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Avaliação laboratorial do fígado Gastro - 6° período Maria Geovana Introdução A avaliação laboratorial deve ser analisada juntamente com os sintomas, exames físico e fatores de risco para doenças hepáticas. Pacientes com sinais e sintomas de doença hepática atual ou anterior, devem ser mais extensamente investigados. Anormalidade em um único teste laboratorial sugere alteração de causa extra hepática. • Aminotransferases ( TGO/AST eTGP/ALT) • Fosfatase alcalina (FA) • Gamaglutiltransferase (GGT) • Bilirrubinas (total, direta e indireta) • Albumina • Atividade de protrombina (TAP/INR) FUNÇÃO HEPÁTICA X LESÃO HEPÁTICA Provas de função→ Albumina, atividade protrombina e bilirrubinas Provas de lesão→ TGO/ TGO (transaminases) Colestase (via biliar) → Fosfatase alcalina (FA), Gamaglutiltransferase (GGT) e Bilirrubinas (total, direta e indireta) Aminotransferase (ou transaminases) AST / TGO Altas concentrações no citoplasma e nas mitocôndrias do fígado, músculos esquelético e cardíaco, rins, pâncreas e eritrócitos (glóbulos vermelhos do sangue) Lesão nesses orgãos = alteração Pode ser vista em rabdomiólise • Valores normais: até 31 U/L (mulheres) e 37 U/L (homens) ALT / TGP → DADO MAIS ESPECÍFICO DA FUNÇÃO HEOÁTICA Altas concentrações apenas no citoplasma do fígado, no entanto, pode estar aumentada em conjunto com a AST em miopatias (doenças musculares severas). Um pouco mais específico de lesão dos hepatócitos que TGO • Valores normais: até 31 U/L (mulheres) e 41 U/L (homens). CAUSAS DE ELEVAÇÃO CRÔNICA DAS AMINOTRANSFERASES Doenças hepáticas • Doença hepática alcoólica • Esteatose/esteatohepatite • Medicamentos • Hepatite B e C • Hepatite auto imune • Hemocromatose • Doença de Wilson • Esquistossomose • Deficiência de alfa 1 antitripsina Doenças extra hepáticas • Doença celíaca • Doenças musculares • Exercícios extenuantes • Tireoidopatias Níveis de elevação das aminotransferases < 5X *Causas mais crônicas • Doença hepática alcoólica • Esteatose/esteatohepatite • Medicamentos • Hepatite crônica B e C • Hepatite auto imune • Hemocromatose • Doença de Wilson • Deficiência de alfa 1 antitripsina > 10 a 15X • Hepatite viral aguda • Hepatite tóxica / medicamentosa • Isquemia hepática • Hepatite auto imune • Doença de Wilson • Síndrome de Budd Chiari • Obstrução aguda do ducto biliar *Hemocromatose: alteração do metabolismo do ferro com depósito no tecido hepático. Pedir saturação de transferrina. PP sexo masculino *Ferritina: prova inflamatória inespecífica (lesão/inflamação hepática), além de hemocromatose. *Biópsia: pc com aumento das transaminases, h´aproximadamente 6 meses, sem causa clara Bilirrubina *Icterícia – coloração amarelada tecidual resultante do depósito de bilirrubina. Ocorre quando há obstrução do fluxo colestático ou alteração da bilirrubina hepática Observa-se normalmente quando > 3 Visualiza na esclera e se pc negro, pelo frênulo da língua Balanço da produção (degradação de Hb) X eliminação hepática. • Normal < 1,1 mg/dl • Icterícia - > 2 a 3 mg/dl • B. indireta → B. direta( Conjugação hepática) Causas de hiperbilirrubinemia indireta Pp hemólise (dçs hematológicas), vindo acompanhada de aumento dos reticulócitos e desidrogenase lática • Síndrome de Gilbert (benigna). Normalmente desencadeada por fatores estressores (jejum prolongado, mental) Prova de restrição calórica Mutação UGT 1A1 • Hemólise Redução dos níveis de hemoglobina e haptoglobina Aumento de DHL e reticulócitos • Hematoma Aumento de CPK e DHL • Eritropoiese ineficaz Redução de reticulócitos Deficiência de ferro, folato e Vit. B12 Causas de hiperbilirrubinemia direta • Obstrução do ducto biliar Quadro clínico de colangite Avaliação de imagem • Hepatites Aumento de aminotransferases Sorologias • Doenças colestáticas auto imunes Aumento de FA e GGT Anti mitocôndria e ANCA • Cirrose Aumento de aminotransferases Alteração da função hepática (albumina e TAP), redução de plaquetas O aumento de ambas pode ser causado por obstrução do fluxo de bile (mas com predomínio do aumento da bilirrubina direta) ou por lesão mais intensa dos hepatócitos (onde há deficiência na conjugação e também refluxo da bilirrubina conjugada para o sangue). A dosagem das bilirrubinas é um exame que pode avaliar ao mesmo tempo lesão hepatocelular, fluxo biliar e função de síntese do fígado. • Valores normais em adultos: total : 0,20 a 1,00 mg/dL; direta : 0,00 a 0,20 mg/dL; indireta: 0,20 a 0,80 mg/dL. *Principal: definir se há dilatação de via biliar Fosfatase alcalina Composta de uma família de enzimas, presente em praticamente todos os tecidos Fígado - encontrado principalmente nos microvilos dos canalículos biliares e na superfície sinusoidal dos hepatócitos • Aumento da FA hepática é mais evidente na obstrução biliar • Casos de elevação da FA aonde não observa-se sinais clínicos ou laboratoriais de doença hepatobiliar, é possível a diferenciação entre as principais isoenzimas (hepática, óssea e intestinal) para localizar a fonte da alteração. Valores normais variam de acordo com a idade: adultos: 35 a 104 U/L (mulheres) e 40 a 129 U/L (homens). Crianças: maior pelo crescimento ósseo Causas de elevação Doenças hepáticas • Obstrução biliar • Colangite biliar primária • Colangite esclerosante primária • Medicamentos • Granulomas • Metástases • Cirrose • Colestase recorrente Doenças extra hepáticas • Doença óssea • Gravidez • ICC • IRC • Linfoma • Hipertireoidismo • Crescimento *Se FA aumentada isolada, pensar em doença extra bepática. Se junco como GGT e BIlirrubina, pensar em via biliar Gamaglutamiltransferase • Encontrada em grande quantidade no fígado, rins, pâncreas, intestino e próstata, mas também está presente em vários outros tecidos. • É um marcador muito sensível de doença hepática, pois está alterado em 90% dos portadores de doença hepatobiliar. • Cerca de 15% das pessoas tem a GGT acima dos valores considerados normais sem a presença de qualquer doença. • Elevações da GGT também podem estar associadas, sem nenhum significado patológico, ao uso de álcool e algumas medicações. Valores normais: 8 a 41 U/L (mulheres) e 12 a 73 U/L (homens) • Presente nos hepatócitos e células epiteliais biliares • Marcador de ingestão alcoólica: 52-94% sensibilidade → acompanha da persistência do alcoolismo pelo GGT • GGT + FA elevadas em casos de colestase • Outras causas de elevação: Doença pancreática Diabetes Dislipidemia Insuficiência renal Medicamentos Albumina Mede função hepática Não é um bom indicador de síntese hepática da doença aguda. A albumina representa 15 dias, ou seja, o valor de hoje, representa duas semanas anteriores Síntese reduzida na doença hepática crônica. • Valores normais: 3,5 a 5,2 g/dL • Outras causas de redução: Síndrome nefrótica → perda de albuminas pelos rins Desnutrição Enteropatias → perda pelo intestino Doenças inflamatórias Neoplasias • Classificação de Child Pugh Avalia gravidade da cirrose, se é compensada ou descompensada e calcular sobrevida Tempo de protrombina Índice mais sensível de falência hepática Coagulação • Valores normais: Tempo de protrombina: entre 11,1 e 13,2 segundos - comparados em relação a plasma controle, analisando-se o tempo de atraso em relação ao controle RNI (international normalized ratio) - entre 0,9 e 1,1 *INR > 1,1: alteração de coagulação Escore de MELD *Indica paciente para fila de transplante e caracteriza doença hepática crônica Creatinina Bilirrubina INR • > 15 – alta mortalidade em 3 meses Caso 1 Paciente de 75 anos, iniciou há 2 meses quadro de dor abdominal em HCD e emagrecimento de cerca de 6 Kg neste período. É observado ainda urina de coloração escura e fezes esbranquiçadas. Ao exame físico: hidratado, hipocorado 2+/4+, ictérico 2+/4+, acianótico. Abdome flácido, doloroso em HCD, com uma massa palpável de cerca de 5 cm, endurecida neste local. Laboratório: TGO 150 TGP 215 GGT 640 FA 587 BT 8,4 BD 6,2 BI2,2 alb 3,6 INR 1,0 AP 100% Qual o tipo de síndrome? TGO/ TGP aumentados; FA, GGT, BT aumentados Predomínio de aumento: FA, GGT, BT (BD) Pensar em colestase: colúria + acolia fecal + icterícia Emagrecimento + massa palpável: tumor Caso 2 Paciente 43 anos, etilista crônico, foi admitido no pronto atendimento com a queixa de febre há 2 dias, associado a dor abdominal difusa, prostração, náuseas e vômitos. Ao exame físico: desidratado 2+/4+, normocorado, ictérico 2+/4+, acianótico, febril (38,3ºC). Abdome flácido, doloroso difusamente, com maior intensidade em HCD, fígado palpável a 4 cm do rebordo costal direito. Laboratório: TGO 821 TGP 658 GGT 235 FA 140 BT 8,4 BD 6,2 BI 2,2 alb 3,6 INR 1,6 AP 74% Qual o tipo de síndrome? Predomínio das transaminases → lesão do hepatócito
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