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Sidesky. Keynes. Cap 4 Visão geral do pensamento keynesiano, não é abordagem exaustiva. É importante termos idéia de seu pensamento por sua importancia na história do pensamento economico, abrindo portas para mudança de paradigma no pensamento economico, de modo a influenciar outros atores do nosso programa. I) Introdução a. O pensamento clássico/ortodoxo; O pensamento economico antes de Keynes era apologético do mercado, da sua funçao na alocação de recursos. Vimos Adam Smith e o liberalismo, além de economistas que iam no mesmo veio. Ao longo do tempo, foi-se chegando a um consenso dentro do pensamento economico de que o mercado tinha mecanismos de auto-equilibrio: na presença de crises, o melhor era não se fazer nada: a economia sairia por si própria de um estado recessivo. Esse foi pensamento que vigorou na academia até a depressão na década de 30 – até a obra prima de Keynes, a Teoria Geral. A partir dela se quebra o paradigma da auto-regulação do mercado, seu auto-equilibrio e funcionamento autonomo e auto-suficiente. b. A Lei de Say; Exemplo mais clássico que acaba formando esse tipo de funcionamento que preve a auto-suficiencia do mercado é a Lei de Say, da eficiencia da demanda. Tudo o que é gasto com a produção vai voltar em renda que seria gasta de forma geral nos produtos produzidos – no agregado então não poderia haver recessão, apenas em casos recessivos. Tudo na economia se reverteria em demando e consumo. Até a década de 30, isso era uma Lei. c. Mecanismo de auto-equilíbrio: i. Excesso de poupança: ↗S ↘i ↘S Um mecanismo de auto-equilíbrio exemplar é esse, o de excesso de poupança, que regularia a quantidade de moeda poupada. A poupança diminuiria se equilibrando com o investimento aqui. O retorno da poupança a niveis satisfatorios viria sem intervençao do Estado, que automaticamente teria se ajustado. Esse é exemplo de mecanismo de auto-equilibrio que se pensava existir na economia. Bom, essa era a crença até que houve evento que criou a oportunidade de mudar modo de ver o funcionamento dos mercados, a depressao da década de 30. II) A depressão da década de 1930 O crash de 29 nos EUA é o primeiro evento. Atrav;es de série de mecanismos de transição (o mundo tinha voltado a ser interdependente no entre-guerras) e vai sofrer essa crise nos EUA, gerando depressão mundial. Bom, um dos motivos para essa crise ser tão severa é que em um dos seus primeiros momentos se aplicou a essencia desse pensamento anteriormente descrevido: houve inatividade do governo na crise que se sucedeu ao crash, que de certa forta refletia as crenças economicas da época. Havia a crença no Liquidacionismo. Se acreditava que no boom financeiro que se antecedeu ao boom, criou-se riqueza artificial que devia ser expurgada da economia. Assim, a crise serviria para expurgar esse produto das bolhas de especulação. Se pensava basicamente que não se devia intervir no preço do trabalho, o salário. Mesmo havendo a recessão, pensava- se que o salário iria diminuir junto com o crescimento do desemprego até o ponto em que a contratação fosse atraente par ao empresário. Por mais estranho que pareça hoje em dia, as autoridade acreditavam ser errado intervir no trabalho, estariam atrapalhando o emprego, ao mexer no salario. O governo não deveria fazer nada pois aí o mecanismo de auto-equilíbrio funcionaria. Se esperou que esse mecanismo acontecesse na décade de 30 e ele não aconteceu. A depressão foi profunda no mundo todo e nos eua no nível de desemprego chegou a um terço na força de trabalho e a economia não dava sinais de recuperação. Isso cria insejo para vários economistas repensarem a ciencia economica e os caminhos que tinham seguido até então. Todo o conjunto de crenças de auto-regulação então estariam errados e algo deveria ser feito. Na verdade, não foi só Keynes que pensa sobre a questão e oferece saída para o problema de inação governamental. Alguns pensavam as mesmas questões e alguns artigos foram publicados, trazendo conceitos que ele depois agregou a sua obra. Então foi uma espécie de brainstorming para os economistas. III) A Obra: “teoria geral do emprego, dos juros e da moeda” (1936) a. Vida e obra de Keynes; Ele trabalhava no tesouro britânico, era intelectual, era pessoa culta e prolífera intelectualmente, já escrevia muito antes do clássico de 36. Como membro do tesouro, já pensava sobre economia, moeda, flutuaçoes economicas, mas seu pensamento foi amadurecendo aos poucos, incorporando conceitos de colegas, etc e em 36 ocorre sua catarse intelectual, publicando sua teoria geral. O que acontece é a chamada revolução keynesiana. Essa obra é muito criticada. Seu legado é muito forte, mas sua forma é muito criticada, não tanto sua essencia. É um livro obscuro, dificil e desorganizado para muitos. Mas para os economistas novos daquela geração, esse livro cai muito bem. É um livro que muda os economistas mais novos de 40 anos, para os mais antigos, caiu mais mal. Mas esses mais novos, que depois iam ocupar cargos nos governos aliados, a obra de keynes foi bem aceita. A dificuldade foi contornada por outros autores que tentaram explicar e traduzir a obra dele. Falamos do libro na forma e agora vamos fala em sua essencia. b. A crítica à economia ortodoxa; É ruptura com pensamento ortodoxo de auto-regulação, de que mercados resolvem automaticamente problemas de ciclos economicos. c. A incerteza e expectativas; Uma de suas maiores contribuições é incorporar as incertezas das expectativas. Apaprentemente, olhando para o mecanismo auto-regulador, tudo é muito racional, mas algo poderia dar errado. Não aconteceria dessa forma no mundo real pois não se tem certeza de que, ao cair os juros, haverá investimento. A tomada de empréstimos dependeria de uma série de calculos e expectativas que os tomadores de emprestimos tem, não só da variável juros (i). Essa é uma das grande inovaçoes de Keynes. Introduz a psicologia no pensamento economico automatico. As coisas não funcionam automaticamente, mas os seres humanos tem psicologia própria. Há serie de incertezas. Em determinados momentos há confiança, depois reticente, vacilante, etc. Imagine como um empresário se sentia na depressão. A expressao que mais simboliza a mudança é a INCERTEZA DOS AGENTES ECONOMICOS. Se o nosso empresário, numa crise, está reticente de investir, então como se faz para sair da situação? Tem que se pensar de forma inovadora com relação à economia velha. O Estado tem que, já que o agente economico empresário está reticente, depende das expectativas, tem que se alterar essas expectativas. Como mudá-las se o mercado não muda? O Estado vai mudar esse panorama. Se o mercado tá empacado, só resta uma solução, pois o excesso de poupança não está sendo escoado. Só resta ao estado colocar a economia de volta no seu rumo, mudando as expectativas dos empresários para que ele volta a investir e o mercado a funcionar. Falamos em termos gerais, mas de que modo podemos fazer isso, na prática? d. Recessão, política monetária e política fiscal: i. Endividamento e investimento por parte do Estado. Não se pode agir com incerteza. O crescimento é função de investimento, que é composto de investimento privado e público. Quando o privado não está acontecendo, o público tem que suprir – o importante é se movimentar a economia, contratar o trabalhador para fazer buracos e depois tapá-los. A economia então voltaria a crescer e o contexto mudaria. Uma coisa importante: se é para investir, com que dinheiro irá faze- lo? Há a arrecadação tributária, mas é mais interessante faze-lo com o dinheiro que está parado na poupança, já que nem sempre se tem recursos de tributos, mas se tem dinheiro parado porque não há investimento. Então o Estado se endivida, pega recursos que estão sobrando e aí sim aplica seus famosos investimento, obras públicas e movimenta economia. É importante frisar isso pois nesse ponto teremos muito embte entreortodoxos e keynesianos, uma vez que os primeiros são da ortodoxia fiscal. Há debate hoje em dia sobre isso, se devemos fazer recuperação fiscal ou estímulo a economia. As discussoes a niveis mundiais tem sido em torno disso. A europa tomou posiçao mais cautelosa, acha que chegou a limite perigoso de endividamento estatal que geraria crise. Outros paises, como EUA, acham que o estímulo tem que continuar. Então nós temos a recessão e a saída disso tudo passa pela política monetária. Abaixar os juros as vezes adianta, mas as vezes o contexto é tão crítico que o empresário não vai tomar o dinheiro barato e transformar em investimento. Os juros (preço) pode não ter efeito de reaquecimento e então sobre apenas o ativismo fiscal, que é o legado de Keynes. A política fiscal é meio de se tirar uma economia da recessão, a arrecadação e o gasto de capital por conta do Estado. Isso que gera a discussão da qual falávamos. IV) Legado O legado é o intervencionismo estatal, a abertura para tal. Podemos ficar aqui discutindo mais rebuscadamente a teoria, mas aos pensadores economicos que vieram depois, ele abriu as portas para se pensar a economia de outras formas. O que antes era o demonio economico virou algo legitimo, principalmente depois dos gastos da segunda guerra, etc. Então durante um tempo isso deu bem certo. Isso deixou de ser impossível. Entao pensam a industrializaçao, o desenvolvimento, etc, a partir das portas abertas por keynes. Isso no pensamento economico, ja na prática, qual a atualidade de seu pensamento? V) Atualidade do pensamento keynesiano A crise atual pede a intervençao do estado na economia para sua superação. Obama anunciou esses dias pacotes de estimulo a economia. O emprego nos EUA ainda não caiu tanto quanto deveria, então enunciou mais um pacote. São 350 bilhoes de dólares, dos quais 50 bilhoes são de obras públicas, 200 bi de redução de impostos e 100 bi de incentivo à pesquisa. A redução de impostos ajuda, mas isso é de grande influencia política – o eleitor é muito sensível a impostos. Essa é a principal discussão do mundo no momento, estimular economia ou sanar as dívidas do estado. Os eua querem mais estimulos e europa quer priorizar saúde fiscal. Politicamente vemos porque EUA querem continuar com estímulo ao crescimento. Aqui chama atençao ao timing desse pacote com a política interna dos EUA. Obama tá com baixa popularidade, corre riscos políticos, então vai tentar estimular a economia, não vai ter política fiscal austera. Nos órgãos internacionais onde se discute a crise internacional então tem muita influencia da política doméstica. Aos EUA interessa continuar os estímulos e não interessa qe só ele leve a bandeira adiante, espera que UE siga esse estímulo – conseguiu-se no G-20 chegar a um meio-termo. Há uma corrida de investimento no Brasil, por exemplo – os investimentos estão saindo do centro da crise e procurando países em crescimento – é natural que o capital de investimento estrangeiro busque países com melhor desempenho, passamos os EUA nisso. Até pouco tempo, tinhamos investimento em países desenvolvidos, mas depois isso se descentralizou. No caso da alemanha, porém, também há questão doméstica: cada vez que se faz pacote europeu para salvar economias mais fracas do bloco, ela como maior economia do bloco paga por isso. Aqui então não é só questão de mentalidade, a Alemanha tem que assistir países a sair da crise, aplicar recursos alemães, o que afeta a dinamica da própria política doméstica alemã. Vemos então que em termos de politica economica internacional, essa relaçao entre política doméstica e internacional é muito grande. Cada decisao que se toma internacionalmente tem repercussão domésticas, dentro de cada país temos perdedores e vencedores. Esses aspectos redistributivos internos e internacionais, os quais temos que olhar para tentar entender o posicionamento internacional de países. Resumo feito por Ana Paula Pellegrino IRischool 2011.2
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