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História da Medicina: 
Do Primitivismo ao Naturalismo
UFF 2011.1
Instituto de Saúde da Comunidade
Departamento de Saúde e Sociedade
Profa. Marilene Nascimento
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Introdução
Primeiras representações de doença: entidades sobrenaturais, demônios que se apossavam do corpo humano, castigo divino => preces e sacrifícios em honra da divindade.
Os egípcios há cerca de 5.000 anos iniciaram uma concepção natural da saúde e da doença, junto às suas crenças sobrenaturais, mágicas e religiosas. Admitiam a existência de um princípio que aderido à matéria fecal poderia chegar ao sangue, coagulando-o e levando ao apodrecimento do corpo.
Os gregos hipocráticos, como os chineses e hindus em outros contextos, acreditavam em sistemas de correspondência entre elementos do corpo e elementos fundamentais da natureza.
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Mitologia Grega e Medicina:
Apolo: Deus da morte súbita, das pragas e doenças, mas também da cura e da proteção contra forças malignas. Teria ensinado as artes médicas à humanidade. Seu olhar claro e penetrante estava relacionado ao diagnóstico – poder de adivinhar o mal oculto
Asclépio: filho de Apolo, sua arte chegou ao ponto de ressuscitar os mortos
Higéia: filha de Asclépio, seria a força curativa inerente à natureza – origem dos termos higiene, higienismo
Panacéia: filha de Asclépio, seria o poder curativo das ervas, a cura pela transmutação, pela mudança oriunda de forças exteriores ao homem; mantém proximidade com a magia de Hermes
Macaon e Podalírio: filhos de Asclépio, cirurgiões
Hermes: deus da música, teria recebido o caduceu de Apolo em troca da lira que lhe roubara. Teria o poder de enxergar e caminhar nas trevas: divindade dos magos, do hermetismo, dos poderes herméticos (divindade dos charlatões e curandeiros)
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Símbolos da Medicina
Símbolo de Asclépio (Esculápio), um bastão tosco com uma serpente em volta e o 
Símbolo de Hermes, chamado caduceu, um bastão mais bem trabalhado, com duas serpentes dispostas em espirais ascendentes, simétricas e opostas, e com duas asas na sua extremidade superior.
Ambos os símbolos têm sua origem na mitologia grega; o de Asclépio, deus da medicina, é o símbolo da tradição médica; o de Hermes, deus da música, do comércio, dos viajantes, foi introduzido tardiamente na simbologia médica;
Não há unanimidade de opiniões entre os historiadores da medicina sobre o simbolismo do bastão e da serpente.
Fontes: REZENDE http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/simbolo.htm
SAYD, 1998, p. 27.
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A medicina religiosa de Asclépio
Local do tratamento: santuários edificados em lugares saudáveis e de grande beleza, com fonte e bosque sagrados
Etapas do tratamento: 
 - purificação preliminar através de sacrifícios, lavagens, jejuns, repouso, dieta, exercícios físicos etc.
 - sonho profético: cura ou instruções que permitiriam a cura
 - ações terapêuticas dos sacerdotes: medicamentos, atos cirúrgicos, aconselhamento (interpretação do sonho) 
Reconhecimento da cura: através de ofertas e dádivas
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 Medicina naturalista na Grécia Antiga
Ceticismo religioso – distanciava-se de explicações situadas além da physis
Physis – noção grega de natureza: totalidade do corpo e alma
Medicina – etimologia: mediação; médico, mediador; remédio, instrumento de mediação 
Pharmakon: 
 ao mesmo tempo corante, 
 remédio e veneno
Hipócrates da ilha de Cós (460-390 AC)
 Escritos hipocráticos (Corpus Hipocraticum)
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Hipócrates (séc. V a.C)
Corpus Hippocraticum: conjunto de manuscritos (70 livros) atribuídos a Hipócrates e seus discípulos.
Escola Médica de Cós: foco no doente => a doença é uma abstração e o doente é o problema real.
Escola Médica de Cnide: foco na doença => reconhecer e distinguir doenças pelos sintomas e relacioná-las aos órgãos.
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Juramento de Hipócrates
(de Roy Porter)
Juro por Apolo Médico, por Asclépio (Esculápio), por Higéia, por Panacéia e por todos os deuses e deusas, tomando-os como testemunhas, obedecer, de acordo com meus conhecimentos e meu critério, este juramento:
Considerar meu mestre nesta arte igual aos meus pais, e com ele compartilhar minha vida e prover com meus recursos o que lhe faltar. Considerar seus filhos como meus irmãos; ensinar-lhes esta arte se desejarem aprendê-la, sem remuneração nem contratos. Transmitir preceitos, instruções orais e todos outros ensinamentos aos meus filhos, aos filhos do meu mestre e aos discípulos que se comprometerem e jurarem obedecer este juramento, e a ninguém mais. Utilizar meu conhecimento para ajudar os enfermos, com o melhor de capacidade e discernimento, e jamais o empregar para causar dano ou malefício. Não dar veneno a ninguém, se me for solicitado, nem aconselhar tal procedimento. Do mesmo modo não darei a mulher alguma substâncias para provocar aborto. Com pureza e santidade conduzir minha vida e minha arte. Não usar da faca nem mesmo aos doentes com cálculos, mas deixar tais procedimentos aos mais habilitados nessa arte. Nas casas em que ingressar apenas socorrer o doente, resguardando-me de fazer qualquer mal intencional, especialmente ato sexual com mulher ou homem, livre ou escravo.
Tudo o que eu vir ou ouvir, no exercício de minha profissão ou na vida privada, que não deva ser divulgado, guardarei em segredo e não revelarei a ninguém.
Portanto, se cumprir este juramento e não o violar, possa eu prosperar em minha vida e minha arte, granjeando fama entre todos os homens e para sempre. Mas, se o transgredir e perjurar, que me aconteça contrário.
Corporati-vismo; auto-regulação
Deuses gregos
Sigilo
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O papel do juramento
O juramento introduz elementos caros à profissão: auto-regulação (corporação) e compromisso com o ideal de servir (Porter); 
Contestação do uso: “Está na hora de acabar com o ritual do juramento de Hipócrates nas cerimônias de formatura. Para que manter essa tradição? Os advogados, por acaso, juram que defenderão a justiça? Engenheiros e arquitetos precisam jurar construir casas que não caiam? O juramento de Hipócrates está tão antiquado que soa ridículo ouvir jovens recém-formados repetirem-no feito papagaios. Que me desculpem os tradicionalistas, mas faz sentido jurar por Apolo, Asclépio, Higéia e Panacéia não fazer sexo com escravos quando entramos na casa de nossos pacientes? (Dráusio Varela)
No Brasil, a maioria das Faculdades utilizam um modelo simplificado, tradução de um texto latino que chegou a ser usado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/juramento.htm);
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Juramento simplificado
Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência.
Penetrando no interior dos lares, calarei de tudo quanto veja e ouça, dentro ou fora de minha atuação profissional, que se refira à intimidade humana, o que terei como preceito de honra.
Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu, para sempre, a minha vida e a minha arte, com boa reputação entre os homens.
Se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário. 
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Princípios e regras da medicina hipocrática
Não lesar o paciente
Abster-se do impossível (evitar o excesso de intervenção)
Agir contra a causa da doença: meio ambiente (clima, água, terreno), alimentação, regime de vida, transmissão hereditária
Atacar a causa da doença pelo seu contrário
Crer na força curativa da natureza
Educar bem o doente
Tratar o doente como um todo
Individualizar o tratamento: físico, sexo, idade etc.
Agir guiado pela ética
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A teoria humoral da doença
A saúde e a doença explicada pelo equilíbrio ou desequilíbrio dos humores ou líquidos corporais, associados aos elementos fundamentais do universo e aos temperamentos.
Sangue (ar): fonte da vitalidade, deixa o corpo vermelho, quente e úmido – temperamento sanguíneo
Biles amarela (fogo): suco gástrico
necessário à digestão, deixa o corpo amarelo, quente e seco – temperamento colérico
Fleuma (água): todas as secreções incolores, com funções lubrificantes e resfriadoras, deixa o corpo pálido, frio e úmido – temperamento fleumático
Biles negra (terra): responsável pelo escurecimento dos outros líquidos, deixa o corpo escuro, frio e seco – temperamento melancólico
Dos humores dependiam os temperamentos e sua perturbação era a própria doença
A medicina hipocrática se baseou na busca do equilíbrio/harmonia entre o organismo e a natureza
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Diagnóstico, prognóstico e terapêutica
Diagnóstico: cada doente é um caso individual
Prognóstico: compreender o curso da doença
Meios terapêuticos: dieta (caldo e papas de cevada, hidromel, oximel), plantas medicinais, exercícios físicos ou repouso, banhos, unguentos, medidias higiênicas, sangrias, purgativos etc.
Objetivo da terapêutica: permitir que a natureza realizasse a cura => predomínio de Higéia
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Fontes
PORTER, R. Das tripas coração, uma breve história da medicina. Rio de Janeiro: Record, 2002.
PORTO, MAT & MOREIRA, MFS. Temas de História da Medicina. Niterói (RJ): UFF - CCM/ISC/DSS, 2000.
SAYD, JD. Mediar, medicar, remediar, aspectos da terapêutica na medicina ocidental. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.  
REZENDE, JM. Forma simplificada do juramento de Hipócrates. (http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/juramento.htm)
REZENDE, JM. O símbolo da medicina: tradição e heresia (http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/simbolo.htm).
SEVALHO, G. Uma abordagem histórica das representações sociais de saúde e doença. Cad. Saúde Pública vol.9 no.3 Rio de Janeiro July/Sept. 1993.
VARELA, D. O juramento de Hipócrates (http://www.drauziovarella.com.br/artigos/jhipocrates.asp)

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