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Hiago Manoel Araujo Medicina-P3 ANEMIA FALCIFORME HEMOGLOBINOPATIAS -Doenças hereditárias atreladas a mutações gênicas -Mutações nos genes que codificam para globinas humanas -Podem alterar a sequência primária de aminoácidos da globina Afetam a produção normal -Alterações quantitativas na síntese -Alterações qualitativas (estruturais) -Todas comprometem função normal Podem evoluir para anemias (uma complicação) -Nem toda anemia é uma hemoglobinopatia -A maioria das mutações não possui manifestação clínica HEMOGLOBINA -Formada por 4 subunidade (2 cadeias a-globina e 2 cadeias b-globina) -Cada subunidade possui um grupo heme -Local que contém o ferro -Onde se liga o oxigênio para transporte -HEMOGLOBINA FETAL: Produzida durante a vida uterina -É substituída gradativamente até os 60 meses -80% da Hb em RN e 20% em adultos -Não sofre polimerização por não ter cadeia beta -Via de tratamento – uso de hidroxiureia (mantém HbF alta mesmo após 6 meses – altos efeitos colaterais) DOENÇA FALCIFORME -É uma hemoglobinopatia hereditária -Mutação no cromossomo 12 Expressa produção de cadeias da globina -Ocorre por alteração pontual na sexta posição da cadeia b-globina (troca de base nitrogenada adenina por timina forma códon diferente codificar aminoácido diferente) -Espera-se GAG Ácido glutâmico -Ocorre GTG Valina -Produção de HbS (anormal) ao invés de HbA (normal) -Alteração promove produção de hemácia instável, quando desoxigenada Ocorre distorção do formato (em foice) -Hemácia é produzida em formato normal, mas sofre falcização na corrente, quando livre de O2 -RECEPTOR A2b (RA2b): Receptor ligado à proteína G Responsável pela falcização em massa da hemácias -Hemácia falcizada sofre lise em menor tempo Libera conteúdos intracelulares, como ATP -Adenosina do ATP liga-se com RA2b na membrana da célula Gera cascata de sinalização Diminui a afinidade da HbS com O2 Desoxigenação Polimerização (altera formato) Hemólise (ciclo) -EPIDEMIOLOGIA: Doença comum em indivíduo de descendência africana -Acredita-se que a mutação genética surgiu em indivíduos desse continente -HEREDITARIEDADE -Doença autossômica (independe do sexo) e de caráter recessivo -Precisa de pais falcêmicos ou portadores de traço para que ocorra a manifestação clínica -Quando em heterozigose (HbA-HbS) Traço falciforme -Anemia discreta com crises leves -Quando em homozigose (HbS-HbS) Anemia falciforme instalada -Doença crônica e agravada -Necessidade de transfusões -FISIOPATOLOGIA -Hemácia normal é sempre estável -Hemácia falciforme só é estável quando ligada a O2 -Quando desoxigenada HbS sofre polimerização por instabilidade e ganha formato de agulha/foice -Alterações no sangue: -Células falciformes (em foice) -Hiperplasia eritróide de medula óssea (hemocaterese intensa Falta hemácia Sinaliza para haver mais produção) -Reticulocitose (hiperatividade de MO Não dá conta Liberação de hemácias jovens (reticulócitos) -Corpúsculo de Howell-Jolly (restos de núcleo nas hemácias ainda não prontas) -Esse formato em foice garante um rigidez celular, bem como certa fragilidade *Fragilidade: Por estarem em formato anormal, membrana está mais frágil Instabilidade Morte precoce -Expectativa de vida normal: 90 a 120 dias -Falcizada: não precisa (hemólise intensa) -Processo de polimerização é reversível com a presença de O2 (gera mais fragilidade – “polimeriza e despolimeriza”... – cada vez mais deformadas) *Rigidez: Por estarem mais rígidas, tendem a causar lesão por onde passam, além de perderem a maleabilidade de atravessar barreiras e sinusoides -Tendem a se acumular Efeitos vaso- oclusivos (microtrombos) -Tendem a causar lesão endotelial Inflamação Efeitos vaso-oclusivos -Efeitos vaso-oclusivos têm como consequência lesões isquêmicas (em quadros micro: petéquias, macro: problemas vasculares – AVC, trombose – e ulcerações de pele) -Lesões endoteliais ocorrer pele destruição da hemácia que libera globina e grupo heme no plasma -Grupo heme tem afinidade com PRRs do tipo Toll na membrana de células endoteliais que ativam cascata inflamatória (liberação de endotelina-1, diminuição de NO, aumento da adesinas, liberação de citocinas) -Cascata inflamatória recruta leucócitos que acabam aderindo ao endotélio e contribuindo para a oclusão do vaso Quadro inflamatório Lesão do vaso -O formato da hemácia contribui para seu acúmulo na microcirculação (membrana estão mais adesivas – mais moléculas de adesão) Oclusão do vaso -O formato também por si só tende a causar lesão no endotélio Ativação de plaquetas para coagulação Coágulo causa oclusão -Plaquetas são inflamatórias Recruta leucócitos Cascata inflamatória que lesiona o vaso -Vaso-oclusão gera lesão isquêmica Ativa estado inflamatório que induz mais lesão e mais vaso-oclusão -Lesões microvasculares são as principais causas de petéquias (fragilidade vascular rompimento de capilares) -Reticulócitos, presentes em pacientes falciformes, possuem maiores moléculas de adesão vaso-oclusão -A inflamação é um dos principais precursores da vaso-oclusão (como causa e consequência) -Ocorre também por irritação do vaso por conta das proteínas intracelulares liberadas por hemólise -A lise intensa de hemácias libera a enzima arginase -No plasma, degrada arginina que seria o substrato usado pelo endotélio para produção NO -NO tem sua biodisponibilidade reduzida Pode ocorrer eventos vasoconstrictores Facilita oclusão -Por cascatas de inflamação ativadas (endotelina-1, presença de citocinas de fase aguda), a produção de espécies reativas de oxigênio é aumentada -Oxidam o O2 circulante e diminuem sua disponibilidade -Quadros de hipóxia Desoxigenação da hemácia e facilita sua falcização -Como efeito contrarregulador, na tentativa de diminuir estado inflamatório, citocinas anti-inflamatórias são aumentadas (IL-10, Heme-oxigenase) -Fatores que influenciam na gravidade: Concentração de HbS (maior concentração maiores efeitos patológicos – por isso, transfusão); pH baixo reduz afinidade de Hb com O2 (maior tendência a desoxigenação e falcização); fluxo sanguíneo lento (facilita agregação) -Expectativa de vida de um caos grave: 42 anos -Ainda há tempo de ter filho e proliferar gene -CRISE FALCÊMICA -Períodos de agudização -Possuem períodos de estabilidade Sem manifestação -Ocorrem por crises vaso-oclusivas, aplásticas, hemolíticas ou de sequestro -Caracterizada por dores intensas em ossos e abdome -Dores ocorrem por lesão tecidual e fatores de inflamação devido à vaso-oclusão *Crise vaso-oclusiva -Intensidade muda entre períodos da vida e de paciente para paciente -Infecções, desidratação, tensão emocional, frio, acidose -Gatilhos ambientais para geração de estresse oxidativo Ativação de cascatas inflamatórias -Gatilhos que geram dispneia(hipóxia) induzem falcização em massa -Mais comum entre 30 e 40 anos -Taxa de mortalidade maior em adultos (diminui o prognóstico com maior quantidade de crises) -Geralmente ocorre por oclusão microvascular de MO Isquemia do tecido (principalmente ossos, articulações e região lombar) Lesão tecidual (necrose) Dor -Necrose asséptica da cabeça do fêmur -Podem causae episódios agudos de dor e inchaço de mãos e pés (SÍNDROME DAS MÃOS E PÉS – DACTILITE) -Quadro inflamatório de articulações e extremidades -Crises recorrentes, mas autolimitadas -CONDUTA: O tratamento consiste em eliminar os fatores precipitantes, com repouso, boa hidratação (muitas vezes, é necessário hidratação parenteral) e analgesia adequada. *Crise aplástica -Ocasionada por insuficiência transitória da eritropoiese -Ocorrem quedas acentuadas no nível de Hb e redução do nível de reticulócitos -Principal gatilho é o ambiental por infecção por parvovírus B19 (em crianças) e Streptococcus pneumoniae, salmonelas e Epstein-Barr -Em pacientes com uso de tensões supra máximas de oxigênio inalatório Suprimem a produção endógena de eritropoetina após 2 dias de uso - A eritropoetina é secretada essencialmentepelo córtex renal (aproximadamente 90% da produção) -Fígado (sobretudo nos fetos), o cérebro e o útero produzem a eritropoetina igualmente. -A produção de eritropoetina é estimulada pela baixa de oxigênio nas artérias renais. -A eritropoetina é um hormônio glicoproteico produzido nos rins como resposta à diminuição da oxigenação tecidual, que é fator regulador da eritropoiese *Crise hemolítica -Degradação brusca e em massa de células vermelhas -Crise mais rara -Pode estar associada a infecções por Mycoplasma, deficiência de G6PD e esferocitose hereditária -G6PD: A glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) é uma enzima que faz parte da produção de energia e, sua falta, em situações específicas, pode levar à oxidação e destruição de células do corpo. Isso pode ocorrer em todas as células, mas as mais afetadas geralmente são as vermelhas do sangue (hemácias). -Esferocitose hereditária: A Esferocitose Hereditária (EH) é uma forma de anemia hemolítica por defeitos de membrana, sendo a mais comum causa de anemia secundária a defeitos de membrana dos glóbulos vermelhos. -Entre as manifestações clínicas, tem-se o agravamento da anemia e maior icterícia. -Por ser mais rara, é válido atentar-se a outras causas de elevação de níveis de bilirrubina (cálculos vesiculares, hepatite, colestase) *Crise de sequestro esplênico -Acúmulo rápido de sangue no baço -Principal causa de dores abdominais em anemia falciforme -Baço é responsável por reciclagem de hemácias -Muitas hemácias morrendo Necessidade de maior atividade Acúmulo rápido de sangue no baço Esplenomegalia Distensão capsular Dor -Queda dos níveis de Hb e a hiperplasia compensatória de medula óssea induzem maior atividade do baço -Uma das principais causas de morte até os 10 anos de vida
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