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LESÃO MUSCULAR Lara Caroline Pereira Nathalia Rodrigues Definição • Órgão formado por fibras que possuem a capacidade de se contrair e se alongar. • As fibras musculares, por sua vez, são controladas pelo sistema nervoso, que se encarregam de receber a informação e respondê-la realizando a ação solicitada. Principais Funções: 1. Produção dos movimentos corporais, 2. Estabilização das posições corporais, 3. Regulação do volume dos órgãos, 4. Movimento de substâncias dentro do corpo, 5. Produção de calor. Músculo Liso 01 É constituído por células mononucleadas e alongadas e apresenta movimentos involuntários Estriado Cardíaco 02 É encontrado somente no coração, formando o miocárdio e também apresenta movimentação involuntária Estriado esquelético 03 Se fixa aos ossos, determinando os movimentos. Sua atividade é considerada voluntária, pois controlamos sua contração conscientemente. TIPOS MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO Anatomia • Este músculo é constituído de feixes de células musculares, as quais são longas, cilíndricas, multinucleadas FIBRAS MUSCULARES. • Nessas células, os núcleos ficam localizados na periferia das fibras. Assim, este tipo de músculo fica preso ao esqueleto, possuindo atividade rápida, forte, descontínua e voluntária. • As fibras musculares do músculo estriado esquelético são envolvidas por bainhas de tecido conjuntivo, que são o epimísio, perimísio e o endomísio. ** essas bainhas mantêm as fibras musculares unidas, permitindo que a força de contração gerada por cada fibra individualmente atue sobre o músculo inteiro Tipo 1 - Vermelhas ü Contração lenta ü Pouco glicogênio ü Muitas Mitocôndrias ü Muita Hemoglobina ü Resistentes a fadiga ü Músculos posturais Tipo 2– Brancas ü Contração rápida ü Menos mitocôndria ü Muito glicogênio ü Muita ATPase ü Desenvolvem força ü Músculos fásicos superficiais Tipos de Fibras Musculares Tipos de Fibras Musculares Estriado esquelético • Sua principal função é gerar força e movimento articular. • Tamanho do braço de alavanca é proporcional a força. • Músculos Uniarticulares: profundos, funções posturais, baixa velocidade de contração, boa capacidade de força • Músculos Biarticulares: superficiais, grande velocidade de contração e baixa capacidade de suportar tensão LESÃO MUSCULAR ● Ocorrem quando a UNIDADE MÚSCULO-TENDÍNEA (UMT) perde resistência, flexibilidade e/ou tolerância de suportar as forças aplicadas sobre ela ● Músculos bi articulares estão mais propensos a lesões por serem restritores de movimentos e trabalham a maior parte do tempo em contração excêntrica. LESÃO MUSCULAR Fatores de risco: q Modificáveis: - desequilíbrios musculares; - fadiga muscular; - déficit de flexibilidade q Não modificáveis: - Histórico de lesões prévias LESÃO MUSCULAR LESÃO MUSCULAR Incidência: - São as afecções mais frequentes entre os atletas de diversas modalidades e a taxa de incidência pode chegar a 39,2%; - Em um estudo de ligas europeias de futebol profissional, 95% de todas as lesões musculares ocorreram nos seguintes grupos musculares: isquiotibiais, adutores, quadríceps e panturrilha; - Entre estes, os isquiotibiais são consistentemente os mais frequentemente lesados. Elkstrand et al. demonstrou que as lesões musculares dos isquiotibiais correspondem a 37% das lesões musculares no futebol profissional e são responsáveis por 25% das ausências dos atletas nos jogos. Outros estudos indicam que 1/3 das lesões dos isquiotibiais recidivam e que muitas dessas acontecem dentro das primeiras duas semanas após retorno ao esporte; - Homens são mais propensos a ter lesões musculares em comparação com mulheres em vários esportes; CLASSIFICAÇÃO • Tipo de lesão: 1. Traumática 2. Atraumática • Estiramento 1. Grau 0 2. Grau I 3. Grau II 4. Grau III 5. Grau IV • Hérnia Muscular • Contusão Muscular (trauma direto) • Laceração Muscular Barcelona-Aspetar-Duke (MLG-R) A classificação inclui quatro categorias principais relacionadas a parâmetros com relevância clínica e prognóstica: 1. mecanismo de lesão (M), 2. Localização da lesão (L), 3. Graduação de gravidade (G), 4. Número de lesões musculares (R) Barcelona-Aspetar-Duke (MLG-R) • A categoria M significa lesões musculares diretas e indiretas. Subcategorias da categoria mecanismo (M) foram criadas para definir as lesões musculares indiretas dos isquiotibiais tipo alongamento (subíndice S) e tipo sprinting (subíndice P); • A categoria L foi subdividida em lesões localizadas no terço proximal, médio ou distal do ventre muscular, com as lesões ainda subclassificadas de acordo com a relação com a JMT; • Para a categoria G, a lesão é avaliada em ressonância magnética ponderada em T2 (a presença de um sinal hiperintenso é considerada positiva), e o consenso era que uma ressonância magnética deve ser realizada entre 24 e 48 horas após a lesão; • Uma recorrência R é definida como uma lesão do mesmo tipo e localização da lesão índice que ocorre durante os primeiros 2 meses após o retorno à competição total. Uma nova lesão é a ocorrência de uma lesão muscular que afeta o mesmo músculo e JMT da lesão inicial. Contusão ● Geralmente ocorrem em esportes de contato ● Ocasionado por um trauma direto ● Leve: menos de1/3 da mobilidade muscular ● Grave: mais de 1/3 da mobilidade Hérnia Muscular ● Ruptura da aponeurose muscular com extravasamento de massa muscular (cirúrgico) ● Mais comum nos MMII Laceração Muscular ● Ferimentos penetrantes ● Pouco comum em atletas ● Formação de cicatriz ● Pode haver denervação muscular Lesão por Estiramento O número de fibras lesionadas e a gravidade da lesão são maiores (lesão > 5% e < 50% do músculo) É o estiramento de uma pequena quantidade de fibras musculares (lesão < 5% do músculo) Esta lesão geralmente ocorre desencadeando uma ruptura completa do músculo ou de grande parte dele (lesão > 50% do músculo). Ruptura ou desinserção completa do músculo Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 1. Fase de Destruição 1. Fase de Reparação 2. Fase de Remodelação Fases da Lesão Muscular ● Caracterizada pela ruptura e posterior necrose das miofibrilas, pela formação do hematoma no espaço formado entre o músculo roto e pela proliferação de células inflamatórias ● Corresponde ao período compreendido entre o instante da produção da lesão e dura entre três a sete dias. Fase de DESTRUIÇÃO ● Consiste na fagocitose do tecido necrótico, na regeneração das miofibrilas e na produção concomitante do tecido cicatricial conectivo, assim como a neoformação vascular e crescimento neural. ● Inicia-se entre a primeira e a segunda semana e estende-se até à terceira a sexta semana após a lesão muscular. Fase de REPARAÇÃO ● Consiste no período de maturação das miofibrilas regeneradas, de contração e de reorganização do tecido cicatricial e da recuperação da capacidade funcional muscular. ● Este período inicia-se mais tarde, podendo haver significativa sobreposição com a fase anterior. Torna-se predominante à sétima semana e pode prolongar-se até três a seis meses após a lesão Fase de REMODELAÇÃO Sinais e Sintomas 1. Grau 1: A dor é localizada em um ponto específico, surge durante a contração muscular contra-resistência e pode ser ausente no repouso. O edema pode estar presente. Ocorrem danos estruturais mínimos, a hemorragia é pequena, a resolução é rápida e a limitação funcional é leve. 2. Grau 2: São encontrados os mesmos achados da lesão de primeiro grau, porém, com maior intensidade. Acompanha-se de: dor, moderada hemorragia, processo inflamatório local mais exuberante e diminuição maior da função. A resolução é mais lenta. 3. Grau 3: Há uma importante perda da função com a presença de um defeito palpável. A dor pode variar de moderada a muito intensa, provocada pela contração muscular passiva. O edema e a hemorragia são grandes. Dependendo da localização do músculo lesionado emrelação à pele adjacente, o edema, a equimose e o hematoma podem ser visíveis, localizando-se geralmente em uma posição distal à lesão devido à força da gravidade que desloca o volume de sangue produzido em decorrência da lesão. Diagnóstico O diagnóstico inicia-se com uma detalhada historia do trauma, seguido de exame físico com a inspeção (alteração de volume, hiperemia, equimoses e hematomas) e palpação (edema, temperatura) dos músculos envolvidos, teste de força muscular e avaliação da ADM. ULTRASSOM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA • Método acessível; • Alta sensibilidade; • Baixo custo; • Aspiração de hematomas • Maior sensibilidade e especificidade; • Diagnóstico de lesões associadas; • Avaliação dos 3 planos; DIAGNÓSTICO US Lesões definidas e pequenas + correlação clínica TRATAMENTO Lesões não definidas + correlação clínica Lesões extensas ou mal definidas RNM FISIOTERAPIA • O tratamento da lesão muscular deverá ter em conta as fases de cicatrização, no sentido de interferir positivamente no processo biológico. • Inicialmente os objetivos do tratamento deverão passar por minimizar o dano, diminuir a dor, controlar o edema e a hemorragia. • Posteriormente, daremos mais ênfase a diminuir a formação de fibrose ou de cicatrizes pouco elásticas, que possam interferir no rendimento futuro do atleta e predispor a recidivas. • O tratamento deverá levar em conta não só a fase de cicatrização, mas também a severidade da lesão. A reabilitação adequada deve abordar déficits de forca muscular, flexibilidade, controle neuromuscular, estabilidade lombopélvica e fortalecimento excêntrico, uma vez que esses tenham sido mostrados como importantes objetivos terapêuticos para obter um retorno bem-sucedido do atleta ao esporte e com menor risco de recidivas Tratamento conservador • PRIMEIRA FASE: Fórmula POLICE – controla o hematoma e a inflamação local. P Protection - Proteção O Optimal Loading – Carga Adequada L I Ice – Gelo C Compression - Compressão E Elevation – Elevação Tratamento conservador • PRIMEIRA FASE: - O repouso deve ser moderado, com diminuição parcial da carga sobre o segmento afetado. No entanto, deve ser incentivado a mobilização precoce, uma vez que a imobilização é deletéria para o trofismo muscular, promovendo a formação de contraturas. - Massoterapia intensa e profunda está contraindicada nesta fase, uma vez que pode agravar a lesão. Para além disso, está associada a uma maior incidência de calcificações musculares por estimulação dos mecanorreceptores. - Exercícios terapêuticos, como o fortalecimento isométrico e movimentos ativos controlados de baixa intensidade livres de dor já podem ser realizados nessa fase para restaurar o controle neuromuscular normal e prevenir a formação da fibrose tecidual. Tratamento conservador • SEGUNDA FASE: Durante a fase de regeneração, a continuação das medidas terapêuticas aplicadas na 1ª fase está dependente da clínica do paciente. A mobilização articular, tanto ativa como passiva, favorece o alinhamento das fibras musculares em regeneração e estimula as células satélite. Cinesioterapia ü estiramentos estáticos e dinâmicos; ü fortalecimento muscular; ü exercícios neuromusculares; ü exercícios funcionais com exigência progressivamente maior; ü Inicio do treinamento de resistência excêntrica. ** Ideal de exercício com muitas repetições e cargas baixas Tratamento conservador • SEGUNDA FASE: Termoterapia ü diatermia, ü micro-ondas, ü ultrassons contínuos Tem o objetivo de estimular a vasodilatação, aumentar a elasticidade do tecido conjuntivo e obter um efeito analgésico e descontraturante, que favorece a regeneração muscular. No entanto, apesar do seu uso generalizado, os benefícios da termoterapia na regeneração muscular ainda apresenta evidência científica escassa. Tratamento conservador • TERCEIRA FASE: Nesta fase, o objetivo principal é inibir a formação de fibrose. A termoterapia pode ser benéfica, assim como todas as técnicas desfibrosantes (massoterapia, estiramentos estáticos e dinâmicos); As técnicas de cinesioterapia recomendadas são as mesmas da fase anterior, com a progressão do treinamento excêntrico e do treinamento neuromuscular de alta velocidade específico do gesto esportivo do atleta; Devem ser enfatizados exercícios de fortalecimento muscular de toda a cadeia cinética envolvida, especialmente do core e o treinamento pliométrico RETORNO AO ESPORTE O cronograma para o retorno aos esportes após lesão muscular aguda depende de vários fatores, incluindo mecanismo de lesão, gravidade da lesão muscular e qual grupo de músculos foi lesado Com base nas melhores evidências disponiveis recomenda-se que os atletas liberados para voltar às atividades esportivas sem restrições necessitam: ü Realizar habilidades funcionais (corrida, saltos, dribles) em plena velocidade sem queixas de dor ou rigidez; ü Apresentar flexibilidade similar ao membro contralateral sem queixas; ü O atleta deve ser capaz de completar quatro repetições consecutivas de esforço máximo sem queixas álgicas no teste de força manual de flexão de joelho; ü O pico de torque no teste de força iscocinética nas condições de ação concêntrica e excêntrica deve ter um déficit menor de 10% em relação ao lado contralateral. RETORNO AO ESPORTE ** Fatores de prognóstico desfavorável para sintomas prolongados de lesão muscular aguda são distensões nos isquiotibiais, lesões de contato e idade avançada do atleta. ARTIGO ARTIGO • Estudo piloto, longitudinal, do tipo intervenção clínica, controlado e não randomizado; • Participaram do estudo 20 atletas amadores e profissionais de modalidades diversas. A idade variou de 18 a 68 anos entre os homens e de 39 a 48 anos entre as mulheres; • Nove (45%) indivíduos foram submetidos à punção do hematoma muscular (grupo intervenção) e fizeram fisioterapia. O restante dos avaliados (grupo controle), que não aceitaram o tratamento com a punção muscular, fizeram somente fisioterapia; • Os atletas profissionais fizeram em média 2 sessões de fisioterapia por dia. Os atletas amadores fizeram uma média de três sessões de fisioterapia por semana. Cada sessão de fisioterapia durou cerca de 90 minutos em ambos os grupos; • A ocorrência de lesões musculares na região posterior foi de 13 casos (65%); seguida pela região anterior com cinco casos (25%) e adutora com dois casos (10%); • O tempo médio de retorno ao esporte do grupo intervenção foi de 48,50 a 27,50 dias, com uma variação de 15 a 85 dias; ao passo que o retorno do grupo controle foi de 102,09 a 52,02 dias, com uma variação de 30 a 180; • A punção do hematoma muscular mostrou-se, neste estudo, efetiva em abreviar o tempo de retorno ao esporte dos atletas com lesões musculares parciais moderadas e (sub)totais associadas a hematomas. • MONSANTO J, etal. Abordagem da Lesão Muscular: Fases de Cicatrização, Tratamento Conservador e Opções Terapêuticas. Revista da SPMFR I Vol 31 I Nº 3 I Ano 27 (2019). • SALES, RM; et al. Tratamento das lesões musculares agudas da coxa com ou sem punção do hematoma em atletas. Rev Bras Ortop, v. 54, p. 6-12. 2019. • SANTOS, LRM. Intervenção Fisioterapêutica nas Distensões, contusões e Lacerações Musculares. • TAUBE, OLS; TSUMOTO, MY. Aplicabilidade e Acompanhamento Fisioterapêutico de um Paciente com Diagnóstico Clínico de Distensão Muscular de Adutor de Quadril Grau II - Estudo de caso. Revista Fafibe On Line. 2007. • TERO A H JARVINEN, etal. AJSM 2009. • RAMOS, GA; et al. Reabilitação nas lesões musculares dos isquiotibiais: revisão da literatura. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 52, n. 1, p. 11–16. 2017. • LAURINO, C. Os exercícios de fortalecimento no tratamento das lesões musculares isquiotibiais. INSPORT. 2018. • WONG, S; et al. Returno to sport after muscle injury. Curr Rev Musculoskelet Med, v. 8, p. 168-175. 2015. • YANG W, Hu P. Skeletal muscle regeneration is modulated by inflammation. J Orthop Transl. 2018;13:25-32. doi:10.1016/j.jot.2018.01.002REFERENCIAS
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