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ARTIGO DE REVISÃO SOBRE OS TÊXTEIS BIOMÉDICOS
1. - INTRODUÇÃO
	Em um cenário de crescente qualidade de vida dos cidadãos, com o consequente aumento do nível de satisfação e exigência, a que a evolução tecnológica está associada, é imprescindível procurar inovar e maximizar as potencialidades dos diversos materiais têxteis, dotando-os de características diferenciadoras que complementam as suas propriedades usuais. Esta procura por novas soluções tem criado grandes possibilidades para acrescentar valor aos substratos têxteis tradicionais através do incremento de diferentes funcionalidades, seja pela utilização de novas fibras (FERREIRA et al., 2012, XIE et al., 2010, ANDRES et al., 2007), pelo desenvolvimento de novas estruturas, pela aplicação de novos acabamentos (OLIVEIRA et al., 2013, VU et al., 2013) ou mesmo pela integração de sistemas eletrônicos. 
	A indústria têxtil está, desta forma, procurando o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado para compensar o ritmo dos negócios e dos mercados que têm decrescido, principalmente nos países desenvolvidos, fruto da conjuntura econômica mundial. Os denominados têxteis técnicos, funcionais e o conceito “wearable technology” fazem parte deste novo eixo de atenção.
1.1 O Setor Têxtil e sua abrangência
	O setor têxtil e de confecção é um dos mais tradicionais e complexos setores industriais do mundo. De cadeia produtiva longa, ou pelo menos, parte dela está presente em todo o planeta. A indústria têxtil foi a principal responsável por deflagrar a primeira revolução industrial, no século XVIII, ao substituir os teares manuais, pela tecnologia das máquinas movidas a vapor. Desde então, nunca parou de investir em novas tecnologias de produção e, atualmente, está na vanguarda da implementação da chamada Indústria 4.0 (BRUNO, 2016).
	Apresenta uma elevada complexidade, devido sobretudo, à existência de uma multiplicidade de operações, desde a produção da fibra até o produto final, passando pela diversidade dos materiais utilizados. A existência de diferentes processos produtivos e a heterogeneidade dos produtos fabricados são outros aspectos importantes, que reforçam a complexidade da área. Conforme apresentado na Figura 1 abaixo.
Figura 1- Diferentes Processos Produtivos na Indústria Têxtil
Fonte: ABINT, 2017
	Os grandes desenvolvimentos científicos e tecnológicos, como por exemplo, em áreas envolvendo a microeletrônica, ciências da computação e biotecnologia, criaram no setor têxtil uma nova geração de produtos designados por têxteis funcionais e inteligentes. Esses materiais possuem capacidades diversas de detecção e interação com o meio envolvente (ARAÚJO et al., 2000).
Nas últimas décadas, a indústria têxtil vem cada vez mais se destacando nos seus diversos setores de produção principalmente na área dos têxteis técnicos, incorporando em seus processos, todas as novas tecnologias desenvolvidas nos campos das ciências físicas, químicas e biológicas (ARAÚJO,2001).
Os Têxteis Técnicos são definidos pela Associação Brasileira das Indústrias de nãotecidos e Tecidos Técnicos ABINT (2017), como materiais composto por fibras, fios, filamentos, entre outros, na estrutura de flocos, fios, tecidos e não tecidos, que apresentam um desempenho definido para determinada aplicação, oferecendo propriedades que garantem a segurança, além de praticidade e durabilidade. 
Para Carvalho (2004), os têxteis técnicos são produtos que apresentam as mais variadas aplicações, onde a matéria prima e estrutura são escolhidas, essencialmente, por suas características técnicas e desempenho perante a sua aplicação, portanto, a estética não apresenta grande importância na hora da escolha. 
A classificação dos têxteis técnicos é realizada conforme o uso e aplicação final do material, cumprindo exigências técnicas que proporciona alta performance (IPT, 2017). De acordo com Neves (2007), as aplicações dos têxteis técnicos abrangem as seguintes áreas:
 • Agrotech: agricultura, horticultura e pescas; 
• Buildtech: construção e obras públicas; 
• Clothtech: calçado e vestuário; 
• Geotech: geotêxteis e engenharia civil; 
• Hometech: componentes de mobiliário e coberturas de chão; 
• Indutech: filtração e outros produtos para a indústria; 
• Medtech: cuidados de saúde e higiene;
 • Mobiltech: construção de veículos de transporte; 
• Oekotec: proteção do meio ambiente; 
• Packtech: embalagem e armazenagem; 
• Protech: proteção pessoal; 
• Sportech: desporto e lazer. 
Para Neves (2007), as áreas onde os técnicos têxteis possuem maior desenvolvimento são: construção civil, médica, transporte e proteção pessoal. A funcionalidade dos materiais pode ser obtida através de revestimentos e aplicações de compostos como emulsões, microemulsões, nanopartículas, nanocompósitos, ou ainda pela combinação de fibras, fios, estruturas de tecidos e não 22 tecidos. Essas combinações buscam como resultado final os acabamentos que sejam antibacterianos, repelentes a líquidos e/ou que desprendem fragrâncias, além de também proporcionar propriedades como conforto térmico, termorregulação e respirabilidade, tornando esses materiais têxteis funcionais (SOUZA, 2016; MOREIRA et al, 2012).
	No presente artigo, daremos destaque, aos têxteis técnicos voltamos para área médica. Nesta área os materiais têxteis desempenham um papel cada vez mais importante proporcionado uma vasta gama de aplicações das fibras, tecidos, malhas e nãotecidos na confecção de vestuário de proteção médico, não-implantes, implantes e dispositivos extra-corporais. O vestuário médico deve proteger os profissionais de qualquer contato com fluídos possivelmente contaminados, bactérias, fungos e vírus. No entanto, para além da proteção, o vestuário deve proporcionar conforto e não limitar os movimentos dos pacientes e profissionais. No caso dos implantes, as estruturas têxteis são identificadas pela sua construção, composição, comportamento superficial das fibras e degradação. Nestes casos, a maior preocupação é a reação do corpo humano ao implante. Os materiais têxteis utilizados em implantes para além de terem que satisfazer as exigências de ordem mecânica, devem ser biocompatíveis a fim de não serem rejeitados pelo corpo humano. Nos últimos anos, tem aumentado consideravelmente o interesse pelos polímeros de origem naturais, tais como caseína, colágeno, soja, glúten, alginato, quitosana e outros organismos marinhos (Anand, 2001).
0. Têxteis Biomédicos
A área de têxteis médicos vem gradualmente assumindo importante papel e posição no mercado desde o final do século passado.  É a área que mais cresce dentro do setor de têxteis técnicos, fato que se deve aos recentes avanços nos procedimentos médicos e na engenharia têxtil (ADANUR, 1995). À medida que as pesquisas e o desenvolvimento de novas fibras, estruturas e acabamentos avançam, os materiais têxteis adquirem maior diversidade de aplicações no setor (ADANUR, 1995 e ANAND, 2010).
Os têxteis médicos são utilizados na higiene, cuidados pessoais e saúde, incluindo aplicações cirúrgicas. Produzidos a partir de fios, tecidos planos, malhas, não tecidos ou trançado, podemos citar como exemplos fios de sutura e implantes, vestuário hospitalar, têxteis ortopédicos e itens para a higiene pessoal, como fios dentais, fraldas descartáveis e lenços umedecidos. Cada estrutura têxtil tem propriedades específicas que se prestam mais ou menos para determinados usos. 
O tipo de fibra utilizada também varia de acordo com a aplicação. A maioria dos produtos têxteis médicos (e fibras relacionadas) necessita de esterilização e deve ser de natureza não cancerígena e antialérgica. 
As várias aplicações dos materiais exigem que eles apresentem características físico-químicas bastante específicas. Propriedades como biocompatibilidade, alta resistência a ácidos, álcalis e microrganismos, boa estabilidade dimensional, flexibilidade, ausência de contaminação e impurezas, absorção/repelência a líquidos, permeabilidade ao ar e ao vapor de água são geralmente desejáveis. O aumento do consumo e a diversificaçãodo uso dos têxteis na área médica vêm expandindo a necessidade de métodos e instrumentos que determinem essas propriedades, permitindo melhor controle da qualidade, segurança e desempenho desses produtos. 
Nesse sentido, uma série de requisitos técnicos e métodos de ensaio foram desenvolvidos, em âmbito nacional e internacional, visando uma padronização da qualidade dos têxteis médicos. O processo de verificação da conformidade desses produtos tem um papel essencial na garantia da saúde e segurança dos seus usuários, bem como na eficiência e confiabilidade dos procedimentos.
O termo "Biotêxtil" é definido como a estrutura composta de fibras têxteis projetadas especificamente como dispositivo médico para prevenção, diagnóstico ou tratamento de uma lesão, cujo desempenho na melhoria da saúde e o bem-estar do paciente dependem de diversos fatores, como as propriedades dessas fibras, a disponibilidade desses têxteis, características da enfermidade do paciente e de seu custo (JEANMONOD, 2020).
 Com o avanço desses materiais, o campo dos biotêxteis evoluiu para utilizar o potencial de vários tecidos, não tecidos, estruturas têxteis tricotadas e trançadas para aplicações biomédicas (KING., 2014). Esses têxteis biomédicos podem ser provenientes de fibras naturais, sintéticas e de polímeros naturais, como os polissacarídeos. 
Para se tornarem fibras, esses polímeros passam por processos de fiação, onde podem se transformar em estruturas têxteis com aplicações biomédicas promissoras em diferentes campos, como engenharia de tecidos, administração de medicamentos e curativos. Dentre os avanços de processo para obtenção de fios mais recentes, estão a eletrofiação, fiação por indução de plasma, centrifugação por jato, fiação por sopro e fiação a úmido na busca da obtenção de fibras, das mais diversas características, como as nanofibras, ou seja, filamentos poliméricos com centenas de nanômetros de diâmetro com uma elevada proporção da área de superfície por volume (MARTENDAL, 2017; HU et al., 2014; REN et al., 2015; DIAS et al., 2019). 
Tabela 1- Principais fibras utilizadas em aplicações médicas. 
Fonte: REBELO,2011
Os materiais fibrosos de utilização em medicina incluem fibras, fios (monofilamento ou multifilamento), estruturas têxteis (tecidos, malhas, entrançados e não-tecidos) e compósitos. Estes materiais podem ser naturais ou sintéticos, biodegradáveis ou não biodegradáveis (RAMOS,2003). As principais fibras utilizadas em aplicações médicas, bem como as suas principais características, que as tornam indicadas para essas aplicações, encontram-se na Tabela 1 apresentada acima, que demonstra que o algodão e os poliuretanos, são dos materiais fibrosos mais requisitados, sendo que a maioria dos materiais fibrosos são utilizados em produtos não implantáveis. Contudo, as aplicações mais interessantes dizem respeito a materiais implantáveis, devido às características e propriedades exigidas ao material fibroso. 
2.1 Classificação dos Têxteis Biomédicos
A área de aplicação dos têxteis médicos é a Medtech, classificada como um dos setores dos têxteis técnicos e abrange todos os têxteis usados na saúde, além de produtos de higiene. Os materiais fibrosos de utilização em medicina incluem fibras, fios (monofilamento ou multifilamento), estruturas têxteis (tecidos, malhas, entrançados e não-tecidos) e compósitos. Os têxteis médicos podem ser divididos em três categorias: têxteis cirúrgicos, têxteis para dispositivos extracorpóreos e produtos de higiene e saúde.
2.1.1 Têxteis Cirúrgicos
	Os materiais fibrosos de aplicação médica são produtos concebidos para atender necessidades específicas, e adequados a aplicações médicas e cirúrgicas, apresentando uma influência direta no tratamento médico, cirúrgico e pós-cirúrgico do paciente. Os materiais aplicados nesta área apresentam propriedades específicas, tais como: flexibilidade, resistência, biocompatibilidade, porosidade, entre outras.
	As fibras mais utilizadas em aplicações médicas são: algodão, poliuretano, polipropileno, polimetilmetacrilato, poliéster, fibras de alginato e ainda fibras biodegradáveis e bioabsorvíveis, como são os casos das fibras de quitina e de colágeno.
Dentro das aplicações médicas, os materiais fibrosos podem dividir-se em: materiais cirúrgicos implantáveis (tendões artificias, stents, válvulas cardíacas artificiais, próteses etc.), materiais cirúrgicos não implantáveis (gazes, algodão, pensos etc.), dispositivos extracorporais (rim, fígado e pulmão artificiais) e produtos de saúde e higiene (batas, gorros, campos cirúrgicos etc.).
Figura 2 - Representação de Têxteis Cirúrgicos
Fonte:  https://www.fibrenamics.com/intelligence/reports/as-fibras-areas-de-aplicacao
2.1.1.2 Têxteis Implantáveis
Considera-se têxteis implantáveis, os materiais fibrosos que entram em contato com o corpo e fluidos corporais. Nos têxteis implantáveis, há a necessidade de utilização de substitutos artificiais, tais como os biotêxteis, devido suas propriedades de não toxicidade (não-pirogenético), resposta não-alérgicas e não-cancerígeno), capacidade de ser esterilizado (radiações, gás de óxido de etileno, calor seco ou autoclave), propriedades mecânicas (resistência, elasticidade, durabilidade) e biocompatibilidade (bioinerte e bioativo) (ZHONG, 2013; PAUL, 2019). 	
A exemplo de têxteis implantáveis temos as suturas, artérias vasculares, válvulas para o coração, ligamentos artificiais, tecidos para tratamento de hérnias, redes de reforço cirúrgico, entre outros materiais (GAJJAR; KING, 2014). Nem sempre é possível substituir uma parte defeituosa do corpo com o transplante e, por essa razão, a utilização de substitutos artificiais está em crescente desenvolvimento. Os biomateriais são a base dos materiais fibrosos implantáveis, cujas estruturas fibrosas são, essencialmente, malhas, tecidos, não-tecidos e entrançados.
As principais características dos materiais fibrosos implantáveis são: a biocompatibilidade, a porosidade, o diâmetro das fibras, a biodegradabilidade ou bio estabilidade (em função da aplicação pretendida) e a não-toxicidade. As características mecânicas são, igualmente, um fator de elevada importância nestes materiais e, por isso, são utilizadas fibras que proporcionam resistência e fortes interações entre o implante e o tecido. A fibra mais reativa com o corpo humano é a poliamida. Pelo contrário, o politetrafluoroetileno (PTFE) é o material menos reativo.
As principais aplicações de materiais fibrosos implantáveis são: suturas, implantes de tecidos moles, implantes ortopédicos e implantes cardiovasculares.
Figura 3 - Materiais utilizados em contato com o interior do corpo.
Fonte: Adaptado de CITEVI, 2017
2.1.1.3 Têxteis não-implantáveis
Em relação aos têxteis não-implantáveis, eles são utilizados para aplicações externas ao corpo humano, podendo ou não estar em contato com a pele. Entre as aplicações mais comuns dos materiais fibrosos cirúrgicos não-implantáveis está o tratamento de feridas, apresentando funções como proteção contra infecções, absorção de sangue, além de promover cicatrização com adição de medicação tópica (ZHONG, 2013). A exemplo temos pensos, ligaduras, gessos, emplastros, curativos, gazes, feridas entre outros. Estes materiais, dependendo dos casos, devem ser: antialérgicos, anticancerígenos, antibacterianos, biocompatíveis, permeáveis ao ar, não tóxicos, bem como devem apresentar uma boa capacidade de absorção de líquidos, elevadas capilaridades e molhabilidade, possibilitar o transporte de umidade, possuir propriedades cicatrizantes e, ainda, possuir a capacidade de serem esterilizados.
Figura 4 – Materiais para aplicações exteriores ao corpo
Fonte: Adaptado de CITEVI, 2017
2.1.1.4 Têxteis Cirúrgicos de Proteção
Entre os têxteis cirúrgicos de proteção, temos os destinados a proteger diretamente o paciente, além dos profissionais de saúde de qualquer contato com fluídos possivelmente contaminados. Portanto, esses têxteis devem possuir função principal de proteção, além de proporcionar conforto e não restringir osmovimentos do utilizador (ZHONG, 2013). Com o crescente aumento de infecções transmitidas pelo vírus, como a SIDA ou o SARS-COV2, e outros altamente resistentes, esses produtos assumem, cada vez mais, um papel fundamental.
Tal como os restantes materiais fibrosos de aplicação médica, os produtos de higiene e saúde devem ser: antialérgicos, resistentes a microrganismos, permeáveis ao ar, não tóxicos, capazes de serem esterilizados e impermeáveis a líquidos. Além disso, estes produtos devem proporcionar conforto e não limitar os movimentos de quem os utiliza. Por exemplo, as batas cirúrgicas, gorros, máscaras e os campos cirúrgicos. 
Figura 5 - Produtos para proteção pessoal e hospitalar
Fonte: Adaptado de CEVITE, 2017
 Os não tecidos mais usuais são SMS (Spunbonded/Meltblown/Spunbonded) formados por 100% polipropileno é um bicomponente constituído por 80% polietileno e 20% poliéster. O SMS oferece o efeito barreira que a bata necessita como mostra a Figura 5. Este material é impermeável à água, ao sangue, ao óleo e possui, também, propriedades antichama e antibacterianas.
Figura 6 - Efeito barreira dos não-tecidos SMS
Fonte: https://www.wosonlatam.com.br/
 
2.2 Têxteis para Dispositivos Extracorpóreos
Os têxteis para sistemas extra corporais são dispositivos mecânicos que se assemelham a órgãos artificiais, principalmente utilizados para a purificação do sangue, como os rins artificiais (ZHONG, 2013). Têxteis para sistemas extracorporais incluem rins artificiais, fígados e pulmões.
Estes dispositivos devem obedecer a determinados requisitos, entre os quais: antialérgicos, anticancerígenos, boa resistência a microrganismos, antibacterianos, permeabilidade ao ar, não tóxicos e capacidade de ser esterilizados. A função e desempenho destes dispositivos dependem das fibras e estruturas utilizadas.
O rim artificial possui a função de filtração e excreção, fazendo com que o sangue circule através de uma membrana que pode, por exemplo, ser constituída por fibras ocas de celulose na forma de celofane que retém os produtos removidos. Filtros multicamada compostos por várias camadas obtidas por perfuração com agulhas, com densidades variáveis, podem ser usados no rim artificial de modo a remover os produtos indesejados de forma mais rápida e eficiente.
O fígado artificial utiliza fibras ocas ou membranas similares às utilizadas no rim artificial para desempenhar a secreção biliar e glicogênica. 
A membrana oca que forma o pulmão artificial possui alta permeabilidade aos gases, mas baixa permeabilidade aos líquidos e imita o funcionamento do pulmão natural, permitindo que o oxigénio entre em contacto com o sangue do paciente.
 
Figura 4: Órgãos mecânicos artificiais utilizados na purificação sanguínea.
Fonte: Adaptado de CITEVI, 2017
2.3 Produtos de Higiene e Saúde
Com o crescente aumento de infecções transmitidas pelos vírus altamente resistentes, a necessidade de proteger, o paciente e a equipe médica, de qualquer contato com fluidos, potencialmente contaminados, assume um papel cada vez mais fundamental. Assim, os produtos de saúde e higiene englobam uma vasta gama de materiais fibrosos para diferentes aplicações que têm como principal função a proteção. Além dos requisitos anteriormente referidos, para qualquer material fibroso de aplicação médica, estes produtos devem, ainda, ser impermeáveis a líquidos e não devem limitar os movimentos, deixando o utilizador confortável. 
Por fim, temos os produtos de higiene e saúde, onde se concentra diversos materiais têxteis com variadas aplicações, principalmente as que envolvem proteção direta de superfícies, evitando qualquer contato com fluidos potencialmente contaminados (ZHONG, 2013). Por exemplo, vestuário de proteção (excluindo as batas cirúrgicas), roupas de cama, material de limpeza etc.
Figura 7 – Materiais utilizados para higiene pessoal.
Fonte: Adaptado de CITEVI, 2017
3 MATERIAIS / MÉTODOS
Para o desenvolvimento do presente artigo, foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros, artigos e publicações científicas da área de têxteis biomédicos, trabalhos de conclusão de curso a níveis de mestrado e doutorado.
Como filtro de busca consideraram-se os artigos escritos no idioma português e inglês, cujos títulos continham as palavras “têxteis”, “têxteis biomédicos”, “materias biomédicos”, “bioengenharia”, “biomateriais”, “aplicação biomédica”,  pois entende-se que o título apresenta as características do estudo descrevendo se é pertinente ou não ao tema pesquisado (DELLA; ENSSLIN; ENSSLIN, 2012).
A  metodologia  utilizada  neste  trabalho  reporta-se  a  uma  revisão  da  literatura através  da  verificação  e  comparação  de  textos  de  livros  e  artigos  de  revistas  científicas sobre  o  tema  têxteis  aplicados  à  saúde. 
As principais plataformas de busca utilizadas para a realização dessa pesquisa foram Web of Science, Elsevier, Science Direct, Portal Periódicos CAPES e os artigos foram filtrados por seu ano de publicação, entre 2015 e 2021.
4 RESULTADOS/DISCUSSÃO
Os avanços nas pesquisas envolvendo os biotêxteis trazem inúmeros benefícios para diversas indústrias e para a sociedade em geral. Através de abordagens inovadoras e transferência de conhecimento, pesquisadores do setor estão trabalhando incansavelmente para promover inovações no campo de têxteis biomédicos e para trazê-los ao mercado mais rapidamente.
Os têxteis são especialmente adequados para uso no corpo humano. O corpo em si é composto de muitas fibras, incluindo fibras musculares, tendíneas e nervosas. Têxteis também podem ser usados ​​para fazer cópias de órgãos inteiros ou partes deles. Um exemplo atual disso é um grande projeto envolvendo a Empa, chamado "Zurich Heart": sob a égide da iniciativa da Zurich University Medicine, em colaboração com o University Hospital, a University e a ETH (Instituto Federal Suíço de Tecnologia) em Zurique, pesquisadores da Empa. estão desenvolvendo uma bomba cardíaca artificial. Isto incluirá um tecido de lã com uma camada de células do músculo cardíaco, que não será detectado pelo sangue como um corpo estranho.
A pesquisa está focada em uma ampla gama de fibras de cerâmica, metal, madeira e fibras sintéticas. Eles afirmam que um têxtil não é apenas um pano, mas uma entidade bidimensional derivada de um material unidimensional: uma fibra. As entidades derivadas disto são tecidos flexíveis, maleáveis, extensíveis e de malha leve, tecidos ou croché. Rossi continua: "Teoricamente, não há limites para os materiais têxteis ou suas propriedades".
Muitas empresas têxteis suíças também reconheceram isso, transformando-se com sucesso em fabricantes especializados de produtos altamente técnicos e de alta qualidade. Eles se conectaram cada vez mais intensivamente com os pesquisadores e habilmente ocuparam os nichos econômicos. desenvolveu fibras ópticas que são usadas em hospitais para medir as funções vitais de bebês prematuros, ou como biossensores com fibras sensíveis ao pH para monitorar feridas. Outros exemplos de aplicações incluem sensores de pressão de tecidos que podem ser instalados em cadeiras de rodas, por exemplo, para mostrar cargas de pressão incorretas; emplastros têxteis que liberam medicamentos de maneira direcionada; e uma cinta de peito molhável que pode ser usada com segurança para o monitoramento a longo prazo de eletrocardiogramas para pacientes cardiovasculares.
Dentre os avanços de processo para obtenção de fios mais recentes, estão a eletrofiação, fiação por indução de plasma, centrifugação por jato, fiação por sopro e fiação a úmido na busca da obtenção de fibras, das mais diversas características, como as nanofibras, ou seja, filamentos poliméricos com centenas de nanômetros de diâmetro com uma elevada proporção da área de superfície por volume (MARTENDAL, 2017; HU et al., 2014; REN et al., 2015; DIAS et al., 2019). 
A indústria têxtil está, desta forma, procurando o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado para compensar o ritmo dos negócios e dos mercados que têm decrescido, principalmentenos países desenvolvidos, fruto da conjuntura econômica mundial. Os denominados têxteis técnicos, funcionais e o conceito “wearable technology” fazem parte deste novo eixo de atenção. É o caso dos tecidos inteligentes que captam a energia solar e cinética para alimentar os wearables instalados na trama do tecido. Essa tecnologia poderá ser usada, por exemplo, na área biomédica, para monitorar a saúde das pessoas. Com os nano-têxteis empresas fabricam roupas com ação antimicrobiana (partículas à base de zinco podem se integrar às ligações naturais dos fios de um tecido, controlando a reprodução de bactérias ou fungos), repelente a inseto (essa tecnologia é útil para a prevenção de doenças como a dengue, transmitida pelo Aedes aegypti; chikungunya; zika ou malária), fibras de alta performance em uniformes com materiais retardantes à chamas. Na moda já podemos consumir a linha dos wearables, dos têxteis inteligentes vestíveis, que possam monitorar os batimentos cardíacos do usuário desse material têxtil, por exemplo.
Durante a pandemia vimos o fazer a História na Missão Contra o Covid-19 quando o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, se uniu à Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz, e à empresa Diklatex Industrial Têxtil S.A, uma das mais importantes indústrias brasileiras na produção de tecidos de alta performance – selecionada no Edital SENAI de Inovação da Indústria – no desenvolvimento de tecido capaz de inativar 99% das partículas virais do Covid-19. Trata-se de um legado para a proteção tanto física quanto química com este antiviral para os profissionais da Saúde e sociedade como um todo.
Para debater a crescente utilização de nanotecnologia na Indústria Têxtil, o SENAI CETIQT, maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil de confecção e química e permeado pela tríade tecnologia, inovação e educação para o hoje e o futuro, promoveu webinar com palestras de Rafael Araújo, professor do SENAI CETIQT em Engenharia Química e nas pós-graduações em Design de Moda e Engenharia de Produção, e Adriano Passos, coordenador da plataforma de Fibras do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI). De acordo com Rafael Araújo, “a nanotecnologia não se aplica apenas a têxteis técnicos. Todos os vestuários, sejam para uso profissional ou para uso casual, terão alguma funcionalidade. Isto já está sendo desenhado”.
5 .Perspectivas e Desafios Futuros.
	Como perspectivas futuras, espera-se que os materiais fibrosos de aplicação médica evoluam, essencialmente, em 3 áreas:   
· monitorização dos sinais vitais;  
· desenvolvimento de fibras com novas funcionalidades;  
· maior aplicação de fibras em materiais implantáveis. 
	Desenvolvimentos nas áreas de biotecnologia, nanotecnologia e microeletrônica mostram-se extremamente significativos para o desenvolvimento dos materiais fibrosos de aplicação médica, como por exemplo os têxteis com capacidade de monitorização dos sinais vitais.  Para além disso, com o avanço da nanotecnologia e da funcionalização das fibras, o aparecimento de têxteis com aplicação médica específica tornou-se uma realidade. Hoje em dia, já existem têxteis com propriedades médicas, por exemplo fungicidas, desenvolvidos com tecnologia de microencapsulamento. Esta tecnologia é desenvolvida a partir de micropartículas que recobrem um princípio ativo, de forma esférica. O microencapsulamento permite a liberação do princípio ativo de forma controlada, isto é, de maneira contínua e progressiva, por ação da temperatura, da umidade etc. Este sistema de microencapsulamento pode ser implantável, ou então inserido no vestuário do paciente (BELLY, 2005).
	A evolução não para e novos desafios surgem a cada momento para o segmento. Embora grande parte desses obstáculos sejam previsíveis, algumas surpresas podem colocar à prova a capacidade de adaptação a novos momentos econômicos e sociais. Foi o que aconteceu no início de 2020 com a pandemia do coronavírus, que entrou para a lista dos desafios que o setor têxtil e de confecção precisa contornar para sobreviver e se destacar no mercado neste e nos próximos anos. Além dessa dificuldade inesperada, ainda há outras, como a de se adaptar à Indústria 4.0, uma realidade que está impactando o presente e o futuro das atividades industriais. Os 4 maiores desafios da indústria têxtil para 2021 e 2022 é a retomada pós-pandemia, a adoção da Indústria 4.0, a gestão humanizada e a sustentabilidade. 
6- CONCLUSÃO
É em forma de crítica
3- REFERÊNCIAS
ABIT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO. Confecções já podem vender ao varejo com Cartão BNDES, 2017. Disponível em: . Acesso em: 15 de agosto de. 2021.
Anand; S. Medical Textiles. Editor: Anand, S, Published: Woodhead Publishing Ltd, England, 2001; 234.
ARAÚJO et al,. Têxteis Técnicos. Materiais do Novo Milênio. 1 edição. Williams/ DGI, Braga.
ANDRES LEAL, A.; DEITZEL, J. M.; GILLESPIE JUNIOR, J. W. Assessment of compressive properties of high performance organic fibers. Composites Science and Technology, [S.l.], v. 67, p. 2786-2794, 2007. 
ADANUR, S. Medical Textiles. In:  ADANUR, S. Wellington Sears Handbook of Industrial Textiles. Lancaster: Technomic Publishing Company, 1995. p329-355.
BRUNO, Flavio. A Quarta Revolução Industrial do Setor Têxtil e de Confecção: a Visão de Futuro para 2030. 1ª edição. São Paulo: Estação Letras e Cores, 2016. 
CARVALHO, Maria de Jesus da Silva. Tramas que o design tece: Têxteis do Novo Milênio-Têxteis técnicos e inteligentes. 157 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia, Universidade do Porto, 2004.
D. G. Ramos. Têxteis cirúrgicos reutilizáveis e seu impacte ambiental. Dissertação de Mestrado, Universidade do Minho. Guimarães, 2003.
FERREIRA, A. et al. Monofilament composites with carbon nanotubes for textile sensor applications. In: WORLD TEXTILE CONFERENCE, 11, 2011. Proceedings… Mulhouse: AUTEX, 2011. 
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