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6 Melinna Cardoso – P6 COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DIABETES MELLITUS Cetoacidose diabética (CAD) e Estado Hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) são duas complicações graves, associadas ao diabetes mellitus, que diferem entre si de acordo com a presença de cetoácidos (deficiência absoluta ou relativa de insulina) e com o grau de hiperglicemia; A CAD e o EHH continuam a ser importantes causas de morbimortalidade, apesar dos grandes avanços na compreensão da sua patogênese e de tratamento. FATORES PRECIPITANTES 1. Tratamento inadequado: o Interrupção da administração da insulina ou de hipoglicemiantes orais. o Omissão da aplicação da insulina. o Mau funcionamento da bomba de infusão de insulina. 2. Doenças agudas: o Infecções (pulmonar, trato urinário, influenza). o IAM, AVC, hemorragia gastrointestinal, queimaduras, pancreatite. CETOACIDOSE DIABÉTICA: Glicemia > 250mg/dl pH arterial < 7,3 Cetonúria / cetonemia + Sintoma de apresentação em 20 a 34% das crianças e adolescentes e cerca de 15 a 20% dos adultos com DM1. CAD ocorre prioritariamente no DM1, mas acontece também no DM2, em situações extremas (infecções graves, infarto, IAM, AVC). Diagnóstico Clínico • Evolui rapidamente dentro de poucas horas após o evento precipitante. • Desidratação, ↑FC, hipotensão, choque. • Respiração de Kussmaul (aumento da paCO2 estimula os centros respiratórios). • Hálito cetônico, náuseas, vômito e dor abdominal semelhante à de abdome agudo (cetose x afecção abdominal). ESTADO HIPEROSMOLAR HIPERGLICÊMICO: Glicemia > 600mg/dl pH arterial > 7,3 Osmolaridade sérica > 320 mOsm/kg Manifesta-se quase que exclusivamente no DM2 (principalmente em idosos); Diagnóstico Clínico Desenvolvimento insidioso, manifesta-se em dias a semanas. Sem acidose Sem taquipneia. Maior grau de desidratação e maior déficit sensorial paciente mais rebaixado. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: De acordo com o PH e o nível de consciência, a cetoacidose pode ser dividida em: Leve, Moderada ou Grave Quanto mais ácido, menor o bicarbonato e maior a alteração no nível de consciência. Há cetonúria e cetonemia positivas; osmolalidade variável; ânion gap aumentado (formação de um novo ácido); No EHH, o nível de glicose é bem mais alto (>600), pH >7,30 (normal é 7,35-7,45), cetonúria e cetonemia fracamente positivas, osmolalidade >320 (bem aumentada), ânion gap variável e, no nível de consciência, estupor ou coma. EXAMES COMPLEMENTARES: Glicemia capilar, ureia, creatinina, cloro; Leucograma o Leucocitose com DE – desvio a esquerda (10.000 a 15.000/mm3) isso não quer dizer que haja infecção, a própria cetoacidose pode causar. Sódio: o Os níveis geralmente estão normais ou baixos. o Níveis altos sugerem grau maior grau de desidratação. o Lembrar que a hiperglicemia falseia o sódio para baixo, então, é preciso corrigir o sódio para ver o valor real do 7 Melinna Cardoso – P6 paciente equação. Potássio: Pode estar baixo, normal ou “elevado”. o O potássio é um íon intracelular (está mais dentro da célula do que fora). Na acidose, há bastante H+ do lado de fora da célula, então, a célula coloca o H+ para dentro para estabelecer um equilíbrio. Automaticamente, o potássio (K+) é expulso, então, está “falsamente elevado” o potássio real do paciente com cetoacidose é baixo, mas no exame laboratorial, pode estar baixo, normal ou “elevado”. o Quando o paciente começa a ser tratado (com insulina e hidratação), há resolução da acidose e o potássio volta ao seu local de origem (dentro da célula). o Além disso, a própria insulina e o bicarbonato têm ação direta para colocar o potássio dentro da célula. Se o paciente tiver potássio baixo e eles forem administrados, pode haver hipocalemia grave evoluindo para arritmia e morte súbita. Portanto, NÃO INICIAR A INSULINA SEM CHECAR O POTÁSSIO! E pedir gasometria arterial ou venosa para avaliar o BIC (bicarbonato sérico – NaHCO3); Reserva alcalina, hematócrito e glicosúria; 8 Melinna Cardoso – P6 Considerações: Nunca aplique insulina antes de checar o K+ (se tiver baixo, é preciso repor); o bicarbonato não é a solução de todos problemas: ele pode piorar a hipocalemia (por isso é usado quando o K+ tá alto), favorece a hipóxia tecidual e acidose paradoxal do líquor, pois não passa a BHE a acidose é mantida no SNC e corrigida no restante do corpo (bicarbonato deve ser feito quando pH <6,9). SEGUIMENTO CLÍNICO: Suspender a bomba de insulina quando: Controle do fator precipitante, glicemia < 250mg/dl e pH>7,30 e bicarbonato > 18mEq/L. Lembrar que a negativação da cetonúria não é critério para resolução da cetoacidose, e sim a cetonemia! Cuidados antes de suspender a insulina EV: Prescrever 10U de insulina regular subcutânea e esperar cerca de 1h antes de desligar a bomba. RESUMO 1. Hidratação; 2. Checar potássio se precisar, repõe; 3. Insulina; 4. Avaliar pH para ver necessidade de bicarbonato. OBS: A glicemia regulariza muito antes da resolução da acidose por isso, quando a glicemia alcançar 250mg/dL, usa-se soro glicosado e diminui a infusão de insulina até que todo o quadro seja resolvido se continuar nos valores iniciais, o paciente apresentará hipoglicemia. OBS: Ao preparar a bomba de insulina com SF, é bom desprezar as primeiras mls, pois o primeiro líquido que sai possui pouca insulina.
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