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Princípios Contábeis Geralmente Aceitos

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Aula Nº 3 – Princípios Contábeis
Objetivos da aula:
Nesta aula, vamos estudar os princípios norteadores da Contabilidade, 
que procuram dar uniformidade e consistência às informações, tornando-
as sólidas e seguras para o processo de tomada de decisões.
Ao final desta aula, você verá que a Contabilidade não é uma mera 
técnica de controle, mas uma ciência que procura fornecer informações 
seguras aos seus usuários.
 
1. Introdução
Princípios de contabilidade geralmente aceitos são os preceitos resultantes 
do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados 
da Contabilidade, de uso predominante no meio em que se aplicam, 
proporcionando interpretação uniforme das demonstrações financeiras.
Os princípios contábeis permitem aos usuários fixar padrões de comparação 
e de credibilidade, de acordo com o reconhecimento dos critérios adotados 
para a elaboração das demonstrações financeiras, aumentam a utilidade 
dos dados fornecidos e facilitam a adequação entre empresas do mesmo 
setor.
Princípios contábeis podem ser conceituados como premissas básicas 
acerca dos fenômenos econômicos contemplados pela contabilidade, 
premissas que são a cristalização da análise e observação da realidade 
econômica.
No âmbito dessa complexa realidade, o observador analisa as 
características principais do sistema e chega a certas conclusões quanto 
ao seu funcionamento.
Tais conclusões, se geralmente aceitas pela classe contábil, transformam-
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se em princípios, aos quais toda a prática contábil e, principalmente, os 
processos de auditoria devem ater-se. Em contrapartida, o observador, 
uma vez verificada alteração profunda nas condições que o levaram a 
estabelecer a primeira série de princípios, tem a incumbência de proceder 
a uma nova análise da situação e modificar, adaptar ou mesmo substituir 
os princípios originais por outros mais concordes com a nova realidade.
A função de observador é, hoje, desempenhada pelas entidades de classe, 
pelos comitês especialmente designados e, finalmente, pelas comissões 
especiais de conferências e convenções internacionais.
Custo histórico com base de valor:
Os ativos são registrados pelo preço pago para adquiri-las ou fabricá-las. 
Realização da Receita:
Ocorre quando produtos ou serviços são transferidos para outra entidade, 
mediante pagamento.
Competência dos exercícios:
Receitas e despesas são atribuídas aos períodos de acordo com sua real 
ocorrência.
Denominador comum monetário:
A unidade monetária é, para efeitos contábeis, considerada um padrão 
uniforme e homogêneo de mensuração.
Objetividade:
São as mensurações impessoais que existem fora da mente da pessoa que 
as está realizando.
Conservadorismo:
Sempre que o contador se defrontar com a alternativa de atribuir valores 
diferentes a elementos do Ativo / Passivo, deverá optar pelo mais baixo 
para o ativo e o mais alto para o passivo. 
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Materialidade:
Avalia influência e materialidade da informação à luz da relação custo - 
benefício.
Uniformidade:
Uma vez adotado um determinado procedimento, não poderá ser 
mudado.
2. Condições Básicas de um Princípio
As condições básicas para que um princípio se transforme em “geralmente 
aceito” e incorporado à doutrina contábil são:
1- Deve ser considerado praticável por consenso profissional.
2- Deve ser considerado útil.
Muitos contadores atribuem mais importância à praticabilidade de um 
princípio do que à sua utilidade intrínseca, no entanto a praticabilidade 
não deve ser confundida com facilidade ou dificuldade de se colocar em 
prática determinado processo. Ao aceitar como praticável somente o que 
é de extrema facilidade de ser colocado em prática, a Contabilidade estaria 
freando o seu progresso técnico, pois, sempre que se quiser retratar a 
realidade com maior precisão, aumentarão as dificuldades práticas e os 
processos tenderão a ser mais complexos. É esse o caso típico dos processos 
de ajustamento de relatórios contábeis históricos diante das flutuações de 
preços.
Alguns contadores negaram a utilidade dos ajustamentos por considerá-
los impraticáveis, confundiram impraticabilidade com dificuldade. E houve 
o temor de que os ajustamentos substituíssem os relatórios históricos, sem 
deixar vestígios destes. Temor infundado, pois ninguém discute a utilidade 
desses relatórios para certas finalidades, principalmente fiscais.
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3. Os princípios contábeis geralmente aceitos
Os princípios contábeis geralmente aceitos são classificados em três 
categorias:
3.1 - Postulados - referem-se ao ambiente sócio-político-econômico 
no qual a contabilidade é praticada.
3.1.1 - Entidade
3.1.2 - Continuidade
3.2 - Princípios - regras básicas para aplicação da contabilidade.
3.2.1- Custo com base de valor
3.2.2 - Realização
3.2.3 - Competência dos exercícios
3.2.4 - Denominador comum monetário
3.3 - Convenções - limitações e regras para aplicação dos 
postulados e dos princípios.
3.3.1 - Objetividade 
3.3.2 - Conservadorismo
3.3.3 - Relevância ou materialidade
3.3.4 - Uniformidade ou consistência)
3.1.1 – O postulado da Entidade
De acordo com este postulado, a contabilidade é executada e mantida 
para as entidades como pessoas jurídicas, distintas das pessoas físicas 
(ou jurídicas) dos sócios. Esse é um princípio que independe de valor, 
permanecendo sua consolidação intacta ao longo do tempo, sua função 
é segregar o patrimônio da sociedade do patrimônio dos sócios. Mesmo 
quando uma firma individual paga uma despesa, é o caixa da firma 
que está desembolsando o dinheiro, e não o proprietário da empresa, 
embora, materialmente, as duas coisas possam se confundir. Nesse caso, o 
proprietário deve suprir a empresa de recursos suficientes para que possa 
ter uma existência autônoma.
 
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3.1.2 - Continuidade
Por meio deste princípio, a contabilidade assume que a empresa 
continuará operando indefinidamente, sem que haja um prazo para 
encerramento de suas atividades, tendo, como conseqüência, o critério de 
avaliação dos ativos pelos valores de aquisição. Caso a empresa tivesse um 
prazo determinado para encerrar suas operações, isso não faria sentido, 
deveríamos estar interessados no valor de realização dos ativos da empresa 
e liquidação dos passivos.
É, portanto, um princípio norteador do critério de avaliação de ativos e 
passivos e sua representação nas demonstrações contábeis.
 
3.2.1- Custo com base de valor
Pode também ser denominado “Princípio do Custo Histórico (ou original) 
como Base de Valor”. Como princípio geralmente aceito, refere-se ao 
custo original. Na conceituação ortodoxa, os elementos do ativo entram 
nos registros contábeis pelo valor pago para adquiri-los ou fabricá-los, no 
entanto, em algumas situações, esse custo histórico precisa ser alterado. 
Elementos do ativo sujeitos à amortização, depreciação ou exaustão são 
registrados pelo valor histórico e, posteriormente, retificados por contas 
de depreciação acumulada, em casos de reavaliação de ativo previstos 
pelas legislações de alguns países.
Torna-se evidente que a aplicação irrestrita desse princípio, principalmente 
em períodos de acentuadas flutuações de preços, restringe as possibilidades 
informativas da contabilidade.
 
3.2.2 - Realização
A realização ocorre quando bens ou serviços são entregues a terceiros em 
troca de dinheiro ou de outro elemento do ativo.
Quando uma empresacomercial vende uma determinada mercadoria por 
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$ 200,00 e esta lhe custou apenas $ 150,00, a contabilidade ortodoxa apura, 
imediatamente, um lucro bruto de $50. Esse lucro é, para todos os efeitos, 
considerado como operacional, mesmo que a mercadoria vendida, para 
ser resposta, exija um desembolso de $180.
O mais correto tecnicamente seria reconhecer um “lucro realizável” de $ 
30,00 (a diferença entre o custo original da mercadoria e o de reposição), 
no ato da venda, somente $ 20,00 seriam considerados como lucro 
operacional corrente.
 
3.2.3 - Competência dos exercícios
De acordo com esse princípio, as receitas e os custos são atribuídos aos 
períodos de acordo com sua real incorrência, isto é, de acordo com a data 
do fato gerador, e não quando são recebidos ou pagos em dinheiro.
Por esse princípio, a folha de pagamento dos funcionários relativa ao mês 
de dezembro, suponhamos, será considerada como despesa de dezembro, 
mesmo que, na prática, o pagamento só seja efetuado nos primeiros dias 
de janeiro. O fato gerador da despesa é o serviço prestado pelos operários, 
e não o pagamento do salário.
3.2.4 - Denominador comum monetário
Esse princípio contribuiu para a teoria sob um duplo aspecto: em primeiro 
lugar, a contabilidade só contempla aqueles fatos monetariamente 
avaliáveis; em segundo lugar, a unidade monetária é, para efeitos 
contábeis, considerada um padrão uniforme e homogênea de mensuração, 
independentemente das variações de seu poder de compra.
Quanto ao primeiro aspecto, parece-nos uma limitação inevitável do 
método contábil; quanto ao segundo, entretanto, sua aceitação implica 
não considerar a realidade dos fatos. A vulnerabilidade da premissa é 
manifesta, pois a experiência de quase todos os países tem demonstrado 
que a unidade monetária está longe de representar um padrão uniforme 
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e homogêneo de medida.
 
3.3.1 – Convenção da Objetividade 
O profissional deve procurar sempre exercer a Contabilidade de forma 
objetiva, não se deixando levar por sentimentos ou expectativas de 
administradores ou qualquer pessoa que venha a influenciar no seu 
trabalho, e os registros devem estar baseados, sempre que possível, em 
documentos que comprovem a ocorrência do fato administrativo. 
3.3.2 - Conservadorismo
Essa convenção pode ser explicada da melhor forma possível por meio 
do exemplo que, a seguir, será relatado. Suponha-se que o contador, para 
avaliação de um certo bem, dispusesse de duas fontes: a fatura relativa 
à compra do bem e o laudo do maior especialista mundial em avaliação. 
Deverá escolher, como valor de registro, o indicado na fatura. Entre um 
critério subjetivo de valor, mesmo ponderável, e outro objetivo, o contador 
deverá optar pela hipótese mais objetiva. A finalidade dessa convenção é 
eliminar ou restringir áreas de excessivo liberalismo na escolha de critérios, 
principalmente de valor.
 
3.3.2 - Conservadorismo
Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta 
mais conservadora em relação aos resultados que serão apresentados, 
evitando que projeções distorcidas sejam feitas pelos usuários. Assim, é 
preferível ter expectativa de prejuízo e a entidade apresentar resultados 
positivos, ou seja, se houver duas opções igualmente válidas, deve-se 
optar sempre por aquela que acusa um menor valor para os ativos e para 
as receitas e o maior valor para os passivos e para as despesas.
A regra “Custo ou Mercado, dos dois o menor”, está intimamente ligada 
ao conservadorismo. Em outras palavras, o custo é a base de valor para 
a contabilidade, mas, se o valor de mercado for inferior ao de custo, 
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adotaremos o valor de mercado.
 
3.3.3 - Relevância ou materialidade
A informação contábil deve ser relevante, justa e adequada e o profissional 
deve considerar a relação custo x benefício da informação que será gerada, 
evitando perda de recursos e de tempo da entidade.
Por exemplo, sempre que os empregados do escritório se utilizam de 
papéis e impressos da empresa, registra-se uma diminuição do ativo da 
empresa, diminuição essa que poderia, teoricamente, ser lançada nos 
registros contábeis à medida de sua ocorrência. Entretanto, isso não é 
feito, pela irrelevância da operação, e a despesa só é apurada no fim do 
período por diferença de estoques.
 
3.3.4 - Uniformidade ou consistência
Os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das 
informações consistentes, para facilitar sua interpretação e análise pelos 
diversos usuários. Uma vez adotado determinado processo, dentre os 
vários possíveis que podem atender a um mesmo princípio geral, ele não 
deverá ser mudado com demasiada freqüência, pois,assim estaria sendo 
prejudicada a comparabilidade dos relatórios contábeis.
Se, por exemplo, for adotado o método PEPS para avaliação de estoques 
em lugar do UEPS (ambos atendem ao mesmo princípio geral, isto é, 
“Custo como base de valor”), deverá ser usado sempre o mesmo método 
nos outros períodos. E, se houver a necessidade inadiável de se adotar 
outro critério, essa adoção deve ser declarada como nota explicativa dos 
relatórios, de maneira a cientificar o leitor. 
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Síntese
 
Nesta aula, estudamos os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos 
e sua importância para que as Demonstrações Contábeis sejam fidedignas, 
podendo-se extrair informações úteis para a tomada de decisões.
Na próxima aula, estudaremos o milenar Método das Partidas Dobradas, 
que torna possível os registros das operações de uma empresa e o 
equilíbrio do Patrimônio.
Não perca!
Referências Bibliográficas
IUDÍCIBUS, Sérgio de et. al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo: 
Atlas.

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