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DIREITO PENAL PROF. DR. FERNANDO AMORAS DIREITO PENAL: PARTE GERAL CONCEITO DE DIREITO PENAL: É o ramo do direito público que trata do estudo das normas que ligam o crime a pena, disciplinando as relações jurídicas daí resultantes. Poderíamos defini-lo também como o conjunto de leis que pretende tutelar bens jurídicos, cuja violação denomina-se crime e importa uma coerção jurídica particularmente grave, cuja imposição propõe-se a evitar que o autor cometa novas violações. INFRAÇÃO PENAL: CONCEITO A infração penal pode ser conceituada segundo três critérios distintos: formal, material e analítico. a) Pelo critério formal, a infração penal é aquela definida pelo direito positivo, que corresponde ao fato ao qual a ordem jurídica associa a sanção penal como conseqüência. b) Segundo o conceito material, infração penal é a conduta humana que gera lesão ou perigo a um interesse penalmente relevante. O conceito material enfatiza a proteção ao bem jurídico. c) Pelo conceito analítico, decompõe-se a infração penal em suas partes constitutivas –fato típico, antijurídico e culpável (para alguns autores, adeptos da teoria finalista da ação, o crime seria apenas fato típico e antijurídico, pois a culpabilidade seria pressuposto de aplicação da pena). Classificação das infrações Adota-se a divisão bipartida. Há dois tipos de infração penal: a) Crime ou delito; b) Contravenção Não há diferença ontológica entre crime e contravenção. A distinção é puramente formal, presente no art. 1º do Decreto-Lei 3.914/41. Crime ou delito é a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, isolada ou cumulativamente com a pena de multa. Contravenção é a infração penal a que a lei comina pena de prisão simples ou de multa, quer isoladamente, ou alternativa ou cumulativamente. Dentre as peculiaridades das contravenções, destaca-se o fato da mesma não admitir tentativa, na forma expressa do art. 4º da Lei das contravenções (Decreto-Lei 3.688/41). CONCEPÇÃO ANALÍTICA DE DELITO Pode-se identificar como elementos constitutivos de crime: a) Conduta humana (não há crime sem conduta humana – ação ou omissão); b) Tipicidade – consequência do princípio da legalidade. A tipicidade cria o mandamento proibitivo, prevendo abstratamente as condutas puníveis; c) Antijuridicidade. Contrariedade formal e material ao direito; d) Culpabilidade. Antigamente concebido como dolo e culpa, atualmente é concebido como um juízo de censura sobre o agente. Além dos elementos ditos genéricos do crime, existem elementos taxados como específicos, que são os elementos ou elementares ou, segundo o art. 30, CP, as “circunstâncias elementares” (várias formas que assumem os requisitos genéricos nos diferentes tipos penais). CIRCUNSTÂNCIAS ELEMENTARES Além dos elementos ditos genéricos do crime, existem elementos taxados como específicos, que são os elementos ou elementares ou, segundo o art. 30, CP, as “circunstâncias elementares” (várias formas que assumem os requisitos genéricos nos diferentes tipos penais). Requisitos e circunstâncias do crime: “A ação humana, para ser criminosa, há de corresponder objetivamente à conduta descrita pela lei, contrariando à ordem jurídica e incorrendo seu autor no juízo de censura ou reprovação social.” (Magalhães Noronha) - Requisitos genéricos: antijuridicidade (contrário ao direito) e a tipicidade (previsto em lei como crime - nullum crimen, nulla poena sine praevia lege). - Requisitos específicos: * elementos objetivos, descritivos ou circunstâncias elementares: São os verbos que descrevem a conduta, o objeto material, os sujeitos ativo e passivo inscritos na figura penal. Inexistindo um elemento qualquer da definição legal não há crime. * elementos subjetivos do tipo ou elementos subjetivos do injusto ou elementos subjetivos especiais: referem-se a certas particularidades psíquicas da ação. Estão além do dolo (ver item 13) e referem-se a um motivo, tendência ou dado intelectual/psíquico do agente (ex.: fim libidinoso do art. 219, fim de lucro do art. 141) * elementos normativos do tipo: expressões usadas pela lei e que necessitam de avaliação de seu significado jurídico (Ex.: conceito de cheque, de ato obsceno, de mulher honesta, etc.) - circunstâncias: são os dados que adicionados a figura típica, têm a função de aumentar ou diminuir as suas conseqüências jurídicas, em especial a pena. Ex.: crime contra ascendente agravante genérico. homicídio por asfixia circunstância qualificadora; crime sob a influência de multidão, que não provocou, atenuante; prática de homicídio por relevante valor moral causa diminuição de pena. Elementos do crime: Subjetivo é a culpabilidade, é a vontade dirigida para o ato considerado crime, em razão de: a) Dolo: deseja e quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo, é um defeito de vontade ou sentimento. Elementos do Dolo: consciência da conduta e do resultado; consciência da relação causal entre a conduta e o resultado; vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. b) Culpa: não há vontade, há falta de cuidados, o agente age com imprudência, negligência ou imperícia. Elementos da Culpa: conduta humana voluntária de fazer ou não fazer; inobservância do cuidado objetivo manifestado pela negligência, imprudência ou imperícia; resultado involuntário; nexo de causalidade, tipicidade. Objetivo: é constituído pelos atos preparatórios para fase de execução (início da execução), ou seja, pelas ações ou omissões do agente (elemento externo). obs.: O crime precisa apresentar-se com seus dois elementos para ser considerado como tal. Nas contravenções basta tão-somente que tenha sido voluntária a ação ou omissão do agente. - especial: é precisamente a interrupção por motivos alheios à vontade do agente ou a não-consumação do crime por motivos alheios à vontade do agente. - Ex. de tentativa: A deseja e atira para matar B, mas C segura a mão de A e o tiro não atinge B. A entra na casa de B para furtar seu cofre. Quanto procura arrombar o cofre, B e C o impedem de faze-lo. - normativo: figura central (sem funcionário público não há o crime de peculato. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PENAIS 1- Princípio da Intervenção Mínima 2- Princípio da Lesividade 3-Princípio da Adequação Social 4- Princípio da Fragmentariedade 5- Princípio da Insignificância 6- Princípio da Individualização da Pena 7- Princípio da Proporcionalidade 8- Princípio da Responsabilidade Social 9- Princípio da Limitação da Pena 10- Princípio da Culpabilidade 11- Princípio da Legalidade 12- Princípio da Extra-atividade da Lei Penal 13- Princípio da Territorialidade 14- Princípio da Extraterritorialidade 1-Princípio da Intervenção Mínima - O Direito Penal só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. 2- Princípio da Lesividade- Esclarece quais as condutas que devem ser incriminadas pela Lei Penal. 3-Princípio da Adequação Social – Sensibilidade para distinguir as condutas socialmente aceitas daquelas que merecem a reprimenda do Direito Penal. 4- Princípio da Fragmentariedade – Uma vez escolhidos os bens fundamentais, eles gozarão da proteção de Direito Penal. 5- Princípio da Insignificância- o legislador deverá considerar apenas bens relevantes existentes em nossa sociedade. 6- Princípio da Individualização da Pena- a Lei regulará a individualização da pena ( privação ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa, suspensão ou interdição dos Direitos). 7- Princípio da Proporcionalidade – Deve existir um juízo de ponderação entre o bem lesionado e o bem que alguém pode ser privado. 8- Princípio da Responsabilidade Social – somente o condenado deve se submeter à sanção que o Estado lhe impõe. Determina o inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal: “ Nenhuma pena passará da pessoa