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e a LEP versa que assistente social no sistema prisional é um direito humano. 18 Diante desta realidade, observa-se que o assistente social é um profissional comprometido com uma direção social especifica de seu Projeto Ético Político que está vinculado a um projeto de transformação da sociedade, buscando responder as demandas da questão social. Para isto é necessário que, o profissional elabore proposta de políticas sociais para atuar nesta garantia de direitos, levando para os órgãos de direitos humanos, pois sua ação está vinculada à execução e à aplicação da lei, visto que no sistema prisional essa necessidade se encontra ainda mais visível, devido às limitações da população usuária em acessar de maneira autônoma seus direitos de cidadania. Ser assistente social dentro de uma penitenciária é enfrentar conflitos, desde a natureza de sua função, até a falta de conhecimento por parte dos funcionários e da população do que ela realmente trata. É negada a importância da existência do trabalho realizado por este profissional como funcionário da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), e portanto necessário para o andamento do sistema penitenciário. O assistente social é o servidor responsável por cumprir parte das principais diretrizes da Secretaria, ou seja, fazer cumprir a Lei de Execução Penal (LEP), ressocializar e reinserir ao apenado após o cumprimento da pena. Esse é um dos pontos mais questionados a respeito do Sistema Prisional, diz-se que ele não funciona como agente ressocializador. O afastamento dos agentes ressocializadores da nova lei do Sistema Único de Segurança Pública, sancionado em junho pelo Presidente Temer é uma demonstração da falta de entendimento da função do Assistente Social e de como ela deve estar entrelaçada ao Sistema Prisional, já que possui um manejo específico para este caso. Ou seja, valorizar o sistema penitenciário e garantir que ele possa ser aperfeiçoado, passa por pensar o papel deste trabalhador. Dentro disso existe um preconceito, por vezes inconsciente advindo de sua formação histórica, já que a princípio o profissional era visto dentro da prisão como “aquela pessoa boazinha (geralmente mulheres) que era paga pelo estado para ter dó do preso”. 19 Os assistentes sociais da atualidade entendem a criminalidade como expressão, decorrência da questão social, assim como o são o desemprego, a miséria, a ignorância e a violência. Assim sendo, pode-se entender que a principal função do assistente social dentro da prisão é à garantia de direitos – apesar de todas as contradições implicadas aí. No cotidiano carcerário os assistentes sociais se deparam com as mais variadas questões relacionadas ao cenário acima mencionado, pois o indivíduo preso nada mais é do aquele que não “se enquadrou” no sistema econômico, “não respeitou os ditames sociais e as regras da sociedade normativa”, dentro de um sistema cujo conjunto legal existe para proteger os interesses do capital e do patrimônio e não os interesses e necessidades dos indivíduos. Os assistentes sociais como profissionais que têm condições de fazer a leitura crítica dos fenômenos sociais e entendem que esse “desrespeito” ou “dificuldade de reconhecimento e acatamento de regras” tem sua gênese na falta de trabalho, de educação, de representatividade, de visibilidade, de saúde e de todas as outras faltas. Essa compreensão é inevitável se queremos pensar formas de prevenção e redução de ambientes criminógenos. Também o aumento do número desses profissionais pode levar também a ampliação desses mesmos de forma a integrar programas também favoráveis aos trabalhadores do sistema. 2.9. A Vida nos Presídios Brasileiros Os presídios possuem um sério problema de superlotação, se tornando mais graves em tempos de pandemia. Com a superlotação nos presídios, na precarização dos ambientes de lazer e de ocupação mental, sendo até mesmo em ambientes que pretendem ser “modelo”, podemos assim dizer, que é desta forma o sistema carcerário brasileiro.ados mostram que com cerca de 748.009 presos, o Brasil ocupa a terceira posição do ranking mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China. No Brasil há 710 mil presos em cadeias que comportam apenas 423 mil, ou seja 31% não foram julgados. O Supremo Tribunal Federal proferiu uma decisão no dia 20 27/08/2015, relacionada à Medida Cautelar na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 347, tendo como relator o Ministro Marco Aurélio, que reconheceu o Estado de Coisa Inconstitucional no sistema carcerário brasileiro. O PSOL requereu que o sistema penitenciário brasileiro fosse declarado como um Estado de coisa Inconstitucional, de forma que a Suprema Corte passasse a interferir ferreamente na elaboração e execução em políticas públicas, discussões e deliberações referentes as verbas e aos gastos com o sistema carcerário e na aplicação de institutos penais processuais, tendo como objetivo o alívio aos problemas de superlotação dos presídios e as condições degradantes do encarecimento. ADPF 347: foi pontuado na peça inicial, que foi redigida pelos constitucionalistas Daniel Sarmento, a questão de as unidades prisionais brasileiras permanecerem em um Estado de Coisa Inconstitucional. Foi citado os problemas estruturais do cárcere brasileiro, sendo este a violação geral e sistêmica dos direitos fundamentais e a inércia reiterada das autoridades públicas em modificar este panorama. Foi sustentado oralmente pelo PSOL, que ratificou que em nenhum outro serviço público existe uma diferença tão grande entre o dever legal e constitucional para com o cidadão e a realidade do cárcere brasileiro. O cotidiano das unidades prisionais brasileiras representa a maior violação de Direitos Humanos na história do Brasil, sendo uma grave afronta aos Direitos e Garantias Individuais da Constituição Federal de 88. As penitenciárias por sofrerem com a superlotação e por estarem em tempos de pandemia não possuem condições para poder fornecer aos presos o básico. Colocando os mesmos em condições desumanas e precárias. O Brasil precisa rever seus conceitos e mesmo que se tratando de um preso, considerar que os mesmos são pessoas e que suas condições dentro das penitenciárias deveriam ao menos ser confortantes. 21 2.10. Como estão os presídios brasileiros em tempos de pandemia Com todos os problemas elencados acima, é difícil imaginar como o sistema carcerário Brasileiro irá lidar com uma crise ainda maior do que a que já se encontra. Ainda mais quando, como de um dia para o outro, inicia-se repentinamente uma das maiores crises mundiais causadas pela pandemia do novo corona vírus, atingindo todos os países, tendo ainda mais impacto no Brasil. A grande questão no início da pandemia era o que o Brasil faria para não entrar numa enorme crise financeira, mas pouco se falou a respeito do que aconteceria com os presidiários, com os agentes carcerários e todos aqueles que trabalham nesse setor. As condições insalubres em que se encontram os encarcerados e trabalhadores dos presídios no país é um fator agravante para contaminação, não só do COVID-19, mas para outras muitas doenças como Tuberculose e AIDS. Os presídios abrigam um grande número de pessoas com grave risco de contrair doenças, seja pelo próprio ambiente, quanto pelo uso de drogas injetáveis, pela contaminação através de outros presidiários que já tem a doença, ou pela idade. As pessoas em situação privativa de liberdade estão mais vulneráveis a surtos do COVID-19 por estarem aglomerados e até mesmo apertados entre si em condições desumanas, além de claro, os próprios agentes carcerários poderem levar a doença para dentro dos presídios. O que fazer então para diminuir e evitar o contagio da doença nesses lugares? A soltura, apesar de parecer