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Lombalgias: Causas e Tratamentos

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Lombalgias
A dor lombar ou lombalgia é um problema comum que afeta quase 70% das pessoas pelo menos uma vez na vida e constitui a principal causa de ausência no trabalho no Brasil. Afeta igualmente homens e mulheres, com manifestação mais frequentemente na faixa etária entre 30 e 50 anos de idade. 
Uma grande variedade de situações clinico-patológicas está relacionada com o desenvolvimento de lombalgia ou lombociatalgia. A maioria dos casos é benigna e autolimitada. 
Os fatores de risco incluem levantar pesos, fumo, obesidade e sintomas depressivos. No entanto, a lombalgia é comum mesmo em pessoas que não se expõem a esses fatores de risco. 
Embora a dor lombar aguda apresente resolução em um período que varia entre 3 e 6 semanas na maioria dos casos, as recorrências são comuns.
É preciso ressaltar que, apesar do bom prognostico da maioria dos casos, as doenças de coluna lombar constituem a causa mais comum de invalidez relacionada a problemas musculoesqueléticos. 
EPIDEMIOLOGIA 
A dor lombar baixa (DLB) é a segunda doença mais frequente da humanidade, atras apenas do resfriado comum. É mais relatada em países desenvolvidos e em adultos na fase produtiva. 
Cerca de metade dos episódios agudos de DLB melhoram em 1 semana. Após 8 semanas, cerca de 90% dos casos evoluem para a cura, apesar da alta taxa de recidiva. 
Entre os fatores de risco para a cronicidade, fatores clínicos, psicológicos e ocupacionais têm um papel importante. Do ponto de vista ocupacional, trabalhos que envolvem levantamento de peso superior à capacidade física do operário ou trabalhos executados em posições especiais favorecem o desenvolvimento de DLB. Quanto ao aspecto psicológico, histeria, neurose e quadros conversivos são causas frequentes de DLB, enquanto a depressão é uma complicação frequente das lombalgias crônicas. Entre fatores clínicos, fumo e obesidade também estão relacionados com maior risco para desenvolvimento de DLB.
CLASSIFICAÇÃO 
A classificação das lombalgias é definida com critérios de combinações baseados nas sintomatologias do paciente e nos exames complementares. Dessa maneira, podem ser categorizadas com certo grau de especificidade no prognóstico. Assim, apresentando-se de três formas: 
· Dor na coluna lombar;
· Dor no quadril;
· Dor combinada. 
A dor lombar tem como causas intrínsecas as condições: congênitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, tumorais e mecânicos-posturais. Esta, também denominada lombalgia inespecífica, representa, no entanto, grande parte das algias de coluna referidas pela população. E as causas extrínsecas, geralmente ocorrendo um desequilíbrio entre a carga funcional, que seria o esforço requerido para atividades do trabalho e da vida diária, e a capacidade funcional, que é o potencial de execução para essas atividades. 
DURAÇÃO 
	AGUDA
	Duração inferior a 3 meses
	CRÔNICA
	Duração superior a 3 meses 
	RECORRENTE
	Duração inferior a 3 meses, mas que recorre após um período sem dor que limita a função ou atividade 
ETIOLOGIA 
	MECÂNICA
	NÃO IRRADIADA
	IRRADIADA: CIATALGIA
	Distensão ou tensão: dor difusa e possível irradiação para glúteos 
Degeneração do disco com ou sem osteófitos: dor lombar localizada
	Hernia de disco – local mais acometido é entre L4 e S1: dor na perna, lombar, abaixo do joelho
Compressão por fratura decorrente de osteoporose: coluna dolorida; comum história de trauma 
Estenose da medula espinhal: sintomas frequentemente bilaterais; piora da dor quando caminha em descida; a dor melhora quando está sentado 
Espondilolistese (deslizamento do corpo vertebral): dor piora na atividade e melhora ao repouso
	NÃO MECÂNICA
	NEOPLASIA
	ARTRITES
	INFECÇÃO
	Dor localizada; perda de peso 
Metástases (mama, mieloma múltiplo, rim, pulmão, próstata, tireoide e reto)
	Rigidez matinal; melhora com atividade
Osteoartrose, artrite reumatoide, espondiloartropatias – espondilite anquilosante, artrite reativa, espondilite psoriáticas, etc
	Dor localizada
Tuberculoso vertebral – Mal de Pott, osteomielite, discite, artrite séptica
	REFERIDA
	ÓRGÃOS PÉLVICOS, RETROPERITONEAIS E EPIGÁSTRICOS
Prostatite, doença inflamatória pélvica, endometriose, pancreatite, ulcera duodenal
Companha sintomas em região de abdome 
	VIAS URINARIAS
Pielonefrite, nefrolitíse
Geralmente, acompanha sintomas abdominais; exame de urina alterado
	ANEURISMA DE AORTA
Dor epigástrica; massa abdominal pulsátil 
	SISTEMA GASTRINTESTINAL
Dor epigástrica; náusea e vomito 
	HERPES-ZÓSTER
Unilateral; respeita dermátomo; acompanha rash (erupções cutâneas vermelhas)
Lombociatalgia
A lombalgia é definida como dor e desconforto localizados entre a margem costal e a prega glútea inferior, com ou sem dor na perna. Em 60% dos casos pode haver dor irradiada para o membro inferior, e esse quadro é chamado de lombociatalgia, que pode ser de origem radicular (exemplo: compressão por hérnia de disco) ou referida (exemplo: dor miofascial).
ETIOLOGIA 
As principais etiologias da lombociatalgia são:
1. PROTRUSÃO DISCAL 
Cerca de 90% dos casos de ciatalgia lombar estão relacionados a um processo inflamatório sobre a raiz nervosa causada pela reação inflamatória consequente a aumento de pressão intradiscal e protrusão do disco intervertebral no interior do canal vertebral.
2. HÉRNIA DE DISCO 
Condição em que além do processo inflamatório sobre a raiz nervosa há uma compressão mecânica dessa raiz pelo disco intervertebral, com prevalência de 5%. Tal condição tem maior incidência entre a terceira e quarta décadas de vida. Isso, pois nessa fase da vida o processo degenerativo do disco intervertebral encontra-se em um momento em que ainda há pressão no interior do núcleo pulposo, porém o ânulo fibroso já apresenta redução de sua capacidade de resistir a essa pressão interna. Com isso ocorrem rupturas no ânulo fibroso e consequente compressão de uma raiz nervosa no interior do canal vertebral ou no forâmen intervertebral.
3. ESTENOSE DE CANAL VERTEBRAL 
Condição que pode ser congênita, na minoria dos casos e degenerativa, na maioria, em que o diâmetro do canal vertebral está entre 10 e 12mm secundário ao espessamento ósseo das lâminas e facetas articulares, hipertrofia do ligamento amarelo, ossificação do ligamento longitudinal posterior e hiperlordose. Tal condição está relacionada à compressão nervosa mecânica e também a insuficiência vascular e isquemia relativa. 
4. SÍNDROME PÓS-LAMINECTOMIA 
Cerca de 10 a 40% dos pacientes que são submetidos a cirurgia de coluna lombar para alívio de dor, independente da técnica cirúrgica utilizada, evoluem com dor crônica neuropática no membro inferior que é responsável por perda da QV. Tal condição tem etiologia multifatorial e está relacionada a eventos pré, intra e pós-operatórios. 
5. SÍNDROME DO PIRIFORME 
Cerca de 6% dos casos de ciatalgia lombar podem ser relacionados à síndrome do piriforme. Tal condição está relacionada à compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme ou mesmo pelo tendão desse músculo no assoalho pélvico. Isso ocorre quando há hipertrofia, inflamação ou variação anatômica do músculo
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MARTINS, Milton de Arruda; CARRILHO, Flair José; ALVES, Venâncio Avancini Ferreira; CASTILHO, Euclides Ayres de; CERRI, Giovanni Guido. Clínica Médica: Doenças Endócrinas e Metabólicas, Doenças Osteometabólicas; Doenças Reumatológicas. v.5 [S.l: s.n.], 2016.
PIRES, Renata Alice Miateli; DUMAS, Flávia Ladeira Ventura. Lombalgia: revisão de conceitos e métodos de tratamentos. 
MEDICINANET. Lombalgia aguda e crônica. Disponível em: https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5314/lombalgia_aguda_e_cronica.htm. Acesso em: 17 de outubro de 2021. 
STUMP, Patrick Raymond Nicolas André Ghislain; KOBAYASHI, Ricardo; CAMPOS, Alexandre Walter de. Lombociatalgia. Revista Dor, v. 17, p. 63-66, 2016.

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