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Aula 2: Vida e obra de S. Freud e a proposta teórica inicial (primeira tópica) Ao final da aula, você deverá ser capaz de: 1. explicar o conceito da estrutura psíquica para Freud; 2. comentar o desenvolvimento psicossexual; 3. relacionar os diferentes conceitos freudianos da primeira tópica freudiana O trabalho de Sigmund Freud nasceu do estudo da Neurologia e da Psiquiatria. Sua teoria propõe uma concepção de personalidade que influenciou a cultura ocidental. Freud explorou áreas da psique que eram obscurecidas pela moral e filosofia vitorianas. Descobriu novas abordagens da doença mental. Freud iniciou seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre ao acaso, e muito menos os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação: é o que ele chama de determinismo psíquico. Deste modo, cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente, e é determinado pelos fatos que o precederam. Uma vez que alguns eventos mentais "parecem" ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos de um evento consciente a outro. Atenção: O ponto de partida dessa investigação é a consciência. Toda sua teoria está pautada numa criteriosa análise de casos e, principalmente, na análise e trabalho com a histeria. Nossa intenção aqui é fazer um grande sobrevôo na teoria psicanalítica, tentando entender cada um dos seus principais conceitos. Conceitos principais: primeira tópica (estrutura psíquica) Consciente – é uma pequena parte da mente; inclui tudo do que estamos cientes em um dado momento. Inconsciente - instância em que se encontram os elementos instintivos, que nunca foram conscientes e que não são acessíveis à consciência. Nele encontra-se também o material excluído da consciência, censurado e reprimido. É no inconsciente que estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, pulsões ou instintos. Pré-consciente - é uma parte do inconsciente que pode se tornar consciente com facilidade. As porções da memória que são acessíveis fazem parte do pré-consciente. O desenvolvimento psicossexual: sexualidade e libido A libido* é uma fonte original de energia afetiva que mobiliza o organismo na perseguição de seus objetivos. A libido sofre progressivas organizações durante o desenvolvimento, em torno de zonas erógenas corporais. * Energia postulada por Freud como substrato da pulsão sexual. Uma fase de desenvolvimento é uma organização da libido em torno de uma zona erógena, dando uma fantasia básica e um tipo de relação de objeto. A libido é uma energia voltada para a obtenção de prazer, e é uma energia sexual no sentido de que toda busca por afeto ou prazer é erótica ou sexual. Há uma tendência natural para o desenvolvimento sucessivo dessas fases e, caso surja uma angústia muito forte num dado momento da evolução, como resultado do temor de se ligar a um objeto, cria-se um ponto de fixação*. Por isso, a neurose é definida por Freud como um infantilismo psíquico. * A fixação é um momento no processo evolutivo no qual paramos por não poder satisfazer um desejo. Assim, o ego se torna mais frágil e, se a angústia for muito forte, ocorre a regressão. As fases de desenvolvimento psicossexual: a fase oral Ao nascer, o bebê perde a relação simbiótica que possuía com a mãe e inicia sua adaptação ao meio. Respirar marca o ponto inicial da independência humana, e a luta inicial é pela manutenção do equilíbrio homeostático. Ao nascer, a estrutura inicial mais desenvolvida é a boca. É pela boca que o bebê começará a provar e conhecer o mundo. E é por ela que o bebê terá sua primeira e mais importante descoberta afetiva: o seio, depositário de seus primeiros amores e ódios. Neste momento, o bebê ama pela boca, e a mãe ama pelo seio. A libido está organizada em torno da zona oral, e o tipo de relação que se dá nesta fase será a incorporação. A criança incorpora o leite e o seio e sente ter a mãe dentro de si. As fases de desenvolvimento psicossexual: a fase anal No segundo ano de vida, a libido passa da organização oral para a anal. No segundo e terceiro anos de vida, dá-se a maturação do controle muscular na criança. É o período em que se inicia o andar, o falar e em que se estabelece o controle dos esfíncteres. Ainda, desenvolve-se o sentimento de que a criança tem coisas que ela produz e que pode ofertar ou negar ao mundo. A libido passa a organizar-se sobre a zona erógena anal, e a fantasia básica será ligada ao valor simbólico das fezes. As relações serão estabelecidas em termos de projeção ou controle. Atenção: O valor simbólico dos produtos anais - Quando a criança ama e sente que é amada pelos pais, cada elemento que a criança produz é sentido como bom e valorizado, e a criança sente-se livre e estimulada a produzir. Caso as relações de angústia predominem sobre as relações de amor, os primeiros produtos infantis passam a ser armas destrutivas que agridem o mundo. Por volta dos três anos de idade, a libido passa a se organizar sobre os genitais, desenvolvendo-se o interesse infantil por essa parte do corpo. A masturbação torna-se freqüente e normal, e a preocupação com as diferenças sexuais contamina até a percepção dos objetos. Nessa fase, a discriminação entre os sexos se dá pela presença ou ausência do pênis (a vagina é ainda desconhecida). A erotização dos genitais traz a fantasia de meninos e meninas serem possuidores de um pênis. Forma-se na criança uma espécie de busca de prazer junto ao sexo oposto. É aprendendo a amar em casa que a criança se tornará o adulto capaz de amar fora. Porém, se aprender a amar é uma relação positiva, o amor incestuoso é uma relação proibida. O esquema repressor é desencadeado com a entrada do pai em cena. O pai coloca-se como um interceptor entre o filho e a mãe, e o menino mescla sentimentos de amor e ódio pelo pai. A criança configura o desejo de eliminar aquele que lhe impede o acesso à mãe – Complexo de Édipo. A tarefa básica da fase fálica consiste em organizar os modelos de relação entre o homem e a mulher. As fases de desenvolvimento psicossexual: o período de latência Com a repressão do complexo de Édipo, a libido fica deslocada de seus objetivos sexuais. Como a energia sexual reprimida não pode ser eliminada, ela é canalizada para o desenvolvimento intelectual e social da criança, através da sublimação. Trata-se de um período intermediário entre a genitalidade infantil e a adulta, e não há nova organização de zona erógena. As fases de desenvolvimento psicossexual: a fase genital Alcançar a fase genital constitui atingir o pleno desenvolvimento do adulto normal. Isso significa que o sujeito aprendeu a amar, trabalhar e competir; discriminou seu papel sexual e desenvolveu-se intelectual e socialmente. É capaz de amar num sentido genital amplo, e de definir um vínculo heterossexual significativo e duradouro. Sua capacidade orgástica é plena e ligada à capacidade de amar. Além disso, a procriação passa a ser finalidade da vida; e os filhos, fonte de prazer. Atividade extracurricular: Tente lembrar de sua mais remota recordação, ou de qualquer recordação antiga. Quanto mais clara e vividamente puder recordá-la, mais você aproveitará o exercício. Se você tiver outras lembranças que se liguem àquela que está lembrando, sinta-se livre para relembrá-la. Registre tudo que lembrar; quanto mais detalhes puder registrar, melhor, incluindo os sentimentos que tiver sentido. Após registrar este material, tente relacionar aspectos das recordações com seu modo de vida atual, ou como a forma como você reage hoje às situações que se assemelham àquelas que você recordou. Leia o Capítulo 2 - A Teoria Psicanalítica Clássica de Sigmund Freud, do livro Teorias da Personalidade, de Calvin Hall, Gardner Lindzey e John B. Campbell. Porto Alegre: Artmed, 2000 (p. 50-55, 65-68). Leia o Capítulo 1 - Sigmund Freud e a Psicanálise, do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager. Porto Alegre:Artmed, 2004 (p. 6-15). 1.O conceito de determinismo psíquico sugere: I – Causa factual para cada memória ou sentimento. II – Determinação entre tipos biológicos e transtornos psíquicos. III – A existência de um evento mental causado por intenção consciente. Parte superior do formulário 1) As alternativas I e II estão corretas; 2) As alternativas II e III estão corretas; 3) As alternativas I e III estão corretas; 4) As alternativas I, II e III estão incorretas. 2.Diz respeito às fases do desenvolvimento psicossexual de Freud: Parte superior do formulário 1) Organização da libido em torno de uma zona erógena; 2) A consideração das fases psicossociais de E. Erikson; 3) Afirma que o inconsciente é idiossincrático e falho; 4) O incentivo ao método catártico e ao pré-consciente. 3.O conceito de neurose é definido por Freud como: Parte superior do formulário 1) Expressão primária; 2) Expressão secundária; 3) Infantilismo psíquico; 4) Transitoriedade. Parte inferior do formulário Parte inferior do formulário Parte inferior do formulário
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