SÍNDROME NEFRÓTICA Glomerulopatias que tem como definição básica o aumento da proteinúria > 3,5g. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O SÍNDROME NEFRÓTICA DEFINIÇÃO: Diferente das outras síndromes, a nefróti- ca pode ser definida só pela proteinúria! • Proteinúria > 3,5g/24h ou nas crianças > 50 mg/kg/24h • Hipoalbuminemia: Muita excreção pela urina. • Edema: De origem oncótica, principalmente! • Hiperlipidemia: Pelo aumento na produção hepática de lipoproteínas EXISTEM DUAS BARREIRAS NA FILTRAÇÃO PROTEICA • Podócitos (epitélio) → Barreira mecânica: Impede macromoléculas como as proteínas (menos a albumina) de atravessar os capilares. • Membrana basal: Faixa contínua e de carga negativa, impede que os ânions ultrapassem, em especial a albumina (proteína menor, que atravessa a barreira podocitária). *A alfa-2-globulina é a única proteína que não consegue ser eliminada na sd. nefrótica: Por ser grande demais! O fígado começa a produzir muita proteína, inclusive ela, então o paciente tem aumento. MANIFESTAÇÕES CLÍNICO-LABORATORIAIS 1. Proteinúria > 3,5g/24h ou nas crianças > 50 mg/kg/24h a. Urina espumosa: É a expressão de um aumento na proteína urinária. 2. Hipoproteinemia (Hipoalbuminemia + outras) a. Albumina: Atravessa as barreiras de filtração glomerulares. b. Anti-trombina III: anticoagulante impor- tante, paciente tem trombose. c. Imunoglobulinas: IgG, o que faz com que não haja proteção de germes encapsula- dos como o pneumococo! d. Transferrina: Carreadora de ferro na circulação, pega o ferro intestinal e leva para a medula para a produção de eritróci- tos, desenvolve anemia ferropriva refratária ao sulfato ferroso! 3. Edema: A pressão oncótica cai, favorece o extrava- samento de líquido pro terceiro espaço. O edema acontece principalmente a região periorbitária e a perimaleolar. 4. Hiperlipidemia/Lipidúria: O fígado, produzindo muita proteína, acaba produzindo também muita lipoproteína, e o paciente manifesta hiperlipidemia a. Cilindros graxos: Uma manifestação característica é a presença de cilindros graxos, resultado da lipidúria. Fáscies Nefrótica COMPLICAÇÕES DA SÍNDROME NEFRÓTICA 1- TROMBOSE VENOSA PROFUNDA • Pela perda de antitrombina III: Fator anticoagulan- te, predispondo à formação de trombos. • Local mais propício para formação de trombo: A veia renal! • Quando há trombose da veia renal, o quadro vira uma salada: O sangue entra nos rins, mas não sai, levando à um aumento de tamanho, turgidez e dor lombar (pela fáscia de Gerota), além de hematúria pela distensão capsular. o Se trombose da veia esquerda → Varicocele súbita: A veia gonadal é tributá- ria da veia renal à esquerda, se tem trombose ela obstrui e causa varicocele. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O CONDIÇÕES QUE AUMENTAM O RISCO DE TROMBOSE DA VEIA RENAL NA SD. NEFRÓTICA: As duas últimas + amiloidose! • Nefropatia Membranosa • GN Mesangiocapilar • Amioloidose 2- INFECÇÃO POR PNEUMOCOCO (PBE) • O paciente tem ascite pelo edema (anasarca): Perda proteica pode levar à ascite. • Possui também queda de IgG: Facilitando a infecção por germes encapsulados (pneumococo). 3- ATEROGÊNESE ACELERADA • Pelo aumento da produção de lipoproteínas • Paciente típico: Criança com um evento cardíaco importante (IAM, isquemia). ETIOLOGIA DA SÍNDROME NEFRÓTICA • Primária: 5 formas primárias! Não tem muito papo se você não sabe qual é a forma, por isso: Síndrome Nefrótica = Biópsia! (Apenas 1 exceção = DLM) • Secundária: Manifestam lesões muito semelhan- tes às lesões primárias nos rins! Abordada com mais detalhes depois! DOENÇA POR LESÃO MÍNIMA (DLM) • Causa mais comum em crianças de 1-8 anos • Por que o nome “lesão mínima”?: Na biópsia era difícil ver alguma coisa no glomérulo, até que depois da microscopia eletrônica observaram o achado. É mínima por isso! • Lesão: Fusão e retração podocitária! É como se tivessem tocado fogo nos podócitos, que “derretem” e criam poros. • Associações patológicas: As principais são Linfoma de Hodgkin e AINES! A Peritonite por pneumococo é frequente nesses pacientes, lembrar também. • Laboratório: Não consome complemento e há uma albuminúria importante! • Evolução: Episódios intensos de proteinúria e depois nada, proteinúria e nada... (remissão e atividade de doença) TRATAMENTO DA LESÃO MÍNIMA • Corticoide: Resposta dramática! É a única forma que responde bem aos corticoides. o Adultos: Prednisona 1mg/kg/dia por 8 semanas e depois desmame em 6 meses. o Crianças: Prednisona 60 mg/m²/dia por 4- 6 semanas, depois 40 mg/m²/ em dias alternados por 4 semanas e desmame. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O o Se resistência: Fazer biópsia, provável GE Focal e Segmentar. • Imunossupressores: Em formas recidivantes da doença (>4x/ano), sendo a ciclofosfamida (2mg/kg /dia) a droga de escolha. • Levamisol: Anti-helmíntico “poupador de corticoi- de”, indicado em doença recidivante frequente. *A lesão mínima é a exceção nos casos de biópsia: Porque eu posso, em pacientes compatíveis, fazer corticoide e esperar uma resposta. GLOMERULOESCLEROSE FOCAL E SEGMENTAR • Definição: Esclerose com colapso capilar em me- nos de 50% dos glomérulos renais (lesão focal). • Causa mais comum de sd. nefrótica em adultos: Principalmente na faixa dos 25-35 anos. • Entendendo o termo: Focal vem do acometimento de alguns glomérulos e segmentar vem da lesão de uma parte do glomérulo que esclerosa (fibrose). • Lesão: Depende se a causa for primária ou não. o Primária: Idiopática, os glomérulos que não estão envolvidos tem lesão mínima (“forma mais grave de lesão mínima”). o Secundária: 1Por sequela de uma condição necrosante (LES), 2por sobrecarga ou por 3hiperfluxo. • Associações patológicas: Inúmeras (olhar a tabela) e o macete para tentar ajudar! ASSOCIAÇÕES PATOLÓGICAS • Macete: Lembre das condições associadas das outras síndromes nefróticas, a exceção é GEFS! MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS • Forma idiopática (GEFSi): Início abrupto, com sd. nefrótica clássica. • Formas secundárias: Início insidioso, proteinúria subnefrótica que evolui para nefrótica devagar. • Hipertensão arterial: Causa importante de HAS secundária em adultos. EVOLUÇÃO • Hipertensão arterial: A HAS leva à GEFS e a GEFS leva à hipertensão arterial. • Falência renal em longo prazo: Como todas as glomerulopatias crônicas. Uma forma de reduzir isso é associar BRA/IECA. TRATAMENTO • BRA/IECA: “Pril-sartan” são drogas excelentes para poupar os glomérulos, porque atuam no blo- queio da angiotensina II, importante vasoconstric- tor eferente. • Corticoide: Prednisona 1mg/kg/dia, esquema básico. Não responde bem como na DLM! • Imunossupressor: Ciclosporina 2-4 mg/kg/d em duas doses diárias, por até 2 anos e desmame gradual após o período. Indicado para pacientes que não respondem ao corticoide após 4 meses (aí reduzimos o corticoide para até 15 mg/d e associamos a ciclosporina em dose padrão). V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O GN PROLIFERATIVA MESANGIAL • Muitos autores não consideram uma condiçao específica: Muitos classificam esse quadro dentro do conceito de lesão mínima. • Lesão: Proliferação celular no mesângio, com depósitos de IgM e C3. • Não cai em prova de residência médica QUADRO CLÍNICO E LABORATORIAL • Se envolveu o mensângio, sangra: Macroscópica. • Proteinúria