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1 RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 2 RADIAÇÕES IONIZANTES ................................................................................ 3 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES ....................................................................... 6 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO ..................................................................................................... 8 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE ........................................................................................................ 9 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE ............... 10 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 5 ................................... 12 NORMA REGULAMENTADORA Nº 16 – PERICULOSIDADE ........................ 12 CNEN-NE-3.01 – DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO ................. 13 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 05........................................... 13 ACGIH – LIMITES DE TOLERÂNCIA .............................................................. 14 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ......................................................................................................................... 14 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 7 ................................... 17 UMIDADE ......................................................................................................... 18 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A UMIDADE CAUSA NO ORGANISMO ........ 18 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À UMIDADE........ 19 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 10 ................................. 19 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ......................................................................................................................... 20 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS RADIAÇÕES CONFORME LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ............................................................................. 20 MICRO-ONDAS ............................................................................................... 24 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA ........................................................................... 25 CONTROLE DE RISCOS À SAÚDE EM RADIODIAGNÓSTICO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA ............................................................................ 25 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 33 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 RADIAÇÕES IONIZANTES Caracterizam-se por radiações que produzem a ionização do átomo, ou seja, a radiação ao atingir um átomo tem a capacidade de subdividi-lo em duas partes elétricas carregadas, chamadas íons. O perigo das radiações ionizantes é que o organismo não tem mecanismo de percepção dessas radiações. São exemplos de radiações ionizantes as partículas alfa, beta (elétrons e prótons), o nêutron, os raios X e gama (γ). Além da capacidade de ionização, as radiações ionizantes são bastante penetrantes, quando comparadas com as demais. São encontradas na natureza em elementos radioativos (urânio 235, rádio, potássio 40), em isótopos radioativos (Co 60) em raios X e γ de uso medicinal (radiografias) e industrial (gamagrafia). As radiações têm efeitos somáticos (anemia, leucemia, catarata, câncer) e genéticos cumulativos e irreversíveis (alterações cromossômicas que podem causar mutações). As radiações eletromagnéticas do tipo X e γ são mais penetrantes e, dependendo de sua energia, podem atravessar vários centímetros do tecido humano (por isso são utilizadas em radiografias médicas). Ao desligar uma máquina de raios X, ela deixa de produzir radiação e não torna o material radioativo, ou seja, os locais onde são realizadas as radiografias não ficam radioativos. O cuidado deve-se ao caráter acumulativo da radiação ionizante, por isso não se deve tirar radiografia sem necessidade. As radiações beta são pouco penetrantes, em relação às anteriores. Dependendo de sua energia, podem atravessar milímetros e até centímetros de tecido humano (permite aplicações médicas em superfícies da pele para acelerar a cicatrização). Já as partículas alfa são inofensivas por possuírem um poder de penetração muito pequeno, não conseguindo atravessar a pele, podendo ser detidas, até mesmo, por uma folha de papel. Podem causar danos maiores em situações de contaminação, por inalação ou ingestão, quando em grande quantidade, em função de sua toxicidade. 4 Os nêutrons são muito penetrantes devido à sua grande massa e à ausência de carga elétrica. Das radiações apresentadas são as que produzem maior dano biológico aos seres humanos. Podem, inclusive, tornar materiais expostos radioativos. São produzidos em reatores nucleares. As radiações ionizantes, apesar de seu alto poder de contaminação, têm muitas aplicações em saúde. A radioterapia visa eliminar tumores malignos (cancerígenos) utilizando radiação gama, raios X ou feixes de elétrons em doses elevadas, mas controlada. A radiografia permite obter uma imagem de uma determinada região do corpo em estudo, após um feixe de raios X ou raios gama atravessar essa região e interagir com dispositivo revelador, ou ainda, múltiplas imagens computadorizadas (tomografia). Outros exemplos de aplicação das radiações ionizantes que podemos citar: a datação de um animal ou planta com o C-14 (a quantidade de carbono- 14 dos tecidos orgânicos mortos diminui a um ritmo constante com o passar do tempo. Assim, a medição dos valores de carbono-14 em um objeto antigo fornece informações precisas dos anos decorridos desde sua morte). As radiações ionizantes podem ser avaliadas no ambiente ocupacional através do contador Geiger ou, individualmente, através dos dosímetros de filme de bolso. Para avaliar a quantidade de exposição a radiações ionizantes utilizamos o coulomb/quilograma (C/kg) ou o roentgen (R), para avaliação da dose absorvida utilizamos o gray (Gy) ou o rad, para avaliação da dose equivalente o sievert (Sv) ou o rem, e para expressar a atividade de uma fonte utilizamos o becquerel (Bq) ou curie (Ci). 5 A radiação ionizante está presente na natureza, porém em valores muito baixos, na ordem de 2,4 mSv/ano. Ao fazermos uma radiografia do tórax estaremos expostos a uma radiação de 0,1 mSv (PIRES, 2011). O limite estabelecido para para saber mais sobre radiação ionizante, acesse: http://veja.abril.com.br/noticia/ ciencia/entenda-os-niveis-deradiacao No livro “Limites de Exposição Ocupacional” (TLVs) da ACGIH traduzido e comercializado noBrasil pela Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) (www.abho.org.br) também aparecem valores guias para exposição à radiação ionizante. rad radiation absorbed dose (dose de radiação absorvida). rem roentgen equivalent man. Riscos físicos: pressões anormais, radiações ionizantes e não ionizantes corpo inteiro, para o ser humano ocupacionalmente exposto, anualmente, é de uma dose efetiva de 20 mSv/ano e para indivíduo público 0,1 mSv/ano (CNEN, 2011). A CNEN é a responsável pela legislação e regulamentação de segurança relativa ao uso da radiação ionizante. A legislação básica encontra-se na NR 15 (1978c), que remete a uma norma CNEN. 6 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES Caracterizam-se por radiações de natureza eletromagnética que, quando absorvidas, o efeito mais importante é a excitação dos átomos, aumentando sua energia interna. Produzem aquecimento do corpo, podendo conduzir a efeitos eritêmicos (queimaduras), catarata, fadiga, efeitos carcinogênicos (câncer de pele), conforme seu comprimento de onda. Os efeitos das radiações não ionizantes sobre o organismo humano dependem da intensidade, duração da exposição e do comprimento da onda de radiação. A legislação básica encontra-se na NR 15 (1978c.) As mais importantes radiações não ionizantes são: a) Micro-ondas – produzidas em estações de radar, radiotransmissão e em alguns processos industriais e medicinais. Causam aquecimento localizado na pele. A exposição às micro-ondas resulta perigosa, principalmente, quando são emitidas elevadas densidades de radiação. b) Radiação infravermelha – de origem natural (sol) ou artificial (fornos, metais incandescentes, solda). Tem como característica ser pouco penetrante (alguns milímetros) e sua absorção causa, basicamente, o aquecimento superficial (pele). Quanto maior a temperatura, maior será a quantidade irradiada. Como medidas de controle, podemos citar o uso de barreiras, redução do tempo de exposição, uso de equipamentos de proteção individual, etc. 7 c) Radiação ultravioleta – de origem natural (sol – UVA e UVB) ou artificial (arco voltaico em operações de solda, lâmpadas ultravioletas). A radiação ultravioleta é pouco penetrante e seus efeitos serão sempre superficiais, normalmente envolvendo a pele e os olhos. Um efeito importante e reconhecido da radiação ultravioleta é o câncer de pele. Como medidas de controle, podemos citar barreiras e equipamentos de proteção individuais (óculos e protetor solar), etc. d) Radiação laser – feixe de luz direcional altamente concentrado em um único comprimento de onda. LASER é uma sigla, cujo significado é Amplificação de Luz por Emissão Estimulada de Radiação (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) O laser tem como característica a grande quantidade de energia concentrada em uma área muito pequena (grande perigo de queimaduras graves), a manutenção da intensidade com a distância (é que a luz refletida em superfícies polidas podem ser tão perigosas quanto à emissão principal, apresentando risco de destruição de tecidos, queimadura). Um laser comum (os vendidos para apresentações) pode causar lesões nos olhos, se apontado direta e frontalmente. Quanto maior a potência do laser, mais perigosa é sua radiação. Os lasers verdes vendidos em camelôs podem ter potência cem vezes maior que os lasers vermelhos mais comuns. e) Radiofrequência – radiação de grande comprimento de onda encontradas em radiofusão AM, ondas VHF, UHF, radioamadorismo, radionavegação, radioastronomia e, normalmente, não apresentam problemas ocupacionais. Os efeitos à saúde são predominantemente térmicos, ou seja, aquecimento por absorção da radiação pelos tecidos. A radiação ionizante é a radiação eletromagnética que tem energia satisfatória para ocasionar transformação nos átomos em que se acomete – ionização –, que é a condição dos raios X, alfa, beta e gama e dos materiais radioativos. A seguir, os conceitos de raio X, alfa, beta e gama. Raio X: Para caracterização de um raio X, uma máquina estimula os elétrons e faz com que eles se choquem contra uma placa de chumbo ou algum material diferente. 8 Nesse choque, os elétrons deixam a energia cinética, onde acontece uma alteração em calor – próximo da integralidade – e uma pequena quantidade de raios X. Os raios transpassam corpos, por isso tiramos um raio X quando queremos ver nossos ossos ou órgãos internos. Alfa: As partículas alfa têm sua massa e carga elétrica moderadamente maior, fazendo com isso que sejam facilmente retidos – até por uma folha de papel –, essas partículas em geral não conseguem transpassar as camadas externas das células mortas da pele de um ser humano fazendo com que ela seja quase inócua. Beta: As partículas beta podem adentrar, aproximadamente, um centímetro nos tecidos, onde causa detrimento à pele, mas não chega a afetar os órgãos internos, somente se for ingerido ou aspirado. Gama: Igualmente aos raios X, os raios gama são imensamente penetrantes, onde são segurados apenas por uma parede de concreto ou metal. De maneira oposta às radiações alfa e beta, que são compostas por partículas, a radiação gama é composta por ondas eletromagnéticas transmitidas por núcleos instáveis após a emissão de uma partícula alfa ou beta. DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO Segundo Dimenstein (2001), a exposição da radiação ionizante pode induzir a efeitos biológicos em órgãos ou tecidos pela produção de íons e disposição da energia, que podem danificar moléculas importantes como o DNA. Neste caso, pode suceder à formação de radicais livres – moléculas quimicamente reativas com elétrons desirmanados –, que são formados pela relação da radiação ionizante com os tecidos, onde impulsionam a rupturas cromossômicas e desordens de múltiplas formas. O tamanho da lesão biológica decorre da dose que a pessoa recebeu de radiação. Conforme Saliba (2013, p. 248), são várias as alterações que as radiações ionizantes causam ao organismo: 9 A resposta dos diferentes órgãos e tecidos à radiação é variável tanto em relação ao tempo de aparecimento quanto à gravidade dos sintomas. Assim, poderão ocorrer alterações no sistema hematopoiético (perda de leucócitos, diminuição do número de plaquetas, anemia), no aparelho digestivo (inibição da proliferação celular, diminuição ou supressão de secreções), na pele (inflamação, eritema e descamação), no sistema reprodutor (redução da fertilidade ou esterilidade), nos olhos, no sistema cardiovascular (pericardites), no sistema urinário (fibrose renal) e no fígado (hepatite de radiação). PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE Para caracterização da radiação ionizante em um ambiente de trabalho, deve ser realizada a avaliação quantitativa, onde é relatada a exposição com os equipamentos indicados: contador Geiger ou dosímetros fotográficos. O quadro da CNEN-NE-3.01 mostra os limites primários anuais de dose equivalente, onde será verificado conforme os resultados das medições. 10 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE São dois equipamentos que podem ser utilizados para medição de radiação ionizante no ambiente de trabalho: contador Geiger ou em cada trabalhador utilizando os dosímetros fotográficos. Conforme Marcel (2013), os dosímetros fotográficos: Podem ser classificados como de leitura indireta, acumulam os efeitos da interação da radiação para posterior leitura (ex.: TLD, filmes dosimétricos) ou de leitura direta que possibilitam a visualização imediata das interações ocorridas (ex.: caneta dosimétrica e dosímetros eletrônicos). 11 A química Fogaça (2015) faz uma breve explicação sobre o contador Geiger: O físico alemão Johannes Hans Geiger(1882-1945) era apenas assistente do químico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), quando inventou o Contador Geiger – um aparelho utilizado para detectar o nível de radiação na atmosfera. No início ele era apenas um tubo cilíndrico com gás argônio à baixa pressão, um amplificador e uma fonte de alta voltagem. O contador Geiger funciona da seguinte maneira: quando a radiação entra pelo tubo contendo argônio, este gás é ionizado. Ao ser ionizado, o argônio fecha o circuito elétrico do aparelho, que é composto de eletrodos de cargas elétricas opostas. Com a formação dos íons, conduz-se eletricidade entre o cátodo e o ânodo, acionando, assim, um contador ou alto-falante. O sinal que indica a presença de radiação pode ser sonoro, uma luz ou a deflexão do ponteiro do medidor. Normalmente, ouvem-se estalos no contador, o que permite a contagem das partículas radioativas. Hoje em dia este aparelho é um grande aliado das pessoas que trabalham com material radioativo; principalmente quando ocorrem acidentes nucleares, pois as substâncias que se 12 desintegram são capazes de ionizar o ar e assim contaminar outros corpos no ambiente. NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 5 O anexo nº 5 da Norma Regulamentadora nº 15 expõe que: Nas atividades ou operações onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NE-3.01: ‘Diretrizes Básicas de Radioproteção’, de julho de 1988, aprovada, em caráter experimental, pela Resolução CNEN nº 12/88, ou daquela que venha a substituí-la. A Norma Regulamentadora nº 15 (2014) diz que o grau de insalubridade é de 40% para níveis de radiação ionizantes com radioatividade superior aos limites de tolerância fixados no anexo nº 5. NORMA REGULAMENTADORA Nº 16 – PERICULOSIDADE A Norma Regulamentadora nº 16 possui um anexo que trata só sobre as atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas. A Portaria nº 3.393/1987, que foi editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, prevê o direito ao adicional de periculosidade por exposição à radiação ionizante e substâncias radioativas. Revogada pela Portaria MTE nº 496/2002 (GUIA TRABALHISTA, 2015). Conforme Vendrame (2015), as atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas – atividades/área de risco envolvem as seguintes tarefas: Produção, utilização, processamento, transporte, guarda, estocagem e manuseio de materiais radioativos, selados e não selados, de estado físico e forma química quaisquer, naturais ou artificiais; Atividades de operação e manutenção de reatores nucleares; Atividades de operação e manutenção de aceleradores de partículas; Atividades de operação 13 com aparelhos de raios X, com irradiadores de radiação gama, radiação beta ou radiação de nêutrons; Atividades de medicina nuclear; Descomissionamento de instalações nucleares e radioativas; Descomissionamento de minas, moinhos e usinas de tratamento de minerais radioativos. A Norma Regulamentadora nº 16 (2015) diz que o exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. Os trabalhadores que recebem o adicional de insalubridade podem optar por esse em vez da periculosidade, pois ele só receberá um dos dois adicionais. Então, fica a critério do trabalhador decidir qual adicional ele quer receber. CNEN-NE-3.01 – DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO O objetivo desta Norma é estabelecer as Diretrizes Básicas de Radioproteção, abrangendo os princípios, limites, obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante (CNEN, 1988). NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 05 A NHO 05 trata sobre a avaliação da exposição ocupacional aos raios X nos serviços de radiologia. Esta Norma estabelece procedimentos para a realização de levantamento radiométrico das salas de equipamentos emissores de raios X diagnóstico e para a medição da radiação de fuga do cabeçote desses equipamentos (FUNDACENTRO, 2001). No procedimento de avaliação de raio X, conforme a NHO 05, devem ser empregadas câmaras de ionização como instrumento de medida. 14 ACGIH – LIMITES DE TOLERÂNCIA A ACGIH estabelece limites de tolerância para as radiações ionizantes, estabelecendo doses efetivas e equivalentes anuais em função da parte do corpo atingida, evitando sempre qualquer exposição desnecessária à radiação. Segundo a ACGIH, as radiações ionizantes incluem radiação corpuscular e radiação eletromagnética com energia superior a 12,4 eletron-volts (eV), correspondendo a um comprimento de onda inferior a aproximadamente 100nm (SALIBA, 2013). SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO Sabemos que as radiações ionizantes são muito prejudiciais à saúde de quem está exposto a elas. Para fazer uma correta seleção de equipamentos que auxiliam a não ficar exposto à radiação, temos que ter muita atenção, estudar todas as normas disponíveis, verificar todas as fontes seguras de pesquisa, para termos a total certeza de que o que estamos fazendo é totalmente seguro e correto. Equipamentos de Proteção Individual – EPI No caso das radiações ionizantes, os equipamentos de proteção individual são utilizados se a radiação não é retida por algum meio técnico de segurança. Também pode ser utilizado se o cotidiano do trabalhador é desarranjado por alguma irregularidade, onde exija o uso dos EPIs pelos trabalhadores. Conforme descrito na NHO 05 (FUNDACENTRO, 2001), os equipamentos de proteção individual que devem ser utilizados pelos trabalhadores expostos ao raio X são: aventais plumbíferos, protetores de tireoide, protetores de gônadas, luvas, óculos e outras blindagens de contato, utilizadas para a proteção de pacientes, de acompanhantes autorizados ou de profissionais durante a exposição. 15 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC Para as radiações ionizantes, podemos considerar medidas de controle para evitar o contato maior com o agente agressor. Conforme Torreira (1999, p. 395), vários são os tipos de controle da radiação, constituídos usualmente pela limitação das emissões radioativas na sua origem, pela limitação do tempo de exposição ou aumento da distância à fonte emissora. Vejamos a seguir alguns dos tipos de controle: - Limitação das fontes de radiação: Uma das formas mais eficientes de eliminar os eventuais perigos consiste na limitação da quantidade de material ionizante. - Tempo: Uma outra forma é a de limitar os tempos de exposição. Pode- se evitar o acesso aos locais que apresentarem elevadas radiações, prevenindo as pessoas sobre as eventuais radiações existentes no ambiente. Devido às exposições serem consideradas de efeito cumulativo e pelo fato de que a radiação pode ser sensoriada, sempre se deverá executar a sua medição e dosimetria, determinando esta última a duração à exposição. - Distância: Geralmente as partículas transportadas pelo ar e outros gases contaminados sofrerão uma diluição proporcional à distância. As partículas mais pesadas separar-se-ão do ar ou gases, sendo que desta forma a probabilidade de exposição aos materiais radioativos reduzir-se-á também proporcionalmente com o aumento da distância. Os níveis de radiação diminuem com o quadrado da distância. A uma distância dupla de outra anteriormente considerada, a quantidade de radiação16 será de 1/4 da existente na primeira posição. Pelo exposto, a manutenção de uma distância adequada é uma solução apropriada para determinados tipos de exposição. - Blindagem: Uma outra forma de proteção é a constituída pela interposição de blindagens ou proteções concordantes com o tipo de emissão. O ar apresenta uma atenuação efetiva aos Raios Beta, não o sendo igualmente para outros tipos de radiação. O hidrogênio, por sua vez, é um elemento efetivo na atenuação da radiação devido a nêutrons com baixos níveis de energia. As propriedades de atenuação medem-se conforme a espessura média dos elementos de proteção. - Barreiras divisórias: Estas constituem uma outra forma de proteção contra as fontes de radiação. As paredes, piso e teto construídos com materiais apropriados, colocados em volta de fontes de radiação, constituem elementos protetores. Forros apropriados, colocados na parte inferior de depósitos com material contaminante, podem evitar infiltrações nas camadas superficiais da Terra e lençol freático. Outro ponto que pode ser utilizado como medida de controle são as advertências, os avisos que indicam que em determinado local de trabalho existem materiais ionizantes radioativos. A seguir, o símbolo internacional de material radioativo e o símbolo complementar de radiação ionizante. 17 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 7 O anexo nº 7 da Norma Regulamentadora nº 15 diz que: Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e laser. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz negra (ultravioleta na faixa - 400-320 nanômetros) não serão consideradas insalubres. A Norma Regulamentadora nº 15 (2014) expõe que o grau de insalubridade para radiações não ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho é de 20%. 18 UMIDADE A umidade pode ser caracterizada pela quantia de vapor d’água que se encontra em suspensão na atmosfera. Assim como qualquer outro agente, a umidade pode ser favorável ou desfavorável para nós, pois vai depender da quantidade que vamos estar expostos e como a umidade vai atuar no local. Conforme Neto (2013), os locais com mais incidência de umidade são: Lavanderias: Nas lavanderias a umidade sempre está presente de forma bem evidente. Lembro que quando trabalhei em lavanderia hospitalar não era raro ficar bem molhado e ter que trocar de roupa. Em lavanderias hospitalares a umidade está presente tanto na área suja quanto na limpa. Lava a Jato: E nesse segmento ainda temos o agravante dos produtos químicos que são usados na lavagem e muitos entram em contato direto com a pele. Frigoríficos: Juntamente com o frio a umidade é um dos grandes riscos dos frigoríficos. Cozinhas: Na parte de lavagem de panelas e outros a umidade que é uma solução para a limpeza se torna um risco a mais para a segurança. Pesca: No segmento de pesca a umidade é bem presente quanto no ato da pesca quanto no processo de limpeza do pescado. Areais: No processo de dragagem de areia em areais em que se usa jato de água e draga o operador da draga e do jato estão sempre em contato com a água. DOENÇAS E SINTOMAS QUE A UMIDADE CAUSA NO ORGANISMO O trabalhador pode apresentar algumas doenças, ficando exposto aos trabalhos que tenham umidade, como: doenças no aparelho respiratório, na pele e circulatórias. A umidade também pode gerar acidente de trabalho, pois em um local úmido, que não tenha o acompanhamento correto, o trabalhador pode acabar escorregando e sofrer uma queda. 19 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À UMIDADE Não existem limites de tolerância para exposição à umidade. Então, para o ambiente de trabalho ser considerado um ambiente úmido, ele precisa passar por uma inspeção, na qual será feita uma avaliação qualitativa. Mas existem alguns pontos que podemos levar em conta na avaliação do ambiente de trabalho: • Os sapatos dos trabalhadores não podem estar encharcados quando forem exercer suas funções. • Verificar se as vestimentas dos trabalhadores estão úmidas ou molhadas. • Quanto tempo os trabalhadores estão expostos ao ambiente com umidade. • Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva que os trabalhadores fazem uso. NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 10 O anexo nº 10 da Norma Regulamentadora nº 15 diz que: As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. A Norma Regulamentadora nº 15 (2014) expõe que o grau de insalubridade para umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho é de 20%. 20 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO Devemos ter em mente que a exposição do trabalhador à umidade pode ser controlada se medidas de proteção individual e coletiva forem tomadas. A Norma Regulamentadora nº 6 (2014) aponta as medidas de controle individual que podemos incluir ao dia a dia do trabalhador: Vestimentas e macacão de corpo todo para proteção do tronco contra umidade proveniente de operações com uso de água, luvas, mangas, calçados e perneiras para proteção contra umidade proveniente de operações com uso de água. Esses Equipamentos de Proteção Individual citados acima auxiliarão o trabalhador a não entrar em contato com o agente agressor. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS RADIAÇÕES CONFORME LEGISLAÇÃO BRASILEIRA A legislação trabalhista brasileira é clara ao dizer que o PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deve, obrigatoriamente, contemplar a avaliação de todos os riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho (MTE-Brasil, 1978a). Dentre esses riscos estão as radiações ionizantes e as radiações não ionizantes. Radiações ionizantes são comumente encontradas em serviços de saúde, para diagnóstico e tratamento médico e diagnóstico odontológico, e em indústrias, para controle de processos (medição de nível, espessura e gramatura); radiografia industrial (avaliação de soldas, peças etc); esterilização de produtos e alimentos; medição de umidade e densidade de solos; prospecção de petróleo e inúmeras outras aplicações. Não deixando de citar os escaneres de inspeção corporal e de cargas, os traçadores radioativos e o transporte de materiais radioativos. Dentre as radiações não ionizantes destaca-se a exposição à radiação ultravioleta em serviços a céu aberto, na soldagem de metais e em processos de secagem e/ou curagem e a exposição às micro-ondas provenientes de antenas e máquinas de solda por radiofrequência. 21 Além dos campos eletromagnéticos oriundos de linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica, bem como em subestações e dos equipamentos de ressonância magnética. A avaliação da exposição à radiação pode até parecer mais complexa e cara que a de outros agentes de risco, mas não se pode aceitar que o PPRA preveja avaliações qualitativas. Na própria NR-09 (MTE-Brasil, 1978a) consta que deverão ser adotadas as medidas necessárias [...] sempre que os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os 1 Pro- Rad Consultores em Radioproteção S/S Ltda, ebsouto@prorad.com.br 2 Pro-Rad Consultores em Radioproteção S/S Ltda, gabriel.souto@prorad.com.br 3 Pro-Rad Consultores em Radioproteção S/S Ltda,martin@prorad.com.br adotados pela ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Higyenists. Outrossim, também existem outros dispositivos legais que devem ser considerados e cumpridos. Os limites de tolerância, os quais não estão explícitos na NR-15 (MTE- Brasil, 1978b), e indicar as metodologias de avaliação. 1. Radiações Ionizantes O Anexo 5 da NR-15 (MTE-Brasil, 1978b), em vez de indicar os limites de tolerância, remete-se à norma CNEN 3.01 – Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica (CNEN, 2014). Nesta norma, os limites de tolerância são chamados de limites de dose. A atenuação da radiação na matéria se dá exponencial (Ahmed, 2007). Portanto, não há barreira protetora capaz de reduzir a zero os níveis de radiação emitidos por uma fonte. O máximo que se consegue é reduzi-los até se tornarem indistinguíveis da radiação natural do local. Em outras palavras, por maior que seja a blindagem, sempre passa radiação e alguém estará exposto. Vejamos o exemplo uma clínica de radiologia com dois trabalhadores: um técnico em radiologia, que trabalha dentro da sala de raios X, e uma secretária, que labora em ambiente adjacente a esta sala. O técnico em radiologia, ao operar o equipamento de raios X, se expõe à radiação. Essa mesma radiação será atenuada pela parede, mas de qualquer modo atingirá a secretária. Ou seja, ambos estão expostos a este agente de 22 risco. Para o técnico, a radiação é indispensável para o seu ofício – trata-se de um indivíduo ocupacionalmente exposto. Já a secretária não necessita da radiação para laborar, porém acaba exposta à radiação por estar ao lado da sala de radiologia. Sobre isso, a norma CNEN 3.01 (CNEN, 2014) deixa claro que os indivíduos expostos à radiação cuja origem não esteja diretamente relacionada ao seu trabalho devem ser tratados como indivíduos do público. Então, o PPRA deve prever a avaliação da exposição de ambos. Em suma, temos dois limites de tolerância: um para os trabalhadores ocupacionalmente expostos e outro para os demais trabalhadores. Para cada qual há um modo de avaliar a exposição. Trabalhadores “indivíduos do público” Para estes trabalhadores a avaliação da exposição à radiação deve ser feita através da monitoração ambiental (ou monitoração de área), popularmente conhecida por levantamento radiométrico ou radiometria. Para serviços de radiologia, a NHO-05 (FUNDACENTRO, 2001) estabelece os procedimentos para realização de levantamento radiométrico. Note-se que a avaliação se dá pelo pior caso. Ou seja, colimador aberto ao máximo, radiação de maior energia possível, etc. Esta é a maneira mais correta de proceder, pois, se os EPCs – Equipamentos de Proteção Coletiva estiverem bons para o pior caso, certamente estarão bons para todos os demais casos e não haverá necessidade de controle do tempo de exposição para estes trabalhadores. Cabe lembrar que o Decreto Federal 3.048/99 (Brasil, 1999) estabelece que a comprovação da efetiva exposição aos agentes nocivos deve ser feita com base em um Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho que considere a NHO-05 (FUNDACENTRO, 2001). Portanto, para outras aplicações, tais como as industriais, radioterapia e medicina nuclear, entende-se que metodologia e procedimentos de avaliação análogos devem ser utilizados. Convém citar que onde há radiação neutrônica sempre há radiação gama associada; assim sendo, é necessário avaliar concomitantemente ambas as exposições e somá-las para comparação com os limites de tolerância. Figura 1 23 – Câmaras de ionização (A), detector Geiger Müller (B) e detector de nêutrons (C). Trabalhadores Ocupacionalmente Expostos: Neste caso a avaliação pelo pior caso é inadequada. Um exemplo bem ilustrativo é o trabalho dentro de uma sala de hemodinâmica, onde uma avaliação segundo a NHO-05 (FUNDACENTRO, 2001) apontará que os níveis de radiação dentro da sala são superiores ao limite de tolerância, ou seja, o ambiente é insalubre. Contudo, o trabalhador não permanece ininterruptamente em uma mesma posição e a dose de radiação que recebe depende de vários fatores, tais como espalhamento da radiação, distância à fonte e ao paciente, abertura do colimador, alta tensão (kV) e carga elétrica (mAs) utilizados, tempo de exposição etc. Dado isso, é necessário avaliar a dose que cada trabalhador recebe, de fato, individualmente. Somente desta forma é possível comprovar se o trabalhador se expôs acima do limite de tolerância ou não. Isso é realizado através do uso de dosímetros individuais – técnica chamada de monitoração individual. Atualmente no Brasil os Serviços de Monitoração Individual – SMIEs, popularmente conhecidos por Laboratórios de Dosimetria, oferecem dosímetros para avaliação da dose de corpo inteiro (dosímetro de tórax) e de extremidades (dosímetros de pulseira e de anel) (Figura 2). A A B C Cabe lembrar que, se o trabalhador usa, por exemplo, um dosímetro para radiação gama e outro para nêutrons, as doses avaliadas devem ser somadas para comparação com o limite de tolerância. O mesmo acontece com aqueles que laboram em mais de um local. Figura 2 – Dosímetros individuais para radiação ionizante 2. Radiações Não Ionizantes O Anexo 7 da NR-15 (MTE-Brasil, 1978b) não discrimina limites de tolerância, apenas determina que haja um laudo técnico que indique haver ou não “proteção adequada” para os trabalhadores. Em primeira análise parece tratar-se de uma avaliação qualitativa, entretanto existem fundamentações suficientes para que a avaliação da exposição às radiações não ionizantes seja quantitativa, exceto para os lasers. 24 MICRO-ONDAS As micro-ondas são radiações eletromagnéticas compreendidas entre 300 MHz e 300 GHz (Hitchcock, 2004). Para estas há limites de tolerância estabelecidos na Lei Federal 11.934/2009 (Brasil, 2009). Conforme consta nesta Lei, os limites de tolerância são aqueles adotados pela Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante – ICNIRP, recomendados pela Organização Mundial da Saúde. As Tabelas 2 e 3 apresentam estes limites. Percebe-se que, análogo às radiações ionizantes, há limites para a exposição de trabalhadores em função do seu trabalho e para a população em geral, que inclui os demais trabalhadores. A metodologia de medição pode ser encontrada tanto nas Diretrizes da ICNIRP (ICNIRP, 1998) quanto na Resolução ANATEL 303/2002 (ANATEL, 2002). Em suma, é uma radiometria (ou levantamento radiométrico). Os instrumentos utilizados são medidores de campos elétrico e magnético (Figura 3). 25 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA Para radiação ultravioleta a legislação brasileira não prevê limites de tolerância, então se deve seguir o disposto na NR-09 (MTE-Brasil, 1978a) e utilizar os valores adotados pela ACGIH (ACGIH, 2015). CONTROLE DE RISCOS À SAÚDE EM RADIODIAGNÓSTICO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA O risco é um termo polissêmico que em algumas áreas pode ser entendido como sinônimo de probabilidade e, em outras, como uma expectativa matemática, ou até mesmo como um conceito intrinsecamente indefinível. Pode também ser entendido como um conceito formulado para mediar as relações entre o homem e as fontes de perigo, auxiliando a tomada de decisão. Assim, sendo um julgamento de valor, não é independente de fatores políticos, econômicos e sociais (Fischhoff, Bostrom, Quadrel, 2005; Romerio, 2002; Beck, 2003; Slovic, 2004). Tanto os raios X como as radiações provenientes dos elementos radioativos possuem energia suficiente para ionizar os átomos. Por isso são chamados de radiações ionizantes. 26 Estas são de origem nuclear, como as radiações a, b e g (alfa, beta e gama) ou de procedência atômica, ou seja, as que são produzidas pelas interações com os átomos, como é o caso dos raios X. Os raios X sãoondas eletromagnéticas assim como a luz, as ondas de rádio e as de telefonia celular. O que as diferencia é a frequência da onda e, consequentemente, sua energia. Logo, os raios X são ondas eletromagnéticas com energia suficiente para ionizar os átomos. Isso não significa que as radiações não ionizantes, mecânicas ou eletromagnéticas, não possuam efeitos nocivos à saúde humana. As radiações ionizantes provêm de fontes naturais ou artificiais. As fontes naturais de radiação incluem os raios cósmicos, a radiação terrestre e os radionuclídeos, presentes de maneira natural no corpo humano. O radônio, por exemplo, é um gás radioativo produzido pelo decaimento natural do urânio. Materiais de construção, a exemplo de concreto e tijolo, contêm radônio, elemento emissor de partículas alfa que se alojam principalmente no tecido pulmonar, podendo causar danos à saúde humana. Nos anos seguintes ao descobrimento das radiações ionizantes, foram muitos os avanços tecnológicos no processo de otimização do seu uso e produção, assim como nos estudos sobre seus efeitos no homem. A resposta do organismo de um indivíduo à radiação depende de fatores como dose recebida, características orgânicas individuais, área irradiada e taxa de dose, entre outros. Os efeitos das interações das radiações ionizantes com as células podem acontecer de forma direta, danificando uma macromolécula (DNA, proteínas e enzimas, entre outras), ou de forma indireta, interagindo com o meio e produzindo radicais livres (Nias, 1998). Essas modificações celulares podem ser reparadas através da ação das enzimas. Caso isso não ocorra, surgirão lesões bioquímicas que podem causar danos como morte prematura, alteração no processo de divisão celular e alterações genéticas. Os efeitos biológicos provocados pela interação das radiações ionizantes com a matéria podem ser de dois tipos: determinísticos e estocásticos. Os efeitos determinísticos acontecem quando a irradiação no corpo, geral ou localizada, 27 provoca mais morte celular do que é possível ser compensada pelo organismo (limiar de efeitos clínicos). Acima desse limiar a severidade do dano aumenta com a dose. Apesar de esses efeitos possuírem caráter determinístico, podem ser reversíveis ou não (ICRP, 1991). Também podem ser entendidos como efeitos para os quais existe um limiar de dose absorvida necessário para sua ocorrência e cuja gravidade aumenta com o aumento da dose. Por sua vez, os efeitos estocásticos acontecem quando a irradiação no corpo humano, geral ou localizada, provoca menos morte celular do que é possível ser compensada pelo organismo. A morte de algumas células pode não causar dano algum, e a modificação de uma única célula pode provocar um câncer. Esse tipo de efeito possui caráter probabilístico. Nesse caso, o aumento da dose provoca um aumento de probabilidade do dano e não da severidade do dano (ICRP, 1991). Para a ocorrência desses efeitos não existe um limiar de dose. A probabilidade de que ocorram é uma função desta, no entanto a gravidade dos efeitos independe da dose. Os estudos do campo da radioproteção estão relacionados à proteção da saúde humana e aos efeitos nocivos das radiações ionizantes. Suas bases teóricas devem incluir necessariamente julgamentos sociais e técnicos, pois o principal objetivo é estabelecer as razões que justifiquem o uso benéfico das radiações. Assim, não podem ser conduzidas apenas por considerações científicas. A radioproteção deve prevenir a ocorrência dos efeitos determinísticos e reduzir os efeitos estocásticos. A publicação da ICRP 60 (ICRP, 1991) consolidou os três princípios básicos da radioproteção: justificação, otimização e limitação de dose. O princípio da justificação estabelece que nenhuma prática pode ser realizada a não ser que produza benefícios suficientes para compensar o detrimento correspondente aos indivíduos expostos ou à sociedade, tendo-se em conta fatores sociais, econômicos e outros pertinentes. O princípio da otimização estabelece que a proteção radiológica deve ser otimizada de forma que a magnitude das doses individuais, o número de pessoas expostas e a probabilidade de ocorrência de exposições mantenham-se tão 28 baixas quanto possam ser razoavelmente exequíveis, tendo em conta os fatores econômicos e sociais envolvidos. Já o princípio da limitação de dose define que a exposição normal dos indivíduos deve ser restringida de tal modo que não exceda os limites de dose especificados (ICRP, 1991; Brasil, 14 nov. 2005). Contudo em 1979, em Neuherberg (Alemanha), um seminário com especialistas da área de radiologia estabeleceu uma concepção do conceito de riscos em radiodiagnóstico. Nesse evento concluiu-se que um importante passo no desenvolvimento de estudos sobre eficiência/eficácia seria a adoção, por todos os países, de programas de garantia de qualidade em radiodiagnóstico, com o objetivo de melhorar a qualidade da imagem, reduzir as doses e os custos de funcionamento, sendo consenso que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Energia Atômica (Iaea) deveriam ter um papel catalisador, no sentido de difundir a implantação dos programas. Foi mencionado, ainda, o fato de que apenas um limitado número de países tinha iniciado programas nacionais de garantia de qualidade em radiodiagnóstico, porém um grande número deles tinha iniciativas locais que dependiam do interesse particular dos especialistas (radiologistas, físicos médicos, técnicos) (WHO, 1982). Como resultado desse seminário, a OMS elaborou e publicou, em 1982, as recomendações sobre o estabelecimento de programas de garantia e controle de qualidade, intitulado “Quality assurance in diagnostic radiology”. Esse documento, um marco histórico no estabelecimento de novos conceitos sobre os riscos associados aos serviços de radiodiagnóstico, propôs como principais parâmetros a serem avaliados a qualidade dos diagnósticos, as doses nos pacientes e os custos dos serviços. Essa tríade, que ficou conhecida como o princípio dos três dês (diagnóstico, doses and dólares), representa a necessidade de garantir um diagnóstico correto para que se possa ter uma boa decisão sobre o tratamento. Ou seja, em primeiro lugar está a preocupação com o risco do erro de diagnóstico ou com informações incompletas; em segundo lugar encontra-se a preocupação com as doses (nos pacientes, trabalhadores e indivíduos em geral); e em terceiro, os custos de funcionamento dos serviços. 29 Para alcançar esses objetivos é necessário o controle dos serviços de radiodiagnóstico no que se refere à calibração dos equipamentos, ao treinamento de pessoal e ao estabelecimento de programas de garantia de qualidade (WHO, 1982; Gray et al., 1983; Opas, 1997, Stevens, 2001; BIR, 2001; Aichinger et al., 2004). Controle de riscos em radiodiagnóstico O radiodiagnóstico é de fundamental importância para a saúde pública, quer seja pelo seu papel de suporte diagnóstico/acompanhamento nas mais diversas áreas da medicina ou por representar a principal fonte de exposição às radiações artificiais. Assim, para que seja possível a utilização das radiações ionizantes resultando em máximo benefício com o mínimo prejuízo, é necessária a estruturação de sistemas nacionais de proteção radiológica, coordenados por uma autoridade reguladora e com uma legislação específica para a área (WHO, 1972, 1982; ICRP, 1991, 1996; Iaea, 1996, 2004, 2006; Arias, 2006). No Brasil, assim como em outros países, as primeiras intervenções estatais no campo das radiações ionizantes voltaram-se para a regulamentação das exposições ocupacionais. Em 14 de dezembro de 1950, foi publicada a lei 1.234, que “confere direitos e vantagens a servidores que operam com Raios X e substâncias radioativas”. No ano seguinte o decreto29.155, de 17 de janeiro, regulamentou a referida lei e estabeleceu as primeiras medidas de controle sobre serviços de saúde que utilizavam radiações ionizantes. Definiram-se também as primeiras normas de radioproteção, como, por exemplo, a necessidade de utilização de blindagens nos equipamentos, nas salas e no comando, a utilização de luvas de proteção para fluoroscopia e realização de exames periódicos dos profissionais expostos às radiações. Em 1962, a lei 4.118 criou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e dispôs sobre a política nacional de energia nuclear. A CNEN continua voltada, basicamente, para as aplicações pacíficas da energia nuclear, sendo responsável pelas Normas básicas de radioproteção e controle no campo das aplicações médicas da medicina nuclear, radioterapia e monitoração individual. 30 As Normas publicadas pela CNEN abrangem o radiodiagnóstico, no que se refere ao estabelecimento dos limites de exposição pública e ocupacional, unidades de medida e monitoração individual dos trabalhadores. No entanto nunca foi obrigação da CNEN licenciar e fiscalizar serviços de radiodiagnóstico (NN 3.01/2005) (CNEN, 14 nov. 2005). O controle do uso e da comercialização dos equipamentos de raios X começou com a lei 5.991, de 17 de dezembro de 1973, que “dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências”. Embora não referidos explicitamente na lei, a definição de correlatos abrange os equipamentos de radiodiagnóstico. Em 1976 foi publicada a lei 6.360, regulamentada pelo decreto 79.094 de 1977, que “dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos...”, estabelecendo que nenhum dos produtos submetidos ao regime de vigilância sanitária poderia ser industrializado, exposto à venda ou entregue ao consumo antes de ter registro no órgão de vigilância sanitária. Ainda em 1977, com fins de regulamentar as infrações sanitárias, foi publicada a lei 6.437/77, que estabelecia entre outras infrações sanitárias: “III - instalar consultórios médicos, ... gabinetes ou serviços que utilizem aparelhos e equipamentos geradores de raio-X, ... sem licença do órgão sanitário competente ou contrariando o disposto nas demais normas legais e regulamentares pertinentes”. Na mesma época foi criada a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, estabelecendo-se legalmente pelo menos trinta anos de explícita responsabilidade das autoridades sanitárias sobre os equipamentos e serviços de radiodiagnóstico. Em consequência da tragédia de Goiânia, ocorrida em 1986, que consistiu no abandono e uso indevido de fonte radioativa de césio presente em um equipamento de radioterapia, o Conselho Nacional de Saúde publicou a resolução 6, de 21 de dezembro de 1988, estabelecendo requisitos gerais de proteção radiológica, inclusive para radiodiagnóstico. 31 Contudo foi uma resolução de caráter amplo, sem mais implicações nas ações práticas de vigilância sanitária. Nesse período o sistema de saúde brasileiro, incluindo a vigilância sanitária, estava iniciando um processo de completa reestruturação devido à promulgação da Constituição de 1988, que definiu a forma e competência do Sistema Único de Saúde (SUS). Em seu artigo 200, lê-se: Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; ... VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos. Foram necessários mais dois anos para que a lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, regulamentasse e estruturasse o SUS e definisse qual seria o papel da vigilância sanitária: Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I - a execução de ações: a) de vigilância sanitária;... § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. Contudo a definição estabelecida para vigilância sanitária estava muito distante das práticas brasileiras. 32 A tragédia de Goiânia, infelizmente, foi precursora de muitas outras que, na década de 1990, mostraram à nação as consequências de um sistema de controle de riscos de saúde ineficiente. Os casos da Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro, do Instituto de Doenças Renais de Caruaru, da Schering e a crise dos medicamentos falsificados levaram o governo brasileiro a reestruturar a vigilância sanitária (Costa, 2004). No ápice da crise pela qual passava a vigilância sanitária e um ano antes da publicação da lei 9.782/99 (que definiu o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa), a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, antiga SNVS, publicou a portaria 453/985, que levou em consideração as principais 1046 História, recomendações das organizações internacionais (OMS, Opas, ICRP e Iaea) e estabeleceu o marco regulatório para o radiodiagnóstico no Brasil. 33 REFERÊNCIAS AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS (ACGIH). Limites de exposição ocupacional (TLVsR ) para substâncias químicas e agentes químicos & índices biológicos de exposição (BEIsR ). Tradução: ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais), p. 4-5. São Paulo: ABHO, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12543: Equipamentos de proteção individual – Terminologia. Rio de Janeiro, 1999. 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Ministério do Trabalho e Emprego: FUNDACENTRO, 2001. BRASIL. Portaria n° 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Norma Regulamentadora nº 07 (NR 7): Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, 1978a. Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2012. __________. Portaria n° 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadorasque consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Norma Regulamentadora nº 09 (NR 9): Programa de 34 Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, 1978b. Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2012. __________.Portaria n° 3.214, de 08 de junho de 1978: Aprova as normas regulamentadoras que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. 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