importância de ambientes 
heterogêneos, que promova a aprendizagem para todos os alunos. 
TEMA 3 – POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA 
DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA – DIRETRIZES 
A educação especial realiza o Atendimento Educacional Especializado 
(AEE), disponibilizando os serviços, bem como os recursos próprios para esse 
 
 
6 
atendimento, com o intuito de orientar alunos e professores quanto à sua 
utilização, em turmas de ensino regular. 
A educação especial perpassa todos os níveis, modalidades e etapas do 
processo de ensino aprendizagem. Assim, o Atendimento Educacional 
Especializado: 
Identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de 
acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação 
dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As 
atividades desenvolvidas no atendimento educacional 
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula 
comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse 
atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos 
alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora 
dela. (Brasil, 2008, p. 16) 
Nessa perspectiva, é necessário pensar em uma articulação entre o 
atendimento especializado e a proposta pedagógica que passa a oferecer ajudas 
técnicas e tecnologia assistiva, programas de enriquecimento curricular, 
preocupação com a comunicação, inserindo o ensino de linguagens e códigos 
específicos, dentre outros recursos que visam proporcionar esse atendimento 
educacional especializado. 
Com início no nascimento da criança até os três anos de idade, o AEE é 
organizado com o objetivo de apoiar o desenvolvimento do aluno, em oferta 
obrigatória a ser realizado no contra turno da classe comum, na própria escola, 
ou fora dela, em centros especializados que realize esse tipo de serviço 
educacional. Este se expressa por meio dos serviços de interação com o objetivo 
de melhorar todo o processo de desenvolvimento da criança e da sua 
aprendizagem em interface com os serviços de assistência social e saúde. 
Neste contexto, a inclusão escolar começa na educação infantil, com o uso 
do lúdico, formas diferentes de comunicação, preocupação com os estímulos e 
físicos, cognitivos, emocionais, psicomotores e sociais bem como a convivência 
com as diferenças, pois favorecem as relações interpessoais. 
No caso da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da educação 
profissional, as ações da educação especial tem como objetivo possibilitar a 
ampliação das oportunidades de escolarização, a efetiva participação social e 
formação para inserção no mercado de trabalho. 
Já na educação indígena, do campo e quilombola a educação especial tem 
como objetivo assegurar “que os recursos, serviços e atendimento educacional 
 
 
7 
especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base 
nas diferenças socioculturais desses grupos” (Brasil, 2008, p. 17) 
Com relação a educação superior, a educação especial se dá por meio de 
ações que ofereçam e promovam o acesso, bem como a permanência e a 
participação de todos os alunos envolvendo a promoção de acessibilidade nos 
âmbitos arquitetônicos, nos serviços de comunicações e informações, nos 
serviços pedagógicos e na elaboração dos materiais didáticos, que devem ser 
disponibilizados desde o processo seletivo até o desenvolvimento integral de 
todas as atividades que envolvem ensino, pesquisa e extensão. 
A educação bilíngue (Língua Portuguesa/ Libras) é necessária para 
inclusão dos alunos surdos, pois desenvolve o ensino escolar tanto na língua 
Portuguesa quanto na língua de Sinais. Esse atendimento é necessário tanto na 
modalidade oral e escrita bem como na língua de sinais. 
É importante lembrar que o atendimento educacional especializado deve 
ser realizado com a atuação de profissionais com conhecimentos específicos: 
No ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na 
modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do 
soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, 
da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais 
superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação 
eprodução de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de 
recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros. (Brasil, 
2008, p. 17) 
Neste contexto, é de responsabilidade do sistema de ensino, disponibilizar 
as seguintes funções: tradutor/ intérprete, instrutor, tutor para auxiliar os alunos 
com necessidades de apoio nas atividades de higiene, locomoção, nas refeições, 
e todas as que exigem auxílio no cotidiano escolar. 
TEMA 4 – INCLUSÃO ESCOLAR E A RELAÇÃO COM A IGUALDADE E 
DIVERSIDADE 
Como já mencionado no material dessa disciplina, a Declaração de 
Salamanca foi um grande marco mundial na difusão da filosofia da educação 
inclusiva, ganhando espaço e teorias práticas, no Brasil e no mundo. Após esta 
declaração o conceito de necessidades especiais foi disseminado de forma muito 
ampla. 
Segundo Karagiannis, Stainback e Stainback (1999, p. 21) a inclusão 
escolar foi definida como “a prática da inclusão de todos – independentemente de 
 
 
8 
seu talento, deficiência, origem socioeconômicas ou origem cultural – em escolas 
e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são 
satisfeitas” 
Nessa perspectiva, a inclusão escolar proporciona ao aluno a oportunidade 
de ter experiências em contextos reais, preparando-o melhor para a vida na 
comunidade. A sociedade passa a desenvolver seus valores sociais, respeitando 
a igualdade bem como a diversidade dos direitos. Nota-se que houve mudanças 
no que diz respeito aos movimentos de integração e inclusão escolar, conforme 
apresentado do quadro a seguir: 
Quadro 2 – Comparação entre os movimentos de integração e inclusão escolar 
Integração escolar Inclusão escolar 
“Problema” centrado no aluno. 
Prevê a reestruturação do sistema 
educacional 
Não há pressuposição de mudança do ensino 
e da escola 
Reformulação dos currículos, das formas de 
avaliação, da formação dos professores e da 
política educacional. 
Serviços organizados em níveis, sendo que 
muitas vezes os alunos retornavam para 
serviços mais segregados 
Intensificação na prestação atendimento na 
classe comum da escola regular. 
Fonte: Silva, 2010, p. 98. 
Com todas as mudanças apresentadas, a inclusão escolar, diferente da 
integração escolar, acredita que o sistema educacional necessita de 
reestruturação para que seja possível atender as novas propostas que tem como 
objetivo proporcionar meios para que todos os alunos alcancem sucesso 
acadêmico. Com isso, “o problema deixa de estar centrado no aluno e se desloca 
para o sistema educacional como um todo” (Silva, 2010, p. 98). 
Porém, é necessário pensar em toda a reformulação no currículo, formas 
de avaliar, na formação de professores e todo o processo que envolve essa luta 
educacional para diversidade. 
Nessa direção: “A equiparação de condições não garante a equiparação de 
oportunidades, e a educação inclusiva bem-sucedida implicará a reestruturação 
do sistema educacional em todos os níveis: político-administrativo, escolar e na 
própria sala de aula” (Mendes, 2002, p. 65) 
Frente a essa questão, percebe-se que a inclusão escolar vai além da 
questão de inserção do aluno com necessidades especiais no sistema regular de 
 
 
9 
ensino, pois é um processo que exige atenção e revisão das práticas, bem como 
posturas dos profissionais envolvidos e da sociedade. 
TEMA 5 – PRINCÍPIOS PARA ALCANÇAR A INCLUSÃO ESCOLAR E 
CONTEMPLAR A DIVERSIDADE 
A concepção da escola inclusiva vai além da reformulação do currículo 
escolar, das alterações estruturais da escola e da reestruturação de todo o 
sistema educacional. Essa questão está diretamente ligada a um fator muito 
importante, muitas vezes não lembrada pelos envolvidos nessa intenção de 
transformar uma escola em um local de fato inclusivo. 
Igualdade versus equidade. Você já parou para pensar na diferença dos 
conceitos dessas palavras? Mesmo que em muitas situações sejam tratados 
como sinônimos, é necessário, nesse momento, diferenciarmos estes conceitos 
para que seja possível a interpretação e entendimento do ato inclusivo, tanto na 
escola como fora dela. 
Com base no Dicionário Michaelis (2019), vejamos as características dos 
dois termos: 
 Igualdade: 
 Qualidade daquilo que é igual ou que não apresenta diferenças; 
identidade; 
 Conformidade de uma coisa com outra em natureza, forma, proporção, 
valor, qualidade ou quantidade; 
 Nivelamento ou uniformidade de uma superfície; 
 Expressão da relação entre duas quantidades iguais; equação; 
 Identidade de condições entre os membros da mesma sociedade; 
 Qualidade que consiste em estar em conformidade com o que é justo e 
correto; equidade, justiça. 
 Equidade: 
 Consideração em relação ao direito de cada um independentemente da 
lei positiva, levando em conta o que se considera justo; 
 Integridade quanto ao proceder, opinar, julgar; equanimidade, igualdade, 
imparcialidade, justiça, retidão; 
 Disposição para reconhecer imparcialmente o direito de cada um. 
 
 
10 
Ambos conceitos estão diretamente ligados ao princípio de justiça, 
constituindo os alicerces de uma sociedade que pratica a justiça e democracia. 
Para que haja equidade é necessário pensar e considerar as diferenças 
como elemento essencial para uma igualdade eficaz. A equidade passa então a 
ser considerada a justiça aplicada, de forma particular e individualizada. 
Pensar em equidade vai além de influências no âmbito e reflexões jurídicas, 
pois tornou-se um dos pontos principais que fundamentam a justiça social e a luta 
para uma vida melhor. 
O princípio de equidade, que vai além do princípio de igualdade, é um ato 
que tem como consequência o respeito ao cidadão, suas diferenças e o contexto 
que ele está inserido, pois não basta existir justiça social sem equidade de 
oportunidades. Esse respeito deve ser pensado em todos os âmbitos, 
independente de classe social e econômica, gênero, cor, religião, condição física 
e de qualquer julgamento preconceituoso. 
A Figura 1 retrata a diferença entre igualdade e equidade: 
Figura 1 – Igualdade e equidade 
 
Créditos: Thyago Macson 
É necessário que a equidade caminhe junto com a igualdade para que 
possamos pensar em estratégias que visam minimizar, ao máximo, qualquer 
obstáculo, sejam de natureza social ou individual, para termos como resultado a 
justiça social, de fato, conforme já prevista em nossa Constituição Cidadã de 1988 
que: 
Pôs fim aos governos militares num momento em que o povo ansiava 
pela democracia, pelo direito de eleger seu presidente e pela busca de 
 
 
11 
direitos individuais e coletivos. Promulgada pela Assembleia Nacional 
Constituinte, estabeleceu leis avançadas para a época, em um texto 
moderno, com inovações relevantes para a democratização do Brasil. 
(Supremo Tribunal Federal, 2008) 
Nessa perspectiva, pensando no contexto da escola inclusiva, pensar em 
equidade seria então superar a intenção de igualdade e ansiar a equidade. Para 
Horner “é urgente que compreendamos a inclusão em um sentido amplo [...]. Este 
processo pede, obrigatoriamente, que olhemos para a escola pelo prisma da luta 
por equidade, do reconhecimento de cada aluno em sua singularidade” (Horner, 
2017). 
Para tanto é de extrema importância praticar a equidade, reconhecendo as 
diferenças e singularidades de cada aluno para que seja possível elaborar 
políticas públicas educativas, adotar ações em sala de aula, realizar uma gestão 
escolar adequada, tudo isso voltado para o melhor recebimento do aluno com 
deficiência. Dessa forma, as barreiras que esse aluno encontra para de fato incluir-
se será minimizado, ao máximo, sendo possível aproximar-se ou até alcançar o 
êxito na educação inclusiva. 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
BLANCO, R. Aprendendo na diversidade: implicações educativas. In: 
CONGRESSO IBERO AMERICANO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 3., Anais..., 
Foz do Iguaçu, 1998. Disponível em: <http://entreamigos.org.br/sites/default/files/textos/Aprendendo%20na%20Diversidade%20-
%20Implica%C3%A7%C3%B5es%20Educativas.pdf>. Acesso em: 9 set. 2019. 
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf>. Acesso em: 9 
set. 2019. 
FERNANDES, S. Fundamentos para educação especial. Curitiba: IBPEX, 2007. 
GUGEL, M. A. Pessoas com deficiência e o direito ao trabalho. Florianópolis: 
Obra Jurídica, 2007. 
INCLUSÃO, igualdade e equidade. Estadão, 19 abr. 2017. Disponível em: 
<https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-humboldt/inclusao-
igualdade-e-equidade/>. Acesso em: 9 set. de 2019. 
KARAGIANNIS, A.; STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Fundamentos do ensino 
inclusivo. In: STAINBACK, W.; STAINBACK, S. (Org.). Inclusão: um guia para 
educadores. Porto Alegre: Artmed, 1999. 
MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: 
PALHARES, M. S.; MARINS, S. C. (Org.). Escola inclusiva. São Carlos: Ed. da 
UFSCar, 2002. 
MENDES, E. G.; ALMEIDA, M. A.; TOYODA, C. Y. Inclusão escolar pela via da 
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Curitiba, n. 41, p. 80-93, Sept. 2011. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40602011000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 9 set. 2019. 
MICHAELIS – DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA PORTUGUESA. 
Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso em: 9 set. 2019. 
SILVA, A. M. Educação especial e inclusão escolar: história e fundamentos. 
Curitiba: IBPEX, 2010. 
 
 
13 
STF – Supremo Tribunal Federal. As constituições do Brasil. Brasília, 4 de out. 
de 2008. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=97174>. Acesso em: 9 set. 2019.