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Ação do Assistente Social no Cárcere em Tempos de Pandemia

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SISTEMA DE ENSINO A DISTÂNCIA CONECTADO 
BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL. VIII SEMESTRE 
 
 
ERIVÂNIA JESUS CARDOSO 
 
 
 
 
AÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO AMBIENTE DO CÁRCERE PENITENCIÁRIO 
EM TEMPOS DE PANDEMIA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERRINHA - BA 2021 
 
ERIVÂNIA JESUS CARDOSO 
 
 
 
 
 
AÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO AMBIENTE DO CÁRCERE PENITENCIÁRIO 
EM TEMPOS DE PANDEMIA. 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado ao colegiado de Serviço 
Social, da UNIVERSIDADE NORTE 
DO PARANÁ – UNOPAR - unidade de 
Serrinha para obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
Orientadora: Valquíria Aparecida Dias 
Caprioli 
 
 
 
 
 
SERRINHA - BA 
2021 
 
 
RESUMO 
O principal objetivo do Serviço Social no sistema prisional é atuar na promoção de 
medidas que busquem garantir a reintegração e a ressocialização social, sendo uma 
das primeiras profissões a adentrar o sistema penitenciário, efetivando assim o seu 
fazer profissional neste território, compreendendo que o assistente social atua como 
um mediador dos conflitos, trabalhando para efetivação dos direitos das minorias. 
Portanto, este trabalho de conclusão de curso busca compreender o papel do 
assistente social no sistema penitenciário dentro do contexto da pandemia. Tratou-se 
de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se da técnica bibliográfica. O 
Assistente Social no sistema prisional assegura os direitos ao apenado tendo como 
posicionamento a equidade e justiça social, construindo práticas humanas ao 
tratamento dos presos, viabilizando a concretização da defesa dos direitos humanos, 
sendo que a presença deste profissional na prisão, contribui no sentido de ressocializar 
o preso em seu convívio social, como também busca garantir e assegurar os direitos 
que ora são violados ou ocultos, dificultando assim a ressocialização dos indivíduos na 
sociedade. 
Palavras-chave: Assistente Social.Atuação.Sistema Prisional 
 
ABSTRACT 
Since the beginning of its entry into the prison system, Social Work has regulated itself 
in the promotion of measures that seek to guarantee reintegration and social 
resocialization, being one of the first professions to enter the prison system, thus 
carrying out its professional activity in this territory, understanding that the social worker 
acts as a mediator of conflicts, working to enforce minority rights. This paper aims to 
report on the role of the social worker in the prison system. It was an exploratory and 
descriptive research, using the bibliographic technique. The Social Worker in the prison 
system ensures the rights of the prisoner with equity and social justice as a position, 
building human practices for the treatment of prisoners, enabling the realization of the 
defense of human rights, and the presence of this professional in prison, contributes 
towards re-socializing the prisoner in his social life, but also seeks to guarantee and 
ensure the rights that are now violated or hidden, thus making it difficult for individuals 
to re-socialize in society. 
Keywords: Social Worker. Practice. Prison System 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO................................................................................................05 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................06 
2.1. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas 
de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)........................06 
 2.2. A Lei de nº 7.210 de 11 de julho de 1984...............................................07 
2.3. O sistema prisional 
brasileiro................................................................08 2.4. A super, e 
crescente, população encarcerada no Brasil.....................10 2.5. A atuação 
do Assistente Social no sistema prisional..........................14 2.6. O 
compromisso com o código de ética.................................................15 2.7. 
 Dermandas do Assistente Social no sistema prisional........................16 
2.8. O Assistente Social e as condições de 
trabalho..................................17 2.9. A vida nos presídios 
brasileiros.............................................................19 2.10. Presídios brasileiros 
em tempos de pandemia.....................................21 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................22 
4. REFERÊNCIAS...............................................................................................25 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1. INTRODUÇÃO 
O contexto imponderável como se caracteriza o de uma pandemia, exige das 
assistentes sociais competência teórico-política para compreender a situação de crise 
humanitária e sua relação com a sociabilidade capitalista e intervir nesta realidade, 
segundo os fundamentos do Serviço Social. 
A crise gerada pela pandemia da COVID-19, ainda no seu período inicial neste 
momento, abre uma nova etapa para análises da contraditória “eficácia” do 
neoliberalismo, quando um de seus pressupostos - o Estado mínimo -, vem abaixo, 
com a magnitude dessa crise sócio-sanitária-econômica, cujo enfrentamento tem se 
dado majoritária e inegavelmente pelo Estado, nos cinco continentes do planeta. 
A participação dos assistentes sociais nas equipes de trabalho que legitimam e 
executam ações no sistema prisional é imprescindível de modo a concretizar os 
direitos dos apenados. 
Toda essa demanda acarreta dificuldades para os profissionais comprometidos com a 
defesa dos direitos humanos no sistema penitenciário, inclusive para o profissional de 
Serviço Social que comumente está inserido dentro de um contexto meramente 
burocrático no âmbito do sistema penitenciário, presencia simultaneamente a restrição 
da sua intervenção e diversas situações de violações dos direitos dos apenados. 
O objetivo geral deste trabalho é justamente compreender de que maneira o assistente 
social consegue atuar dentro do sistema penitenciário, principalmente em tempos de 
pandemia. Como é a relação entre detentos e assistentes sociais; quais as principais 
dificuldades e desafios para esse profissional dentro do sistema e como é a realidade 
da atuação do assistente social no nosso sistema prisional brasileiro diante de uma 
realidade de descrédito das autoridas e dos discursos de anticiência e antivacina. 
Deve-se observar que o compromisso dos assistentes sociais no campo da Execução 
Penal é garantir os direitos humanos dos internos por meio de uma prática voltada 
para emancipação humana e que superem este sistema como controle social e 
punitivo. Neste contexto, a atuação dos assistentes sociais na área sociojurídico é 
permeada por muitos conflitos e limitações. 
Este trabalho tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se da 
técnica bibliográfica a partir dos seguintes elementos: o estudo deste artigo foi 
6 
 
utilizado um levantamento bibliográfico através de publicações científicas; A busca de 
estudo foi realizada a partir de um buscador “Google acadêmico” tendo como 
descritores: Serviço Social, Sistema Penitenciário, Atuação, além de revistas 
publicadas online. Foram utilizados ainda outros materiais de apoio como livros de 
referência na área Serviço Social, e, manuais que se referenciam ao tema proposto, 
que possibilitaram ampliar a fonte de pesquisa. 
Para a exploração do material e tratamento dos resultados, será realizada a leitura do 
estudo, procurando destacar as expressões-chave de cada discurso individual; e por 
fim, serão identificadas as ideias centrais relacionadas, possibilitando a formação de 
uma descrição sucinta. 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO. 
2.1. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de 
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). 
A Política Nacional deAtenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade 
no Sistema Prisional (PNAISP) é uma iniciativa conjunta dos ministérios da Justiça e 
da Saúde para organizar o acesso da população carcerária às ações e serviços do 
Sistema Único de Saúde (SUS). 
O assistente social, profissional de caráter transformador, lida constantemente, no 
sistema penitenciário, com violações dos direitos humanos. É nesta perspectiva, que 
ele necessita estar compromissado com o projeto ético-político da profissão para que 
sua atuação não seja focalista e repressora. 
As condições físicas e de higiene em muitos presídios brasileiros é degradante. Há 
então, uma discrepância na finalidade deste sistema. Como transformar um indivíduo, 
respeitando sua dignidade, em ambiente insalubre? É neste contexto que a prática do 
assistente social, de acordo com Ferreira (2006), é imprescindível nesta área, pois, se 
em muitas ocasiões as pessoas em liberdade têm dificuldade em ter acesso à 
7 
 
determinadas políticas públicas e direitos sociais básicos, as pessoas presas se 
tornam totalmente dependentes do governo. 
Na Atenção Básica à Saúde no Sistema Penitenciário, o trabalho do assistente social, 
como profissional da área da saúde, vai desde atender situações individuais que 
necessitem de uma escuta qualificada à ações articuladas as redes intersetoriais de 
proteção social que buscam a produção da saúde do indivíduo. Desde modo, o 
presente trabalho busca apresentar a importância do profissional de Serviço Social na 
defesa do direito à saúde para as mulheres que se encontram em último estágio de 
cárcere. 
 
2.2. A Lei de nº 7.210 de 11 de julho de 1984 
A Lei de nº 7.210 de 11 de julho de 1984, dispõem em seu art.1º a respeito da 
finalidade da prisão, relatando que o mesmo efetiva uma decisão, para que os presos 
possam ser assegurados em sua inserção no meio social. (BRASIL,1994). 
Dessa forma, faz-se necessário o acompanhamento do início até o final da pena do 
acusado, prestando assistência e atenção para que o mesmo possa ser restabelecido 
no meio social. Nesse cenário, o assistente social atua prestando assistência a estas 
pessoas juntamente com o profissional de psicologia e direito. 
A mesma lei em seu artigo 10º aborda que é dever do estado prestar assistência de 
forma material, jurídica, educacional, social, religiosa e saúde ao preso, tendo como 
intuito a prevenção e orientação no que concerne a reintegração do mesmo à 
sociedade. 
Percebendo a importância do profissional de assistente social no sistema prisional, e 
como forma de esclarecer a população acerca das múltiplas vertentes do trabalho do 
profissional de serviço social na sociedade, este artigo tem como objetivo relatar sobre 
o papel do assistente social no sistema penitenciário. 
Conforme ABESS (1996) O profissional de serviço social atua no enfrentamento das 
expressões das questões sociais, sendo que esta é considerado um desvio de 
8 
 
reprodução e produção das relações sociais, articuladas a momentos históricos, 
produção das condições de vida, cultura e riqueza. 
Com o crescimento dos problemas sociais a um aumento da demanda carcerária, que 
começam a avolumar-se, gerando batalhões de excluídos, onde o Estado busca de 
formas alternativas a inclusão dos mesmos. 
Segundo Iamamoto (1988) a questão social representada pela desigualdade é 
sinônimo de resistência, pelo fato desses sujeitos conhecerem essa realidade estes 
não aceitam, gerando assim confrontos. 
Dessa forma, atuando de maneira humanizada o assistente social na sua prática 
profissional nas instituições penitenciárias, busca maneiras para que aja a 
ressocialização e integração dos mesmos no convívio social, minimizando os conflitos 
e reações diversas. 
Nesse contexto, a finalidade social da punição dos presos seria de regenerar, reabilitar 
os mesmos, no sentido de promover a inserção dos indivíduos, porém a maneira como 
conduzem e controlam o poder público geram contrastes com a realidade dos 
presídios, pois estes são marcados por superlotações, ficando o apenado a mercê de 
seus direitos sem nenhuma alternativa de reintegração na sociedade, sociedade esta 
que os exclui completamente ,fazendo com que os seus direitos não sejam aplicados 
na prática. (ALVES et al,2017). 
 
2.3. O Sistema Prisional Brasileiro 
A década de 80 trouxe com ela mudanças importantes na luta pela democratização 
do Estado, havendo a participação da população nas resoluções e prioridades das 
políticas públicas, a constituição de 1988 causou transformações e redefiniu-se no 
perfil histórico da proteção social, passando a agrupar critérios e valores inovadores 
para a população brasileira. 
Incorporando novos parâmetros como direitos sociais, universalização, seguridade 
social, descentralização política administrativa, controles democráticos, equidade, e 
9 
 
mínimos sociais que norteiam na constituição federal novos padrões políticos sociais. 
(COUTO,1999). 
De acordo com Iamamoto(2008) o assistente social iniciou sua atuação no Brasil na 
década de 80,em resposta aos trabalhos prestados pelas mulheres religiosas que 
realizavam atividades assistencialistas a pessoas menos favorecidas, esta época 
corresponde um marco no trabalho do profissional de serviço social, pois assim elevou 
este profissional em nível intelectual ,profissional, acadêmico e político. 
O cenário político da década de 80 causou um avanço democrático como importante 
espaço de participação junta a tomada de decisões onde o cenário que permanecia 
presente era de agravamento sociopolítico e cultural. Nesse sentido, o Estado sai do 
modelo populista, onde prevalecia as políticas compensatórias, organizando-se de 
forma controladora punitiva sobre os marginalizados, ao invés de um estado de direito. 
Foucault (1989) comenta que a maneira que é utilizada a atividade prisional desde o 
início da pena não é de uma competência utilitária, mas a concretização de um poder, 
a submissão de uma autoridade e adequação a um sistema de produção. O estado 
passa a responder a esse modelo como controle social, prevalecendo o interesse 
econômico e satisfazendo sua necessidade de domínio e disciplina na população. 
Neste sentido, o estado passa a exercer uma política de interesses próprios em 
relação ao poder e controle, de maneira oposta a combater os problemas que geram 
as desigualdades sociais, passa a punir os pobres, gerando assim um poder coativo, 
analisando a dialética tornando-se bem mais fácil controlar os atos criminais do que 
interferir nas questões sociais (WACQUANT,1999). 
Salientamos que o aumento significativo da população carcerária acarreta em uma 
gama de problemas sociais, dificultando o atendimento individualizado ao aprisionado 
e a sua família, tornando as prisões conhecidas como depósitos de internos excluídos 
e marginalizados da sociedade, sociedade esta que reforçam seu caráter punitivo e 
repressor. 
Nesse contexto, a prática do assistente social fica voltada a ressocialização na defesa 
intransigente dos direitos humanos, começando a conflitar com os objetivos das 
penitenciárias. Ao avaliarmos o sistema penitenciário brasileiro, percebemos que cada 
10 
 
vez mais o Brasil vem destacando-se pelo elevado crescimento de população 
carcerária. 
Segundo estatísticas, o Brasil ocupa a quarta posição quanto a maior população 
prisional, ficando em terceira posição quanto a maior população em prisão domiciliar. 
(BRASIL,2014), estes índices revelam a relação existente entre o social no que 
concerne a produção da desigualdade, o crescimento da violência e as condições da 
precarização na contemporaneidade, vivenciadas pelas classes pobres e vulneráveis. 
Entretanto, em um cenário onde uma pandemia assola o globo e nosso país dá 
exemplo de como não administrar um evento tão catastrófico, atuar juntamente com 
encarcerados é um riscoenorme e os assistentes sociais precisam tomar todo 
cuidado. 
 
2.4. Super, e crescente, população carcerária 
O crescimento da população encarcerada revelou a realidade da superlotação, que 
contribui para o não-desenvolvimento de uma condição de cumprimento da pena 
digna, dificultando, com isso, o resgate da autoestima. 
Sem dúvida, este é um fator que acaba por submeter o sujeito preso a penas cruéis, 
humilhantes e degradantes. Destaca-se, ainda, que no cotidiano prisional 
encontramos sistemas de funcionamento que estabelecem dificuldades relacionais na 
dinâmica institucional. 
A correlação de forças e a manipulação do poder ganham destaque neste contexto, 
pois não raras vezes os assistentes sociais estão subordinados a chefias que não 
acreditam no processo de trabalho da área humana. 
Muitas vezes, servidores embrutecidos com o cotidiano da prisão acabam 
desmotivados, não acreditando em propostas de trabalho interventivo nos Direitos 
Humanos. Neste cenário, o que se comprova são correlações de forças e poder que 
abalam tragicamente as estruturas de ação no Tratamento Penal, tanto quanto se 
abatem a dignidade das pessoas presas. 
11 
 
Esta questão torna-se volante na produção do cotidiano e nas relações conflituosas 
entre a segurança e corpo técnico, uma vez que não se estabelece um diálogo 
institucional mínimo sobre o que é possível em termos de tratamento penal, 
colocando-se nesse processo a disputa de saberes ou de verdades, como diria 
Foucault. 
Já o poder em seu exercício, passa por canais muito mais sutis, muito mais ambíguos 
dentro da prisão, porque cada um de nós (técnicos ou agentes penitenciários) é, no 
fundo, titular de certo poder, sendo que este poder não tem por função única reproduzir 
somente as relações de trabalho, mas oprimi-las sem a produção do diálogo. 
Segundo Foucault (1979), na prisão as redes da dominação e os circuitos da 
exploração se apóiam e interferem uns nos outros, mas não coincidem. 5 Há ainda 
entre a razão e a desrazão um jogo de espelhos, uma antinomia simples, o que não 
existe quando você escreve: 
Faz−se a história das experiências feitas com os cegos de nascença, 
os meninos−lobo ou a hipnose. Mas quem fará a história mais geral, 
mais vaga, mais determinante também, do exame... Porque nesta 
técnica sutil se encontram engajados todo um domínio de saber, todo 
um tipo de poder" (Foucault 1979, p.80) 
 
Parafraseando Foucault: “Não é possível que o poder se exerça sem saber, não é 
possível que o saber não engendre poder”. Assim, os efeitos da correlação de forças 
existentes no ambiente institucional contribuem para práticas muitas vezes perversas 
e abusivas, quando pensado sobre o viés da produção de violência simbólica que 
acompanha o cotidiano prisional. 
Ademais, a intenção de transformar tecnicamente o indivíduo, tirando-lhe o direito de 
ser visto em sua individualidade, contribue para a institucionalização de intervenções 
meramente burocráticas, onde o olhar do poder institucional se sobressai sobre o olhar 
e a escuta do humano nas suas particularidades, principalmente na sua 
individualidade. 
Sobre o fazer técnico, observamos que há muitas vezes uma tendência em 
incrementar os processos de criminalização6, acompanhado da tentativa de redefinir 
o lugar do profissional no espaço prisional. 
12 
 
As intervenções estão se tornando cada vez mais práticas isoladas que carregam forte 
conteúdo de valores pessoais e crenças que acabam dando certo limite para a 
extensão da ação. 
À primeira vista, as conseqüências do que foi exposto, produz o fazer técnico com 
ações indefinidas, tanto na produção da neutralidade técnica, quanto na articulação 
de redes de controle social. 
Neste contexto, o que resta para o tratamento penal é somente um efeito indefinido e 
acessório no controle da criminalidade, no processo de criminalização e nas 
conseqüências de ambos, tornando-se desacreditável, para os olhos dos 
profissionais, da instituição e principalmente para o sujeito preso. 
Se o Tratamento Penal na sua totalidade, não tem um futuro, ou seja, é desacreditável, 
como poderia o sujeito preso desacreditado neste sistema acreditar nele? Para 
enfrentar esta questão, nós, operadores do sistema de justiça criminal, precisamos 
romper com práticas instituídas, assim como reconhecer que necessitamos de 
programas de ação justos e eficazes. 
Isto corresponde a uma tarefa ética-política, que assumirá direções mais avançadas e 
críticas, dando autonomia e centralidade a todos os direitos fundamentais durante o 
processo de trabalho. No dia-a-dia de trabalho do Assistente Social existem as 
intervenções que possibilitam ao preso e sua família acessarem os recursos e serviços 
sociais. 
Nesta perspectiva, o profissional de serviço social deve estar atento quanto a situação 
vivenciada pelo sujeito e seus familiares. No âmbito da família devem ser observados 
os encaminhamentos à rede de serviços públicos, como benefícios do INSS, 
auxílioreclusão, auxílio-doença e aposentadoria. 
Ainda no campo do acesso a direitos, umas das intervenções mais realizadas pelo 
assistente social é o registro dos filhos de presos e reconhecimento de paternidade. 
No que se refere aos atendimentos das demandas cotidianas, deve o assistente social 
estar atento para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas presas no que tange as 
condições de habitabilidade no cárcere, questões de saúde e de relacionamento entre 
13 
 
os internos, pois tudo repercute dentro do pronto-atendimento, uma das funções mais 
requisitadas aos assistentes sociais. 
Nesses atendimentos é possível identificar situações graves que devem ser 
encaminhadas e acompanhadas até a sua resolutividade. Quando estendidas às 
famílias, o profissional tende a dialogar com outros setores e segmentos da sociedade, 
desvelando a rede que dará acesso a bens e serviços dos usuários. 
Na atuação cotidiana, todas as situações de intervenção geram comprometimento na 
ação profissional e geralmente devem ser dividas com outros profissionais que atuam 
no sistema prisional ou em torno dele, formatando uma rede multidisciplinar para 
atender as demandas dos presos. Sempre é possível buscar o diálogo com outros 
operadores do sistema penal, profissionais que seguidamente contribuem para a 
extensão da ação. 
O lugar que nos cabe ocupar no sistema prisional não se efetiva somente na 
elaboração de laudos para o judiciário, que nada mais são do que ferramentas do 
judiciário, que aprisionam o fazer-técnico. 
É importante olharmos para a individualização e o acompanhamento da pena, sempre 
na tentativa de criar espaços de cumprimento de pena digno ao sujeito aprisionado. 
Para tanto, faz-se necessário que o assistente social disponha de uma escuta efetiva, 
de um olhar individualizado na passagem pela instituição, produzindo o recorte 
necessário para o atendimento das demandas do sujeito preso na busca do 
fortalecimento, dos deveres e dos direitos. Sabidamente que o cotidiano de trabalho 
nos atravessa perversamente quando não conseguimos dar conta da produção de 
acompanhamento da pena em detrimento ao número elevado de laudos judiciais e da 
superlotação. 
Não raras vezes, aparece o sujeito preso no atendimento em uma única passagem, 
tendo o assistente social que produzir algo sobre ele, que não o acompanhará. Tarefa 
difícil e que desmotiva muitos profissionais que atuam dentro de prisões superlotadas, 
mas que ao mesmo tempo têm a obrigação e o dever de responder aos preceitos da 
legislação. 
 
14 
 
2.5. A atuação do Assistente Social no Sistema Penitenciário 
Os assistentes sociais pautam sua atuação na defesa acirrada dos direitos humanos, 
segundo consta o Código de ética profissional posicionado -se em benefício da 
equidade e justiça social, a recusa do autoritarismo e do arbítrio, tornando o ambiente 
prisional comcondições dignas de cumprimento da sentença onde o Estado 
cumprindo o seu papel deve promover a readaptação do preso ao convívio social. 
Não sendo considerado como um favor, nem um privilegio, e sim um dever do mesmo, 
já que essas pessoas estão sobre custodia do estado, devendo ser garantidos e 
resguardados os direitos dos destes indivíduos. 
A participação dos assistentes sociais, vem tornando-se de extrema importância 
dentro dos sistemas penitenciários, buscando desenvolver técnicas humanas no 
tratamento aos presos consolidando assim a defesa dos direitos, porém um grande 
desafio aos mesmo. 
Sendo assim, percebe-se que um dos desafios atuais do serviço social é transformar 
o projeto ético político um guia efetivo para o exercício da profissão, consolidando-se 
por meio de sua efetiva materialização, entretanto encontramos ainda barreias que 
dificultam sua consolidação, sendo que determinadas barreiras advêm dos próprios 
companheiros de profissão. 
Por sua vez, muitos destes reproduzem praticas conservadoras, através de posturas 
que responsabilizam os indivíduos por sua condição de apenado, intensificando as 
ações punitivas, demorando com os processos burocratizando os direitos daqueles 
indivíduos, assim sendo esta postura impede a melhoria e conserva a visão positivista. 
A lei de nº 7.210 em seu art.22 relata que a assistência social tem por intuito de 
proteger o preso e ajudá-los no sentido de inseri-los no meio social. No art.23 aborda 
sobre as atribuições das atividades profissionais do assistente social, comentando que 
este deve saber a respeito dos resultados de exames e diagnósticos dos presos, 
descrever por escrito ao diretor do presídio a respeito das dificuldades e os problemas 
que estes estejam enfrentando. 
Além disso, observar o resultado no que tange as permissões de saídas ,como 
também das saídas temporárias, promover espaços de entretenimento, orientar o 
15 
 
preso quando a finalização da pena ,fazendo com que a volta à liberdade seja mais 
fácil ao indivíduo, disponibilizar documentos, os diversos benefícios sociais, como 
também ajudar e orientar a família do preso, dos internos e vítima.(BRASIL,1984). 
O assistente social deve ficar atento em relação as demandas dos seus atendimentos 
cotidianos, as mesmas geram comprometimento na atuação, que em geral devem ser 
divididas com os profissionais que atuam na instituição, formando uma rede 
multidisciplinar para atender as necessidades dos apenados, buscando sempre o 
diálogo com os outros profissionais do sistema contribuindo para ampliação da ação. 
 
2.6. O compromisso com o Código de Ética Profissional 
O Código de Ética Profissional objetiva valores norteadores da profissão, tais como: o 
reconhecimento da liberdade como valor ético central, bem como preza pelo 
compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos, a 
defesa intransigente dos direitos humanos. 
Desta forma, faz-se necessário que o assistente social, além de conhecer o Código 
de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão e a LEP que são 
referências ao exercício profissional, também possa conhecer os principais tratados 
de proteção aos direitos humanos acordado pela ONU. 
Busca aprofundar a respeito da defesa dos direitos humanos, a exemplo dos presos 
que se encontram sobre pena privativa de liberdade, haja vista que o compromisso do 
Serviço Social no Campo da Execução Penal deve ser o de garantir os direitos 
humanos dos internos, fortemente violados no espaço prisional. 
Vale salientar que o conhecimento das legislações que respaldam o trabalho dos 
assistentes sociais é muito importante para orientação da profissão neste campo, haja 
vista que o conhecimento permite ao profissional decifrar a realidade social na qual 
está inserido, buscando apresentar propostas de trabalho que ultrapassem a demanda 
institucional e que caminhem no sentido de ampliar seu campo de autonomia 
(PIMENTEL, 2008). 
16 
 
Diante deste exposto, o Serviço Social, como profissão que intervém no conjunto das 
relações sociais e nas expressões da questão social, faz-se necessário que os órgãos 
que pactuam a interdição da violação dos direitos humanos, possam incluir o 
profissional do Serviço Social nas discussões. 
A sua intervenção está voltada para o enfretamento da questão social, assim como 
para a garantia dos direitos dos apenados que se encontra nos sistemas prisionais, o 
que demonstra a importância deste profissional, tanto no sistema penitenciário. 
 
2.7. Demandas atendidas pelos Assistentes Sociais no Sistema Prisional 
As demandas atendidas pela equipe de Serviço Social na Vara de Execuções 
Criminais (VEC) na Defensoria Pública, referem-se às negligências vivenciadas pelos 
presos no âmbito prisional, dentre estas negligências podemos destacar o acesso à 
saúde, visto que as unidades prisionais se encontram superlotadas, o que agrava 
diversas patologias. 
Além disso, não possuem uma equipe mínima para atendimento das demandas 
referentes à saúde dentro da unidade, o que faz com que o preso tenha que se 
deslocar até unidades de saúde próximas ao município, processo este não tão 
simples, devido à situação de reclusão. 
Diante deste cenário, a equipe de Serviço Social realiza um trabalho pautado na 
garantia e efetivação dos direitos da pessoa privada de liberdade. Durante as 
intervenções a articulação com a rede de serviços e com as políticas competentes 
pela viabilização do direito se torna essencial para que o sujeito em privação de 
liberdade tenha seus direitos resguardados e efetivados. 
A equipe de Serviço Social se depara também com outras demandas advindas do 
sistema penitenciário, embora ainda em números consideravelmente menores. Porém 
estes dados vêm demonstrar que a atuação não se restringe somente na 
negligenciação do acesso à saúde. 
Segundo pesquisas realizadas, o Brasil conta com mais de 700 mil pessoas privadas 
de liberdade, situando-se desta forma no ranking de detentor da terceira maior 
17 
 
população do mundo, dado expressivo que nos leva a diversas outras reflexões acerca 
da punição, pobreza e vulnerabilidades vivenciadas pela população que compõe este 
sistema. 
Então, podemos afirmar que as mazelas que este sistema retrata e carrega consigo, 
frente a este contexto de desigualdades, vulnerabilidades é que se fundamenta a 
intervenção do Serviço Social, visto que a questão social e suas expressões são 
matéria prima para o processo de trabalho e para a intervenção do profissional; é 
frente a este sistema e todas as problemáticas expressas por ele que a equipe de 
Serviço Social atua diariamente. 
A atuação da equipe acontece de forma administrativa, ou seja, materializando a 
articulação em rede, buscando resguardar e efetivar os direitos do sujeito preso já 
previstos em respaldos legais, sem que haja a necessidade da judicialização da 
demanda. 
Toda a ação realizada pela equipe possui o objetivo de resguardar e efetivar os direitos 
do sujeito que se encontra privado de liberdade em cumprimento de sentença, além 
disto, através dos atendimentos semanais é possível o contato direto com os familiares 
que comparecem ao plantão de atendimento do VEC. 
Tais atendimentos ocorrem duas vezes na semana e conta com atendimento social e 
jurídico, sendo possível através deste atender as demandas expressas pelo sujeito 
privado de liberdade e também orientar a família quanto aos seus direitos. 
 
2.8. Assisntente Social e Condições de Trabalho 
Diante disso, faz-se necessário o assistente social crie proposta de trabalho de acordo 
com o projeto ético político da profissão, buscando sempre a emancipação humana. 
Ainda mais em tempos de pandemia. 
Neste ângulo é importante que o assistente social tenha as condições de trabalho, 
uma vez que que o sistema prisional é um espaço das diversas manifestações da 
questão sociale a LEP versa que assistente social no sistema prisional é um direito 
humano. 
18 
 
Diante desta realidade, observa-se que o assistente social é um profissional 
comprometido com uma direção social especifica de seu Projeto Ético Político que 
está vinculado a um projeto de transformação da sociedade, buscando responder as 
demandas da questão social. 
Para isto é necessário que, o profissional elabore proposta de políticas sociais para 
atuar nesta garantia de direitos, levando para os órgãos de direitos humanos, pois sua 
ação está vinculada à execução e à aplicação da lei, visto que no sistema prisional 
essa necessidade se encontra ainda mais visível, devido às limitações da população 
usuária em acessar de maneira autônoma seus direitos de cidadania. 
Ser assistente social dentro de uma penitenciária é enfrentar conflitos, desde a 
natureza de sua função, até a falta de conhecimento por parte dos funcionários e da 
população do que ela realmente trata. 
É negada a importância da existência do trabalho realizado por este profissional como 
funcionário da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), e portanto necessário 
para o andamento do sistema penitenciário. 
O assistente social é o servidor responsável por cumprir parte das principais diretrizes 
da Secretaria, ou seja, fazer cumprir a Lei de Execução Penal (LEP), ressocializar e 
reinserir ao apenado após o cumprimento da pena. Esse é um dos pontos mais 
questionados a respeito do Sistema Prisional, diz-se que ele não funciona como 
agente ressocializador. 
O afastamento dos agentes ressocializadores da nova lei do Sistema Único de 
Segurança Pública, sancionado em junho pelo Presidente Temer é uma demonstração 
da falta de entendimento da função do Assistente Social e de como ela deve estar 
entrelaçada ao Sistema Prisional, já que possui um manejo específico para este caso. 
Ou seja, valorizar o sistema penitenciário e garantir que ele possa ser aperfeiçoado, 
passa por pensar o papel deste trabalhador. 
Dentro disso existe um preconceito, por vezes inconsciente advindo de sua formação 
histórica, já que a princípio o profissional era visto dentro da prisão como “aquela 
pessoa boazinha (geralmente mulheres) que era paga pelo estado para ter dó do 
preso”. 
19 
 
Os assistentes sociais da atualidade entendem a criminalidade como expressão, 
decorrência da questão social, assim como o são o desemprego, a miséria, a 
ignorância e a violência. 
Assim sendo, pode-se entender que a principal função do assistente social dentro da 
prisão é à garantia de direitos – apesar de todas as contradições implicadas aí. 
No cotidiano carcerário os assistentes sociais se deparam com as mais variadas 
questões relacionadas ao cenário acima mencionado, pois o indivíduo preso nada 
mais é do aquele que não “se enquadrou” no sistema econômico, “não respeitou os 
ditames sociais e as regras da sociedade normativa”, dentro de um sistema cujo 
conjunto legal existe para proteger os interesses do capital e do patrimônio e não os 
interesses e necessidades dos indivíduos. 
Os assistentes sociais como profissionais que têm condições de fazer a leitura crítica 
dos fenômenos sociais e entendem que esse “desrespeito” ou “dificuldade de 
reconhecimento e acatamento de regras” tem sua gênese na falta de trabalho, de 
educação, de representatividade, de visibilidade, de saúde e de todas as outras faltas. 
Essa compreensão é inevitável se queremos pensar formas de prevenção e redução 
de ambientes criminógenos. Também o aumento do número desses profissionais 
pode levar também a ampliação desses mesmos de forma a integrar programas 
também favoráveis aos trabalhadores do sistema. 
 
2.9. A Vida nos Presídios Brasileiros 
Os presídios possuem um sério problema de superlotação, se tornando mais graves 
em tempos de pandemia. Com a superlotação nos presídios, na precarização dos 
ambientes de lazer e de ocupação mental, sendo até mesmo em ambientes que 
pretendem ser “modelo”, podemos assim dizer, que é desta forma o sistema carcerário 
brasileiro.ados mostram que com cerca de 748.009 presos, o Brasil ocupa a terceira 
posição do ranking mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China. 
No Brasil há 710 mil presos em cadeias que comportam apenas 423 mil, ou seja 31% 
não foram julgados. O Supremo Tribunal Federal proferiu uma decisão no dia 
20 
 
27/08/2015, relacionada à Medida Cautelar na Ação de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) nº 347, tendo como relator o Ministro Marco Aurélio, que 
reconheceu o Estado de Coisa Inconstitucional no sistema carcerário brasileiro. 
O PSOL requereu que o sistema penitenciário brasileiro fosse declarado como um 
Estado de coisa Inconstitucional, de forma que a Suprema Corte passasse a interferir 
ferreamente na elaboração e execução em políticas públicas, discussões e 
deliberações referentes as verbas e aos gastos com o sistema carcerário e na 
aplicação de institutos penais processuais, tendo como objetivo o alívio aos problemas 
de superlotação dos presídios e as condições degradantes do encarecimento. 
ADPF 347: foi pontuado na peça inicial, que foi redigida pelos constitucionalistas 
Daniel Sarmento, a questão de as unidades prisionais brasileiras permanecerem em 
um Estado de Coisa Inconstitucional. Foi citado os problemas estruturais do cárcere 
brasileiro, sendo este a violação geral e sistêmica dos direitos fundamentais e a inércia 
reiterada das autoridades públicas em modificar este panorama. 
Foi sustentado oralmente pelo PSOL, que ratificou que em nenhum outro serviço 
público existe uma diferença tão grande entre o dever legal e constitucional para com 
o cidadão e a realidade do cárcere brasileiro. O cotidiano das unidades prisionais 
brasileiras representa a maior violação de Direitos Humanos na história do Brasil, 
sendo uma grave afronta aos Direitos e Garantias Individuais da Constituição Federal 
de 88. 
As penitenciárias por sofrerem com a superlotação e por estarem em tempos de 
pandemia não possuem condições para poder fornecer aos presos o básico. 
Colocando os mesmos em condições desumanas e precárias. O Brasil precisa rever 
seus conceitos e mesmo que se tratando de um preso, considerar que os mesmos 
são pessoas e que suas condições dentro das penitenciárias deveriam ao menos ser 
confortantes. 
 
21 
 
2.10. Como estão os presídios brasileiros em tempos de pandemia 
Com todos os problemas elencados acima, é difícil imaginar como o sistema carcerário 
Brasileiro irá lidar com uma crise ainda maior do que a que já se encontra. Ainda mais 
quando, como de um dia para o outro, inicia-se repentinamente uma das maiores 
crises mundiais causadas pela pandemia do novo corona vírus, atingindo todos os 
países, tendo ainda mais impacto no Brasil. 
A grande questão no início da pandemia era o que o Brasil faria para não entrar numa 
enorme crise financeira, mas pouco se falou a respeito do que aconteceria com os 
presidiários, com os agentes carcerários e todos aqueles que trabalham nesse setor. 
As condições insalubres em que se encontram os encarcerados e trabalhadores dos 
presídios no país é um fator agravante para contaminação, não só do COVID-19, mas 
para outras muitas doenças como Tuberculose e AIDS. Os presídios abrigam um 
grande número de pessoas com grave risco de contrair doenças, seja pelo próprio 
ambiente, quanto pelo uso de drogas injetáveis, pela contaminação através de outros 
presidiários que já tem a doença, ou pela idade. 
As pessoas em situação privativa de liberdade estão mais vulneráveis a surtos do 
COVID-19 por estarem aglomerados e até mesmo apertados entre si em condições 
desumanas, além de claro, os próprios agentes carcerários poderem levar a doença 
para dentro dos presídios. O que fazer então para diminuir e evitar o contagio da 
doença nesses lugares? A soltura, apesar de pareceruma medida drástica, em alguns 
casos é a solução mais humana e eficaz para todos aqueles, não só os encarcerados, 
que convivem nesses lugares. 
É claro que, não se pode haver soltura sem monitoramento destes que serão libertos, 
e devem haver limites. Por exemplo, dando liberdade monitorada aqueles que se 
encaixam em grupos de risco, como os já listados acima (usuários de drogas, os já 
contaminados por outras doenças e os idosos). Há também a questão da prisão 
preventiva, onde surge o argumento de que muitos que estão presos preventivamente 
podem ser liberados para que não corram o risco de se contaminar dentro do presidio 
sem “necessidade” de estarem passando por essa situação. 
Além de tudo o que já foi dito, existe um outro grande problema digno de nota: a 
visitação. Presos que recebiam visitas comumente, agora se encontram em situação 
22 
 
de solidão pelas mudanças nas regras de visitação e até mesmo a proibição dessa 
em alguns presídios. Essa questão pode vir a causar depressão e entre outros 
problemas de saúde mental em parte dos encarcerados. 
Para finalizar, temos que comentar também sobre como essapandemia afetou a vida 
de quem trabalha nos presídios, não importando o cargo. Há dois enormes riscos 
para essas pessoas: o de se contaminar com a doença e até levá-la para suas casas, 
ou de levar a doença para os presídios. É difícil fazer um controle disso já que além 
da situação precária dos presídios é impossível dispensar todos os que trabalham lá. 
A melhor solução seria afastar aqueles que são parte dos grupos de risco e oferecer 
todos os cuidados possíveis para aqueles que continuariam fazendo seus trabalhos, 
além de, obviamente tentar melhorar o ambiente de trabalho (em questão de higiene, 
saúde e espaço), tanto para o bem dos trabalhadores como para o bem dos 
encarcerados. 
 
 
3. CONCLUSÃO 
Levando em consideração os pontos citados neste artigo, com todos esses problemas 
em que o sistema carcerário já vinha enfrentando há anos e agora enfrentando mais 
este momento crítico, muito dificilmente os problemas serão corrigidos tão cedo. 
As situações de prisão que auxiliariam neste momento de crise propostas pelo CNJ 
abordam grupos muitos restritos em situações especificas que apenas vão ter efeito 
em uma pequena parcela da enorme população carcerária, não sendo nenhum pouco 
suficiente para a resolução da crise, como grupos de vulnerabilidade, grupos de alto 
risco, detentos que se encontrarem em estabelecimentos precários, e os grupos que 
tiverem específica razão familiar. 
Desta forma, sem alterações drásticas no sistema prisional brasileiro, uma grande 
parte será alvo de contágio desta nova doença e não haverá muito a se fazer para 
impedir que isto ocorra, portanto entendemos que devidos há esses problemas de 
garantia de saúde que violam a Constituição Federal, deverá haver indenização aos 
afetados pois é dever do Estado manter nos presídios os padrões mínimos de 
23 
 
humanidade e ressarcir os danos causados pelas falta das condições mínimas do 
ambiente carcerário. 
O que se pode notar a partir da bibliografia estudada foi que a ação profissional é 
limitada, devido ao próprio sistema ao qual está inserido o que deixa refém da 
burocracia institucional na qual está imerso. Assim, Torres ( 2014, p.128) acrescenta 
que “ no sistema prisional o “ Serviço Social vem exercendo praticas que causem, 
muitas vezes conflitos éticos políticos”. Aliado a isso, estão a falta de recursos físico, 
materiais e humanos que deem suporte a integralidade de ações em prol dos direitos 
humanos. 
Neste contexto, observa-se que à prática profissional, apesar dos limites institucionais 
impostos e a burocracia ao qual estão submetidos, aos assistentes sociais buscam 
compreender esta demanda e a realidade ao qual estão inseridos, visando à garantia 
dos direitos dos apenados que se encontram em detenção, mesmo com essas 
limitações. 
Haja vista que os profissionais que atuam nesta área, a exemplo do profissional do 
Serviço Social, têm a Lei de Regulamentação Profissional que assegura sua prática 
profissional diante desta realidade, bem como o mesmo dentro do sistema prisional, 
possuem suas atribuições definidas na LEP. 
Assim, Torres (2001, p.89) acrescenta que “a defesa dos direitos humanos no campo 
profissional remete à questão ética, pois esta é parte integrante do sujeito social, 
sendo também componente de sua atividade profissional”. Vale sublinhar, tomando 
como parâmetro o Código de Ética Profissional que em seu artigo 13º (b) prevê como 
dever do assistente social. 
O Assistente Social no sistema prisional assegura os direitos ao apenado tendo como 
posicionamento a equidade e justiça social, construindo práticas humanas ao 
tratamento dos presos, viabilizando a concretização da defesa dos direitos humanos. 
A presença do profissional de serviço social na prisão, contribui no sentido de 
ressocializar o preso em seu convívio social, como também busca garantir e assegurar 
os direitos que ora são violados ou ocultos, dificultando assim a ressocialização dos 
indivíduos na sociedade. 
24 
 
Portanto, a atuação do assistente social nos presídios precisa de maior atenção por 
parte dos governantes e de maiores condições para que sua missão seja, de fato, 
alcançada. Mesmo em tempos de pandemia, os assistentes sociais continuam a atuar 
em defesa dos direitos dos mais fragiliados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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	2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................06
	1. INTRODUÇÃO
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	2.3. O Sistema Prisional Brasileiro
	2.4. Super, e crescente, população carcerária
	2.5. A atuação do Assistente Social no Sistema Penitenciário
	2.6. O compromisso com o Código de Ética Profissional
	2.7. Demandas atendidas pelos Assistentes Sociais no Sistema Prisional
	2.8. Assisntente Social e Condições de Trabalho
	2.9. A Vida nos Presídios Brasileiros
	2.10. Como estão os presídios brasileiros em tempos de pandemia
	3. CONCLUSÃO
	4. REFERÊNCIAS

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