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A formação do sistema colonial

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A formação do sistema colonial
APRESENTAÇÃO
O processo de ocupação do território português na América e, por consequência, a formação do 
sistema colonial não ocorreram logo após o "descobrimento". Naquela conjuntura, a coroa 
portuguesa destinava todos os seus esforços econômicos e de recursos humanos para a carreira 
das Índias, muito lucrativa pelo comércio de especiarias. Contudo, alguns fatores fizeram com 
que Portugal mudasse seu foco de atenções da Ásia para o Atlântico, levando à integração do 
território americano à sua rede comercial como colônia.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os debates mais atuais sobre a 
historiografia da colonização do território americano pelos portugueses, compreendendo as 
diferentes formas de entender o colonialismo. Com isso, você vai poder analisar as primeiras 
décadas de exploração do território americano pelos portugueses, o modelo econômico 
implementado e os relacionamentos estabelecidos com os indígenas. Por fim, você vai 
compreender por que o território português na América foi invadido por franceses e holandeses, 
e seus interesses na empresa colonial na América.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir colonização e sua relação com o sistema mercantilista.•
Analisar os primeiros trinta anos da ocupação portuguesa em território brasileiro.•
Descrever a presença de outros estados europeus na ocupação do território brasileiro.•
DESAFIO
Os historiadores, em nome da cientificidade, procuraram se afastar de análises especulativas 
marcadas pelo “e se...”, pois a narrativa histórica deveria se deter em fatos e na realidade, no 
acontecido. Contudo, alguns profissionais têm defendido o uso da “história imaginária” ou 
“história contrafactual” como um exercício de compreensão histórica, que poderia contribuir 
para a aprendizagem histórica.
A "história imaginária" ou "história contrafactual" narra eventos hipotéticos a partir de um 
presente ou um passado diferente do que "realmente aconteceu". E essa narrativa parte do 
pressuposto de que um ato diferente (uma decisão, um evento etc.) resultaria em outra realidade, 
por exemplo: e se o III Reich e os países do Eixo tivessem ganhado a Segunda Guerra Mundial? 
Como seria esse mundo? A "história imaginária" dá conta desse "e se...".
Acerca disso, imagine a seguinte situação que aconteceu durante uma aula de História. 
Neste Desafio, supondo que fosse você o professor que mediava a aula para a turma, de que 
forma você usaria a “história imaginária” ou “história contrafactual” para o ensino das 
“invasões” francesas e holandesas?
INFOGRÁFICO
A origem do nome "Brasil" está relacionada ao pau-brasil, árvore que recebeu esse nome pelos 
europeus em função de sua utilização no tingimento de roupas com o tom vermelho (Brasil 
como "brasa"). Mas você sabia que esse não foi o único nome atribuído às possessões lusas na 
América? Além disso, durante certo tempo, houve uma disputa entre duas terminologias para se 
referir à colônia americana de Portugal. 
Neste Infográfico, você vai ver os motivos que despertaram esse conflito e como a economia e a 
religião estiveram relacionadas à adoção do nome "Brasil" para o território português na 
América.
CONTEÚDO DO LIVRO
A "formação do sistema colonial" foi um processo que significou a integração do território 
português na América a uma lógica econômica (mercantilista) e religiosa (expansão da fé 
católica). Essa integração não ocorreu logo após a chegada dos portugueses ao território 
americano, pois, à época, seus interesses estavam voltados ao comércio de especiarias com a 
Ásia. Além disso, o seu desenvolvimento esteve relacionado às ameaças de outras nações 
tomarem aquelas terras que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam a Portugal.
No capítulo A formação do sistema colonial, da obra História do Brasil Colônia, você 
compreenderá as diferentes acepções que o termo colonialismo tem para a historiografia e de 
que maneira é empregado para o caso português. Você estudará as navegações de exploração e 
vigilância, além das iniciativas extrativistas que foram desenvolvidas nas primeiras décadas 
após a "descoberta" do território português. Por fim, conhecerá quais eram as principais nações 
que ameaçavam a soberania portuguesa na América, com intentos de exploração econômica e 
colonização.
Boa leitura.
HISTÓRIA DO 
BRASIL 
COLÔNIA
Caroline Silveira Bauer
A formação do 
sistema colonial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir colonização e sua relação com o sistema mercantilista.
  Analisar os primeiros 30 anos da ocupação portuguesa em território 
brasileiro.
  Descrever a presença de outros estados europeus na ocupação do 
território brasileiro.
Introdução
Compreender o “sistema colonial” significa destrinchar as relações esta-
belecidas entre Portugal e suas possessões na América. Em um primeiro 
momento relegado a segundo plano, em função da importância eco-
nômica da carreira das Índias, o território português na América viria a 
receber investimentos da Coroa a partir de 1530, com o início do processo 
de ocupação do território, que também visava combater as invasões 
empreendidas por outras nacionalidades. 
Neste capítulo, você vai estudar as diferentes interpretações sobre o 
chamado colonialismo e sua relação com as práticas mercantilistas dos 
Estados europeus. Conhecerá as iniciativas da coroa portuguesa em 
relação ao território americano logo após ao “descobrimento”. E, por fim, 
analisará a presença de franceses e holandeses no território de Portugal 
na América e seus intentos de colonização.
1 A colonização e o mercantilismo
Antes de iniciarmos a discussão sobre o que foi o colonialismo e sua relação 
com as práticas mercantilistas, é necessário fazer referência a um intenso 
debate historiográfi co desenvolvido no Brasil e em Portugal nas últimas dé-
cadas. Essa discussão entre historiadores brasileiros e portugueses visava 
aprimorar as interpretações sobre a economia colonial brasileira, a estrutura do 
Império Português e as teorias que preconizavam a relação entre a metrópole 
portuguesa e suas colônias.
Na década de 1970, predominavam na historiografia brasileira sobre a Amé-
rica portuguesa interpretações que se baseavam em visões bastante dogmáticas 
do marxismo, inspiradas em trabalhos elaborados por Caio Prado Jr. e Celso 
Furtado, respectivamente nas décadas de 1940 e 1950 (FRAGOSO, 2012). 
Para citar apenas um exemplo, vejamos como Fernando Novais compreendia 
a inserção do Brasil no colonialismo e nas práticas mercantis:
A ocupação, povoamento e valorização econômica do Brasil na época moderna, 
a sua colonização enfim, processando-se na etapa da ascensão burguesa vin-
culada ao capitalismo comercial, dá lugar a uma entidade específica (colônia 
da metrópole-Portugal): suas estruturas básicas configuram uma colônia de 
exploração por se formarem e se desenvolverem nos quadros e ao ritmo do 
antigo sistema colonial de relações entre as economias centrais e periféricas 
do capitalismo mercantil (NOVAIS, 1969, p. 262).
De acordo com Fragoso (2012, p. 107), um dos principais críticos dessa 
interpretação, a América portuguesa e sua relação com Portugal poderia ser 
resumida da seguinte forma: 
Assim, a economia colonial não tinha dinâmica própria, e seu destino de-
pendia dos humores do mercado europeu. Outra consequência seria a ine-
xistência de um mercado interno ou ainda de produções mercantis in loco 
voltadas para o abastecimento da América. Estas atividades não podiam 
existir, pois colocariam em perigo o sentido da colonização. Quando tais 
lavouras de abastecimento ou currais surgiam, isto se dava em razão dos 
interesses das atividades exportadoras. E, consequentemente, as produções 
mercantis ligadas ao consumo interno estavam também subordinadas à 
lógica das flutuações do sistemaeconômico maior ao qual pertencia aquele 
imenso canavial.
Essa interpretação passou a ser criticada na década de 1970, com os tra-
balhos de Ciro Flamarion Cardoso e Jacob Gorender, e, nos anos 1990, com 
os trabalhos de Fernando Novais, que reviu várias posições de seu trabalho, e 
Laura de Mello e Souza. Nos anos 1990, também foram defendidas as teses de 
doutorado de João Fragoso e Manolo Florentino, contribuindo com as críticas 
às visões mecanicistas sobre a economia colonial da América Portuguesa. De 
acordo com Fragoso (2012, p. 110):
A formação do sistema colonial2
[...] começou-se a demonstrar que a economia era mais do que uma planta-
tion exportadora, existia um circuito de mercados internos disseminados 
pela América. Mesmo nas regiões até então vistas como açucareiras, como 
o Recôncavo Baiano, observou-se a existência de áreas dedicadas à lavoura 
mercantil de alimentos. O conjunto desses resultados colocou dúvidas sobre 
uma série de hipóteses a respeito da dependência.
Isso significava que as teorias sobre o pacto colonial, os monopólios e 
os exclusivos coloniais, a relação entre metrópole e colônia, precisavam ser 
revistas, porque as fontes primárias destoavam de um marxismo maniqueísta.
Fragoso (2012, p. 113) cita um exemplo para compreendermos como as 
dinâmicas econômicas da América Portuguesa eram mais complexas que 
a exportação de matérias-primas e a importação de manufaturados, como 
apregoava o “pacto colonial”:
Quanto à América lusa como mercado de manufaturados europeus, mais 
uma vez os testamentos podem nos ajudar. Na primeira década do século 
XVIII, camisas, vestidos, lençóis e utensílios domésticos eram vistos como 
bens preciosos e doados como tal nos testamentos a entes queridos como 
filhos, irmãos e amigos. [...] Assim, ao que parece, o crescimento mercantil 
da cidade na época, decorrente da descoberta do ouro das Minas e do aumento 
do tráfico de escravos africanos, não implicou na disseminação de bens de 
consumo manufaturados já vulgarizados na Europa e em partes da América 
inglesa, como têxteis. O padrão de consumo e de mercado nesta América era 
ainda protoindustrial e o seria ainda por muito tempo, como mais uma vez 
os testamentos informam.
Essa historiografia propôs a compreensão territorial dos domínios portu-
gueses como um império (o Império Português) e afirmou que, na América 
portuguesa, havia um mercado interno, com acumulação de capitais e lógica 
independente do mercado externo, que também existia, mas com dinâmicas 
próprias.
Contudo, existe outro grupo de historiadores que, via conceitos cunhados 
por vertentes marxistas — porém com aportes teóricos mais sofisticados — 
criticam essa concepção, por acreditarem que ela descaracteriza a ideia do 
colonialismo. Por isso, esses autores recuperam conceitos importantes da 
lógica colonial, como o do exclusivo colonial, que se relaciona à noção de 
monopólio. De acordo com Ricupero (2016), o exclusivo ou monopólio era 
uma prática das metrópoles com suas colônias, proibindo o comércio dessas 
com nações estrangeiras. Contudo, essa prática, um dos pilares do mercan-
tilismo, não foi estática e se transformou ao longo do tempo, de acordo com 
3A formação do sistema colonial
as demandas conjunturais apresentadas. Assim, podia haver, por exemplo, 
restrição de comércio apenas em determinados portos e por companhias 
comerciais privilegiadas; por outro lado, em alguns momentos, o exclusivo 
podia ser atenuado em virtude de situações específicas, como guerras que 
dificultassem ou impedissem o comércio, mediante a concessão de licenças 
especiais para mercadores estrangeiros por motivos econômicos ou diplomá-
ticos (RICUPERO, 2016).
Como a América portuguesa se inseria nessas dinâmicas coloniais e mercantilistas? De 
acordo com Ricupero (2016), os grupos mercantis, que não se limitavam a Portugal, 
compravam e redistribuíam os produtos coloniais na Europa, mas também realizaram 
investimentos na montagem da indústria açucareira e no comércio e transporte de 
produtos entre a Europa e o território colonial português na América. Essas relações 
comerciais eram múltiplas (RICUPERO, 2016): 
  comércio direto, legal ou não, entre o Brasil e seus países de origem ou via Portugal; 
  comércio de mercadorias estrangeiras e/ou portuguesas; 
  em associação ou não com mercadores de Portugal ou com mercadores cristãos-
-novos portugueses radicados no exterior; 
  fretamento de navios para mercadores portugueses ou para a Coroa de Portugal.
Percebe-se, a partir dessa abordagem, que não há uma negação da lógica colonial-
-mercantilista, muito menos do exclusivo ou monopólio, e sim uma relativização das 
abordagens desenvolvidas nas décadas de 1970.
Nesse sentido, esse grupo de historiadores afirma que são insuficientes os 
dados apresentados pelos críticos da acepção do sistema colonial para invalidar 
os argumentos de que o colonialismo teria contribuído para o desenvolvimento 
industrial europeu. Segundo a análise de Arruda (2014, p. 717):
[...] é inegável que o mundo colonial teve um papel decisivo neste cenário, 
promovendo a transferência de riquezas das colônias para as metrópoles. No 
caso de Portugal, o excedente sob a forma de remessas líquidas ou créditos 
consignados na balança comercial sustentou os tesouros públicos, alimentou 
a formação da dívida pública, abasteceu os cofres dos particu lares envolvi-
dos da rede mercantil operando nas águas e territórios do império, além de 
ter se transformado num mercado consumidor seguro para as manufaturas 
portuguesas.
A formação do sistema colonial4
Outro aspecto fundamental para compreendermos o colonialismo e a 
lógica mercantil é a escravidão. Embora não seja o tema deste capítulo, 
podemos referi-la como um dos pilares das práticas coloniais, responsável 
pelo enriquecimento de elites na metrópole e nas colônias e pela diáspora 
de milhões de seres humanos pela América e Europa. Nesse aspecto, parece 
haver consenso entre os historiadores. Fragoso e Florentino (2001, p. 88) 
afirmam que:
A propriedade escrava era altamente disseminada pelo tecido social, sinônimo 
aqui de que camadas variadas da população se encontravam comprometidas 
com a escravidão, independentemente da extensão de suas posses. Mas o 
alto grau de concentração da propriedade escrava nos coloca não apenas 
diante de uma sociedade possuidora de escravos, mas sobretudo ante uma 
sociedade escravista, definida como aquela na qual o principal objetivo da 
renda extraída ao escravo é a reiteração da diferença socioeconômica entre a 
elite escravocrata e todos os outros homens livres. 
Alguns autores, como Souza (2008), propõem o conceito de capital escra-
vista-mercantil para ressaltar a importância da escravidão para a dinâmica 
da economia mercantil-colonial.
2 A ocupação da América Portuguesa
Primeiramente, é importante lembrarmos que o território que hoje constitui o 
Brasil não era conhecido integralmente pelos portugueses no momento de sua 
chegada à América. Esse conhecimento foi sendo realizado paulatinamente 
ao longo dos 30 primeiros anos após a “descoberta”, mediante expedições 
de reconhecimento e vigilância. Porém, existiam dúvidas sobre a jurisdição 
e os limites das possessões portuguesas na América, já que o único tratado 
existente nesse sentido até então era o Tratado de Tordesilhas, que serviu 
para que se compreendesse como “natural” que todo o território da América 
abrangido pelo tratado fosse português (SOUZA, 2001).
A historiador Laura de Mello e Souza comenta sobre a ausência de maiores 
interesses da coroa portuguesa em relação à posse do território americano:
Esta, de início, não despertou maiores interesses na corte de D. Manuel, que 
pensava acima de tudo no Oriente e nos projetos que melhor viabilizassem 
sua exploração comercial. Antes talvez de ser vista como espaço econômico, 
e deixando-se de lado o interesse logo despertado pelo pau-brasil, a nova terra 
5A formação do sistema colonial
interessou pela sua capacidadede renovar os conhecimentos cartográficos 
e astronômicos: diferentemente da África ou da Ásia, era terra nunca antes 
descrita ou representada (SOUZA, 2001, p. 62).
Após a chegada dos portugueses na América em 1500, foram enviadas 
algumas expedições de reconhecimento e alguns europeus foram deixados 
em território americano para aprender a língua dos nativos. Destacam-se as 
expedições de Gaspar de Lemos, em 1501, e de Gonçalo Coelho, em 1503, 
que tinham como objetivo informar a coroa portuguesa sobre a existência 
de metais preciosos na América. Posteriormente, em 1516 e depois em 1526, 
foram enviadas à América portuguesa expedições comandadas por Cris-
tóvão Jacques, que ficaram conhecidas como “expedições guarda-costas”. 
Elas tinham o objetivo de combater a presença de estrangeiros em território 
português na América, principalmente os franceses. Essas iniciativas não 
foram suficientes para garantir a posse do território e manter afastados os 
invasores franceses, o que levou a coroa a investir na colonização da América 
portuguesa (VAINFAS, 2000).
Ainda de acordo com Vainfas (2000, p. 491):
[...] a maioria dessas expedições fez um pouco de cada coisa: identificação da 
geografia para fins cartográficos e de navegação; escambo do pau-brasil com 
os índios; fundação de feitorias; defesa da costa contra a crescente presença 
dos entrelopos franceses, rivais no escambo do pau-brasil [...] houve, porém, 
outras expedições além dessas, cujas rotas sugerem o projeto português de 
encontrar metais preciosos na América. As notícias sobre as riquezas no in-
terior do continente e o rumor sobre a existência de um “rei branco” (depois 
identificado com o imperador inca) estimularam viagens pelo Prata.
Não houve inicialmente uma ocupação sistemática da América portuguesa, 
já que a carreira para as Índias era mais rentável financeiramente. Nas primeiras 
décadas após o “descobrimento”, a principal atividade econômica desenvolvida 
foi a extrativista, com a exploração do pau-brasil. O pau-brasil é uma árvore 
da qual se pode extrair um corante vermelho para o tingimento de roupas. A 
exploração desse recurso se dava por sua disponibilidade, o que levava a uma 
constante migração em função de seu esgotamento. A extração era feita por 
meio do escambo (troca) da força de trabalho indígena por objetos trazidos 
pelos portugueses da Europa.
Para estocar e proteger a madeira, foram construídos ao longo do litoral 
feitorias, entrepostos comerciais fortificados. O pau-brasil foi declarado produto 
A formação do sistema colonial6
de monopólio da coroa portuguesa, o que nos demonstra a adoção de políticas 
econômicas mercantilistas por Portugal. Contudo, posteriormente, a coroa 
concedeu o direito de extração a arrendatários, em função de sua atenção 
aos investimentos na carreira das Índias. Os arrendatários arcavam com as 
despesas da extração e pagavam impostos à coroa portuguesa, mas ficavam 
com o lucro nas vendas.
De acordo com Souza (2001, p. 63):
[...] nos 20 primeiros anos de vida do futuro Brasil, os portugueses criaram 
apenas duas feitorias: em 1504, em Cabo Frio; em 1516, em Pernambuco. 
Predominaram, portanto, as atividades de cunho privado, e o Estado pou-
pou suas energias para a construção de um império no Oriente. Nenhuma 
preocupação com o povoamento surgiu tampouco nessa época, quando os 
habitantes europeus da costa eram apenas os degredados deixados para 
trás desde a viagem de Cabral, um ou outro desertor das naus, como os 
grumetes a que se refere a carta de Caminha, todos eles constituindo o 
tipo do “lançado”, que desde a experiência quatrocentista da África fa-
zia, voluntária ou involuntariamente, a intermediação entre os universos 
culturais distintos.
Um marco na história da colonização da América portuguesa foi a expe-
dição de Martim Afonso de Souza, que, após navegar até o Rio da Prata, em 
seu retorno fundou o primeiro núcleo de colonização em território português, 
São Vicente, em 1532. 
De acordo com Vainfas (2000, p. 491):
A expedição de Martim Afonso de Souza é a que melhor sintetiza o caráter 
dessas primeiras expedições e marca a passagem para a efetiva colonização. 
Organizada por D. João III, objetivava explorar o litoral desde o Maranhão 
até o Rio da Prata, dar combate aos entrelopos franceses e fixar núcleos de 
povoamento através da distribuição de sesmarias, sementes, plantas, animais 
domésticos e ferramentas entre os colonos da expedição. E, com efeito, São 
Vicente seria a primeira vila fundada no Brasil.
Com o início do processo colonial, também houve transformações no âmbito 
econômico, com a introdução do cultivo da cana-de-açúcar, cuja produtividade 
era favorecida pelas condições climáticas da América portuguesa, além de 
possuir boa aceitação no mercado europeu. Antes de desenvolver a cultura 
da cana na América, Portugal já a cultivava nas ilhas atlânticas (Madeira, 
Açores, Cabo Verde e São Tomé).
7A formação do sistema colonial
3 As invasões do território português 
na América
Como dito anteriormente, a ausência de uma ocupação mais sistemática do 
território americano por Portugal nas primeiras décadas após 1500 fez com 
que navegadores de outras nacionalidades se aventurassem pelo litoral por-
tuguês na América, como os espanhóis, os franceses e os holandeses. Esses 
navegadores comerciavam com as populações nativas, extraíam o pau-brasil 
e praticavam pirataria, destacando-se os ingleses nesse último caso.
Os ingleses praticaram atos de pilhagem e de pirataria no litoral da América portu-
guesa, principalmente nas cidades de Recife e de Santos. As invasões tiveram como 
consequência problemas econômicos para Portugal, que firmou uma aliança com a 
Inglaterra. Essa aliança seria posteriormente sedimentada com a assinatura do Tratado 
de Methuen (VAINFAS, 2000).
Houve um incremento dessas invasões do território português na América 
no período conhecido como União Ibérica (1580–1640). Durante esses 60 
anos, Espanha e Portugal foram governados pelo mesmo rei, devido a um 
problema sucessório em Portugal. Felipe II, rei da Espanha, assumiu o trono 
português com a promessa de que Portugal seria tratado como reino unido, 
e não território conquistado, o que permitiria a manutenção da estrutura 
econômico-comercial. 
Contudo, não foi isso o que ocorreu. A guerra de independência das Pro-
víncias Unidas dos Países Baixos contra a Espanha interferiram no comércio 
entre os Países Baixos e Portugal:
sobretudo na compra de sal para a indústria de pesca holandesa, uma das 
bases da prosperidade batava — além do que, judeus sefarditas de Amsterdam 
participavam há tempos da produção e do comércio de açúcar do Brasil. Ao 
término da trégua hispano-holandesa (1609–1621), esse comércio de sal e 
açúcar estava comprometido (VAINFAS, 2000, p. 314).
A formação do sistema colonial8
Foi durante a União Ibérica que os franceses e os holandeses invadiram o 
território português na América, e procuraram estabelecer colônias. Vamos 
estudar um pouco mais dos interesses e dos processos da França e da Holanda 
na América portuguesa.
Os franceses
Existem relatos sobre a presença de navegadores franceses no litoral da América 
portuguesa logo após o “descobrimento”. Havia um interesse muito grande da 
França em explorar o território americano, bem como um descontentamento 
com a divisão do Novo Mundo entre Espanha e Portugal, desde o Tratado de 
Tordesilhas. Segundo a historiadora Laura de Mello e Souza (2001, p. 64):
talvez não seja exagerado dizer terem sido os franceses que decidiram a 
sorte das terras achadas por Cabral. Não fosse sua presença constante no 
litoral durante todo o primeiro quartel do século, e não fosse, muito depois, 
em 1555, o seu empenho em fundar uma colônia na baía de Guanabara e 
talvez o interesse português pelo Atlântico Sul ficasse adormecido por 
mais tempo. 
De acordo com Vainfas (2000, p. 312), “os franceses conheciam bem o 
litoral do Brasil desde o início do século XVI: transportavam pau-brasil em 
grandequantidade, aliavam-se a grupos indígenas e percorriam o extenso 
litoral com a mesma frequência dos lusos. Por muito tempo, [...] a posse desse 
litoral não esteve assegurada aos lusitanos”.
A primeira invasão francesa ocorreu no Rio de Janeiro, entre 1555 e 1567, 
e levou à fundação da França Antártica. A expedição foi chefiada por Nicolas 
Durand de Villegaignon, apoiado pelo governo francês, trazendo colonos 
calvinistas e frades capuchinos. Segundo Vainfas (2000, p. 312):
Na baía de Guanabara, havia condições ideais para a nova colônia francesa. 
Desde os anos 1530, os entrelopos ali aportavam, para comercializar com os 
tamoios e fazer aguada, e a terra era de importantes reservas de pau-brasil. 
Somente em 1550, Villegaignon urdiu um plano para estabelecer ali uma 
colônia, com apoio do almirante Coligny e do cardeal de Lorena. Calvinista, 
Coligny vislumbrava fundar uma colônia, a França Antártica, onde os hu-
guenotes (calvinistas franceses) estariam livres da perseguição católica que 
grassava em França.
9A formação do sistema colonial
Construíram e fundaram o forte Coligny, de onde resistiram aos portugue-
ses. Os franceses foram expulsos no governo de Mem de Sá por uma armada 
comandada por seu sobrinho, Estácio de Sá. Ao tomar o forte de Coligny, 
localizado na baía de Guanabara, Estácio de Sá fundou a cidade do Rio de 
Janeiro. Posteriormente, entre 1710 e 1711, houve novas entradas de franceses 
na cidade do Rio de Janeiro, que passou a ser saqueada por corsários. 
A segunda invasão francesa ocorreu no Maranhão, entre 1612 e 1615, e levou 
à fundação da França Equinocial, com a fundação do forte de São Luís, em 
6 de setembro de 1612, que daria origem à cidade de São Luís do Maranhão. 
Essa expedição foi comandada por Charles des Vaux e Jacques Riffault. Os 
franceses foram expulsos do local pelos portugueses em 4 de novembro de 
1615 (VAINFAS, 2000).
Os holandeses
Os holandeses possuíam acordos econômico-comerciais com Portugal, sendo 
os responsáveis pelo refi no do açúcar produzido nas colônias portuguesas e 
pela comercialização do produto na Europa. Além disso, companhias privadas 
auxiliavam luso-brasileiros na instalação de engenhos de açúcar na colônia 
portuguesa na América e participavam do transporte de africanos escravizados 
para o território português.
Essa situação perdurou até 1580, e, durante o período da União Ibérica, a 
coroa espanhola dificultou as operações holandesas de refino e comercialização, 
bloqueando os portos portugueses aos holandeses. A Espanha e a Holanda 
eram rivais em assuntos comerciais, diplomáticos e políticos.
A Companhia das Índias Ocidentais formou-se em 1621 a partir da associação dos 
governos dos Países Baixos e de particulares para garantir e ampliar os negócios 
na América e na África, principalmente de açúcar. Contudo, interferiu também no 
tráfico negreiro. Além disso, recebeu o monopólio do comércio e navegação sob 
o controle ibérico. Em alguns momentos, desenvolveu atividades de colonização, 
como as tentativas de invasão do território da América portuguesa (VAINFAS, 2000).
A formação do sistema colonial10
A primeira tentativa de invasão da América portuguesa pelos holandeses 
ocorreu na capitania da Bahia, na cidade de Salvador, capital da colônia, 
entre os anos de 1624 e 1625, mas foram derrotados e expulsos. “Escolheu-
-se a Bahia porque, além da produção açucareira, era ponto estratégico para 
atacar as frotas espanholas de prata, a carreira portuguesa da Índia e para a 
conquista de outras partes da América e da África” (VAINFAS, 2000, p. 314).
A segunda tentativa pela Companhia das Índias Ocidentais ocorreu na ca-
pitania de Pernambuco, entre 1630 e 1637. Durante esse período, os holandeses 
enfrentaram a resistência dos pernambucanos, mas também contaram com o 
apoio de parte da população, como de Domingos Calabar. Os conflitos levaram à 
paralisação da atividade açucareira, e, para resolver a situação, foi enviado à ca-
pitania de Pernambuco João Maurício de Nassau-Siegen, que assumiu o governo. 
Durante seu governo (1637–1644), Maurício de Nassau financiou a recuperação 
das lavouras e a reconstrução dos engenhos, retomando as atividades comerciais, 
além de promover a liberdade religiosa e melhorias de infraestrutura. O governo 
de Nassau foi abalado pela conjuntura europeia com o fim da União Ibérica e as 
consequências para a Holanda da Guerra dos Trinta Anos (1618–1648), com a 
exigência da Companhia Holandesa da cobrança de impostos, aumento da taxa 
de juros e do preço dos escravizados. Como Nassau não aceitou essas medidas 
econômicas, foi exonerado do cargo e regressou à Europa em 1644. Para os 
proprietários e produtores pernambucanos, houve consideráveis prejuízos em 
função das novas medidas econômicas, o que fez com que passassem a apoiar 
o movimento conhecido como Insurreição Pernambucana (1645–1654), cujos 
líderes eram João Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e 
Henrique Dias. Em 1649, o governo português passou a apoiar o movimento e 
em 1654 os holandeses foram derrotados (VAINFAS, 2000).
Assim, podemos dividir o período da história holandesa no Brasil em três 
momentos distintos: um primeiro momento, entre 1630 e 1637, caracterizado 
pela conquista de territórios pelos holandeses e desestabilização econômica, 
com resistência das forças luso-brasileiras. Um segundo momento, entre 1637 
e 1645, de trégua e paz precárias, em que o governo de Nassau enfrentava 
ataques organizados por senhores refugiados na capitania da Bahia. Nesse 
segundo período, também houve um aumento das conquistas holandesas, 
tanto na América, alcançando Sergipe, quando em África, com a conquista 
de Luanda e São Tomé. De acordo com Vainfas (2000, p. 316), esse período 
possuiu as seguintes características:
11A formação do sistema colonial
Engenheiros, naturalistas, matemáticos e artistas, sob o mecenato de Nassau, 
investigaram a natureza e transformavam a paisagem nordestina. Recife tornou-
-se uma das cidades mais importantes da América, com modernas pontes e 
prédios. Além do incentivo à arte, o governo nassoviano promulgou leis que eram 
iguais para todos, impedindo injustiças contra os antigos habitantes. Ele investiu 
na produção açucareira, confiscou e levou a leilão os engenhos abandonados. 
Conclamou os luso-brasileiros a voltarem para os canaviais, prometendo-lhes 
liberdade. Mas o principal problema de Nassau residia no conturbado convívio 
entre calvinistas, católicos e judeus, sem falar nos cristãos-novos portugueses. Ao 
longo do tempo, tornaram-se claras as divergências entre Nassau e a Companhia 
das Índias Ocidentais. Incentivado pela Companhia, moveu o malogrado assalto 
à Bahia, em 1638. A administração da Companhia, contudo, culpou Nassau 
pelo fracasso e a retirada das tropas do Maranhão.
O terceiro período corresponderia aos anos de 1645 a 1654, logo após 
Nassau entregar o governo ao Conselho de Recife, regressar à Holanda e ser 
deflagrada a guerra de restauração e a derrota dos holandeses. 
De todo modo, o ânimo da resistência se ativou com a reconquista do Mara-
nhão, em 1643, e a insurreição de 1645 tomou corpo com o endividamento 
dos plantadores de cana. O declínio dos preços do açúcar foi, assim, grande 
catalisador da crise do Brasil holandês. A Restauração Pernambucana ocorreu 
graças à aliança dos luso-brasileiros, dos moradores de Pernambuco e dos 
exilados na Bahia, todos unidos contra os holandeses na fase derradeira da 
guerra (VAINFAS, 2000, p. 316).
ARRUDA, J. J. A. Superlucros: a prova empírica do exclusivo colonial. Topoi (Rio de 
Janeiro), v. 15, n. 29, p. 706–718, 2014.
FRAGOSO, J. Modelos explicativos da chamada economia colonial e a ideia de Monarquia 
Pluricontinental: notas de um ensaio. História (São Paulo), v. 31, n. 2, p. 106–145, 2012.
FRAGOSO, J.; FLORENTINO, M. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade 
agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia: Rio de Janeiro, c.1790– c.1840. 
4. ed. Rio de Janeiro: CivilizaçãoBrasileira, 2001.
NOVAIS, F. A. Colonização e sistema colonial: discussão de conceitos e perspectiva 
histórica. In: SIMPÓSIO NACIONAL DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE HISTÓRIA, 
4., Anais [...]. São Paulo, 1969. p. 243–269. 
RICUPERO, R. O estabelecimento do exclusivo comercial metropolitano e a conformação 
do antigo sistema colonial no Brasil. História (São Paulo), v. 35, e 100, 2016.
A formação do sistema colonial12
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
SOUZA, J. P A. Entre o sentido da colonização e o arcaísmo como projeto: a superação 
de um dilema através do conceito de capital escravista-mercantil. Estudos Econômicos 
(São Paulo), v. 38, n. 1, p. 173–203, 2008.
SOUZA, L. M. O nome do Brasil. Revista de História, n. 145, p. 61–86, 2001.
VAINFAS, R. Dicionário do Brasil colonial, 1500-1808. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
Leituras recomendadas
KNAUSS, P. No rascunho do Novo Mundo: os espaços e os personagens da França 
Antártica. História (São Paulo), v. 27, n. 1, p. 143–153, 2008.
PALAZZO, C. L. Entre mitos, utopias e razão: os olhares franceses sobre o Brasil (séculos 
XVI a XVIII). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.
SCHWARCZ, L. M. Ouvir, ver, ouvir dizer: relatos franceses sobre o Brasil. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2008.
13A formação do sistema colonial
DICA DO PROFESSOR
A ocupação pelos holandeses de parte do território português, na América, não ocasionou 
somente transformações no âmbito econômico e problemas diplomáticos. A partir das atividades 
de mecenato, propostas por Nassau, diferentes artistas plásticos vieram à colônia holandesa na 
América para registrar os habitantes e as paisagens coloniais.
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer a obra de Albert Eckhout e Frans Post no governo 
de Nassau e vai poder compreender a sua importância para a documentação do cotidiano da 
América colonial.
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EXERCÍCIOS
Existe uma relação intrínseca entre as práticas mercantilistas dos Estados Modernos 
europeus e o colonialismo, tendo sido as possessões fora da Europa as maiores fontes 
de riqueza dos países ibéricos, por exemplo. O historiador Fernando Novais se refere 
a esse processo como “Antigo Sistema Colonial”, e, no trecho a seguir, explicita um 
dos mecanismos de seu funcionamento.
 
“É no regime do comércio entre metrópoles e colônias que se situa o elemento 
essencial desse mecanismo. Reservando-se a exclusividade do comércio com o 
Ultramar, as metrópoles europeias na realidade organizaram um quadro 
institucional de relações tendentes a promover necessariamente um estímulo à 
acumulação primitiva de capital na economia metropolitana a expensas das 
economias periféricas coloniais. O chamado ‘monopólio colonial’ ou, mais 
corretamente e usando um termo da própria época, o regime do ‘exclusivo’ 
metropolitano constituía-se pois no mecanismo por excelência do sistema, através do 
qual se processava o ajustamento da expansão colonizadora aos processos da 
economia e da sociedade europeia em transição para o capitalismo integral.”
 
1) 
Esse viés interpretativo passou a ser questionado por uma historiografia 
contemporânea porque:
A) ignorava dinâmicas econômicas internas na colônia e estabelecia uma relação de 
hierarquia e dependência que, muitas vezes, não se verificou.
B) apregoava que a escravização dos indígenas e dos africanos não impactou a economia 
colonial de produção de açúcar.
C) defendia que o capitalismo já estava em vigor desde meados da Idade Média, e não se 
relacionava com o colonialismo.
D) afirmava que os navios que realizavam o transporte de mercadorias pertenciam a outras 
nações que não Brasil e Portugal.
E) considerava que o colonialismo era uma prática cultural e não atingia os aspectos 
econômicos das relações entre os territórios do Império Português.
Durante muito tempo, consolidou-se, na historiografia, uma versão de que o 
território português na América permanecera abandonado durante três décadas. 
Contudo, novas produções têm relativizado a intepretação do abandono, chamando a 
atenção para outros aspectos das navegações portuguesas realizadas no início do 
século XVI, além dos interesses da colônia. Sobre essas questões, são feitas as 
seguintes afirmativas:
 
I – A atividade colonizadora do território americano não foi imediata, pois Portugal 
interessava-se mais na carreira das Índias e nos lucros dela advindos.
II – Durante esse período de “abandono”, diversas expedições de reconhecimento e 
de proteção do território foram enviadas à América.
III – Portugal, França e Holanda foram parceiras no processo de colonização do 
2) 
território americano, dividindo igualitariamente entre si o território a ser explorado e 
povoado.
 
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e II.
D) Apenas I e III.
E) Apenas II e III.
3) André Thevet foi um dos cronistas responsáveis por registrar a chegada dos franceses 
em território americano. É a partir de seus relatos e de outros que se tem 
informações sobre a colônia francesa em território americano português, chamada de 
França Antártica.
Leia este trecho de sua obra “As singularidades da França Antártica”, escrita em 
1556:
“Depois de permanecermos ali pelo espaço de dois meses, durante os quais 
procedemos ao exame de todas as ilhas e sítios da terra firme, batizou-se toda a 
região circunvizinha, que fora por nós descoberta, de França Antártica. Em seguida, 
o senhor de Villegagnon, para se garantir contra possíveis ataques de selvagens, que 
se ofendiam com extrema facilidade e também contra os portugueses, se estes alguma 
vez quisessem aparecer por ali, fortificou o lugar da melhor maneira que pode.”
A partir do relato de Thevet sobre os indígenas ocupantes do território do Rio de 
Janeiro, é correto afirmar que o olhar francês sobre os nativos é marcado pelo:
A) socialismo. 
B) capitalismo.
C) comunitarismo.
D) etnocentrismo.
E) belicismo.
4) Os holandeses ocuparam parte do território português na América, fundaram uma 
colônia e permaneceram na capitania de Pernambuco entre 1630 e 1654. Sobre a 
invasão e a colonização holandesa, são feitas as seguintes afirmativas. Assinale V para 
as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) A exploração do território português na América pelos holandeses relaciona-se a 
dois eventos ocorridos no continente europeu: a União Ibérica e a guerra de 
independência dos Países Baixos.
( ) O principal motivo que levou aos holandeses a se dedicarem à colonização da 
América não era de cunho econômico, mas sim religioso, a fim de angariar mais fiéis 
para o calvinismo.
( ) Os holandeses entraram em conflito com os senhores de engenho luso-brasileiros 
porque eram contrários à utilização de mão de obra escrava indígena e africana. Os 
protestantes defendiam o trabalho assalariado.
( ) Maurício de Nassau foi responsável pela reorganização da economia açucareira 
em Pernambuco, financiando as plantações e a instalação de engenhos e aprimorando 
as cidades e a vida cultural.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses é:
A) F – F – V – V.
B) F – F – F – V.
C) V – V – F – V.
D) V – F – F – V.
E) V – F – V – V.
5) A invasão holandesa do território português na América e sua colonização não 
podem ser entendidas sem levar em consideração a história e a atuação da 
Companhia das Índias Ocidentais.
A seguir, leia o trecho que faz referência a esse órgão:
A Companhia das Índias Ocidentais foi criada como forma de __________ os 
interesses holandeses no mercado de _______________, que foi afetado apósa 
________________. Em um primeiro momento, Nassau pode ser considerado como 
um _____________ dos interesses da Companhia no território americano.
A alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto é:
A) impedir – açúcar e escravos – União Ibérica – defensor.
B) impedir – açúcar e ouro – União Ibérica – opositor.
C) resguardar – açúcar e ouro – União Ibérica – opositor.
D) resguardar – açúcar e ouro – União Ibérica – defensor.
E) resguardar – açúcar e escravos – União Ibérica – defensor.
NA PRÁTICA
Trabalhar conceitos de imaginário e representação com alunos de diferentes níveis de ensino é 
uma excelente escolha para problematizar a construção de identidades e preconceitos ao longo 
da história. Utilizando-se os relatos de viajantes franceses que acompanharam o processo de 
conquista e a tentativa de colonização do território português na América, pode-se perceber os 
termos que eram utilizados para descrever os indígenas. 
Um exemplo para ser exercitado em sala de aula é uma atividade que questione os alunos quanto 
à construção de imagens e estereótipos sobre o "outro" a partir de fontes primárias do século 
XVI e imagens contemporâneas.
Acompanhe, Na Prática, como trabalhar com esse material em uma turma do Ensino Médio, em 
uma proposta educativa que colabora para uma educação antirracista e voltada para a educação 
das relações étnico-raciais.
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
A invenção capuchinha do selvagem na época moderna
Neste artigo, você verá como os frades capuchinhos franceses, que acompanharam as 
expedições à América, foram responsáveis, com seus relatos, por construir a ideia do indígena 
"selvagem" na Europa Moderna. Boa leitura.
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O estabelecimento do exclusivo comercial metropolitano e a conformação do antigo 
sistema colonial no Brasil
Neste artigo, confira o processo que levou ao estabelecimento de diferentes monopólios 
comerciais entre Portugal e sua colônia na América, e os debates historiográficos sobre a 
economia colonial.
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Guerras luso-holandesas na Capitania da Paraíba (1631-1634): um estudo documental e 
historiográfico
Nesta tese, você vai acompanhar uma análise documental sobre a primeira fase das conquistas 
holandesas no nordeste da América portuguesa, que corresponderia ao território da Capitania da 
Paraíba.
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Escravidão e capitalismo – notas de leitura do modelo Sistema Colonial nos anos 1970
A seguir, leia uma síntese sobre os principais debates que envolvem a economia colonial, as 
vantagens e as desvantagens analíticas de cada uma das propostas.
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