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O QUE VOCÊ NÃO PODE DEIXAR DE SABER DE IMUNOLOGIA -ANTÍGENOS EPÍTOPOS E HAPTENOS

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O QUE VOCÊ NÃO PODE DEIXAR DE SABER DE IMUNOLOGIA – ANTÍGENOS, EPÍTOPOS E HAPTENOS
Antígenos. Embora ANTÍGENO seja um dos conceitos mais utilizados em Imunologia, é também um dos que mais confundem o leitor, porque diferentes pessoas o usam em sentidos bastante diferentes, e, principalmente, porque o conceito evoluiu consideravelmente desde que a palavra foi criada. 
Antígenos como “Geradores de Anticorpos”. Primariamente, os Imunologistas reconheceram a existência de ANTICORPOS, ou seja, substâncias químicas presentes na circulação de indivíduos imunizados, que reagiam de forma específica com microorganismos, levando à sua destruição por diversos meios. Também foram atribuídos a anticorpos os efeitos de NEUTRALIZAÇÃO do soro quando este reagia com TOXINAS (causadoras, por exemplo, do tétano, da difteria ou da coqueluche, as três doenças que podem ser prevenidas pela vacina tríplice, ou DTP, abreviatura de Difteria, Tétano e Pertussis ou coqueluche), mesmo que estas não sejam microorganismos. Eles atribuíram a componentes dos microorganismos, inclusive às suas toxinas, a capacidade de provocar a GERAÇÃO DOS ANTICORPOS no organismo do hospedeiro. ANTÍGENO vem do inglês ANTIGEN, que é uma abreviatura de ANTIBODY GENERATOR, refletindo esta noção. 
Antígenos na Seleção Clonal de Burnet. Hoje, sabemos que os anticorpos não são gerados pelo contato com antígeno, mas pré-existem. Esta noção é absolutamente central para a TEORIA DA SELEÇÃO CLONAL, que desde a sua formulação por Burnet e Talmadge, vem sendo, com modificações, o referencial teórico pelo qual explicamos os fenômenos da imunidade adquirida. Pela seleção clonal, um antígeno é uma molécula capaz de reagir especificamente com os anticorpos, o que inclui os anticorpos que servem de RECEPTOR CLONAL PARA ANTÍGENO nas células produtoras de anticorpos (ou seja, as Ig de membrana). 
Antígenos e epítopos. A parte do antígeno que faz contato direto com a Ig de membrana é chamada um EPÍTOPO ou DETERMINANTE ANTIGÊNICO, e, estritamente falando, a Ig de membrana reconhece um epítopo que faz parte de um antígeno maior. Esta distinção é importante: numa proteína, por exemplo, o epítopo pode ser uma pequena seqüência de aminoácidos contida na superfície exposta da molécula. Se a mesma seqüência fosse cortada da molécula original e usada para reagir com a Ig de superfície, provavelmente seria menos eficiente como estímulo, pois estaria livre para assumir um grande número de conformações que nunca chega a assumir dentro da molécula maior, estando sua mobilidade restrita pelo restante da cadeia polipeptídica original. Numa proteína, é raro que um mesmo epítopo se apresente de forma repetida. Em estruturas glicídicas, como, por exemplo, os polissacarídeos que estão presentes em muitas superfícies microbianas, isto é, ao contrário, bastante comum. Assim, um mesmo componente microbiano (antígeno) pode reagir muitas vezes com a superfície de uma mesma célula, ao interagir com múltiplas moléculas de Ig de membrana, através dos seus múltiplos epítopos idênticos (repetidos). Os sinais dados por antígenos com epítopos repetitivos são, portanto, quantitativamente diferentes dos iniciados por moléculas de proteína sem epítopos repetitivos. Grande parte dos fenômenos de cooperação na resposta imune (por exemplo, a cooperação entre células B e células TH) envolve mecanismos que compensam a relativa ineficiência da ativação da célula B por antígenos protéicos, e ao mesmo tempo permitem às células TH dirigir muitos aspectos desta ativação.
Haptenos. HAPTENOS foram originalmente utilizados no laboratório, como ferramenta para o entendimento da especificidade de reconhecimento do epítopo pelo anticorpo. Haptenos são moléculas de baixo peso molecular, que podem facilmente ser acopladas de forma covalente a proteínas, formando CONJUGADOS HAPTENO-CARREADOR. Estes podem ser injetados em animais experimentais, levando à formação de anticorpos que podem reconhecer diferentes epítopos do conjugado, presentes no carreador apenas, no hapteno apenas, ou na fronteira entre o hapteno e o carreador. Anticorpos que reconhecem o hapteno apenas podem reconhecer com a mesma eficiência o hapteno em muitos carreadores diferentes, e, por isso, nos fornecem muitas informações sobre o que um anticorpo reconhece. Ou seja, um hapteno se comporta, para todos os efeitos práticos, como um EPÍTOPO que pode ser “transplantado” à vontade, de um carreador para outro. O hapteno se comporta como parte de um antígeno protéico (o conjugado), mas com a vantagem de se manter na mesma conformação quando está sozinho, o que não acontece, por exemplo, com um peptídeo contido na seqüência da proteína. Embora os haptenos tenham sido concebidos como ferramentas de pesquisa, eles existem na natureza e são relevantes para a doença humana: entre os haptenos mais importantes se destacam os antígenos (A e B) de grupo sanguíneo do sistema AB0, que podem ser encontrados em associação com carreadores de muitos tipos e origens diferentes, como a superfície de microorganismos, e, no ser humano, lipídeos e proteínas, tanto da hemácia, como das células endoteliais e de proteínas secretadas (por exemplo, no sangue, esperma, saliva, lágrima). 
Antígenos e a célula T. Linfócitos T freqüentemente reconhecem estruturas complexas, geradas pela associação não-covalente de moléculas próprias do hospedeiro (produtos de Classe I e Classe II do MHC) com peptídios originários de microorganismos invasores (bactérias, vírus, fungos), de células anormais (células cancerosas, por exemplo) ou normais do mesmo organismo, ou ainda de células de outro indivíduo histoincompatível (dito ALOGÊNICO, ou ALOGENEICO). Portanto, nestes casos, não há propriamente uma DISCRIMINAÇÃO ENTRE O QUE É PRÓPRIO (SELF) E NÃO-PRÓPRIO (NONSELF), mas um reconhecimento sofisticado de estruturas antigênicas que são uma mistura, ou justaposição, de elementos próprios e não-próprios. Portanto, ao definirmos o que é o “antígeno” reconhecido pelas células T, é mais fácil defini-lo como aquilo que é reconhecido diretamente pelo TCR, o receptor clonal para antígeno presente na célula T. Como as células T podem reagir à presença de antígeno de muitas maneiras diferentes, inclusive suprimindo a resposta imune contra o antígeno em questão, o reconhecimento do antígeno propriamente dito é apenas uma parte do processo de decisão por parte da célula T. A definição de antígeno como aquilo que é especificamente reconhecido por um receptor clonal também permite distinguir claramente o antígeno de outras estruturas químicas que influenciam seletivamente a resposta imune, como os SUPERANTÍGENOS (se ligam aos TCR de forma não-clonal, ativando muitos clones diferentes), os ADJUVANTES (não se ligam a receptores clonais, mas ativam a produção de citocinas) e os PADRÕES MOLECULARES ASSOCIADOS A PATÓGENOS (não se ligam a receptores clonais, mas a receptores Toll-like e NOD, típicos da imunidade inata).

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