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artigo_solo-cimento_como_alternativa_para_sustentabilidade_e_economia_na_construcao_de_residencias_populares

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__________________________ 
¹ Graduado em Engenharia Civil pela Faculdade Madre Thais – FMT em Ilhéus – BA. Pós 
graduando em Engenharia de Avaliações e Perícias e MBA em Orçamento, Planejamento e 
Controle na Construção Civil pela União Brasileira de Faculdades – UNIBF em Paraíso do 
Norte – PR. E-mail: gustavo.sza.almeida@gmail.com 
 
² Graduado em Engenharia Mecânica pela Faculdade Anhanguera em Ribeirão Preto – SP. 
Pós graduado em Engenharia e Gerenciamento de Manutenção e MBA Executivo em Gestão 
de Projetos pela União Brasileira de Faculdades – UNIBF em Paraíso do Norte – PR. E-mail: 
abgaloni@hotmail.com 
 
³ Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estácio de Sá – UNESA em Niterói-RJ. 
Especialista em Engenharia da Qualidade e Engenharia Elétrica com ênfase em instalações 
residenciais pela Universidade Candido Mendes – UCAM em Rio de Janeiro – RJ. E-mail: 
joao_emn@hotmail.com 
 
4 Graduado em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário Módulo em Caraguatatuba 
– SP. Especialista em Gestão Industrial pela Universidade de São Paulo – USP em São Paulo 
– SP. Especialista em Logística Integrada e Supply Chain pela Universidade Cruzeiro do Sul 
em São Paulo – SP. E-mail: ma.carvalho100@hotmail.com 
 
SOLO-CIMENTO COMO ALTERNATIVA PARA SUSTENTABILIDADE E 
ECONOMIA NA CONSTRUÇÃO DE RESIDÊNCIAS POPULARES. 
 
Gustavo Souza de Almeida1 
Almir Bruno Galoni2 
João Carlos Esteves Moreira Neto3 
Matheus Lobão de Carvalho4 
 
RESUMO 
 
Apesar da importância econômica e social da construção civil, o setor ainda utiliza tecnologias 
antigas, há algumas poucas inovações, mas a base dos materiais continua a mesma e as 
poucas inovações que se apresentam no setor buscam apenas a redução de custo, enquanto 
que as inovações deveriam ter como objetivo também a redução dos impactos ambientais e 
sociais. Nesse sentido, o presente estudo busca analisar a viabilidade ambiental e econômica 
da utilização do tijolo solo-cimento, também conhecido por tijolo ecológico, como alternativa 
para a construção de residências populares sustentáveis e com baixo custo. Através de 
revisão bibliográfica é realizado o estudo da viabilidade ambiental do tijolo ecológico e a busca 
de dados para realizar um comparativo de custos com as residências feitas em alvenaria 
convencional com bloco cerâmico. Como resultado, obteve-se uma redução de 15,33% no 
custo da alvenaria. Acerca da viabilidade ambiental, notou-se que a utilização do tijolo 
ecológico causa redução dos impactos ambientais desde a sua produção, por não necessitar 
da queima, causando redução na emissão gases nocivos ao meio-ambiente pelo setor da 
construção civil e durante a execução da alvenaria, o tijolo ecológico contribui para redução 
do desperdício de materiais e geração de resíduos. 
 
Palavras-chave: Sustentabilidade; Solo-cimento; Construção sustentável; Residências 
populares. 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
Apesar da importância econômica e social da construção civil para o cenário 
nacional, a indústria da construção civil brasileira ainda utiliza tecnologias antigas e 
não inova. Houve inovações, mas a base dos materiais continua a mesma. As poucas 
inovações que aparecem no setor são voltadas apenas para reduzir os custos das 
obras. É necessário modificar esse pensamento, as inovações devem ser pensadas 
além da redução dos custos, e ter como objetivo também a redução dos impactos 
ambientais e sociais (JOHN, 2011). 
O solo-cimento caracteriza-se como um material alternativo, de baixo custo, 
obtido pela mistura de solo, água e um pouco de cimento. Após ser compactada a 
massa obtida passa pelo processo de cura e sofre um endurecimento gradativo, 
ganhando em poucos dias consistência e durabilidade suficientes para diversas 
aplicações na construção civil, podendo ser empregado em paredes, blocos, pisos e 
até muro de arrimo. O sistema construtivo de solo-cimento, advém de técnicas 
construtivas passadas, como adobe e a taipa. Os blocos de solo-cimento eram usados 
desde os anos 30 no Brasil, exclusivamente para pavimentação de estradas. Nos anos 
40, foi construído um conjunto residencial usando a técnica, que ficou sendo um caso 
isolado. Sendo apenas nos anos 70 apresentado como alternativa para remediar o 
déficit habitacional, pelo Eng. Francisco Casanova, que a partir de então o solo-
cimento passou a ter utilização significativa na indústria da construção civil. 
Embora não seja a única opção, o concreto armado é a técnica mais utilizada 
em todo o mundo para construção de estruturas. Esta solução surgiu da necessidade 
de mesclar a resistência à compressão e durabilidade da pedra com as características 
do aço. O resultado é um material que tem como vantagens poder assumir qualquer 
forma com rapidez e facilidade, além de proporcionar proteção contra a corrosão para 
as armaduras de aço. Apesar de convencional, o uso do concreto armado 
normalmente não se apresenta como a solução mais econômica e sustentável para 
construção de edificações, principalmente devido a necessidade de fôrmas, sendo 
adotada normalmente as de madeira, que são descartadas após o término da obra, 
causando assim prejuízo financeiro e ambiental, além de ser uma tarefa que demanda 
muito tempo, o que encarece o custo final da obra. 
3 
 
Em decorrência do déficit habitacional e a necessidade de se ter residências 
populares mais econômicas e sustentáveis, o uso do solo-cimento tem sido 
apresentado como uma possível solução para tais demandas. 
De acordo com Pezzuto (2010), devido às novas demandas, principalmente 
sociais e ambientais, o mercado vem exigindo inovação no setor da construção civil, 
buscando métodos construtivos novos, que possibilitem edificações mais baratas, 
sustentáveis e compatíveis com o poder aquisitivo de maior parte da população. Com 
isso, deve-se atentar para o desenvolvimento de diferentes materiais e utilização de 
métodos construtivos não convencionais. 
Portanto, faz-se necessário buscar soluções alternativas de baixo custo, 
simples, e com impactos ambientais reduzidos em comparação com os materiais e 
métodos construtivos convencionais. 
Diante do exposto, o emprego do solo-cimento se apresenta como alternativa 
para a demanda atual do setor da construção civil e como solução para construção de 
habitações populares, no que diz respeito à redução dos impactos ambientais, custos 
da obra e tempo de execução. Podendo ser utilizado o tijolo modular de solo-cimento, 
também conhecido como tijolo ecológico, que leva tal denominação devido ao seu 
processo de fabricação não ser utilizado a queima, reduzindo significativamente os 
impactos ambientais se comparado com a produção do bloco cerâmico. 
Neste sentido, a presente pesquisa teve como objetivo, investigar a redução 
dos impactos ambientais e custos na construção de residências populares com 
emprego do sistema construtivo solo-cimento. Além disso houve etapas 
complementares visando avaliar o desempenho ambiental do tijolo ecológico, por 
meio de revisão bibliográfica, elaborar planilha de custo para a alvenaria de uma 
residência popular com uso do tijolo solo-cimento, elaborar planilha de custo para a 
alvenaria de uma residência popular convencional, com uso do tijolo cerâmico e 
comparar os custos da alvenaria convencional com a alvenaria de tijolo solo-cimento. 
 
1 DESENVOLVIMENTO 
 
A presente pesquisa é fundamentada em uma revisão bibliográfica, com intuito 
de investigar os impactos ambientais e as vantagens da utilização do tijolo solo-
cimento na construção de residências populares. Para que fosse feita a análise do 
tijolo solo-cimento como solução econômica e sustentável para construção de 
4 
 
residências populares, analisou-se inicialmente os impactos ambientais causados 
pelo uso do tijolo ecológico, feito através de revisão bibliográfica e posteriormente 
realizou-se uma análise dos custos fazendo um comparativo entre a alvenaria 
convencional com a alvenaria de tijolosolo-cimento. 
Foram utilizadas referências bibliográficas de estudo. As buscas foram 
realizadas em duas bases de dados bibliográficas – Google acadêmico e Portal de 
periódicos CAPES/MEC, sendo selecionados apenas os artigos escritos em 
português. Além de buscas em revistas e sites voltados para a construção civil, como 
a revista Téchne e o site da Sahara Tecnologia, empresa voltada para construção de 
máquinas que produz prensas para produção de tijolo ecológico. 
Para que a pesquisa fosse concluída dentro do tempo disponível limitou-se o 
quantitativo de publicações a serem analisadas, adotando um limite de tempo para 
busca dos periódicos, foram analisados os periódicos publicados nos últimos 20 anos, 
de fevereiro de 1999 até fevereiro de 2019. Durante o processo de busca nas bases 
de dados, foram selecionados alguns termos que estão dentro da proposta de 
pesquisa, ao término da seleção, utilizou-se as seguintes palavras-chave: 
sustentabilidade; minha casa minha vida; solo-cimento; residências populares; 
construção sustentável; concreto armado; e tijolo ecológico. Foram utilizados tanto os 
termos isolados como combinações com as palavras-chave. 
 
1.1 Referencial Bibliográfico 
 
1.1.1 Histórico do uso do tijolo solo-cimento no Brasil 
 
O estudo cientifico da técnica do tijolo de solo-cimento teve início no Brasil em 
1935. Tal técnica foi utilizada, inicialmente, na construção de bases e sub-bases na 
pavimentação de estradas, passando a ser utilizado nas edificações especificamente 
em 1948 no Rio de Janeiro. A primeira edificação construída com tijolos de solo-
cimento no Brasil aconteceu na cidade de Petrópolis, no estado de Rio de Janeiro, 
especificamente na construção das casas do Vale Florido na Fazenda Inglesa. Após 
isso, em 1953, foi construído o Hospital Adriano Jorge em Manaus, que possui 10.800 
m² e ainda está em utilização (FIQUEROLA, 2004). 
5 
 
Somente na década de 70 com a contribuição técnica sobre os materiais do 
Eng. Francisco Casanova, que os tijolos de solo-cimento passaram a ser amplamente 
utilizados em habitações pelo antigo Banco Nacional de Habitação (BNH), que passou 
a utilizar os tijolos de solo-cimento em sua residência, fazendo com que a técnica 
fosse disseminada no setor da construção civil. 
 
1.1.2 Vantagens do tijolo solo-cimento 
 
Estudos realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 
comprovaram que o tijolo de solo-cimento possui excelente isolamento termo acústico 
e também reduz os custos finais entre 20% e 40% em relação aos tijolos 
convencionais. 
O consultor Fernando Teixeira (2014) também afirma que “essa nova 
tecnologia não é muito comum em novas construções, porém, devido às suas 
vantagens, é uma técnica que deve começar a ser muito utilizada”. 
O uso do solo-cimento agiliza a execução e o componente apresenta boa 
durabilidade e resistência à compressão fazendo com que as construções tenham 
menor tempo de execução. (FIQUEROLA, 2004). 
Francisco Casanova (2004), afirma que o uso do solo-cimento reduz o 
desmatamento das florestas e os danos ambientais, pois não necessita passar pelo 
processo de queima pelo qual passa o bloco cerâmico cozido, que utiliza a madeira 
das florestas como combustível e lança resíduos tóxicos na natureza durante a 
queima. 
Outros fatores importantes para a economia são as características isotérmicas, 
o isolamento acústico e a possibilidade de uso da edificação sem revestimento, sendo 
indicado uma pintura de impermeabilização à base de látex, esmalte ou técnica 
similar, com intuito de aumentar sua durabilidade. 
Em suma, a praticidade do tijolo de solo-cimento torna a obra muito mais barata, 
pois há uma redução significativa no tempo de execução da obra e no desperdício de 
materiais, devido a facilidade de manuseio dos tijolos por se tratar de um sistema 
modular (Figura 1), fazendo com que se obtenha até 40% de economia no custo total 
da edificação. (TEIXEIRA, 2014). 
Em relação a execução desse sistema construtivo, Costa (2012) afirma que por 
se tratar de um sistema modular, sua execução requer mais cuidados se comparada 
6 
 
com a alvenaria convencional, pois estas permitem alterações e correções de 
anomalias e incompatibilidades, que venham a ocorrer, mais facilmente. Tanto o 
projetista, quanto o executor devem ter conhecimento sobre as técnicas de 
assentamento e grauteamento do tijolo ecológico. Além disso, devem ser bem 
planejadas e especificadas no projeto as instalações elétricas e hidráulicas para que 
todas as vantagens inerentes ao solo-cimento sejam aproveitadas. 
 
Figura 1: Registro de construção em andamento com tijolo solo-cimento.
Fonte: COSTA, 2012. 
 
2 PRODUÇÃO DO TIJOLO SOLO-CIMENTO 
 
2.1 Preparo da mistura 
 
Para produção do tijolo ecológico é imprescindível a realização da mistura de 
solo-cimento da maneira adequada, observando os inúmeros fatores necessários para 
garantir a qualidade do material, tais como, a natureza e características do solo, a 
dosagem de cimento, o teor de umidade e o nível de compactação do material. 
As características do solo-cimento dependerão das características dos 
materiais que compõe a mistura, a granulometria do cimento, a quantidade de água e 
a temperatura ambiente interferem diretamente na adesão do solo-cimento. Devendo 
a quantidade de cada material a ser utilizado na mistura ser determinada através de 
ensaios laboratoriais. Durante o manuseio deve-se tomar cuidados para que não 
 
7 
 
ocorra contaminação da água utilizada, fazendo o controle da presença de sulfatos 
e/ou matéria orgânica que são agressivos ao cimento. (BAUER, 1994). 
O teor de cimento empregado na mistura pode apresentar variações, o 
engenheiro pode optar por acrescentar mais cimento à mistura, o que resultará em 
vantagens como redução da umidade, aumento de resistência à compressão e torna 
o material mais durável, por gerar menor permeabilidade. Entretanto, caso haja 
excesso no acrescimento de cimento e as situações de cura forem inapropriadas, 
pode ocorrer fissuras nos tijolos, em decorrência da retração por secagem. (Mieli, 
2009). 
 
2.2 Etapas para a produção dos tijolos 
 
Após analisada as características e determinada a quantidade de cada 
material, é feita a produção dos tijolos, que varia conforme a sua utilização. Seguindo 
orientações da fabricante de máquinas Sahara, para fabricar os tijolos ecológicos é 
necessária uma prensa manual ou semiautomática, um triturador de solo JAG ou 
peneira, solo areno argiloso (70% areia e 30% argila), cimento e água. De posse dos 
materiais e ferramentais, são seguidas as etapas para fabricação dos tijolos: Preparo 
do solo, regulagem da máquina para iniciar produção, compactação dos tijolos, 
empilhamento dos tijolos recém compactados, ajuste do equipamento para produzir 
outras peças, limpeza da prensa e por último, a cura dos tijolos. 
Durante o procedimento de cura, deve-se atentar para molhar os tijolos no 
primeiro dia, deixando-os coberto com uma lona, no segundo dia deve-se fazer uma 
pulverização com água e do terceiro ao quinto dia, deve-se molhar bem os tijolos com 
uma mangueira, após o quinto dia pode-se estocar os tijolos, devendo estes 
permanecerem estocados até 15 dias após o início do processo de cura, sendo 
recomendado seu transporte apenas 28 dias após a produção. 
 
2.3 Custos para produção do tijolo ecológico 
 
Os custos de produção do tijolo de solo-cimento variam conforme preço do 
cimento, da mão de obra na região, e principalmente da disponibilidade de matéria 
prima principal (solo areno argiloso) nas proximidades do local onde será realizada a 
produção, quanto mais longe o local de extração mais custosa será a produção. 
8 
 
Observa-se que o processo de produção do tijolo de solo-cimento é simples, o 
que resulta em um material de baixo custo, segundo a fabricante de máquinas Sahara, 
o custo para produção dos tijolos dependeda quantidade produzida por dia, utilizando-
se uma prensa Sahara Semiautomática, pode-se produzir até 2 mil tijolos por dia, com 
os custos apresentados a seguir (Tabela 1). 
 
Tabela 1: Custo de produção do tijolo solo-cimento 
QUANTIDADE MÃO DE 
OBRA (R$) 
MATÉRIA 
PRIMA 
(R$) 
CIMENTO 
(R$) 
CUSTO 
TOTAL (R$) 
CUSTO 
UNITÁRIO (R$) 
1.000 300,00 150,00 140,00 590,00 0,59 
2.000 300,00 300,00 280,00 880,00 0,44 
Fonte: Sahara, 2018. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
3.1 Viabilidade ambiental do tijolo solo-cimento 
 
De acordo com a Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica (ANAB), a 
construção civil é responsável pelo consumo de 40% dos recursos naturais, 34% do 
consumo de água, 55% do consumo de lenha não certificada, gerando 67% da massa 
total de resíduos sólidos urbanos e 50% de volume total desses resíduos. Levando-
se em consideração a geração desses resíduos e os impactos ambientais diretos e 
indiretos causados pela construção civil, a utilização do tijolo ecológico surge como 
alternativa para preservação do meio ambiente e construção de edificações 
sustentáveis. 
Uma das grandes vantagens ambientais de se utilizar o tijolo solo-cimento está 
na fase de produção dos tijolos, pois seu processo de cura não utiliza a queima de 
biomassa, processo que utiliza uma grande quantidade geralmente de madeira, 
resultando em uma redução na emissão de gases que provocam o efeito estufa, sendo 
a emissão do CO2, bem como a economia dos recursos renováveis utilizados na 
queima, e que de forma indireta estaria relacionada com a economia dos recursos 
naturais (SANTANA et al., 2013). 
O tijolo solo-cimento é comumente chamado de tijolo ecológico, tal 
nomenclatura se deve ao seu processo de produção, que não é necessária a etapa 
9 
 
de queima, nem a utilização de formas, que geralmente são feitas de madeiras, 
gerando redução no uso de madeira na construção civil. Além disso, o consumo de 
água é inferior se comparado com o processo de fabricação do bloco de alvenaria 
convencional (CHAGAS et al. 2015). 
Pouca argamassa convencional e concreto são aplicados na construção de 
edificações em tijolo solo-cimento, podendo gerar uma economia de 70% no uso de 
concreto, limitando-se o uso da argamassa na primeira fiada, onde os tijolos são 
alinhados e aprumados. Para as demais fiadas, utiliza-se cola branca ou cimento, 
aplicados com bico de confeiteiro ou própria embalagem no caso da cola branca, 
resultando em pouco ou nenhum desperdício de argamassa, que são significativos na 
construção de alvenarias convencionais, o que gera prejuízo financeiro, desperdício 
de recursos naturais e geração de resíduos (COSTA et al., 2011). 
Os furos nos tijolos contribuem para o isolamento térmico e acústico, tal 
característica reduz a necessidade do uso de aparelhos de refrigeração/aquecimento 
pelos usuários residência gerando economia de energia. Além disso, os furos 
proporcionam economia de materiais na confecção dos tijolos e servem para 
passagem de instalação elétrica, hidráulica e sanitária (Figura 2), evitando a quebra 
das paredes como acontece nas alvenarias convencionais, reduzindo o desperdício 
de materiais e geração de resíduos (COSTA et al., 2011). 
 
Figura 2: Instalações hidráulicas e sanitárias em alvenaria de tijolo solo-cimento.
Fonte: Tijolos ecológicos trindade, 2016. 
 
 
10 
 
Dentre as vantagens do tijolo ecológico, pode-se destacar a utilização de 
matéria prima natural de baixo custo e alta disponibilidade no meio-ambiente, pois o 
solo é o material de maior quantidade na mistura. Além disso, por se tratar de um tijolo 
modular, produz uma menor quantidade de resíduos e entulhos se comparado com 
os tijolos cerâmicos, além da redução de materiais como tabuas, pregos e arames, já 
que a estrutura é encaixada, tendo pouco uso desses materiais, que são empregados 
apenas na execução de vergas e contra vergas (AMARAL; SCHINEIDES; OLIVEIRA, 
2014). 
Por apresentarem características estéticas agradáveis (Figura 3), as 
edificações feitas com tijolo solo-cimento dispensam o reboco e acabamento, ficando 
sob preferência do proprietário realizar ou não estas etapas (ECO PRODUÇÃO, 
2010). 
 
Figura 3: Residência construída com tijolo ecológico.
Fonte: Tijolo inteligente,2018. 
 
3.2 Comparação de custo 
 
As edificações populares construídas pelo Governo Federal através do 
programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) foram os modelos utilizados como 
parâmetro para a confecção do projeto arquitetônico utilizado como base para 
confecção dos custos da alvenaria. 
O padrão construtivo e projeto arquitetônico do PMCMV varia conforme a faixa 
de renda do grupo a ser atendido. Buscando a redução de custos, observa-se que as 
edificações voltadas aos públicos da faixa 1, sendo essas residências populares, se 
 
11 
 
apresentam como unidades pequenas, geralmente construídas em alvenaria 
estrutural, proporcionando assim ambientes pequenos e pouca ou nenhuma 
flexibilidade para alteração da arquitetura dos ambientes. 
O padrão utilizado não apresenta conforto aos usuários, principalmente se for 
utilizado por famílias com mais de três membros, entretanto a discussão sobre o 
conforto e arquitetura do projeto não é objeto deste estudo e será ignorada, conforme 
proposto, a análise será acerca dos impactos ambientais, econômicos e viabilidade 
da utilização do tijolo ecológico para construção de residências populares. 
Para analisar a viabilidade econômica e fazer a comparação de custo, foi 
utilizado como base um projeto de uma residência popular padrão de 39,00 m² de 
área, tendo cinco cômodos, formado por dois quartos, uma sala, uma cozinha e um 
banheiro social, conforme projeto arquitetônico (Figura 4). 
 
Figura 4: Projeto arquitetônico utilizado para comparação de custos da alvenaria.
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
As planilhas de custos dos materiais para a comparação entre a alvenaria de 
tijolos convencionais e de tijolo solo-cimento foram feitas considerando os métodos e 
processos construtivos convencionais, sendo feito o orçamento com base no Sistema 
 
12 
 
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices (SINAPI), para os serviços que não 
encontram-se listados no SINAPI, foi criada uma composição própria, através dos 
valores apresentados no trabalho sobre Tijolo de solo-cimento: Análise das 
características físicas e viabilidade econômica de técnicas construtivas sustentáveis, 
elaborado por CHAGAS et al., 2014. 
As tabelas 2 e 3 foram elaboradas levando-se em consideração a construção 
de uma residência popular, onde optou-se por não realizar o reboco da alvenaria de 
tijolo solo-cimento, por esta apresentar características estéticas agradáveis, utilizou-
se como acabamento a aplicação de duas demãos de verniz diretamente nos tijolos. 
Os custos se referem a construção da alvenaria com um pé direito de 2,90 m, 
totalizando 98,41 m² de alvenaria, as paredes apresentam quatro janelas de 1,00 m 
de largura por 1,20 de altura, uma janela basculante de 0,60 x 0,60 no banheiro, duas 
portas de 0,70m nos quartos, uma porta de 0,60 m no banheiro e duas portas de 0,80 
m na cozinha e na sala, todas com 2,10 metros de altura. 
Os custos apresentados a seguir (Tabela 2), se refere a construção da 
edificação com a utilização do bloco cerâmico de 9 furos, com dimensão de 
19x19x11,5cm e utilização de concreto para cinta de amarração, verga e contra verga, 
foi aplicado revestimento cerâmico em todo banheiro e na cozinha nas paredes que 
estão o fogão e a pia, na altura de 1,80m. 
 
Tabela 2: Custos para construção da alvenaria convencional em tijolo cerâmico. 
Código Serviço Unidade Quantidade Custo 
unitário (R$) 
Total (R$) 
87521 Execução da 
alvenaria de 
vedação para vãos 
maiores que 6m². 
AF_06/2014 
m² 98,41 56,49 5.559,18 
93205 Cinta de amarração 
de alvenaria feita in 
loco. AF_03/2016 
m 37,5 46,67 
 
 
1.750,12 
93186 Verga p/ janelasmoldada in loco 
vãos até 1,5m. 
AF_03/2016 
m 9,2 40,60 373,52 
13 
 
93188 Verga moldada in 
loco p/ portas vãos 
até 1,5m. 
AF_03/2016 
m 3,6 37,00 133,20 
87904 Chapisco aplicado 
manualmente em 
alvenaria. Traço 1:3. 
AF_06/2014 
m² 196,82 6,64 1.306,88 
87775 Emboço em 
argamassa traço 
1:3:8 para panos de 
fachada, aplicada 
manualmente 
espessura 25mm. 
AF_06/2014 
m² 63,98 39,38 2.519,53 
87545 Emboço para 
recebimento de 
cerâmica, traço 
1:2:8, aplicado 
manualmente em 
faces internas, 
espessura 10mm. 
AF_06/2014 
m² 22,06 19,07 420,68 
87548 Massa única para 
recebimento de 
pintura, traço 1:2:8, 
aplicada 
manualmente em 
faces internas, 
espessura 10mm. 
AF_06/2014 
m² 112,68 18,32 2.064,30 
89170 Revestimento 
cerâmico para 
paredes internas, 
para edificações 
m² 22,06 50,70 1.118,44 
14 
 
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados do SINAPI. 
 
Os custos apresentados a seguir (Tabela 3), se refere a construção da 
edificação com a utilização tijolo ecológico, com dimensão de 30x15x7,5cm e 
utilização de concreto para cinta de amarração, verga e contra verga. Optou-se por foi 
aplicar revestimento cerâmico em todo banheiro e na cozinha nas paredes que estão 
o fogão e a pia, na altura de 1,80m. 
 
Tabela 3: Custos para construção da alvenaria em tijolo solo-cimento. 
habitacionais 
unifamiliar. 
AF_11/2014 
88483 Aplicação de 
selador Látex PVA 
para alvenaria, uma 
demão. 
AF_06/2014 
m² 174,76 2,08 363,51 
88489 Aplicação manual 
de pintura com tinta 
látex acrílica em 
parede, duas 
demãos. 
AF_06/2014. 
m² 174,76 10,26 1.793,04 
CUSTO TOTAL (R$) 17.402,40 
Código Serviço Unidade Quantidade Custo 
Unitário (R$) 
Total (R$) 
Composição 
criada 
Assentamento do 
tijolo ecológico com 
argamassa 
polimérica e rejunte. 
m² 98,41 86,34 8.497,72 
Composição 
criada 
Grauteamento 
vertical em aço 8mm 
m³ 1,09 1.540,55 1.679,20 
15 
 
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados do SINAPI. 
 
Através dos resultados acima, pode-se observar que a alvenaria construída 
com tijolo cerâmico apresentou custo total de 17.402,40 R$, já a construção feita com 
a utilização de tijolo solo-cimento totalizou 14.734,28 R$. Logo, percebe-se que houve 
uma redução de 15,33 % no custo da alvenaria com o emprego do tijolo ecológico, o 
que comprova sua viabilidade econômica. 
 
e amarrações entre 
as paredes 
Composição 
criada 
Grauteamento 
horizontal em aço 
8mm para vergas e 
contra vergas. 
m³ 0,87 1.540,55 1.340,28 
87545 Emboço para 
recebimento de 
cerâmica, traço 
1:2:8, aplicado 
manualmente em 
faces internas, 
espessura 10mm. 
AF_06/2014 
m² 22,06 19,07 420,68 
89170 Revestimento 
cerâmico para 
paredes internas, 
para edificações 
habitacionais 
unifamiliar. 
AF_11/2014 
m² 22,06 50,70 1.118,44 
84677 Aplicação de verniz 
sintético brilhante 
em concreto ou 
tijolo, duas demãos. 
AF_03/2014 
m² 174,76 9,6 1.677,96 
CUSTO TOTAL (R$) 14.734,28 
16 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Através dos resultados obtidos, nota-se que o tijolo solo-cimento é uma 
alternativa viável para atender a demanda por residências populares de baixo custo e 
sustentáveis. Através do comparativo de custo analisado no trabalho, observou-se 
uma redução de 15,33% utilizando tijolo ecológico em comparação com a utilização 
de bloco cerâmico. 
Além da viabilidade econômica, a utilização do tijolo solo-cimento também 
resulta em redução dos impactos ambientais causados pela construção. Os benefícios 
ambientais do tijolo ecológico podem ser notados no processo de produção que tem 
como matéria prima o solo, que é uma matéria prima abundante, e não utiliza a queima 
no processo de cura, reduzindo a utilização de madeira e emissão de gases poluentes 
pelo setor da construção civil. Além da redução dos impactos ambientais em sua 
produção, durante seu uso na edificação, o tijolo ecológico contribui para redução do 
desperdício de materiais e geração de resíduos. 
As edificações construídas em solo-cimento apresentam boas características 
de isolamento térmico e acústico, contribuindo para o conforto do usuário e também 
com o meio ambiente, devido a redução da necessidade de aparelhos para 
refrigeração/aquecimento do ambiente se comparada com as residências 
convencionais. 
Apesar de pouco empregado no mercado nacional da construção civil, através 
dos resultados apresentados, nota-se que o tijolo ecológico é um material de potencial 
para obtenção de edificações baratas e sustentáveis, faltando estudos mais 
aprofundados em campo para uma análise mais minuciosa sobre a sua utilização do 
solo-cimento na construção de residências populares do PMCMV ou de outros 
programas governamentais voltados para redução do déficit habitacional. 
As autoridades e empreendedores precisam dar mais atenção e propor 
medidas que incentivem a utilização de materiais e processos alternativos para a 
construção civil, como o tijolo ecológico, que se apresentem como possíveis soluções 
para o déficit habitacional e redução dos impactos ambientais causados pelas 
edificações. 
 
 
17 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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