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SEMIOTICA PRONTO ADEUS LENIN

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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola de Comunicação
Turma EC8
Teoria III- Prof Paulo Oneto
Luiza Morena Pires
_____________________________________________________________________
Introdução
O filme escolhido para a realização de uma análise semiótica foi Adeus Lênin. A escolha, por sua vez, deu-se livremente em função do gosto pessoal pela obra de Wolfgang Becker. Inicialmente proponho uma breve descrição conceitual do que vem a ser a Semiótica Peirceana para que assim, posteriormente possa ser compreendida a análise do filme sob suas bases. Neste trabalho estará contida também a sinopse do filme a fim de que todos possam ter uma clara compreensão sobre o assunto.
Sinopse
 O filme "Adeus, Lênin" caracteriza-se por uma obra alemã do ano de 2003, realizada sob direção de Wolfgang Becker. A história, por sua vez, tem como plano de fundo a Alemanha durante e após a queda do Muro de Berlim, o que garante ao espectador uma visão sobre o período de guerra entre os regimes capitalista, Alemanha Ocidental e socialista, Alemanhã Oriental e a nova realidade decorrente da queda do muro, da unificação da Alemanha e, consequentemente, da vitória capitalista.
 Como personagens principais existem Alexander, jovem que apesar de viver com a mãe do lado Oriental de Berlim é contrário ao regime socialista e a Sra Kerner, professora identificada com o regime de orientação soviética e mãe do jovem Alexander. A personagem Sra Kerner é descrita pelo filho ao longo do filme como "casada com a pátria socialista", o que nos possibilita compreender seu facciosismo a esse regime.
 Ao longo do filme aparecem personagens secundários, como a irmã de Alexander, que porém não entrarão em discussão no trabalho. É válido e necessário, porém, ressaltar a presença marcante de personagens históricos como Erich Honecker, governante da RDA, Alemanha Oriental, no período de 1971 a 1989, Mikhail Gorbatchov, o derradero líder, governante de 1985 a 1991 da URSS, Helmut Kohl, primeiro chanceler da Alemanha reunificada e Sigmund Jähn, "primeiro alemão no espaço", um dos tripulantes da espaçonave soviética Sojus 31 que em 1978 ganhou o espaço durante a Guerra Fria.
 A trama, por sua vez, tem início quando a Sra kerner, seguidora da doutrina socialista, vê seu filho, Alexander, em um protesto contra o governo a qual defende. Subsequentemente a mesma sofre um ataque cardíaco e entra em coma durante oito meses, tempo suficiente para que houvesse a queda do Muro de Berlim e a implantação do sistema capitalista, ao qual tinha aversão. Diante disso, a fim de poupar seu sofrimento ao acordar do coma, seu filho Alexander passa a tentar preservá-la do choque fazendo assim como se a RDA ainda existisse.
Semiótica Peirciana
 Como instrumento para uma anáise mais profunda sobre o filme Adeus Lênin foi utilizada a Semiótica Peirciana. Assim como é apresentada de maneira exímia no artigo "A semiótica do tempo em Abril Despedaçado: Aproximações e Distâncias do leitor no gênero fílmico"de Maria das Graças de Oliveira Costa Ribeiro e Josefa Josabeth de Souza Barbosa, busco através desta análise ultrapassar a figura do simples espectador a fim de compreender as ideias intrínsecas à obra e suas sugestibilidades.
 A semiótica caracteriza-se pela ciência geral dos signos, responsável assim por estudar todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. Dessa maneira a mesma põe-se acima da linguística, responsável por ter como objeto apenas a linguagem verbal. No caso da semiótica podem-se considerar objetos de estudo artes visuais, fotografia, vestuário, filmes entre outros.
 A semiótica Peirciana pretendia, portanto, fundamentando-se na lógica e na fenomenologia, compor uma teoria geral da representação gerando assim categorias gerais e universais sobre o modo de apreensão desses fenômenos. Essas categorias seriam denominadas cientificamente por Pierce como Primeiridade, Secundidade e Terceiridade e representariam associações provocadas por experiências repetidas, espontâneas ou voluntárias, experiências que são contatos e reações.
 A Primeiridade caracterizaria-se, portanto, como a primeira apreensão e impressão das coisas formadas em nossa mente através da consciência imediata, dessa maneira sendo menos racional e mais espontânea e intuitiva. A secundidade seria a relação de dependência, ou seja a compreensão de diferentes coisas entre si e sua relação conosco, caracterizando uma interação com os fenômenos. Em outras palavras, seria a capacidade de compreensão e profundidade. A Terceiridade, por fim, compreenderia a apreensão dos fenômenos através da consciência interpretativa, sendo assim a capacidade de organizar os fatos e pensamentos reagindo aos mesmos.
 A partir da terceiridade, Pierce estabelece então a concepção triádica do signo definido como "uma coisa que representa uma outra coisa: o seu objeto". Dessa maneira, a relação entre o signo e seu objeto seria classificada entre Ícone, Índice ou Símbolo. O Ícone apresentaria então significados por similaridade, sendo assim a representação quase exata de um objeto. O Índice, por outro lado, teria como responsabilidade representar algum aspecto do objeto, decorrente de uma relação de causalidade, a fim de sugerir o seu todo. Esta seria, portanto a parte representada de um todo anteriormente adquirido pela experiência subjetiva ou pela herança cultural. O Símbolo, por sua vez, não possuiria similaridade com seu objeto. Sendo assim, a relação sígnica estabelecida dar-se-ia através de convenções, ou seja, através de analogias capazes de substituir o objeto.
Análise Semiótica do filme "Adeus, Lênin"
Inicialmente, ao analisar o filme é necessário ressaltar o trabalho do diretor em representar da maneira mais fiel possível Berlim durante a dissidência governamental entre o RDA e o RFA. O mesmo propõe ainda uma representação gradual e detalhada, através de inúmeros signos existentes ao longo do filme, da transição ocorrente após a queda do Muro de Berlim e a tomada de sua face Oriental pelo capitalismo.
 A longa sequência inicial do filme permeia imagens da cidade com a cor vermelha em cena, transitando gradualmente para tornar-se o "fundo" em que aparecem os nomes dos atores, nesse momento pode-se considerar a primeiridade de Peirce, uma vez que o espectador tem uma impressão formada através da consciência imediata, de maneira não racional. A escolha dessa cor inicia nossa análise sobre os inúmeros "símbolos" existentes no filme, uma vez que o vermelho é a cor representativa do regime socialista e não foi escolhida arbitrariamente. Esse fato, contudo, só é compreendido no momento final da sequência em que aparece a bandeira da URSS. Dessa maneira, a associação com a cor vermelha passa a ter uma consciência interpretativa, ocorrendo assim uma passagem da primeiridade para a terceiridade.
 A fim de propor uma visão geral do filme, inúmeros são os signos que aparecem como símbolos dos regimes socialista e capitalista. Esses signos contudo, são essenciais a fim de gerar uma identificação imediata com seus significados, sendo assim possível compreender determinadas cenas. Um exemplo disso, é a cena em que a mãe de Alexander recebe uma visita de escoteiros contratados pelo próprio filho para cantarem músicas louvando a Alemanhã Oriental. No mesmo momento a mãe avista pela janela um grande anúncio da Coca Cola sendo colocado no prédio vizinho, o que representa o permeamento do capitalismo. Esse fato ganha porporções metalinguísticas uma vez que é necessário que tanto o público quanto os personagens em questão conheçam os mesmos símbolos para compreender a ideologia presente na cena. Nesse caso a Coca Cola funciona perfeitamente como símbolo do modelo econômico capitalista, o que ocorre em função de seu grande poder no mercado. Outros exemplos semelhantes são o zepelim da Goodyear visto por Ariane e a propaganda no poste da Ikea.
 Uma outra interpretação semiótica diz respeito ao coma da Sra Kerner que se iniciou após um ataque cardíaco por ter visto seu filholutando contra o governo socialista ao qual era fiel. O início de seu coma é, aliado a mobilização de seu filho, o marco inicial da queda do socialismo. Os meses de silêncio da personagem ou de inadimplência com seu ideal socialista são transcritos pelos meses de lutas pelo fim do socialismo e queda do Muro de Berlim. Ao acordar, Berlim já era outra, unificada e renascida sob um governo capitalista.
 Por fim, um último signo presente no filme e que se faz forte a fim de simbolizar o declínio socialista e a derrocada da RDA é a transformação de Sigmund Jähn, herói em 1978 por ser o primeiro alemão no espaço, em motorista de táxi.
Conclusão
Pode-se concluir a partir do filme Adeus Lênin e de sua interpretação semiótica, fundamentada por Peirce, o fato de que com a compreensão dos inúmeros signos apresentados ao longo da trama o espectador passa a ter uma visão mais profunda e interiorizada do filme, uma vez que passa a compreender as representações lógicas idealizadas pelo diretor. Dessa maneira, o espectador inicia sua visão crítica e ativa sobre o que assiste.
Bibliografia
·	Adeus, Lenin! (2003) – Diretor: Wolfgang Becker
·	PEIRCE, Charles Sanders. Terceiridade degenerada. In Conferências sobre o Pragmatismo. As categorias (continuação), § 1. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (col. Os Pensadores)
· "A semiótica do tempo em Abril Despedaçado: Aproximações e Distâncias do leitor no gênero fílmico"- Maria das Graças de Oliveira Costa Ribeiro e Josefa Josabeth de Souza Barbosa

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