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TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Aula 15
  
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
REVISÃO
 Objetivos:
 Recuperar as principais competências e habilidades
desenvolvidas para a construção do Parecer e aplicá-las.
 Rever os principais temas trabalhados e reconhecê-los na
produção do Parecer.
Estrutura do conteúdo
 Análise de um Parecer técnico-jurídico
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Ementa
 FURTO – Prisão em flagrante de deficiente auditivo –
Antecedentes criminais – Sentença condenatória – Pena em
regime aberto – Reincidência – Local desapropriado para
ressocialização – Descumprimento da função social garantida
pelo Estado – Falta de oportunidade social – Princípio da
Razoabilidade – Parecer favorável à manutenção da sentença.
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Relatório
 Trata-se de furto cometido por deficiente auditivo, 21 anos,
em uma marmoraria do Município de Conceição do Coité, Bahia,
denunciado pelo Ministério Público.
 Consta nos autos que o acusado tinha o hábito de adentrar
em casas alheias e retirar objetos, desde criança.
 Consta, ainda, que o rapaz, já havia sido condenado pelo
cometimento do mesmo delito na Comarca de Valente vizinha a
Coité, como “incurso nas sanções do art. 155, caput, por duas
vezes, art. 155, § 4º, inciso IV, por duas vezes e no art. 155, § 4º,
inciso IV c/c art. 14, inciso II” . Por falta de estabelecimento
adequado, cumpria pena em regime aberto na cidade de Coité
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 Em Coité, foi preso em flagrante por entrar em uma
marmoraria. O Ministério Público o denunciou pelo crime de
furto qualificado por escalada. Não chegou a se apossar de nada
da marmoraria.
 Por intermédio de sua mãe, foi interrogado e disse que
“toma remédio controlado; bebeu cachaça oferecida por amigos;
ficou completamente desnorteado; pulou o muro e entrou na
marmoraria. Foi surpreendido e preso pela polícia.”
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 O juiz o condenou a percorrer, com sua mãe e um oficial de
justiça, por órgãos públicos, associações, clubes, e igrejas da
cidade, a fim de apresentar a sentença em que descreve o
histórico do rapaz e as faltas de oportunidade de inserção na
sociedade. Acrescentou que pedisse um emprego, uma vaga na
escola para adultos e um acompanhamento especial. Além disso,
que apresentasse ao juiz a comprovação do cumprimento de sua
pena. Aconselhou-o a não roubar mais.
É o Relatório.
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Fundamentação
 Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo conheceu os
Direitos Humanos. Com ele, surgiu um novo tipo de sociedade e,
consequentemente, novos valores.Princípios fundamentais,
como a dignidade da pessoa humana se tornaram essenciais em
qualquer Estado Democrático de Direito. No Brasil, em 1988,
com a Constituição Federal, uma das legislações mais completas
e asseguradoras de direito do mundo, vimos protegidos direitos,
como a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, entre outros.
No entanto, lamentavelmente, esses direitos não foram
estendidos ao acusado.
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 Pelo seu histórico, observa-se que o jovem foi privado da
possibilidade de uma vida digna. Isso porque desde criança
estava à mercê da própria sorte, cometendo pequenos delitos.
Ademais, tais delitos foram se tornando cada vez mais graves até
ser preso e condenado na Comarca de Valença. Sua privação de
direitos ficou ainda mais evidente quando, encaminhado para
Coité, por incapacidade de Valença assumir sua ressocialização,
também foi deixado à própria sorte. Sem assistência de nenhum
órgão público ou particular, sua sorte já estava anunciada:
voltou a reincidir no erro.
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 Não se pode desconhecer que a ausência e incompetência do
Estado no acompanhamento de uma pessoa especial deram causa
às pequenas infrações cometidas pelo acusado e a evolução de
sua gravidade. Afinal, um Estado com tantos administradores
cientes das prioridades de um povo faminto de justiça social não
poderia se eximir de sua responsabilidade. Mas se eximiu.
Mudinho representa tantos brasileiros, cuja sorte já está lançada
desde o nascimento.
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 É público e notório que, aplicando o Direito de forma
exclusivamente positivista, como pretende o Ministério Público,
o direito do acusado de se integrar à sociedade será alijado,
mais uma vez. Isso porque a cadeia corrompe, não ressocializa.
Jogá-lo em uma jaula, convivendo com ferras o tornará uma
pessoa melhor? Claro que não: tornar-se-á uma ameaça ainda
maior a si mesmo e aos demais filhos dessa amada pátria mãe
gentil.
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 Utilizemos, portanto, o Princípio da Razoabilidade e nos
questionemos sobre o dever do Judiciário Brasileiro: ele deve ter
caráter socializador ou meramente coercitivo? Evidente que seu
dever é corrigir uma rota mal definida, que gerou uma pessoa
alheia ao que determina o Direito. A este a quem nunca foi
aferido direito algum, possibilite-se um acompanhamento
especial e a oportunidade de conscientizar-se sobre seus direitos
e deveres. Com efeito, que lhe seja permitido exercê-los com
plenitude.
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Conclusão:
 Em face do exposto, opina-se que a sentença do juiz de
Coité seja mantida.
É o Parecer.
Rio de Janeiro, ...... de .......... de .........
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