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14/10/2010 John Williamson . What Washington means by Policy Reform (1990) Vamos ver o texto que deu origem ao Consenso de Washington. O autor pertencia a um Think Tank, um centro de pesquisas que se dedica a um tempo de estudos, ele pertencia ao Institute of International Economics. Agora é Peterson Institute for International Economics. Eles falavam muito sobre a crise da dívida. Em 1990 – a crise da dívida começou em 1982, quando as autoridades mexicanas recorrem às americanas para falar que não tinham como saldar a dívida deles. A partir daí vários países latino-americanos foram caindo um a um. Essa crise demorou para ser resolvida e muitos sofrefam a década perdida, os anos 80, do ponto de vista macro-economico. Só foi em 89 que surgiu uma iniciaitiva que deu um encaminhamento favorável para a dívida, mas está muito próxima a data do plano Brady e a publicação do artigo, ou seja, os países ainda lutavam para sair dos problemas causados pela dívida. i) Introdução a. Consenso de Washington Esse artigo trata de como os países podem fazer para crescer depois da crise da dívida, saindo dela. É disso que o artigo trata, dissecando o que o autor chama o que existe de consenso das instituições que estão baseadas em Washington: o governo norte-americano mas várias outras. A quantidade de think tanks e bancos internacionais estão lá. Então, todas elas estavam dizendo o que cada um devia fazer para se livrar da crise. O que Williamson fez foi mapear o consenso entre as instituições, para sair realmente como se fosse uma receita a ser aplicada por esses países. II) A crise da dívida a. Origem Começa com a crise do petróleo – os países produtores de petróleo gaham muitos dólares. Começam a depositar esses petro-dólares em instituições bancárias ocidentais, que canalizam esses recursos a países em desenvolvimento, que ainda cresciam bastante na década de 70. Eles não foram canalizados para países desenvolvidos pois estes sofriam mais com a crise de petróleo. Eram empréstimos em quantidades significativas, que interessavam tanto aos bancos quanto aos países em desenvolvimento. Foi um grande festa financeira. Os recursos foram se acumulando, as dívidas se acumulando e o endividamento destes países aumentou. O contexto do início dos anos 80 se modifica drasticamente. Os EUA, ainda sofrendo um pouco a crise dos anos 70, passa por uma recessão, há um aumento da taxa de juros, compram menos produtos do exterior – inclusive as exportações dos páises latino-americanos, que é a maneira que tem de pagar suas dívidas. Esse é o segundo choque, quando os países endividados ficam sem dólares para pagar suas dívidas. Essas dívidas contraídas estavam conectadas às principais taxas de juros norte-americanas ou ingleses – eram taxas de juros variáveis, portanto, uma novidade para a época. Esse mecanismo é uma forma que involve custo de oportunidade, para evitar perdas de acordo com os juros dos países desenvolvidos. Resumo: taxas de juros variáveis resolve o problema dos custos de oportunidades dos bancos em aplicarem em países em desenvolvimento. b. Eclosão - Só que há um problema: como os EUA no começo dos anos 80, para combater inflação, aumenta suas taxas de juros absurdamente, os emprestimos dos países em desenvolvimento aumentam, pois suas taxas de juros estavam atreladas ao FED – que acaba inadvertidamente aumento as taxas de juros que os países endividados pagam para saldar suas dívidas. Esses países passam a não conseguir pagar suas dívidas naquele momento: taxas de juros aumentam muito e receitas de exportação caem. De 81-82, os países latino-americanos tem que renegociar suas dívidas. A autoridade mexicana liga para a autoridade do FED, que teve que negociar essa bomba. Afinal das contas, se você tem emprestimos monstruosos dos bancos americanos que nao podem ser pagas, quem pode quebrar é o sistema bancário norte-americano. c. ‘Muddling through’ – nestes primeiros anos, o objetivo maior era fazer os países pagar suas dívidas, para salvar o sistema bancário ocidental. O tipo de solução era bem paleativa, se mexia nos tempos de pagamentos, mas diminuir as dívidas, o que se faz normalmente, era impossível, pois ia mexer com o balanço dos bancos ocidentais. Tudo o que estaria nos ativos iria perder valor, o que ia pesar para esses bancos. Assim foi feita uma coordenação meio na marra, para que os países pagassem suas dívidas. Eles fizeram a renegociação de caso a caso, para não deixar que os países se juntassem e formassem um “cartel”, negociando com maior peso político. Então a primeira fase foi isso. O FMI dava mais empréstimo para ajudá-los a pagar, mas o valor da dívida não poderia diminuir. Os mercados tinham que ter a expectativa de que a dívida ia ser paga toda. d. Plano Baker (1985) – depois de evidentemente não dar certo a tentativa anterior, criam o plano baker, que era uma versão melhorada do Muddling Through, que previa uma canalização de maiores recursos para aliviar os ajustes que os países tinham que fazer para pagar suas dívidas, mas era mais do mesmo, não tinha rescalonamento da dívida. Aqui começa a se falar em reformas estruturais – políticas que acham que vão fazer os países saírem da crise e pagarem suas dívidas, mas mais uma vez não dá certo. e. Plano Brady (1989) – aqui, finalmente tinhamos um plano para reduzir as dívidas. Os EUA então se engajam nisso ativamente. O méxico, quando vai renegociar sua dívida no plano brady, os EUA entra para renegociar e reduzir dívidas. No país a país, com reduçao de dívidas, os países conseguiram voltar ao mercado financeiro internacional, à estabilidade, crescimento, etc. O plano ainda estava sendo traçado no lançamento do artigo. III) O Artigo a. 10 políticas em torno das quais havia consenso em Washington – John Williamson escreve o artigo e enumera 10 políticas segundo as quais crê que existe consenso em torno em Washington, que os países devem seguir para sair da crise. Por Washington, divide em dois tipos de instituições, em torno das quais haveria o consenso: b. Washington política: congresso e membros graduados da administração c. Washington burocrática: IFI (instituiçoes financeiras internacionais: FMI, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, etc), “FED” e Think Tanks (centros de produção de pensamento). Ele seria depois de anos no meio capaz de identificar políticas consensuais. IV) As 10 políticas – os países, ao saírem da crise da dívida, também era crise do modelo de desenvolvimento, onde estado tinha papel de intervenção na economia muito forte. O consenso de Washington girava em torno da reforma dos estados nos países latino- americanos. Para eles a crise aconteceu pois havia uma ansea pelos recursos devido ao desenvolvimentismo, sendo resultado uma condenação do papel do estado que o desenvolvimentismo trazia consigo. Não viam o papel dos bancos – para eles eram preciso abandonar o modelo e a intervenção estatal na economia. a. Ajuste fiscal – a intervençào do estado na economia pode trazer excesso de gastos. Era preciso adequar os gastos à receitas estatais. Nada de políticas keynesianas, pois era justamente esse papel agressivo de gastos que levavam os países a tomarem empréstimos. b. Prioridade para gastos sociais e infraestrutura – adequar o orçamento não é só ajuste fiscal. É preciso ver os gastos sociais e infraestrutura, o que poderia ajudar os países a saírem da crise – gastos sociais sao parte essencial da parte do estado no consenso. c. Reforma tributária (taxação marginal moderada) – os impostos, o ideal, é que fossem diminuídos, que o estado gastador não fosse financiado por eles. Mas para equilibrar os gastos de receita com o aumento de tributos, deveria ser feito o ajuste de acordo com a taxaçào marginal moderada, ou seja, uma criação de impostos não muito pesada, impostos novos deviam ser pequenos,para evitar evasão fiscal. Hoje temos uma questão delicada: o real está super-valorizado, mas porque? Tem muito dólar no mercado doméstico, atraído pelas taxas de juros reais brasileiras, uma das mais altas do mundo, i↗. O efeito disso no câmbio é o dólar mais barato. O prejuízo disso para a economia é o desestímulo à exportação e estímulo à importação. Se compra mais no exterior e se vende menos. Para ajeitar o problema do balanço de pagamentos, deveríamos arrumar a taxa de juros, abaixando-a. Mas as taxas de juros alta vem para segurar a inflação. Então a inflação influi na taxa de juros, que influi no câmbio. Mas o que causa a inflação? Uma demanda maior que oferta de produtos, um crescimento. Isso vem de um aumento da renda. Mas o que faz em um ambiente aquecido os empresários aumentarem os preços? Se o país está crescendo e a demanda crescendo junto, precisa-se ofertar bens para a economia inteira. Nao sendo a demanda igual à oferta, num ambiente de crescimento expressivo, a oferta tem que aumentar proporcionalmente e isso é o mais difícil de se manter. Isso causa uma restrição na oferta – falta investimento na oferta para que ela seja compatível ao nível de demanda correspondente. Se a demanda aumenta mas não há aço suficiente para a linha branca de eletrodomésticos, os preços vão aumentar nas siderúrgicas. Isso é o que causa a inflação num momento de crescimento. A taxa de investimento da economia brasileira está em mais ou menos 18% do PIB. Se calcula que nós deveríamos chegar, para ter crescimento sustentável, deveríamos aumentar essa taxa até 24% - falta investimento. Há duas formas de se chegar a esse crescimento do investimento: voce pode seguir pelo investimento privado ou público. No brasil, o investimento público é muito pequeno, mesmo com PAC. A grande massa de investimento é o privado. A recomendação de muitos economistas é aumentar o investimento público, em infraestrutura, etc, para elevar a taxa de investimento para atender ao nosso nível de crescimento. Então, na nossa cadeia causal, o investimento é menor do que deveria, não atendendo à demanda, causando inflação, o que leva ao aumento de juros, apreciando a taxa de câmbio. O que fazer então para aumentar o investimento público? Voc6e tem um orçamento do governo e quer aumentar a taxa de investimento público apra aumentar o montante de investimento total. Há uma linha que diz que o Estado tem que cortar gastos desnecessário, os aumentos ao funcionalismo público, o custeio da máquina estatal, tirando dinheiro que deveria ir ao investimento. Então estamos com um problema no cambio e através de uma cadeia causal, nós chegamos à origem num problema fiscal: o estado não investe o quanto deveria investir, porque ele tá priorizando errado seu orçamento, gasta muito com o custeio da máquina. (próxima aula) São em sua essência políticas neo-liberais de recuo do estado na sua regulação da economia. Algumas delas são muito pragmáticas mas em geral veremos o tom de crítica ao estado e elogio ao mercado. d. Taxas de juros positivas (fuga de capitais) determinadas pelo mercado. e. Taxa cambial determinada pelo mercado – taxa de câmbio competitiva para que exportações fossem também competitivas para poder vender mais e pagar dívidas. f. Liberalização comercial – ítem importante! Esse ítem foi largamente discutido aqui no brasil também. O governo Collor promoveu a primeira grande rodada de liberalização comercial do país. Por incrível que pareça, os liberais argumentam que isso favoresce a economia e a indústria internacional, pois promove competição com importantos, podendo fazê-la mais eficiente. g. IED – investimento externo direto. No pós-guerra, o investimento produtivo em vários países a partir de uma empresa multinacional era muito forte, mas isso é fenomeno relativamente recente no brasil. Williamson acha que deveria se acolher o investimento estrangeiro. Há benefícios para a economida em inovações, emprego, etc. h. Privatização – ainda vemos isso ans eleições. Campanha do Lula em 2006 já tocou neste assunto, falando do nacional. Quem fez a privatização, o FHC, fala dos benefícios, dos celulares, por exemplo. Quem critica fala que os ativos do estado foram transacionados de forma escusa, etc. A lógica disso é que o estado desenvolvimentista intervinha na economia e criava estatais. Nós tínhamos muitas. O argumento dos liberais é que estas empresas são garantidas pelo estado, não se encontrando sob os estímulos competitivos do mercado. Acabam se tornando ineficientes por causa disso, não se submetendo a pressões. Acabam ficando inchadas, há ainda a crítica do cabide de emprego. O fato de não estar no ambiente de mercado, a faz ter menos preocupação com sua eficiência. i. Desregulamentação – o estado desenvolvimentista que quebra junto com a crise regulava muito a economia, com muitos planos de controle de preços. Chegou-se a consenso de que isso não teria eficiencia alguma, como o controle de preços, que traria ao mercado a escassez, não adiantando lutar contra o mercado. i. Fim do controle de preços – como o plano cruzado. ii. Liberação da remessa de lucros – quando voce tem que saldar suas dívidas, voce muitas vezes retinha esses lucros para evitar que divisas fugissem pela remessa de lucros, mas mais uma vez tem que ser eliminado, é intervençao nao positiva. Isso afeta multinacionais – o bom é atrair investimento positivo, não é bom dificultar depois remessa de lucros. j. Propriedade intelectual – esse é um ítem muito polêmico, não sendo muito conhecido da agência. Os países desenvolvidos fazem grande pressão por proteção intelectual – tem mais inovações tecnológicas e querem que estas sejam respeitadas, não copiadas. O argumento por trás disso é que se os países em desenvolvimento permanecerem copiando inovação não vão desenvolver seus próprios sistemas de inovação, a cópia inibiria isto. Desrespeitar a propriedade intelectual além de ser ruim para o país desenvolvido o seria também para o em desenvolvimento, que apenas copiaria as inovações já atingidas. V) Comentários finais a. Divergências – estas posições são uma média, não há consenso absoluto em Washington, nem mesmo o autor concorda com tudo. Além de ter escrito média das opiniões, também faz observação perspecaz e diz que os próprios EUA não cumpre estas regras. Não é artigo completamente apologética. b. A prática de washington. Resumo feito por Ana Paula Pellegrino IRischool 2011.2
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