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Direito Penal - Parte Geral'

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DIREITO PENAL 
PROF. DR. FERNANDO AMORAS 
DIREITO PENAL: PARTE GERAL 
 
CONCEITO DE DIREITO PENAL: 
É o ramo do direito público que trata do estudo das normas que ligam o crime a pena, 
disciplinando as relações jurídicas daí resultantes. Poderíamos defini-lo também como o 
conjunto de leis que pretende tutelar bens jurídicos, cuja violação denomina-se crime e 
importa uma coerção jurídica particularmente grave, cuja imposição propõe-se a evitar que o 
autor cometa novas violações. 
 
INFRAÇÃO PENAL: 
CONCEITO 
A infração penal pode ser conceituada segundo três critérios distintos: formal, material e 
analítico. 
a) Pelo critério formal, a infração penal é aquela definida pelo direito positivo, que 
corresponde ao fato ao qual a ordem jurídica associa a sanção penal como conseqüência. 
b) Segundo o conceito material, infração penal é a conduta humana que gera lesão ou perigo 
a um interesse penalmente relevante. O conceito material enfatiza a proteção ao bem jurídico. 
c) Pelo conceito analítico, decompõe-se a infração penal em suas partes constitutivas –fato 
típico, antijurídico e culpável (para alguns autores, adeptos da teoria finalista da ação, o crime 
seria apenas fato típico e antijurídico, pois a culpabilidade seria pressuposto de aplicação da 
pena). 
Classificação das infrações 
Adota-se a divisão bipartida. Há dois tipos de infração penal: 
a) Crime ou delito; 
b) Contravenção 
Não há diferença ontológica entre crime e contravenção. A distinção é puramente formal, 
presente no art. 1º do Decreto-Lei 3.914/41. Crime ou delito é a infração penal a que a lei 
comina pena de reclusão ou detenção, isolada ou cumulativamente com a pena de multa. 
Contravenção é a infração penal a que a lei comina pena de prisão simples ou de multa, quer 
isoladamente, ou alternativa ou cumulativamente. 
Dentre as peculiaridades das contravenções, destaca-se o fato da mesma não admitir 
tentativa, na forma expressa do art. 4º da Lei das contravenções (Decreto-Lei 3.688/41). 
 
 
 
CONCEPÇÃO ANALÍTICA DE DELITO 
Pode-se identificar como elementos constitutivos de crime: 
a) Conduta humana (não há crime sem conduta humana – ação ou omissão); 
b) Tipicidade – consequência do princípio da legalidade. A tipicidade cria o mandamento 
proibitivo, prevendo abstratamente as condutas puníveis; 
c) Antijuridicidade. Contrariedade formal e material ao direito; 
d) Culpabilidade. Antigamente concebido como dolo e culpa, atualmente é concebido como 
um juízo de censura sobre o agente. 
Além dos elementos ditos genéricos do crime, existem elementos taxados como específicos, 
que são os elementos ou elementares ou, segundo o art. 30, CP, as “circunstâncias 
elementares” (várias formas que assumem os requisitos genéricos nos diferentes tipos penais). 
 
CIRCUNSTÂNCIAS ELEMENTARES 
Além dos elementos ditos genéricos do crime, existem elementos taxados como específicos, 
que são os elementos ou elementares ou, segundo o art. 30, CP, as “circunstâncias 
elementares” (várias formas que assumem os requisitos genéricos nos diferentes tipos 
penais). 
Requisitos e circunstâncias do crime: 
“A ação humana, para ser criminosa, há de corresponder objetivamente à conduta descrita 
pela lei, contrariando à ordem jurídica e incorrendo seu autor no juízo de censura ou 
reprovação social.” (Magalhães Noronha) 
- Requisitos genéricos: antijuridicidade (contrário ao direito) e a tipicidade (previsto em 
lei como crime - nullum crimen, nulla poena sine praevia lege). 
- Requisitos específicos: 
* elementos objetivos, descritivos ou circunstâncias elementares: São os verbos que 
descrevem a conduta, o objeto material, os sujeitos ativo e passivo inscritos na figura penal. 
Inexistindo um elemento qualquer da definição legal não há crime. 
* elementos subjetivos do tipo ou elementos subjetivos do injusto ou elementos subjetivos 
especiais: referem-se a certas particularidades psíquicas da ação. Estão além do dolo (ver item 
13) e referem-se a um motivo, tendência ou dado intelectual/psíquico do agente (ex.: fim 
libidinoso do art. 219, fim de lucro do art. 141) 
* elementos normativos do tipo: expressões usadas pela lei e que necessitam de avaliação de 
seu significado jurídico (Ex.: conceito de cheque, de ato obsceno, de mulher honesta, etc.) 
- circunstâncias: são os dados que adicionados a figura típica, têm a função de aumentar ou 
diminuir as suas conseqüências jurídicas, em especial a pena. 
Ex.: crime contra ascendente agravante genérico. 
homicídio por asfixia circunstância qualificadora; 
crime sob a influência de multidão, que não provocou, atenuante; 
prática de homicídio por relevante valor moral causa diminuição de pena. 
 
Elementos do crime: 
 Subjetivo é a culpabilidade, é a vontade dirigida para o ato considerado crime, em 
razão de: 
a) Dolo: deseja e quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo, é um defeito de vontade ou 
sentimento. 
Elementos do Dolo: consciência da conduta e do resultado; consciência da relação causal entre 
a conduta e o resultado; vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. 
b) Culpa: não há vontade, há falta de cuidados, o agente age com imprudência, negligência ou 
imperícia. 
Elementos da Culpa: conduta humana voluntária de fazer ou não fazer; inobservância do 
cuidado objetivo manifestado pela negligência, imprudência ou imperícia; resultado 
involuntário; nexo de causalidade, tipicidade. 
 Objetivo: é constituído pelos atos preparatórios para fase de execução (início da 
execução), ou seja, pelas ações ou omissões do agente (elemento externo). 
obs.: O crime precisa apresentar-se com seus dois elementos para ser considerado como tal. 
Nas contravenções basta tão-somente que tenha sido voluntária a ação ou omissão do agente. 
- especial: é precisamente a interrupção por motivos alheios à vontade do agente ou a 
não-consumação do crime por motivos alheios à vontade do agente. 
- Ex. de tentativa: A deseja e atira para matar B, mas C segura a mão de A e o tiro não 
atinge B. 
 A entra na casa de B para furtar seu cofre. Quanto procura arrombar o cofre, B e 
C o impedem de faze-lo. 
- normativo: figura central (sem funcionário público não há o crime de peculato. 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PENAIS 
1- Princípio da Intervenção Mínima 
2- Princípio da Lesividade 
3-Princípio da Adequação Social 
4- Princípio da Fragmentariedade 
5- Princípio da Insignificância 
6- Princípio da Individualização da Pena 
7- Princípio da Proporcionalidade 
8- Princípio da Responsabilidade Social 
9- Princípio da Limitação da Pena 
10- Princípio da Culpabilidade 
11- Princípio da Legalidade 
12- Princípio da Extra-atividade da Lei Penal 
13- Princípio da Territorialidade 
14- Princípio da Extraterritorialidade 
1-Princípio da Intervenção Mínima - O Direito Penal só deve intervir nos casos de ataques 
muito graves aos bens jurídicos mais importantes. 
2- Princípio da Lesividade- Esclarece quais as condutas que devem ser incriminadas pela Lei 
Penal. 
3-Princípio da Adequação Social – Sensibilidade para distinguir as condutas socialmente 
aceitas daquelas que merecem a reprimenda do Direito Penal. 
 
4- Princípio da Fragmentariedade – Uma vez escolhidos os bens fundamentais, eles gozarão 
da proteção de Direito Penal. 
5- Princípio da Insignificância- o legislador deverá considerar apenas bens relevantes 
existentes em nossa sociedade. 
6- Princípio da Individualização da Pena- a Lei regulará a individualização da pena ( privação 
ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa, suspensão ou 
interdição dos Direitos). 
7- Princípio da Proporcionalidade – Deve existir um juízo de ponderação entre o bem 
lesionado e o bem que alguém pode ser privado. 
8- Princípio da Responsabilidade Social – somente o condenado deve se submeter à sanção 
que o Estado lhe impõe. Determina o inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal: 
“ Nenhuma pena passará da pessoado condenado podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação de perdimento dos bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra 
eles executadas, até o limite do patrimônio transferido” 
Somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado 
9- Princípio da Limitação da Pena – Não haverá penas: de morte, perpétua, forçada, 
banimento e cruel. 
10- Princípio da Culpabilidade- diz respeito a um juízo de censura, a reprovabilidade, que se 
faz sobre a conduta típica e ilícita de um agressor. 
11- Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal 
 “Não há crime sem lei que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” (CP - art. 1°). 
Tal princípio assegura que ninguém seja punido por fato atípico. Típico é o fato que se molda a 
conduta descrita na lei penal. Daí decorre que o conjunto de normas penais incriminadoras é 
taxativo e não exemplificativo. 
12- Princípio da Extra-atividade da Lei Penal- A Lei Penal mesmo depois de revogada pode 
continuar a regular fatos ocorridos durante a vigência ou retroagir para alcançar aqueles que 
aconteceram anteriormente a sua entrada em vigor. 
13- Princípio da Territorialidade – É a aplicação da Lei Brasileira sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional ao crime praticado em território nacional. 
14- Princípio da Extraterritorialidade- É a aplicação da Lei Penal Brasileira às infrações penais 
cometidas além de nossas fronteiras, em países estrangeiros. 
Não é qualquer lei penal que recebe esse mandato de garantia, mas somente as LEIS PENAIS 
INCRIMINADORAS, ou seja, as que definem os crimes e cominam as respectivas sanções. Além 
dessas, temos LEIS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS, que são as que disciplinam a aplicação e os 
limites das leis incriminadoras (normas integrantes ou de segundo grau). Podem ser: 
Permissivas, quando definem isenções de pena ou exclusão de crime (ex. art. 22 e 23 do 
Código Penal). 
Explicativas, quando esclarecem o conteúdo de outras leis ou enunciam conceitos e princípios 
gerais (ex. arts. 18 e 327). 
Não basta existir lei incriminadora para atender ao mandato de garantia. Para tanto, é preciso 
extrair os seguintes corolários (ou conseqüências): 
Proibição da retroatividade.: A Lei Incriminadora deve ser anterior. Ninguém pode ser punido 
por um fato que não era crime na época em que o realizou. Como já vimos, esta é a função 
"histórica" e está ligada à origem do princípio. A tal ponto que o Código Penal chega a 
epigrafar o artigo 1º com o nomen juris "anterioridade". 
Proibição do costume. A Lei incriminadora deve ser escrita. 
Proibição da analogia e de medidas de outra natureza. A Lei incriminadora deve ser estrita (= 
resultado de um processo válido de elaboração, que assegure sua legitimidade). Vedada a 
analogia in malan partem ou a adoção de OUTRAS regras jurídicas (=medidas provisórias) para 
definir crimes. 
Proibição de incriminações vagas ou indeterminadas. A Lei deve ser certa, vedada a 
indeterminação ou a imprecisão. É o chamado "mandato de certeza". A Lei Incriminadora não 
deve conter as denominadas "cláusulas gerais do tipo" , que são expressões ambíguas ou 
vazias de conteúdo. 
 
A LEI PENAL NO TEMPO 
De acordo com o princípio tempus regit actum, a lei rege, em geral, os fatos praticados 
durante a sua vigência. Não pode, em tese, alcançar fatos ocorridos em período anterior ao 
início de sua vigência nem ser aplicada àqueles ocorridos após a sua revogação. Entretanto, 
por disposição expressa do próprio diploma legal, é possível a ocorrência da retroatividade e 
da ultratividade da lei. Denomina-se retroatividade o fenômeno pelo qual uma norma jurídica 
é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência e ultratividade à aplicação dela após a 
sua revogação. 
PRINCÍPIOS DA LEI PENAL NO TEMPO 
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA 
A primeira hipótese trata da lei nova que torna típico fato anteriormente não incriminado. 
Nessa hipótese a lei penal e irretroativa. 
ABOLITIO CRIMINIS 
Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova já não incrimina fato que anteriormente 
era considerado como ilícito penal. A nova lei, que se presume ser mais perfeita que a anterior, 
demonstrando não haver mais, por parte do estado, interesse na punição do autor de 
determinado fato, retroage para alcançá-lo. 
Não há abolitio criminis se a conduta praticada pelo acusado e prevista na lei revogada ;e ainda 
submissível a outra lei penal em vigor. Pela abolitio criminis se fazem desaparecer o delito e 
todos os seus reflexos penais, permanecendo apenas os civis. 
NOVATIO LEGIS IN PEJUS 
A terceira hipótese refere-se à nova lei mais severa a anterior. Vige, no caso, o princípio da 
irretroatividade da lei penal “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS 
A última hipótese é a da lei nova mais favorável que a anterior. Além da abolitio criminis, a lei 
nova pode favorecer o agente de várias maneiras. “A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
 
 
TEMPO DO CRIME 
Necessário se torna saber qual é o tempo do crime, ou seja, a ocasião, o momento, a data em 
que se considera praticado o delito para a aplicação da lei penal a seu autor. 
Três são as teorias a respeito da determinação do tempo do crime. Pela teoria da atividade, 
considera-se como tempo do crime o momento da conduta (ação ou omissão). Pela teoria do 
resultado (ou do efeito), considera-se tempo do crime o momento de sua consumação, não se 
levando em conta a ocasião em que o agente praticou a ação. Por fim, a teoria mista considera 
como tempo do crime tanto o momento da conduta como o resultado. 
Art. 4º “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado”. 
Quanto ao termo inicial do prazo de prescrição, determina-se que a prescrição começa a 
correr do dia em que o crime se consumou. Na decadência, o prazo é contado do dia em que o 
ofendido veio a saber quem é o autor do crime ou, em se tratando de ação privada 
subsidiária, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
A LEI PENAL NO ESPAÇO 
Pode um crime violar interesses de dois ou mais países, quer por ter sido a ação praticada no 
território de um e a consumação dar-se em outro. 
PRINCÍPIOS DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
O Princípio da Territorialidade prevê a aplicação da lei nacional ao fato praticado no território 
do próprio país. 
O Princípio da Nacionalidade (ou de personalidade) cogita da aplicação da lei do país de 
origem do agente, pouco importando o local onde o crime foi praticado. O Estado tem o 
direito de exigir que o seu cidadão no estrangeiro tenha determinado comportamento 
(nacionalidade ativa - somente se considera, se o autor do delito é nacional, sem se cogitar da 
vítima; nacionalidade passiva - exige, para a aplicação da lei penal, que sejam nacionais o 
autor e o ofendido do ilícito penal. 
Pelo Princípio da Proteção (da competência real, de defesa), aplica-se a lei do país ao fato que 
atinge bem jurídico nacional, sem qualquer consideração a respeito do local onde foi praticado 
o crime ou da nacionalidade do agente. 
Pelo Princípio da Competência Universal (ou da justiça cosmopolita), o criminoso deve ser 
julgado e punido onde for detido, segundo as leis deste país, não se levando em conta o lugar 
do crime, a nacionalidade do autor ou o bem jurídico lesado. 
Por fim há o Princípio da Representação, subsidiário, que determina a aplicação da lei do país 
quando, por deficiência legislativa ou desinteresse de outro que deveria reprimir o crime, este 
não o faz, e diz respeito aos delitos cometidos em aeronaves ou embarcações. 
 
LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS 
 De acordo com o art. 3º do CP, a lei excepcional ou temporária embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstânciasque as determinaram, aplicas-se ao fato 
praticado ao fato praticado durante sua vigência. 
 Leis temporárias são as que possuem vigência previamente fixada pelo legislador. 
 Leis excepcionais são as que vigem durante situações de emergência. 
 Essas espécies de lei tem ultratividade, ou seja, aplicam-se ao fato cometido sob o seu 
império, mesmo depois de revogadas pelo decurso do tempo ou pela superação do estado 
excepcional. 
TERRITORIALIDADE 
 Prevê o art. 5º do CP: “aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e 
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”. É evidente, 
portanto, que a nossa legislação consagra, como base para a aplicação da lei penal no espaço, 
o princípio da territorialidade. 
CONCEITO DE TERRITÓRIO 
 Em sentido estrito (material), território abrange o solo (e subsolo) sem solução de 
continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma 
continental e o espaço aéreo. 
 Território por extensão (ou ficção) - para os efeitos penais, consideram-se como 
extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou 
a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar. 
 
LUGAR DO CRIME 
 Para a aplicação da regra da territorialidade é necessário entretanto, que se esclareça 
qual é o lugar do crime: 
teoria da atividade (ou da ação), em que o lugar do crime é o local da conduta criminosa (ação 
ou omissão); 
a teoria do resultado (ou do efeito), em que se considera para a aplicação da lei o local da 
consumação (ou do resultado) do crime; 
a teoria da ubiqüidade (ou da unidade mista), pela qual se entende como lugar do crime tanto 
o local da conduta como o do resultado. 
BIS IN IDEM 
Ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo fato. Determinada circunstância não 
pode ser empregada duas vezes em relação ao mesmo crime, quer para agravar, quer para 
reduzir a pena. 
CONCEITO MATERIAL DE CRIME 
Toda norma penal incriminadora tutela um valor, político e ético, que justifica as regras e as 
sanções nela prescritas. Este valor é chamado de bem jurídico. 
A norma que incrimina a corrupção passiva, por exemplo, dispõe: “Solicitar ou receber, para si 
ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumiu-la, 
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena- Reclusão 
de um a oito anos, e multa” (art. 317, do CP). Tutela-se com esta norma a administração 
pública, especialmente a sua moralidade. No crime de injúria (art. 140): a honra subjetiva; no 
furto (art. 155): o patrimônio; no estupro (art. 213): a liberdade sexual da mulher. 
Embora o Código Penal não defina o que seja crime, materialmente, o crime é definido como a 
violação ou exposição a perigo de um bem jurídico protegido penalmente. 
CONCEITO FORMAL DE CRIME: é toda conduta proibida por lei sob a ameaça de uma pena. 
Analiticamente, duas correntes estudam tal conceito: 
Definição Bipartida: 
“CRIME É O FATO TÍPICO E ANTIJURÍDICO” 
Definição Tripartida: 
“CRIME É O FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL” 
ELEMENTOS DO CRIME 
FATO TÍPICO - é o comportamento humano (ação ou omissão) que provoca um resultado (no 
sentido normativo do termo), e é previsto como infração penal. É constituído, pois, pela 
Conduta + Resultado + Nexo Causal + Tipicidade. 
RESULTADO (dano efetivo ou perigo) 
TIPICIDADE (Adequação da conduta à lei) 
CONDUTA (ação ou omissão) 
NEXO CAUSAL (liame) 
Para Teoria Finalista da ação, adotada pelo nosso Código Penal, a conduta (ação ou omissão) é 
o comportamento humano dirigido a determinada finalidade. O resultado (inerente à maioria 
dos crimes), é, no sentido natural: a alteração do mundo exterior provocada pelo agente; e no 
sentido normativo: é a lesão ou perigo de lesão do bem jurídico. A relação de causalidade é o 
liame entre a conduta e o resultado, no sentido de causa e efeito. Tipicidade é a adequação 
perfeita entre o fato concreto e a descrição abstrata contida na lei penal. Assim sendo, a 
tipicidade tem duas funções, quais sejam: a de garantia (como aperfeiçoamento e sustentação 
do Princípio da Legalidade); e de indicar a antijuridicidade (presunção que cessa quando existir 
uma causa que exclusa a ilicitude). 
FATO ANTIJURÍDICO – é a conduta contrária ao ordenamento jurídico (por não estar protegida 
pela lei penal com a exclusão da ilicitude). É um juízo de valor negativo ou desvalor que 
qualifica o fato como contrário ao Direito. 
Em regra, onde há tipicidade há antijuridicidade. Entretanto, a tipicidade, por si só, não é 
suficiente para constituir o delito. O art. 121 do CP, por exemplo, tipifica a conduta de “matar 
alguém”. Todavia, nem sempre que um ser humano mata outro pratica um crime. A ação 
típica não será ilícita se o agente estiver amparado por quaisquer das causas excludentes da 
antijuridicidade (ou ilicitude) previstas no art. 23, CP. 
Tanto a tipicidade como a antijuridicidade são juízos sobre a conduta humana. 
CULPABILIDADE – é a contrariedade entre a vontade do agente e a vontade da norma penal, 
considerada como a reprovação da ordem jurídica em face de estar ligado o homem a um fato 
típico e antijurídico, é em suma. Consiste, pois, um juízo sobre o autor da conduta. 
Obs: É excluída, segundo o Direito Moderno, pelo Princípio da Insignificância (ou da Bagatela). 
ANTIJURIDICIDADE - CONCEITO 
Diz-se que a conduta é antijurídica ou ilícita quando em contrariedade com alguma norma do 
Direito. 
Pode-se dizer que é uma relação de desconformidade entre a conduta e o direito. 
A tipicidade, como visto, é elemento indiciário da antijuridicidade. Em outras palavras, toda 
conduta típica é, em regra, contrária ao direito. Mas nem toda a violação a bem jurídico 
descrito no tipo penal constitui crime. Se o tipo penal descreve a violação de um bem jurídico, 
a antijuridicidade vai representar uma valoração a esta violação. 
TIPICIDADE 
É o nome que se dá ao enquadramento da conduta concretizada pelo agente na norma penal 
descrita em abstrato. Para que haja crime é necessário que o sujeito realize, no caso concreto, 
todos os elementos componentes da descrição típica (definição llegal do delito). Quando 
ocorre este enquadramento, existe a tipicidade. 
CULPABILIDADE 
Segundo a Teoria Normativa Pura, que é a defendida pela Escola Finalista (atualmente adotada 
por nossa legislação penal), o DOLO e a CULPA da culpabilidade para a conduta (primeiro 
elemento do fato típico). O conteúdo da culpabilidade fica esvaziado com a retirada do dolo e 
da culpa, passando a constituir mero juízo de reprovação ao autor da infração. 
Para essa teoria, a culpabilidade não é requisito do crime, mas simples pressuposto da 
aplicação da pena, possui os seguintes elementos: 
a) Imputabilidade; 
b) Potencial consciência da ilicitude; 
c) Exigibilidade de conduta diversa. 
 
CRIME DOLOSO 
TEORIAS SOBRE O DOLO 
Três são as teorias que procuram estabelecer o conteúdo do dolo: a da vontade, a da 
representação e a do assentimento. 
Para a teoria da vontade, age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. 
Para a teoria da representação, o dolo é a simples previsão do resultado. Embora não se negue 
a existência da vontade na ação, o que importa para essa posição é a consciência de que a 
conduta provocará o resultado. 
Para a teoria do assentimento (ou do consentimento) faz parte do dolo a previsão do resultado 
a que o agente adere, não sendo necessário que ele o queira. 
Como será visto, o CP brasileiro adotou a teoria da vontade quanto ao dolo direto e a teoria de 
assentimento ao conceituar o dolo eventual. 
CONCEITO E ELEMENTOS DO DOLOAo se examinar a conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalista, é ela um 
comportamento voluntário (não reflexo) e que o conteúdo da vontade é o seu fim. Nessa 
concepção, a vontade é o componente subjetivo da conduta, faz parte dela e dela é 
inseparável. 
A vontade é querer alguma coisa e o dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal. 
Assim, pode-se definir o dolo como a consciência e a vontade na realização da conduta típica, 
ou a vontade da ação orientada para a realização do tipo. 
São elementos do dolo, portanto: 
- a consciência - conhecimento do fato - que constitui a ação típica; e 
- a vontade - elemento volitivo de realizar este fato. 
O dolo inclui não só o objetivo que o agente pretende alcançar, mas também os meios 
empregados e as consequências secundárias de sua atuação. Há duas fases na conduta: uma 
interna e outra externa. A interna opera-se no pensamento do autor (e se não passa disso é 
penalmente indiferente), e consiste em: 
propor-se a um fim (matar um inimigo, por exemplo); 
selecionar os meios para realizar essa finalidade (escolher um explosivo, por exemplo); e 
considerar os efeitos concomitantes que se unem ao fim pretendido (a destruição da casa do 
inimigo, a morte de outras pessoas que estejam com ele etc.). 
A segunda fase consiste em exteriorizar a conduta, numa atividade em que se utilizam os 
meios selecionados conforme a normal e usual capacidade humana de previsão. Caso o sujeito 
pratique a conduta nessas condições, age com dolo e a ele se podem atribuir o fato e suas 
consequências diretas (morte do inimigo e de outras pessoas, a demolição da casa, o perigo 
para os transeuntes, etc.). 
DOLO NO CÓDIGO PENAL 
Reza o art. 18, inciso I, do CP: “Diz-se o crime: doloso, quando o agente quis o resultado ou 
assumiu o risco de produzi-lo.” Como resultado deve-se entender a lesão ou perigo de lesão de 
um bem jurídico. 
Na primeira parte do dispositivo a lei refere-se ao agente que quer o resultado. É o que se 
denomina dolo direto; o agente realiza a conduta com o fim de obter o resultado. 
Na segunda parte do inciso em estudo, a lei trata do dolo eventual. Nessa hipótese, a vontade 
do agente não está dirigida para a obtenção do resultado; o que ele quer é algo diverso, mas, 
prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo o risco de causá-lo. 
Age também com dolo eventual o agente que, na dúvida a respeito de um dos elementos do 
tipo, se arrisca em concretizá-lo. 
ESPÉCIES DE DOLO 
Distingue-se na doutrina o dolo direto ou determinado do dolo indireto ou indeterminado. No 
primeiro, o agente quer determinado resultado, como a morte da vítima, por exemplo no 
homicídio. No segundo, o conteúdo do dolo não é preciso, definido. Neste caso, poderá existir, 
o dolo alternativo, em que o agente quer, entre dois ou mais resultados (matar ou ferir, por 
exemplo), qualquer deles ou o dolo eventual. 
Refere-se ainda a doutrina ao dolo de dano, em que o agente quer ou assume o risco de causar 
lesão efetiva e ao dolo de perigo, em que o autor da conduta quer apenas o perigo. 
Distinção da doutrina tradicional é aquela que separa as espécies de dolo em dolo genérico e 
dolo específico. Dolo genérico é a vontade de realizar o fato descritivo na lei, em seu núcleo. 
Dolo específico é a vontade de realizar o fato com um fim especial. Foi visto, entretanto, que a 
distinção é falha, pois o que existe são os elementos subjetivos do tipo. 
Fala-se por fim em dolo geral. Existe este nos casos em que o agente, supondo ter conseguido 
o resultado pretendido, pratica nova ação que, esta sim, vem a resultar no evento. 
 
CRIME CULPOSO 
CONCEITO DE CULPA 
Tem-se conceituado na doutrina o crime culposo como a conduta voluntária (ação ou omissão) 
que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, 
que podia, com a devida atenção, ser evitado. 
São assim, elementos do crime culposo: 
 a conduta; 
 a inobservância do dever de cuidado objetivo; 
 o resultado lesivo involuntário; 
 a previsibilidade; e 
 a tipicidade. 
CONDUTA 
Enquanto nos crimes dolosos a vontade está dirigida à realização de resultados objetivos 
ilícitos, os tipos culposos ocupam-se não com o fim da conduta, mas com as conseqüências 
anti-sociais que a conduta vai produzir; no crime culposo o que importa não é o fim do agente 
(que é normalmente lícito), mas o modo e a forma imprópria com que atua. Os tipos culposos 
proíbem assim condutas em decorrência da forma de atuar do agente para um fim proposto e 
não pelo fim em si. O elemento decisivo da ilicitude do fato culposo reside não propriamente 
no resultado lesivo causado pelo agente, mas no desvalor da ação que praticou. A conduta 
culposa é, portanto, elemento do fato típico. 
DEVER DE CUIDADO OBJETIVO 
 A cada homem, na comunidade social, incumbe o dever de praticar os atos da vida 
com as cautelas necessárias para que o seu atuar não resulte dano a bens jurídicos alheios. 
Assim, se o agente não observa estes cuidados indispensáveis, causando com isso dano a um 
bem jurídico alheio, responderá por ele. É a inobservância do cuidado objeto exigível do 
agente que torna a conduta antijurídica. 
RESULTADO 
 Em si mesma, a inobservância do dever de cuidado não constitui conduta típica porque 
é necessário outro elemento do tipo culposo: o resultado. Só haverá ilícito penal culposo se da 
ação contrária ao cuidado resultar lesão a um bem jurídico. Se, apesar da ação descuidada do 
agente, não houver resultado lesivo, não haverá crime culposo. 
O resultado não deixa de ser um “componente de azar” da conduta humana no crime culposo. 
Não existindo resultado, não se responsabilizará por crime culposo o agente que inobservou o 
cuidado necessário, ressalvada a hipótese em que a conduta constituir, por si mesma, um 
ilícito penal. 
Não haverá crime culposo mesmo que a conduta contrarie os cuidados objetivos e se verifica 
que o resultado se produziria da mesma forma, independentemente da ação descuidada do 
agente. Assim, se alguém se atira sob as rodas do veículo que é dirigido pelo motorista na 
contramão de direção, não se pode imputar a este o resultado (morte do suicida). Trata-se, no 
caso, de mero caso fortuito. 
Evidentemente, deve haver no crime culposo, como me todo fato típico, a relação de 
causalidade entre a ação e o resultado, obedecendo-se ao que dispõe a lei brasileira no art. 13 
do CP. 
PREVISIBILIDADE 
O tipo culposo é diverso do doloso. Há na conduta não uma vontade dirigida à realização do 
tipo, mas apenas um conhecimento potencial de sua concretização, vale dizer, uma 
possibilidade de conhecimento de que o resultado lesivo pode ocorrer. Esse aspecto subjetivo 
da culpa é a possibilidade de conhecer o perigo que a conduta descuidada do sujeito cria para 
os bens jurídicos alheios, e a possibilidade de prever o resultado conforme o conhecimento do 
agente. A essa possibilidade de conhecimento e previsão dá-se o nome de previsibilidade. 
A previsibilidade é a possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições me que o sujeito 
se encontrava. A condição mínima de culpa em sentido estrito é a previsibilidade; ela não 
existe se o resultado vai além da previsão. 
Diz-se que estão fora do tipo penal dos delitos culposos os resultados que estão fora da 
previsibilidade objetiva de um homem razoável, não sendo culposo o ato quando o resultado 
só teria sido evitado por pessoa extremamente prudente. 
Princípio direito risco tolerado - Há comportamentos perigosos imprescindíveis, que não 
podem ser evitados e, portanto, não podem ser tidos como ilícitos (médico que realiza uma 
cirurgia em circunstâncias precárias podendo causar a morte do paciente). 
A previsibilidade também está sujeita ao princípio da confiança. O dever objetivo de cuidado é 
dirigido a todos, de comportarem-se adequadamente, não se podendo exigir que as pessoas 
ajam desconfiando do comportamentodos seus semelhantes. 
TIPICIDADE 
 Nos crimes culposos a ação não está descrita como nos crimes dolosos. São 
normalmente tipos abertos que necessitam de complementação de uma norma de caráter 
geral, que se encontra fora do tipo, e mesmo de elementos do tipo doloso correspondente. 
MODALIDADES DE CULPA 
As modalidades de culpa, ou formas de manifestação da falta do cuidado objetivo estão 
discriminadas no art. 18, inc. II: imprudência, negligência ou imperícia. 
A imprudência é uma atitude em que o agente atua com precipitação, inconsideração, com 
afoiteza, sem cautelas, não usando de seus poderes inibidores. 
A negligência é inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as cautelas 
exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental. 
A imperícia é a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos no exercício de arte ou 
profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou deve saber.

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