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CENTRO UNIVERSITARIO – UniFTC CAMPUS VITORIA DA CONQUISTA ANA CAROLINA SANTOS GOMES RESENHA CRÍTICA: DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS Trabalho apresentado como forma de avaliação parcial a disciplina de Ética Profissional, do 7° semestre, turno matutino (8h10min as 9h00min - sábado) do curso de Direito do Centro Universitário – UniFTC. Orientador: Alexandre Montanha BAHIA - 2021 1. A VIRTUALIZAÇÃO DO SOCIAL E O DIREITO; SERPA, Cláudia Albagli Nogueira. A Virtualização do Social e o Direito: Impactos em Tempo de Pandemia In: BAHIA, Saulo José Casali (Coord.). Direitos e Deveres Fundamentais em Tempos de Coronavírus. São Paulo: Ed. Iasp, 2020. p. 172-182. A obra foi publicada em julho de 2020, escrita pela professora e estudiosa Dra. Cláudia Albagli Nogueira Serpa, graduada em Direito e em Ciências Sociais, na qual a escritora discute acerca do aumento da influência da tecnologia com o advento da pandemia e a suas consequências no mundo pós- pandêmico. O artigo em resenha foi dividido em 5 tópicos: introdução, educação jurídica em tempos de pandemia, prática jurídica, a virtualização da Advocacia e a conclusão. A autora inicia o texto fazendo uma introdução a um novo fenômeno social, que denomina da “virtualização do social” ou seja, da incidência da tecnologia como fontes potencializadoras, transformadoras e mediadores das relações sociais, em que, apesar de ser um acontecimento já existente na nossa sociedade, ganha novas formas em decorrência da pandemia do novo coronavírus, exercendo não apenas um papel de destaque, mas de grande relevância nas relações sociais, visto que, em virtude do distanciamento social, são essas redes onlines que viabilizam as relações sociais, sendo então a internet incorporada a cultura e uma ferramenta necessária a todos os setores. Outrossim, no segundo capitulo, da educação jurídica, a autora evidencia os impactos trazidos aos docentes e discentes, frente a modalidade de ensino a distancia (EAD), que com a iminência da pandemia, atingiu a todos, tendo que se adaptar de forma abrupta aos novos padrões de ensino. Ainda, observa que, esse novo tempo importa em mudanças futuras, da uma abertura de novo espaço, cujo qual, fará parte da vida de todos os envolvidos. No que concerne ao terceiro capitulo, quanto a pratica jurídica, ela aborda sobre acerca do prejuízo trazido com a suspensão de prazos e o sobrestamento dos processos, em contrapartida ao avanço que o judiciário foi obrigado a fazer em relação ao uso dos meios virtuais já previstos, nesse sentido, abre-se um novo horizonte, do qual se ressaltam dois principais pontos. O primeiro trata-se do uso dos negócios jurídicos processuais que facilitaram a resolução de conflitos, de modo a se adequar as possibilidades das partes, para garantir um mínimo de equidade processual e o exercício do “melhor direito”. Outro aspecto a se considerar é a relação do binômio celeridade processual e segurança jurídica em razão da pandemia, garantindo que os atos processuais se realizem primando pela celeridade, mas, ao mesmo tempo, preservando as condições mínimas para que a segurança jurídica das partes envolvidas no processo não se perca. Para isso a autora acentua a necessidade de valorar a segurança, para que a virtualidade não produza desequilíbrio processual e não represente a consolidação de decisões injustas. Assim, é possível constatar uma indiscutível revolução tecnológica que ampliou o acesso à justiça, com a inovação dentro do próprio Judiciário, de tal forma que, foi necessário um acontecimento externo, para trazer novos meios de tratar os problemas existentes há muito tempo, inclusive, interno a esse poder. No quarto momento a Autora reflete acerca da ideia da “Virtualização da Advocacia”, ressaltando que, das mudanças sociais e jurídicas, é a advocacia responsável por receber todo esse conteúdo de transformação social a priori, pois, todos os dias as novas demandas fazem surgir novas realidades jurídicas, que são enfrentadas em primeira mão por esta classe. Essas mudanças referem-se às inovações trazidas por esse novo mundo que busca celeridade, praticidade e acessibilidade. Os serviços online atingiram todos os setores, inclusive a advocacia, tanto a nova geração, quanto a geração mais antiga, precisou se inserir no novo meio de mercado de trabalho, buscando uma nova forma de atuação profissional, sob pena talvez, de ser excluído. Nesse sentido, a autora traz um importante questionamento sobre a transitoriedade e a permanência desses efeitos. Atualmente, nesse tempo em que as mídias sociais se tornaram ferramentas mais evidentes de trabalho, discute-se inclusive no campo da ética a extensão desses danos e as vantagens de alcance dessa nova geração. Surge ainda, uma discussão entre os preceitos trazidos pelo código de ética e a publicidade, a comercialização da profissão, e a “geração tik-tok”, que não parou no entretenimento dos adolescentes, mas ganhou espaço entre os próprios causídicos, na tentativa de dinamizar os meios de comunicação. Por fim, conclui-se que, o que se chamou da “virtualização do social” ou “virtualização do direito”, será parte de uma nova normalidade, e as acomodações da tecnologia devem servir como facilitadoras. Para isso é preciso que os profissionais do direito saiam da condição de meros destinatários das inovações e passem a ser seus dirigentes e agente ativos na construção desse espaço, bem como, aceitando essa realidade, promovam melhores condições de trabalho nesse novo ramo, para que no futuro o elemento humano não se torne obsoleto ou ainda, substituível. Ante o exposto, o texto traz um critica aos novos meios de relação social, destacando a importância das tecnologias, todavia, traz a reflexão importante, de que estas, apesar de instrumentos de apoio, não devem substituir as relações sociais. Assim, essa obra traz grandes contribuições para os operadores do direito em todas as esferas, sejam advogados ou estudantes, de modo claro emite uma ideia de como setores distintos tem se encontrado em virtude da urgência tecnológica trazida pela pandemia. 2. NUDGE CONTRA A COVID-19; CRUZ, Gabriel Dias Marques. Nudge contra a Covid-19. In: BAHIA, Saulo José Casali (Coord.). Direitos E Deveres Fundamentais em Tempos de Coronavírus. São Paulo: Ed. Iasp, 2020. p. 231-248. O autor e pesquisador Gabriel Dias Marques da Cruz, Graduado em Direito, doutor e mestre em Direito do Estado discorre acerca do conceito de “nudge” como instrumento eficaz de aplicação no atual cenário pandêmico. O artigo em resenha foi dividido em 4 tópicos: introdução, conceito e significado de nudge, experiências no combate à covid-19 e as conclusões. Em sua escrita, o autor usa da criatividade e exemplos para trazer ao leitor a aproximação ao texto, no intuito de trazer o conceito trabalhado em sua obra, o qual chama de “nudge”. Para tanto, o ator apresenta as noções do que se denomina a “arquitetura de escolhas” e do “paternalismo libertário”. Na primeira ideia, o ator da arquitetura das escolhas será o arquiteto de escolhas, que seria aquele responsável por de gerir ambientes nos quais pessoas são levadas à tomada de decisões, enquanto no segundo, esse conceito se encontra ao determinar que o arquiteto de escolhas teria uma função paternalista de providenciar que a opção padrão seja a melhor possível, tornando a vida de quem livremente escolhe essa opção, seja mais fácil. Assim o nudge seria a junção destes conceitos, ou seja, um estímulo ou iniciativos para a adoção bons comportamentos capazes de influenciar no desenvolvimento de uma sociedade de bem estar. Preocupa-se o autor em trazer uma visão igualmente ampla, a nível internacional acercada implementação do conceito, principalmente, se tratando do combate ao Covid-19. Ressalta-se também, que no Brasil o nudge também tem sido usado, todavia, de modo deturpado, levando a uma atitude mais maléfica, caso em que, o próprio presidente seria o arquiteto das escolhas. Assim, em sua critica, o autor atenta-se a mencionar que essas ações não são livremente difundidas, mas encontram óbice na ausência de base sólida de apoio parlamentar ao governo, na preservação da independência do Poder Judiciário, em especial do STF e na fragmentação do poder político na federação, assegurando autonomia aos Estados e Municípios, que tem atuado de maneira ativa no combate ao coronavírus e na proteção a saúde. Portanto, ele expressa que as autoridades podem vir a utilizar nudges como ferramentas valiosas para salvar vidas. Entanto, isoladamente, o nudge, não é suficiente para gerar os efeitos esperados de evolução ideal, sendo necessário que junto a sua atuação, seja implantado medidas mais severas pelo Estado. Assim, segundo o autor, a utilização de soluções simples, eficazes e de baixo custo no combate à pandemia podem contribuir muito para garantir valores como a dignidade humana, direito à saúde, à vida e o direito de liberdade, que estão previstos na Constituição Federal, de modo que esses incentivos criados pelo Estado não diminuem a autonomia da população ou a sua liberdade de escolha. Em relação a essas medidas, o escritor apresenta inclusive ações que exemplificam o emprego do nudge, como meio de trazer novas soluções que incentivem a criatividade solidária, em apelo a iniciativa das autoridades. Diante disso, podemos considerar que a obra trata-se também da disponibilidade de criar estratégias que influenciem a população, no que poderíamos comparar ao que conhecemos como o imperativo categórico kantiano, ou seja, que o nudge seja aplicado de tal modo que, uma atitude ou ideia seja disseminada a ponto de atingir o maior número de pessoas, e assim coopere para o bem social. Portanto, é evidente a clareza e interatividade que essa obra emite, pois traz a ideia de uma conversa que inclui o leitor no diálogo, principalmente por se tratar de uma demanda atual e pertinente a todos. Assim, de modo contínuo, faz a análise de que utilizando de nudges bem-sucedidos, simples, de baixo custo e eficazes como ferramentas de persuasão, indução e convencimento, é possível salvar vidas, principalmente em um contexto pandêmico, em que muitas vidas tem se esvaído todos os dias.
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