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Consolidação alveolar: Processo patológico que preenche os alvéolos com líquido, pus, sangue, células ou outras substâncias, resultando em opacidades lobares, difusas ou multifocais. Assim, é caracterizado como uma opacidade homogênea, sendo possível visualizar o sinal do broncograma aéreo, que esconde a trama vascular. Quando é possível visualizar os vasos por trás dessa opacidade, chamamos de vidro fosco. Na prática esses dois sinais radiológicos de doença alveolar se diferenciam da seguinte forma: Vidro fosco é um preenchimento alveolar mais brando e a consolidação é um comprometimento alveolar mais extenso, sendo um maior dano inflamatório ao alvéolos em relação ao vidro fosco. Assim, pode-se dizer que a imagem de vidro fosco precede a consolidação alveolar, ou seja, se não parar a inflamação, terá a evolução para consolidação. Intersticial: Envolvimento do tecido de suporte do parênquima pulmonar, que na maioria das vezes se apresenta em opacidades reticulares. Nódulos ou massas: Algumas doenças infecciosas podem ser apresentar com esses aspectos, sendo o nódulo com tamanho de até 3 cm e massa com tamanho a partir de 3 cm. INFECÇÃO PULMONARES AGUDAS IMAGEM I Maria Eduarda Marchi - 2025.1 AVALIAÇÃO DO PADRÃO RADIOLÓGICO CONSOLIDAÇÃO ALVEOLAR A consolidação é um sinal de doença alveolar, é o resultado da substituição do ar nos alvéolos por transudato (extravasamento de líquido para dentro dos alvéolos, como no caso de pacientes com insuficiência cardíaca e insuficiência renal crônica), pus, sangue (hemorragia alveolar que pode ser por trauma ou vasculite), células neoplásicas (padrão pneumônico) ou outras substâncias. A pneumonia lobar possui um prognóstico mais favorável do que a broncopneumonia. Pneumonia lobar - Histologia: Preenchimento alveolar por exsudato composto de edema e neutrófilos polimorfonucleares, com pouco ou nenhum dano tecidual. Início na periferia do pulmão junto à pleura visceral; disseminação pelos poros de Kohn e canais de Lambert (comunicações intra acinares), ou seja, a comunicação é entre os próprios sacos alveolares, ela vai se propagando (por contiguidade) de alvéolo para alvéolo, ao passo que não ganha a árvore respiratória, por isso essa pneumonia compromete somente um lobo. A pneumonia é a causa mais comum de consolidação. Mas consolidação alveolar não é igual a pneumonia. − No RX se apresenta da seguinte forma: a. Opacidade homogênea obscurecendo a trama vascular; b. Sinal da silhueta; c. Broncograma aéreo; d. Extensão à superfície pleural (fissura), sem atravessá-la; e. Ausência de perda de volume Diferente da broncopneumonia, em que a inflamação é peribronquiolar e acomete a via canicular e se dissemina pela via respiratória, comprometendo mais de um lobo pulmonar. A condensação alveolar lobar é +/- homogênea. E a broncopneumonia é heterogênea. Na imagem acima nota-se a evolução do paciente com o uso de antibiótico. E mesmo após 1 semana de antibioticoterapia, apesar do paciente apresentar melhora clínica e laboratorial, a imagem permanece com o padrão de consolidação alveolar, devido a chamada dissociação clínico-radiológica (o paciente está totalmente assintomático e a imagem ainda permanece como a de pneumonia. E serve também para o oposto), ou seja, a imagem leva um determinado tempo para voltar à normalidade. Pneumonia (PNM) em lobo superior direito (LSD) por S. pneumoniae. Em vermelho: fissura horizontal delimitando a PNM. Seta indicando o sinal do broncograma aéreo. Em vermelho: fissura oblíqua. 1 SEMANA 5 SEMANAS USO DE ATB Em suspeita clínica de pneumonia, deve-se olhar a região retrocardíaca, uma vez que essa região deve ter a mesma opacidade. E em perfil, o normal do campo pulmonar inferior é uma hipotransparência maior. E na imagem acima, é possível visualizar uma área de consolidação e o sinal do broncograma aéreo. Pneumonia (PNM) em lobo inferior esquerdo (LIE) Pneumonia (PNM) em lobo superior esquerdo (LSE) com sinal da silhueta A imagem acima apresenta o sinal da silhueta, que na perda do contorno ventricular. Nesse caso, consiste na perda do contorno do ventrículo esquerdo e para isso acontecer tem que ter um consolidação do lado do VE, ao passo que essa consolidação está em “contato” com a cúpula frênica, que não consiste em um contato anatômico verdadeiro, já que não há apagamento do contorno do diafragma. Se não tem sinal da silhueta com o diafragma, a doença não está na base pulmonar, ou seja, não é pneumonia de lobo inferior. E como a imagem mostra o sinal da silhueta no VE, indica que a doença está na língula, que faz parte do LSE, desse modo, pode-se afirmar que essa pneumonia é de LSE. No plano sagital vemos a delimitação da fissura obliqua e no axial o broncograma aéreo. Broncopneumonia - Histologia: Inflamação peribronquiolar com edema menos abundante e maior dano tecidual comparativamente à PNM lobar. Consolidações alveolares multifocais e bilaterais +/- morfologia nodular (acinar). Pode ter sinais de bronquiolite: Nódulos centrolobulares, por vezes ramificados, configurando imagem de “árvore em brotamento”. Disseminação pela via aérea, comprometendo mais de um lobo pulmonar (multifocal). Perda do contorno do ventrículo direito (VD): Pneumonia de lobo médio. Perda de contorno do diafragma direito: Pneumonia de lobo inferior direito. Perda de contorno de ventrículo esquerdo (VE): Pneumonia de lobo superior esquerdo. Perda de contorno do diafragma esquerdo: Pneumonia de lobo inferior esquerdo. TC: Pneumonia (PNM) em lobo superior esquerdo (LSE) com sinal da silhueta. Broncopneumonia: Legionella Paciente 61 anos + DM + HAS + dispneia + febre alta + tosse Doença em LSD e lobo esquerdo é padrão de broncopneumonia. Consolidação heterogênea associada a vidro fosco. Consolidação com padrão acinar com vidro fosco. O abscesso pulmonar é uma coleção circunscrita de pus que ocasiona a formação de uma cavitação, geralmente com nível hidroaéreo. E esse nível hidroaéreo se dá devido a lesão causada na parede da via respiratória (em decorrência do abscesso), fazendo com que haja comunicação entre o parênquima pulmonar e a via respiratória, permitindo a entrada de ar do brônquio para dentro da lesão. Homem 63 anos: Febre + dispneia 1 semana de uso de ATB Padrão de cavitação + Nível hidroaéreo - Típico de abscesso Diminuição no tamanho do abscesso e aumento do conteúdo líquido. Sinal clínico de abscesso pulmonar - vômica (eliminação de pus, por meio da tosse, proveniente dos pulmões). A pneumatocele é uma alteração cicatricial que acontece após a cura do processo infeccioso pulmonar, e essa alteração acontece ao redor do bronquíolo terminal, fazendo com que haja uma retenção do ar. E por via de regra essa pneumatocele deve desaparecer com o tempo. Caso essa alteração permaneça com o tempo não é pneumatocele e sim uma cavitação cicatricial. Continuação das imagem acima - 1 mês após ATB terapia Abscesso 1 semana 1 mês Nível hidroaéreo Na TC o contraste capta a cápsula inflamatória do abscesso. Cápsula: Sombra/ imagem em cinza A diferença entre a consolidação cavitada (pneumonia necrotizante) e o abscesso é a presençade nível hidroaéreo. Na consolidação cavitada não há presença de nível hidroaéreo, pois não houve comunicação do brônquio com a via respiratória, apesar de haver necrose do parênquima. CONSOLIDAÇÃO CAVITADA ABSCESSO Abscesso: Nível hidroaéreo, conteúdo liquido (pus) e realce periférico pelo contraste). Mulher 37 anos. Dispneia + febre há 3 dias Padrão de broncopneumonia - acometimento de mais de um lobo pulmonar. + 1 dia Paciente 50 anos + HAS crônica + ICC + dispneia súbita A imagem demonstra um padrão de broncopneumia. No entanto, esse paciente não apresenta febre, portanto, não é de curso infeccioso. Lembrar que consolidação alveolar não é sinônimo de infecção, tem outras causas sem ser infecciosas. O paciente possui síndrome respiratória aguda não infecciosa, sendo um quadro clínico radiológico típico de edema alveolar, que também se apresenta com consolidação alveolar Tosse crônica com muco sem resposta ATB Adenocarcinoma - “carcinoma broncoalveolar” 1. Pneumonia lobar 2. Hemorragia pulmonar 3. Pneumonia em organização 4. Infarto 5. Edema alveolar 6. Sarcoidose PADRÃO INTERSTICIAL O padrão intersticial consiste no envolvimento do tecido de suporte do parênquima pulmonar. Os acometimentos podem ser: reticular, reticulonodular e micronodular. O padrão reticular agudo tem como causa mais frequente o edema intersticial por IC. Causas de pneumonia intersticial com padrão reticular: 1. Pneumonia viral (mais comum na faixa etária pediátrica) 2. Pneumocistose (Pneumocystis jirovecii) – HIV + imunossuprimidos e AIDS 3. Mycoplasma pneumoniae Padrão reticular grosseiro ou reticulonodular Pneumocistose - manifestação inicial SIDA. Bronquiolites infecciosas Consiste na inflamação dos bronquíolos, estando mais frequentemente ligado a causas infecciosas virais, principalmente em crianças. No adulto, também é causado por vírus, mas também pode ser causado pelo Mycoplasma e outras bactérias (micobactérias TB e NTB). Em imunossuprimidos pode ser causado por vírus e agentes atípicos, como Aspergillus sp., CMV, vírus sincicial respiratório, Pseudomonas aeruginosa. Padrão reticular fino PNM viral TB miliar +++ Histoplasmose Mtx Bronquiolites +++ Mtx arteríola centrolobular Sarcoidose Linfangite carcinomatosa Silicose O comprometimento dos bronquíolos cursam com micronódulos, que acontece no centro do lobo pulmonar secundário, ou seja, essa doença não toca a superfície pleural. Esse micronódulo pode acontecer isoladamente ou pode se dicotomizar pela via área mais distal, fazendo a imagem de árvore em brotamento (no RX pode aparecer como um cacho de uva, V, Y ou X). Além disso, ele pode ser muito denso (tuberculose, devido ao caseo) ou em vidro fosco (quando a bronquiolite é viral). IMAGEM = TCAR ou multislice • Nódulos centrolobulares; • Árvore em brotamento; • Espessamento das paredes brônquicas; • Distribuição desigual pelo parênquima pulmonar (um lobo fica mais comprometido do que o outro, diferenciando da TB miliar que o comprometimento é generalizado e difuso), raramente difuso; • Diagnostico diferencial com Histoplasmose. Paciente com TB de reativação: Micronódulos associados a cavitação em lobo superior. Quando o paciente tem TB de reativação com padrão tomográfico de bronquiolite significa que é muito bacilífero. Padrão micronodular difuso - até que se prove ao contrário é TB miliar. Diagnóstico diferencial: Histoplasmose. No entanto, na TC é possível visualizar vários micronódulos difusos que não tocam a superfície pleural. Portanto, trata-se de uma panbronquiolite, não de TB miliar. INFECÇÕES COM PADRÃO RADIOLÓGICO TÍPICO EM CONTEXTO CLÍNICO APROPRIADO Achados típicos: Vidro fosco multifocal e bilateral, predominantemente periférico, com maior comprometimento das bases pulmonares. Pavimentação em mosaico - vidro fosco + reticulação no interior. Lobo médio Língula Bronquiolite e bronquiectasias no lobo médio e língula. Infecção crônica pelo complexo Mycobacterium avium (MAC) Síndrome de “Lady Windermere”. Masc. 57 anos, dispneia há 6 dias, tosse seca, anosmia e disgeusia Vidro fosco + síndrome gripal - Covid 19 Comprometimento leve < 25% do parênquima Pavimentação em mosaico Corona vírus disease 2019 (COVID 19) - Sinônimo: SARS-CoV-2 Clínica: Febre (85%), tosse (70%) e dispneia (43%). Achados de imagem na TC (típico): VF (multifocal e bilateral, predominância periférica, regiões posteriores e lobos inferiores), pavimentação em mosaico (espessamento septal associado ao VF) e consolidações alveolares. Achados atípicos: derrame pleural, linfonodomegalia, nódulos pulmonares e cavitação. Escala de gravidade por TC: Leve (< 25% do parênquima), moderado (entre 25 e 50% do parênquima) e grave (> 50% do parênquima). áreas de consolidação Quadro radiológico típico de COVID-19 Comprometimento > 50% do parênquima Febre alta (40ºC) e dor torácica Achados: nódulos cavitados com e sem nível hidroaéreo, de distribuição periférica, comprometendo mais o terço superior. Embolia séptica 77 HIV+, interrupção recente TARV, dispneia e tosse seca há 7 dias Vidro fosco predominante no terço médio, nas regiões Peri hilares. Sinal patognomônico de pneumocistose. HIV+, interrupção recente TARV, dispneia e tosse seca há 7 dias Padrão mais difuso, comprometimento central e periférico Nesse clínica apresentada deve-se pensar sempre pneumocistose. E diante de um raio x que não está típico do padrão asa de borboleta, pede uma TC. TC: Muito vidro fosco, distribuição central Pneumocistose - Pneumocystis jirovecii - HIV + com CD4 < 200 Imagem típica: opacidades em “vidro fosco” predominando nas regiões peri-hilares (infiltrado em “asa de borboleta”), cistos com predominância pelos lobos superiores. Derrame pleural e linfonodomegalias são raros. Vidro fosco + cistos pulmonares Homem, 17 anos, LLA, com dispneia e febre de início há 5 dias Presença de diversos nódulos densos e vidro fosco ao redor. Sinal do halo: aspergilose angioinvasiva. Aspergilose angioinvasiva - Acomete pacientes com imunodepressão severa: uso prolongado de corticoide/ imunossupressores, neutropenia (CAN < 500/Ul - VN > 1000/uL), doença enxerto vs hospedeiro após transplante alogênico de medula óssea, SIDA em estágio final. Imagem: Nódulo com halo em <<vidro fosco>>, consolidações alveolares e opacidades em VF periféricas (hemorragia). Masc., 22 anos, LLA em tratamento com quimioterapia, febre e dispneia Nódulo com halo em VF - sinal do halo. Aspergilose angioinvasiva Sabe que o paciente é pediátrico pela presença de linha de fise (cartilagem de crescimento). Consolidação arredondada abaulando a fissura horizontal: PNM redonda - Klebsiella pneumoniae.
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