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________________________________________________________________________________ DENTIÇÃO DECÍDUA Para compreender como ocorre o desenvolvimento da oclusão, temos de buscar sua origem no período pré-natal. A origem embrionária dos dentes decíduos ocorre entre a 7ª e a 10ª semana de vida intrauterina a partir da lâmina dentária, em um processo conhecido como odontogênese. Por volta da 15ª semana, o feto se encontra em processo inicial de dentinogênese, com a diferenciação dos tecidos dentários. Esse processo progride e, nesta fase, podem ocorrer distúrbios de desenvolvimento que culminam em anomalias de número, como anodontias e supranumerários, próprias da fase de iniciação da lâmina dentária. A forma básica dos arcos dentários é determinada, pelo menos até o 4º mês de vida intrauterina, pelos germes dentários em desenvolvimento e pelo osso basal em crescimento, enquanto a língua se adapta ao espaço reservado para ela. Ocasionalmente a criança nasce com um ou dois incisivos já presentes na boca, o que normalmente causa desconforto na mãe na hora da amamentação. Esses incisivos não devem ser extraídos, a menos que sejam supranumerários. Nos 6 meses iniciais de vida pós-natal, a dentição apresenta como características clinicas o crescimento vertical do processo alveolar, com ganho em altura no terço inferior da face. Os germes dentários passam a ser envolvidos pela cripta óssea. É interessante perceber que o processo alveolar passa a existir em razão da irrupção dentária. Podemos perceber que crianças portadoras de displasia ectodérmica apresentam oligodontia (falta de dentes), e seu rebordo ósseo alveolar é quase inexistente. INÍCIO DA DENTIÇÃO DECÍDUA Quando os incisivos inferiores e superiores decíduos irrompem, são guiados pela musculatura peribucal e pela língua, estabelecendo a guia incisa no encontro com o antagonista. Aparecem então os primeiros indícios do processo de mastigação. A língua, agora encerrada no interior da cavidade bucal pelos dentes anteriores, tem sua posição funcional de repouso modificada. Há um ganho de dimensão vertical da face, e modificam-se as funções musculares. A regulação neuromuscular da relação maxilar é importante para o desenvolvimento da oclusão decídua. A articulação dentária ocorre sequencialmente, iniciando com a irrupção dos incisivos na região anterior. À medida que surgem outros dentes novos, os músculos aprendem a efetuar os movimentos oclusais funcionais necessários. Na dentição decídua, há menos variabilidade nas relações oclusais do que na permanente, já que a oclusão decídua está sendo estabelecida durante períodos mais lábeis de adaptação de desenvolvimento, e os dentes são guiados às suas posições oclusais pela matriz funcional dos músculos durante cada crescimento ativo do esqueleto facial. O primeiro dente a irromper é o incisivo central inferior decíduo, aos 6,5 meses. Aos 2,5 anos, aproximadamente, a dentição temporária está́ completa e em pleno funcionamento com a irrupção do segundo molar decíduo. Aos 3 anos, as raízes de todos os dentes temporários estão completas. Os arcos dentários apresentam forma semicircular, e os espaços disponíveis são mais do que suficientes para o alinhamento harmonioso dos dentes decíduos em ambos os arcos. CRONOLOGIA E SEQUÊNCIA DE IRRUPÇÃO NA DENTIÇÃO DECÍDUA A irrupção, isto é, o movimento do dente em direção ao plano oclusal, começa de forma variável, mas não antes de iniciada sua formação radicular. A sequência normal de irrupção dentária está esquematicamente demonstrada na figura abaixo e torna-se muito mais importante do que a cronologia, que ocorre habitualmente. O padrão de irrupção na dentição decídua varia de individuo para individuo, e existem diversos fatores que podem interferir nesse processo, agindo no retardo ou na precocidade dos eventos. Dentre esses fatores podemos citar o estado nutricional infantil, o nascimento prematuro, a amamentação, as condições sistêmicas, o nível socioeconômico e o gênero. Os fatores inerentes à mãe, como a suplementação nutricional durante a gravidez, influenciam significativamente a cronologia de irrupção dos dentes decíduos em seus filhos. A inter-relação entre esses fatores determina o padrão de desenvolvimento da dentição decídua. CARACTERÍSTICAS NORMAIS DA DENTIÇÃO DECÍDUA Dois tipos de arcos decíduos podem estar presentes e foram descritos por Baume: o arco tipo I, que se caracteriza pela presença de espaços generalizados entre os dentes na região anterior; e o arco tipo II, sem espaços ou com suaves apinhamentos, que seriam mais estreitos transversalmente. Quanto à frequência, Baume verificou que 70% das crianças eram portadoras de arcos tipo I e 30% do tipo II na maxila. Para a mandíbula, a frequência era de 77% de crianças com arcos do tipo I e 23% do tipo II.2 Nesse mesmo estudo, Baume constatou a presença de diastemas característicos entre incisivos laterais e caninos decíduos no arco superior e entre caninos e primeiros molares decíduos no arco inferior. Esses diastemas foram denominados espaços primatas. Em ambos os arcos, e particularmente nos do tipo II, a presença dos espaços primatas é altamente favorável para o bom alinhamento dos dentes permanentes anteriores. Entretanto, os espaçamentos são muito variáveis, com uma ausência total ou presença generalizada. Aproximadamente 50% dos casos que se desenvolvem sem apinhamento na dentadura permanente são oriundos de arco dentário tipo I de Baume. Dentre os 50% restantes (com apinhamento), 40% desenvolvem apinhamento moderado e 10% desenvolvem apinhamento severo. Já para arcos dentários tipo II de Baume, podemos observar que em 22% dos casos os pacientes evoluem para um arco dentário sem apinhamento e 78% desenvolvem apinhamentos na dentadura permanente, sendo 50% de apinhamento moderado e 28% de apinhamento severo. Outra característica da dentição decídua é a ausência de curva de Spee, que acontece devido à implantação vertical dos dentes decíduos em suas bases ósseas (paralelismo do longo eixo dos dentes decíduos). Em relação à inclinação dos incisivos superiores e inferiores, observa- se que, com a irrupção do grupo dos incisivos, estabelece-se o primeiro ganho de dimensão vertical, e as funções musculares se modificam fortemente. A relação normal nessa época caracteriza-se por uma acentuada sobremordida e sobressalência, que é posteriormente corrigida com a irrupção dos primeiros molares, promovendo aumento da dimensão vertical e deslocamento mandibular para anterior, oriundo do crescimento e desenvolvimento nessa época. Os incisivos se posicionam verticalmente, criando um ângulo interincisal aberto próximo de 180°. ANOMALIAS DENTÁRIAS As que mais aparecem são fusão e geminação (1,5%). DENTADURA MISTA Erroneamente descrita como dentição mista por muitos autores, a dentadura mista é mais apropriadamente definida como uma fase de transição entre as dentaduras decídua e permanente que tem duração de aproximadamente 7 anos, na qual os dentes decíduos e os permanentes se encontram na cavidade bucal. A fase da dentadura mista pode ser dividida em três períodos distintos. Dois deles são caracterizados pela irrupção ativa, chamados de primeiro e segundo períodos transitórios da dentadura mista. Esses períodos são intercalados por um período de calmaria clínica, mas com intensa atividade irruptiva intraóssea, denominado período intertransitório. PRIMEIRO PERÍODO TRANSITÓRIO DA DENTADURA MISTA O primeiro período transitório é caracterizado, na maior parte dos casos, pela irrupção dos primeiros molares permanentes inferiores e superiores associada à esfoliação e à irrupção dos incisivos superiores e inferiores. Porém, para que isso seja possível,é necessária a presença de espaço no arco dentário, o que nos leva a duas perguntas. Como os molares permanentes obtém espaço para irromper? Os molares irrompem por distal dos últimos molares decíduos, em espaço criado a partir do crescimento mandibular, que ocorre por reabsorção na parede anterior do ramo ascendente e aposição óssea na parede posterior do ramo ascendente da mandíbula. Os molares superiores emergem com uma orientação um pouco mais vestibularizada em relação aos inferiores e, ao entrar em oclusão, guiada por suas cúspides, estabelecem o início da curva de Spee, no sentido sagital, e da curva de Wilson, no sentido transversal. Como os incisivos permanentes obtém espaço para irromper? Existe uma diferença no tamanho dos dentes decíduos em relação aos dentes permanentes de 7 mm no arco superior e de 5 mm no arco inferior. Essas diferenças são eliminadas em uma “oclusão normal” pelos seguintes fatores: - Inclinação mais para vestibular dos incisivos permanentes superiores e inferiores; - Crescimento existente durante o período de trocas desses dentes; e - Espaços primatas e diastemas fisiológicos anteriores, na dentição decídua, nos arcos tipo I de Baume. Ao irromperem, os incisivos apresentam outra característica bem marcante: uma pequena inclinação no sentido distal, a qual gera pequenos diastemas na região anterior. Essa desarmonia transitória é denominada por Broadbent de fase do “patinho feio”. Contudo, se o plano terminal for reto ou com suave degrau mesial, essa fase não deve ser classificada como uma maloclusão e, portanto, não deve ser tratada. Os apinhamentos primários leves (até 4 mm) são maloclusões que se manifestam no primeiro período transitório e se caracterizam por um pequeno apinhamento na região anterior, sem que os dentes sejam deslocados do rebordo alveolar. Geralmente, são autocorrigíeis por meio de mecanismos de crescimento transversal da maxila e mandíbula e, portanto, não devem ser tratados LEMBRETE! Os apinhamentos primários leves (até́ 4 mm) geralmente são autocorrigíeis e, portanto, não devem ser tratados. Apinhamentos maiores devem ser encaminhados para a avaliação de um ortodontista. PERÍODO INTERTRANSITÓRIO O período intertransitório é caracterizado pela presença de dentes decíduos e permanentes: incisivos permanentes, caninos e molares decíduos e molares permanentes. Embora seja caracterizada por aparente calmaria, essa fase é de grandes mudanças intraósseas, com reabsorções radiculares dos caninos e molares decíduos que em breve darão lugar aos seus sucessores permanentes. Estes se encontram em pleno desenvolvimento radicular, o que é possível graças ao crescimento vertical alveolar que ocorre neste período, além da complementação da formação radicular dos incisivos e molares irrompidos durante o primeiro período transitório. Durante essa fase também podemos notar uma evolução satisfatória no posicionamento vestibulolingual dos incisivos superiores, decorrente da pressão do lábio superior e dos incisivos inferiores e da pressão da língua na vestibularização dos incisivos inferiores. SEGUNDO PERÍODO TRANSITÓRIO DA DENTADURA MISTA Nesse período, nova atividade irruptiva começa a ocorrer, ocasionando a substituição dos dentes decíduos restantes pelos seus sucessores permanentes, além da irrupção do segundo molar permanente. Pode-se notar que há́ uma grande diferença na sequência de irrupção, o que tem importância clinica muito maior do que a própria cronologia de irrupção, que por sua vez é mais adiantada em meninas. Além da sequência de irrupção, outros fatores, como perda precoce de dentes decíduos e perda de tecido dentário por cárie, podem ocasionar diminuição do perímetro do arco, com consequente diminuição do espaço presente para irrupção dos caninos e pré-molares. Assim como acontece durante o primeiro período transitório, no segundo período transitório, devem ser definidos os espaços necessários para a irrupção dos caninos permanentes e dos pré-molares que substituirão os caninos decíduos e molares decíduos, respectivamente. Neste ponto, cabe outra pergunta. Como os caninos e os pré-molares permanentes obtêm espaço para irromper? O mecanismo de irrupção dos caninos permanentes e dos pré-molares depende essencialmente do espaço livre de Nance, que denominamos espaço disponível. O espaço disponível é um dos recursos naturais para facilitar a relação normal dos primeiros molares permanentes. Ao contrário dos incisivos permanentes, que são maiores do que os incisivos decíduos, o diâmetro distomesial somado do grupo de caninos e molares decíduos é maior do que os dentes que lhes irão substituir (caninos e pré-molares). DENTADURA PERMANENTE A irrupção dos caninos e pré-molares é o início da formação da dentição permanente. Alguns fatores podem interferir na irrupção desses dentes: - Sequência de irrupção; - Espaço disponível (ou leeway space); - Perdas prematuras; - Relação entre os primeiros molares permanentes. A formação da dentadura permanente completa-se aos 12 anos, com a irrupção dos segundos molares permanentes. Os segundos molares permanentes geralmente irrompem depois de todos os dentes permanentes anteriores a ele. A irrupção pode ser precoce quando ocorre a perda prematura dos segundos molares decíduos. Com relação aos terceiros molares, sua calcificação tem início geralmente aos 7 anos, podendo variar de pessoa para pessoa. Sua irrupção ocorre entre os 18 e os 21 anos, sendo que muitas vezes pode ocorrer a agenesia ou impactação desses dentes. Durante o desenvolvimento da oclusão, ocorrem algumas alterações nos arcos dentários, as quais são descritas a seguir. Distância intercaninos – seu aumento até a dentição permanente é de 5 mm na maxila e 3 mm na mandíbula. A distância intercaninos aumenta mais de 1,5 mm na maxila quando os caninos irrompem. O aumento da distância intercaninos é importante para a melhor acomodação dos incisivos permanentes. Distância interpré-molares – não há grandes alterações nessa distância durante o desenvolvimento da dentição e oclusão. Distância intermolares – seu aumento até́ a dentição permanente é de 4 mm na maxila e 2 mm na mandíbula. Ocorre um aumento significativo em virtude da irrupção dos molares permanentes e do crescimento em largura da maxila e da mandíbula. Comprimento do arco – é medido na linha média a partir de um ponto entre os incisivos centrais até́ uma linha tangente às faces distais dos segundos molares decíduos (ou segundos pré- molares). O aumento no comprimento da arcada no sentido anteroposterior também fornece espaço para os incisivos permanentes serem acomodados. Os incisivos superiores permanentes irrompem mais labialmente, cerca de 2 a 3 mm, em relação à localização dos antecessores decíduos. Os incisivos inferiores permanentes estão localizados mais para lingual em relação aos seus antecessores decíduos. Com a ação da língua, esses dentes tendem a se mover labialmente. Há um encurtamento do comprimento do arco inferior de aproximadamente 3 mm em virtude da diminuição do perímetro. OCLUSÃO NORMAL ESTÁTICA – AS SEIS CHAVE DA OCLUSÃO NORMAL Andrews realizou a pesquisa que identificou as seis chaves da oclusão normal, descrevendo as características fundamentais de uma oclusão dentária sob o ponto de vista morfológico, servindo também como guia para a finalização adequada dos tratamentos ortodônticos. Estudando 120 pares de modelos não tratados ortodonticamente, Andrews observou de forma minuciosa as características que consistentemente estavam presentes em uma amostra com oclusão normal. Esse trabalho tornou possível avaliar uma oclusão tanto por vestibular como por lingual sem usar instrumentos de medição. As seischaves para a oclusão normal se resumem da seguinte maneira: Relação interarcos – a cúspide MV do 1º MS permanente oclui no sulco entre as cúspides mesial e MV do 1º MI permanente, conforme definido por Angle. - A crista marginal distal do 1º MS permanente oclui com a crista marginal mesial do 2º MI. - A cúspide ML do 1º MS permanente oclui na fossa central do1º MI. - A cúspide vestibular dos PMS mantém uma relação cúspide- ameia com os PMI. - A cúspide lingual dos PMS busca uma relação cúspide-fossa com os PMI. - O canino superior tem uma relação cúspide-ameia com o canino e o primeiro PMI. - A ponta de cúspide do canino apresenta-se ligeiramente mesial à ameia. - Os incisivos superiores sobrepõem-se aos incisivos inferiores, com as linhas médias das arcadas coincidentes. Angulação da coroa ou inclinação mesiodistal – considerou- se a angulação da coroa como o ângulo formado pelo eixo vestibular da coroa clínica em relação a uma linha perpendicular ao plano oclusal. Todas as coroas da amostra apresentavam uma angulação positiva. Todas as coroas de cada grupo de dentes assemelhavam-se na magnitude de angulação (Fig. 3.40). Inclinação da coroa ou “torque” vestibulolingual – considera- se a inclinação da coroa como o ângulo formado entre a linha perpendicular ao plano oclusal e uma linha paralela e tangente ao eixo vestibular da coroa clínica no seu ponto central. Esse ângulo apresenta as seguintes características para os dentes individuais: a maioria dos incisivos superiores (81,5%) exibiu uma inclinação positiva; os incisivos inferiores mostraram uma inclinação ligeiramente negativa. Na maior parte da amostra de oclusão perfeita, o ângulo interincisivo das coroas foi menor do que 180o. Nas coroas posterossuperiores (do canino ao molar superior), a inclinação lingual das coroas apresentou- se negativa, sendo ligeiramente mais pronunciada nos molares do que nos pré-molares e caninos. Os molares são mais negativos porque são medidos no sulco, e não no lóbulo vestibular proeminente, onde são medidos os caninos e os pré-molares. Nas coroas posteroinferiores (do canino ao molar), as inclinações das coroas inferiores apresentaram-se progressivamente mais negativas desde os incisivos até́ os segundos molares. Rotações – os dentes devem apresentar ausência de rotações. Contatos justos – os pontos de contato devem ser justos, a menos que exista uma discrepância no diâmetro mesiodistal da coroa. Curva de Spee – a profundidade da curva de Spee variou de um plano raso até́ uma superfície ligeiramente côncava. Nos modelos normais, não tratados, a curva de Spee não ultrapassou 2,5 mm de profundidade quando medida a partir da cúspide mais proeminente do segundo molar inferior até́ o incisivo central inferior. OCLUSÃO NORMAL FUNCIONAL A oclusão também deve ser analisada sob um ponto de vista dinâmico, com os dentes em função e harmonia com a articulação temporomandibular, o sistema neuromuscular, os tecidos periodontais de suporte e o osso basal. Os princípios gerais dessa oclusão são a oclusão cêntrica dos dentes coincidindo com a relação cêntrica da mandíbula no fechamento da boca quando os dentes entram em contato, com uma relação dental de cúspide fossa e com a relação de mútua proteção dentária nos movimentos excursivos, em lateralidade e protrusão. A oclusão funcional ideal deve envolver: - Oclusão mutuamente protegida; - Oclusão em relação cêntrica (os dentes anteriores devem apresentar uma folga de 12,7 μm entre si); - Presença de guia de desoclusão anterior; - Ausência de contatos prematuros e interferências oclusais; - Guia de desoclusão lateral feita pelos caninos. Em uma oclusão mutuamente protegida, os dentes anteriores protegem os posteriores durante os movimentos mandibulares protrusivos, enquanto os dentes posteriores protegem os anteriores durante o fechamento bucal.
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