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O que falta a muitos para serem felizes é nunca terem sido infelizes. E. Girardin Kind am Bett der kranken Mutter Käthe Kollwitz - 1925 Neurofisiologia Dr. med. Valdeci J. Pomblum Transmissão Sináptica Introdução Da última “aula”: Estímulo mecânico (percevejo) sinal neural através da abertura de canais iônicos entrada do Na+ até atingir o limiar (threshold) no axônio excitação (potencial de ação) propagação do impulso de um neurônio para outro (transferência de informação). Transmissão Sináptica Introdução Transmissão Sináptica Transmissão do Estímulo ao Longo do Neurônio Transmissão Sináptica Transmissão Sináptica O processo de transferência de informação na sinapse é denominada TRANSMISSÃO SINÁPTICA. Transmissão Sináptica Transmissão Sináptica Célula nervosa Nodo de Ranvier Bainha de mielina Transmissão Sináptica Transmissão Sináptica Muscle Stretch Reflex Transmissão Sináptica Breve Histórico da Transmissão Sináptica 1887: CS Sherrington (1857-1952) cunhou o termo SINAPSE. Sinapse é uma junção especializada em que um terminal axonal faz contato com outro neurônio ou tipo de célula. Transmissão Sináptica Anatomia de uma Sinapse Típica Transmissão Sináptica Breve Histórico da Transmissão Sináptica Otto Loewi e o Vagusstoff (Acetilcolina, ACh) 1921: O Loewi contribuiu para para o conceito de sinapses químicas. Transmissão Sináptica Breve Histórico da Transmissão Sináptica B Katz: conclusivamente, demonstraram a transmissão sináptica química rápida entre um neurônio motor e o músculo esquelético; Transmissão Sináptica Breve Histórico da Transmissão Sináptica 1951: JC Eccles, com eletrodos de vidro, estudou a transmissão sináptica no SNC de mamíferos. Transmissão Sináptica Breve Histórico da Transmissão Sináptica 1959: EJ Furshpan & DD Potter provaram a existência das sinapses elétricas no pitu (crayfish), camarão-de água-doce, Procambarus clarkii. Transmissão Sináptica Importância da Transmissão Sináptica - Estudo da contração muscular; - Fisiopatologia das doenças musculares; - Estudo da ação das drogas psicoativas; - Entendimento dos transtornos mentais; - Estudo do aprendizado e da memória; - ... Transmissão Sináptica Sinapses Elétricas – “Gap Junctions” Permite a transferência direta de corrente iônica de uma célula para outra através de sítios especializados gap junctions (junções comunicantes). A junção (ou fenda = gap) é atravessada por proteínas especializadas denominadas conexon. Transmissão Sináptica Sinapses Elétricas – “Gap Junctions” Transmissão Sináptica Sinapses Elétricas – “Gap Junctions” Os conexons permitem que íons passem diretamente do citoplasma de uma célula para o citoplasma de outra célula. Transmissão Sináptica Sinapses Elétricas – “Gap Junctions” Cada conexon é formado por 6 conexinas. As junções gap permitem a passagem de corrente iônica em ambos os sentidos. Transmissão Sináptica Sinapses Elétricas – “Gap Junctions” A transmissão nas sinapses elétricas é rápida e “infalível” (reliable), sempre respondendo aos estímulos que ultrapassam o limiar. Em invertebrados, estão presentes entre neurônios sensoriais e motores, mediando a resposta de fuga (to fight or to flight). Nos mamíferos, parecem estar presentes em maior número durante o desenvolvimento neural, auxiliando no crescimento e maturação dos neurônios. Transmissão Sináptica Sinapses Químicas Large dense-core vesicles Small electron-lucid Synaptic vesicles Zonas ativas Densidade pós-sináptica Transmissão Sináptica Sinapses Químicas vesículas densas densidade pós-sináptica Transmissão Sináptica Estrutura de um Neurônio Os termos DENDRITO foi cunhado por His (pai) em 1889; AXÔNIO, por Kolliker em 1896; NEURÔNIO, por Waldeyer em 1891. Transmissão Sináptica Tipos de Neurônios Transmissão Sináptica Tipos de Neurônios Exemplos da morfologia de neurônios de vertebrados: Transmissão Sináptica Neurônio Multipolar Transmissão Sináptica Início da despolarização neuronal Transmissão Sináptica Sinapses do SNC Sinapse axodendrítica: a terminação pós-sináptica está localizada em um dendrito. Transmissão Sináptica Sinapses do SNC Sinapse axoaxônica: a terminação pós-sináptica está em outro axônio. Transmissão Sináptica Sinapses do SNC Sinapse axossomática: a terminação pós-sináptica é no corpo celular de outro neurônio. Transmissão Sináptica Sinapses do SNC Sinapse dendrodendrítica: os dendritos formam sinapses com dendritos de outros neurônios. Transmissão Sináptica Sinapses do SNC Também são classificadas de acordo com a morfologia das membranas pré- e pós-sinápticas. Gray I (assimétricas): a pós-sináptica é mais espessa. Transmissão Sináptica Sinapses do SNC Gray II (simétricas): geralmente, inibitórias. Tanto a terminação pré- como pós-sináptica têm a mesma espessura. Transmissão Sináptica Junção Neuromuscular A transmissão neuromus- cular é rápida e infalível (reliable). A membrana pós-sináptica também é chamada placa motora terminal. Transmissão Sináptica Junção Neuromuscular Transmissão Sináptica Junção Neuromuscular É uma sinapse grande com muitas zonas ativas e dobras pós-sinápticas. Transmissão Sináptica Princípios da Transmissão Sináptica Transmissão Sináptica Neurotransmissores Transmissão Sináptica Síntese e Armazenamento de Neurotransmissores As enzimas envolvidas na síntese de aminoácidos e aminas são transportadas até o terminal axonal e, então, dirigem a síntese de neurotransmissores, que serão levados para as vesículas sinápticas. Transmissão Sináptica Síntese e Armazenamento de Neurotransmissores Os peptídios são formados quando os aminoácidos são polimerizados nos ribossomos do corpo celular (RER) e clivados no aparelho de Golgi, produzindo os neurotrans- missores e, então, são transpor- tados ao terminal axonal por transporte axoplasmático. Transmissão Sináptica Síntese e Armazenamento de Neurotransmissores Transmissão Sináptica Ciclo das vesículas pré-sinápticas Transmissão Sináptica Liberação de Neurotransmissores Transmissão Sináptica Liberação de Neurotransmissores SNARE = receptor para SNAP (soluble NSF attachment protein receptors) SNAP = proteína solúvel acessória do NSF NSF = fator protéico envolvido na exocitose que é inibido por n-etilmaleimida (N-ethylmaleimide- sensitive factor) ou (N-ethylmaleimide-sensitive fusion protein) v-SNARE (v = vesicle) = sinaptobrevina 2 t-SNARE (t = target) Transmissão Sináptica Bonecas Babushka e as Proteínas SNARE Transmissão Sináptica Liberação de Neurotransmissores Transmissão Sináptica Liberação de Neurotransmissores Transmissão Sináptica GTP-Rab v-SNARE (vesicle) Membrana alvo t-SNARE (target) SNAP V-SNARE T-SNARE SNAPNSF SNARE-snaps/receptors GTP-Rab SNAPSoluble NSFattachment proteins NSF N-etilmaleimidasensitive factor Transmissão Sináptica Botulismo (latin, botulus = salsicha) É uma doença neuroparalítica grave causada pela toxina botulínica produzida por espécies de Clostridium (C. botulinum). Existem 4 categorias de doenças: 1) Origem alimentar; 2) Do lactente; 3) Da ferida e 4) Sem classificação. Transmissão Sináptica Botulismo O C. Botulinum (1895, Emile Van Ermengem) é um anaeróbio obrigatório, Gram-positivo e formador de esporo, sendo encontrado no solo, ambientes marinhos e em produtos agrícolas. Transmissão Sináptica Botulismo Cada estirpe produz uma entre 8 toxinas antigenicamente distintas com aproximamente 150 kD, designadas de A até G. A doença humana é causada pelos tipos A, B e E, principalmente. Dose letal (DL): 0,000000001 mg/kg. As toxinas botulínicas se disseminam pela via hematógena para as sinapses colinérgicas periféricas, as quais se ligam de forma irreversível e bloqueiam a liberação de ACh. O resultado é hipotonia com paralisia flácida simétrica descendente. Transmissão Sináptica Botulismo TransmissãoSináptica Botulismo Transmissão Sináptica Botulismo Período de incubação: 18 – 36 horas (2 horas a 8 dias) A musculatura bulbar é afetada primeiro: diplopia, disfonia, disartria e disfagia. O envolvimento do SNA colinérgico causa diminuição da salivação com xerostomia e dor de garganta, íleo paralítico ou retenção urinária. Os sintomas gastrintestinais comuns incluem náuseas, vômitos e dor abdominal. O exame neurológico mostra fraqueza do músculo RL (VI par), ptose, pupilas dilatadas com reação lenta, diminuição do reflexo do vômito ou paresia do reto medial. O intelecto não é afetado, não existe febre e a disfunção neurológica é bilateral. Transmissão Sináptica Botulismo Transmissão Sináptica Botulismo Botox® Transmissão Sináptica Síndrome Miastênica de Lambert-Eaton (SMLE) Doença rara, freqüentemente associada às neoplasias (doença paraneoplásica), principalmente de pequenas células, small cell lung cancer. É uma miastenia que se caracteriza pelo acometimento da junção neuromuscular. A SMLE também está associada a várias doenças auto- imunes, formando-se anticorpos contra os canais de Ca2+ do terminal pré-sináptico e resultando em anormalidade na liberação de ACh na fenda sináptica. Inicia-se com fraqueza progressiva e flutuação na atividade física, acometendo musculatura proximal dos membros inferiores e cintura pélvica. Transmissão Sináptica Síndrome Miastênica de Lambert-Eaton Edward Lambert (1915-2003) Transmissão Sináptica Receptores para Neurotransmissores e Proteínas Efetoras Ao serem liberados na fenda sináptica, os neurotransmissores irão afetar os neurônios pós- sinápticos ao se ligarem a proteínas receptoras específicas: 1) Canais iônicos (diretos ou ionotrópicos); 2) Receptores acoplados a proteínas G (indiretos ou metabotrópicos. Transmissão Sináptica Receptores para Neurotransmissores e Proteínas Efetoras Transmissão Sináptica Canais Iônicos Ativados por Neurotransmissores Transmissão Sináptica Canais Iônicos Ativados por Neurotransmissores Transmissão Sináptica Canais Iônicos Ativados por Neurotransmissores Uma despolarização transitória da membrana pós- sináptica é denominada PEPS, potencial pós-sináptico excitatório. A ativação sináptica de canais iônicos abertos por acetilcolina e glutamato, por exemplo, causam PEPS. EPSP (PEPS) = excitatory postsynaptic potentials Transmissão Sináptica Geração de um PEPS Transmissão Sináptica Canais Iônicos Ativados por Neurotransmissores Se os canais iônicos abertos por neurotransmissores são permeáveis ao Cl-, o efeito resultante será a hiperpolarização da membrana pós-sináptica. Como o neurotransmissor tende a afastar o potencial de membrana do limiar de geração do potencial de ação, esse efeito é inibitório. E a hiperpolarização transitória do potencial de membrana pós-sináptico é denominada PIPS, potencial inibitório pós-sináptico. IPSP (PIPS) = inhibitory postsynaptic potentials Transmissão Sináptica Geração de um PIPS Transmissão Sináptica Receptores Acoplados a Proteínas G Transmissão Sináptica Receptores Acoplados a Proteínas G A transmissão sináptica rápida é mediada por neurotransmissores aminoácidos e aminas, agindo em canais iônicos. Mesmo assim, esses podem agir sobre receptores acoplados a proteínas G, cujas ações pós-sinápticas são mais lentas, duradouras e diversificadas: 1) O neurotransmissor liga-se ao receptor; 2) O receptor ativa proteínas (G); 3) As proteínas G ativadas ativam proteínas efetoras. Transmissão Sináptica Receptores Acoplados a Proteínas G A ligação do neurotransmissor ao receptor leva à ativação de uma proteína G. Proteínas G ativadas, por sua vez, ativam proteínas efetoras, as quais podem ser canais iônicos ... Transmissão Sináptica Receptores Acoplados a Proteínas G ... ou enzimas que geram segundos mensageiros. Transmissão Sináptica Auto-Receptores Os receptores também são encontrados na terminação pré-sináptica, denominados de auto-receptores. Geralmente, são acoplados à proteína G, estimulando a formação de segundos mensageiros. Os auto-receptores teriam um papel de “segurança”, ou inibindo a síntese de mais neurotransmissor ou inibindo a sua liberação. Transmissão Sináptica Reciclagem e Degradação de Neurotransmissores Depois de agirem sobre os receptores da terminação pós-sináptica, os neurotransmissores devem ser removidos da fenda sináptica: 1) Através da difusão para longe da fenda; 2) Recaptação para dentro da terminação pré- sináptica; 3) Degradação enzimática. Ex.: A enzima acetilcolinesterase (AChE) degrada a ACh. Transmissão Sináptica Reciclagem e Degradação de Neurotransmissores Transmissão Sináptica A Integração dos PEPS Transmissão Sináptica Somação Espacial dos PEPS Transmissão Sináptica Somação Espacial dos PEPS Transmissão Sináptica Somação Temporal dos PEPS Transmissão Sináptica Somação Temporal e Somação Espacial dos PEPS Transmissão Sináptica PIPS pré-sináptico Transmissão Sináptica PIPS pós-sináptico Transmissão Sináptica PIPS por Derivação (shunting) Transmissão Sináptica PIPS por Derivação Transmissão Sináptica Modulação Sináptica Muitas sinapses com receptores acoplados a proteínas G não estão associadas com canais iônicos. A ativação sináptica desses receptores não evoca diretamente PEPSs e PIPSs. Como ocorre, então, a ativação sináptica ??? Na verdade, ocorre uma modificação dos PEPSs denominada MODULAÇÃO. Transmissão Sináptica Modulação Sináptica Modulação de canais iônicos por receptores beta para a adrenalina PKA Slide 397 DILBERT Go to next lecture on NEUROTRANSMITTERS ... Transmissão Sináptica Bibliografia [1] Bear MF, Connors BW, Paradiso MA. Transmissão sináptica. In: _____. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. cap. 5, p. 98-129. [2] Guyton AC, Hall JE. Organização do sistema nervoso central, funções básicas das sinapses e “substâncias neurotransmissoras”. In: _______. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Elsevier, 2006. cap. 45, p. 555-71. [3] Kandel ER, Schwarz JH, Jessel TM. Aspectos gerais da transmissão sináptica. In: ______. Princípios da neurociência. 4. ed. Barueri: Manole, 2003. Parte III, cap. 10, p. 175-86. [4] Machado CRS. Tecido nervoso. In: Machado A. Neuroanatomia funcional. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. cap. 3, p. 17-33. [5] Lent R. As unidades do sistema nervoso: forma e função de neurônios e gliócitos. In: ____. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Atheneu, 2004. cap. 3, p. 65-96. [6] Lent R. Os chips neurais: processamento de informação e transmissão de mensagens através das sinapses. In: ____. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Atheneu, 2004. cap. 4, p. 697-132. Uma grande realização espiritual depende sempre de um grande esforço. Nada vem de graça em nosso mundo. Nada !!! Rabi Isaac Ze'ev de Vitebsk Amanhecer (1818-20) Caspar D Friedrich (1774-1840)
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