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CHOQUE Características Gerais Caracteriza-se por: - Desequilíbrio entre a oferta e o consumo de O² - Gera uma hipoperfusão tecidual ativando a resposta inflamatória - A redução de O² obriga a produção da respiração anaeróbia, gerando ácido lático O choque, em sua definição, é uma síndrome caracterizada por uma redução considerável da perfusão tecidual sistêmica devido a diferentes etiologias e fisiopatologias, levando a uma baixa oferta de oxigênio e nutrientes aos tecidos, bem como de sua efetiva utilização. A hipóxia prolongada pode levar a morte celular, lesão de órgãos-alvo, falência múltipla de órgãos e morte. A hipotensão é um marcador importante durante o choque (PAS <90 mmHg). Lembrando que: Efeitos celulares do choque: - Célula fica túrgida e a membrana celular se torna mais permeável - Os líquidos e eletrólitos vão para fora e para dentro da célula - As mitocôndrias e os lisossomos são lesionados, e a célula morre. Estágios do Choque 1º Estágio: Compensatório PA normal. A vasoconstrição, a FC e contratilidade aumentadas contribuem para manter o débito cardíaco aumentado (realizado pelo SNS + catecolaminas). Há ativação do sistema renina-angiotensina (realizando vasoconstrição) e liberação da aldosterona (aumenta a reabsorção de H2O e Na+), aumentando a pré-carga e diminuindo o débito urinário (oligúria). Pele do paciente fica fria, acizentada e úmida, fazendo uma taquicardia compensatória 2º Estágio: Progressivo Após a taquicardia compensatória, o mecanismo que regula a PA fica descompensado, fazendo com que haja uma queda nesta: PAM diminuída (< 70 mmHg), PAS < 90 mmHg, ↓ Pressão de Pulso. A queda da PAM leva a uma hipoperfusão renal, ocasionando uma Isuf. Renal Aguda, e compromete a bomba cardíaca. Liberação dos mediadores inflamatórios → ativação da cascata de coagulação (Coagulação Intravascular Dessiminada - CID). Nesse momento, a queda do O² circulante leva a uma acidose, e por conseguinte alterações no SNC (letargia, confusão e perda da consciência). 3º Estágio: Irreversível (ou Refratário) Ponto no qual o paciente não responde mais ao tratamento. A acidose é avassaladora e falência orgânica completa: incompatível com a vida. Manifestações clínicas: - Pupilas dilatadas - Olhos opacos - Ventilação superficial e irregular - Óbito Classificação O choque pode ser classificado em 4 tipos principais, baseados tradicionalmente no seu perfil hemodinâmico: Hipovolêmico: diminuição do vol. sanguíneo que pode ser provocado por hemorragias, ascite, edema e desidratação graves (não hemorrágicos) Cardiogênico: falência da bomba - por isquemia ou toxicidade Obstrutivo: obstrução mecânica do fluxo - tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo e embolia pulmonar Distributivo: alterações do tônus vascular. Neurogênico, séptico e anafilático. É caracterizado pela diminuição da resistência vascular sistêmica associado ao aumento compensatório do débito cardíaco e uma de suas causas é a septicemia. Choque Hipovolêmico O choque hipovolêmico é resultante da redução do volume intravascular secundário a perda de sangue ou fluidos e eletrólitos, gerando assim uma redução da pré-carga e consequentemente do débito cardíaco (DC). A resistência vascular sistêmica (RVS) aumenta numa tentativa de manter a perfusão de órgãos vitais. Volume sanguíneo diminuído → Retorno venoso diminuído → Vol sistólico diminuído → DC diminuído → Hipoperfusão tecidual Achados clínicos sugestivos: Hematêmese, hematoquezia (hemorragia to TGI), melena, náusea, vômitos, evidências de trauma, ou ser paciente de pós-operatório. Manifestações clínicas incluem pele, axilas, língua e mucosa oral secas, além de redução do turgor cutâneo. Classificação do choque hipovolêmico: Choque Distributivo Neste tipo de choque, embora o coração e a volemia estejam normais, existe insuficiência circulatória em razão de um tônus vascular inadequado nos capilares que distribuem sangue aos tecidos, ou seja, o calibre dos vasos aumentam (mas o volume circulante continua o mesmo)>. Causas: traumas, desmaios, infecções ou reações alérgicas. Fisiopatologia Vasodilatação → Má distribuição do volume sanguíneo → Retorno venoso diminuído → Vol. sistólico diminuído → DC diminuído = Perfusão tecidual diminuída. Choque neurogênico É o quadro secundário à lesão de medula, com consequente perda do tônus simpático distal à lesão; quadro com repercussão hemodinâmica. Os vasos sanguíneos, principalmente de MMII ficam vasodilatados sem a atuação do sistema simpático. O sangue é represado na periferia, causando HIPOTENSÃO. O coração sem atuação do sistema simpático não apresenta taquicardia. Caraterísticas: - Hipotensão com bradicardia - Vasodilatação periférica generalizada - TRM: extremidades quentes acima da altura da lesão e frias abaixo, com diversas alterações sensitivo motoras - Coloração da pele: rosada, quente e seca - Nível de consciência: paciente em estado de alerta, consciente e orientado - Enchimento capilar > 2s. Obs.: pode ser necessário marcapasso cardíaco: caso não haja resposta às drogas. Em pacientes comatosos, pode-se avaliar o tônus do esfíncter anal, que estará hipotônico (homem pode até apresentar quadro de priaspimo).. Choque Anafilático Reação sistêmica de hipersensibilidade imediata a antígenos pré-sensibilizados. Características: - Vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular - Hipotensão severa - Insuficiência respiratório por broncoespasmo severo ou edema de glote - Lesões cutâneas urticariformes e angioedema - Rebaixamento do nível de consciência - Náuseas e vômito Tratamento: - Adrenalina IM e reposição volêmica - Corticoides e anti-histamínicos - Atenção de manutenção de vias aéreas ou necessidade de vias aéreas definitivas Choque séptico É o resultado de uma falência aguda de causa infecciosa. Paciente já apresenta uma sepse severa + hipotensão refratária a volume: choque séptico. É necessário a identificação e tratamento específico do foco infeccioso, com intervenção cirúrgica precoce se necessário. Realiza-se a reposição volêmica intensiva com cristaloides e coloides. Fases: 1 - Hiperdinâmica: extremidades quentes e ruborescida, PA normal ou discretamente reduzida, taquicardia, febre, taquipnéia e alcalose respiratória, confusão mental, débito urinário normal 2 - Avançada: ou hipodinâmica: extremidades frias, taquicardia e pulsos filiformes, insuficiência respiratória, acidose metabólica, PA muito baixa. Choque Cardiogênico Ocorre quando o coração (bomba) é impotente para bombear o volume sanguíneo propiciando regurgitação, estase e dilatação venosa retrógrada, além de moderada vasoconstrição arteriolar. A mortalidade chega a 70 /80% Segundo Hinkle e Cheever (2016), o choque cardiogênico ocorre quando a capacidade do coração para se contrair e bombear o sangue se mostra comprometida e o suprimento de oxigênio é inadequado para o coração e para os tecidos. As causas do choque cardiogênico são conhecidas como coronárias ou não coronárias. Para o PHTLS (2019), esse tipo de choque resulta de causas que podem ser classificadas como intrínsecas (resultado de lesão direta do próprio coração, a exemplo do IAM) ou extrínsecas (relacionadas com problema fora do coração, a exemplo do tamponamento cardíaco) Causas: IAM (principal), arritmias, doenças valvares, miocardite, doenças de Chagas Fisiopatologia Contratilidade cardíaca diminuída → DC e Vol. sistólico diminui → Perfusão Tecidual Sistêmica diminuída = Perfusão diminuída da artéria coronária → Congestão pulmonar (sangue represado no pulmão). Quadro clínico: - Pele fria e pegajosa - Cianose - Oligúria (decorrente da diminuição do fluxo nas células renais) - Sinais de congestão pulmonar: dispneia, ruídos adventícios - Pulso fino e taquicardia - Arritmias cardíacas - Rebaixamento do nível de consciência Choque Obstrutivo É aquele que se instala em decorrência de bloqueio mecânico do retorno venoso do coração. O tônus vascular e o coração estão íntegros, porém existe uma diminuição do DC por dificuldade do retorno venoso ao coração, por algumobstáculo. Causas: tamponamento cardíaco, embolia pulmonar e pneumotórax hipertensivo O paciente irá desenvolver a famosa Tríade de Beck, dispneia, desvio do mediastino, ausculta pulmonar timpânica, dor torácica. Obs. Tríade de Beck: Essa tríade funciona como um mecanismo para identificar os principais sinais e sintomas do tamponamento cardíaco, que possui diagnóstico clínico. São três os critérios utilizados para essa identificação: 1. Abafamento das bulhas cardíacas: ocorre devido à presença de líquido na cavidade pericárdica 2. Estase de jugular: acúmulo de sangue venoso 3. Hipotensão: o ♥ ejeta menos volume sanguíneo às artérias e, assim, a pressão nesses vasos diminui, levando a hipotensão. Tamponamento do pericárdico Uma causa para obstrução mecânica do fluxo. O acúmulo de líquido/sangue no saco pericárdico irá causar uma compressão das câmaras cardíacas, restringindo a diástole e causando abafamento das bulhas ♥. O paciente irá apresentar palidez cutânea, dispneia intensa e uma acentuação de pulsos paradoxais. Tratamento: pericardiocentese (extração do líquido do saco pericárdico). Embolia pulmonar Uma doença em que uma ou mais artérias pulmonares ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo. Leva a uma sobrecarga e falência do VD, causando os sinais clínicos: - Dor torácica - Dispneia - Precordialgia - Hemoptise - Tosse seca e sudorese fria - Taquicardia supra e ventricular - Redução do MV na área afetada - Estertores pulmonares - Síncope e morte súbita Pneumotórax hipertensivo Quando ocorre uma laceração no parênquima pulmonar (seja por traumas, facadas, etc) e o ar sob pressão entra na cavidade, causando colapso pulmonar. Há um desvio e compressão do mediastino, coração, pulmão contralateral e vasos sanguíneos (É um dos 5 H’s das causas de PCR) É necessário uma conduta rápida: descompressão e drenagem Sintomatologia típica: • Dor torácica; • Dispneia intensa e cianose; • Desvio da traqueia; • MV - ; Hipertimpanismo à percussão; • Turgência jugular; • Hipotensão arterial e taquicardia; • Enfisema subcutâneo. Tratamento O tratamento clínico específico do choque depende do tipo de cada choque e sua etiologia subjacente. Também se baseia no grau de descompensação dos sistemas orgânicos. O tratamento em todos os tipos e em todas as fases inclui: ➢ Suporte ao sistema respiratório: oxigenação por baixo fluxo e/ou VM para obtenção de uma saturação ótima (> 94%). ➢ Reposição de líquidos para restaurar o volume intravascular ➢ Drogas vasoativas para restaurar o tônus vasomotor e melhorar a função ♥. ➢ Suporte nutricional para abordar os requisitos metabólicos.
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