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Thais Alves Fagundes DOENÇAS RESPIRATÓRIAS AGUDAS EM PEDIATRIA RESFRIADO COMUM Benigno Autolimitado Etiologia viral Sazonal: com pico no outono e inverno Mais incidente em pré-escolares: pré-escolares que frequentam creches podem apresentar um episódio por mês de resfriado comum (12 episódios ao ano). ETIOLOGIA Rinovírus (mais comum) Parainfluenza Vírus sincicial respiratório Influenza Adenovírus Coronavírus FISIOPATOLOGIA Doença transmitida por micropartículas exaladas por espirro e tosse pelos doentes; Transmitida pelas mãos contaminadas em contato com olhos, nariz, ou boca. Pico de excreção viral: 3 a 5 dias. Sintomas são originados da resposta inflamatória da mucosa nasal acometida. QUADRO CLÍNICO Síndrome clínica: tosse, espirro, rinorréia, obstrução nasal e febre. Perguntar por contato com pessoas resfriadas há 2 dias, ou se criança frequenta creche. Exame físico: o Edema e hiperemia de cornetos nasais. o Rinorréia o Linfoadenopatia cervical anterior o Hiperemia conjuntival Recuperação: 7-10 dias TRATAMENTO Não há necessidade de propedêutica laboratorial. Tratamento visa alívio sintomático. o Lavagem nasal com soluções salinas (solução fisiológica 0.9%) podem aliviar os sintomas. o Hidratação oral pode ajudar a fluidificar secreções. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Considerar diagnóstico diferencial com rinite alérgica, com síndrome clínica semelhante. Thais Alves Fagundes COMPLICAÇÕES Reatividade brônquica: sibilância, desconforto respiratório prolongado. Otite média aguda Rinossinusite PREVENÇÃO Principal medida preventiva é a lavagem das mãos com água e sabão ou a higienização com soluções desinfetantes à base de álcool a 70%. Evitar tocar os olhos, nariz e boca. Manter-se distante de pessoas resfriadas, quando possível. OBS.: vacina contra a gripe (anti-influenza) não evita resfriados, evita apenas a síndrome da gripe. FARINGITE AGUDA Predominantemente infecciosas e virais. Embora também tenha acometimento por bactérias. o Acima dos 3 anos de idade, embora a etiologia viral predomine, deve-se suspeitar da infecção pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A. ETIOLOGIA Vírus: Adenovírus, parainfluenza, influenza, rinovírus, coronavírus, enterovírus, vírus Epstein-Barr e herpes-vírus simples. Responsáveis por até 80% dos casos de faringite aguda infecciosa. Bactérias: Streptococcus beta-hemolítico do grupo A causa 15 a 20% das faringites agudas. QUADRO CLÍNICO Odinofagia e febre são sintomas universais. Espirros, coriza, obstrução nasal, conjuntivite, tosse e diarreia são mais frequentes em quadros virais. Febre alta, mal-estar geral e dor abdominal são mais frequentes em quadros bacterianos. o Petéquias no palato, com hiperemia acentuada da orofaringe, exsudato amigdaliano e adenomegalias cervicais anteriores são mais frequentes na faringite estreptocócica. ESCORE DE MCLSAAC (1998) Escore clínico sugerido para direcionar o uso de antimicrobiano, perante um quadro clínico de faringite. Pontuação = 4 ou > 4 etiologia bacteriana iniciar antimicrobiano. o Escore não é totalmente exato. o Auxiliam na indicação de propedêutica complementar. Thais Alves Fagundes DIAGNÓSTICO Diagnóstico clínico. Considerar a realização de teste rápido para Streptococcus beta-hemolítico do grupo A e cultura de orofaringe em caso de alta suspeição. o Para fazer diferenciação etiológica e iniciar antimicrobianos. Exames de sangue (antiestreptolisina O, proteína C reativa e leucograma) não são necessários ao diagnóstico diferencial de faringite viral e bacteriana (estreptocócica). TRATAMENTO Sintomático Em caso de suspeita de etiologia bacteriana, usar penicilina (amoxacilina ou penicilina benzatina). Macrolídeos podem ser usados em caso de alergia (azitromicina). COMPLICAÇÕES Quadros virais são benignos. Complicações supurativas da etiologia bacteriana são adenite cervical, abscesso piramigdalino ou retrofaríngeo, otite média e sinusite. Sequelas não supurativas da faringite estreptocócica incluem febre reumática, glomerulonefrite pós- estreptocócica e artrite reativa. o Febre reumática pode ser evitada com antimicrobiano iniciado até o 9° dia de início da doença. PREVENÇÃO Quadros virais podem ser prevenidos evitando-se aglomerados ou contato íntimo com pessoas sintomáticas e mediante lavagem das mãos. Vacinas contra SBHGA vêm sendo estudadas, mas ainda não estão disponíveis. OTITE MÉDIA AGUDA INTRODUÇÃO Processo inflamatório na orelha média (além do tímpano). Etiologia viral ou bacteriana. Comumente secundária a uma infecção viral prévia das vias respiratórias superiores, como o resfriado. EPIDEMIOLOGIA Cerca de 90% das crianças têm pelo menos um episódio de OMA até os 5 anos de idade. Pico de ocorrência vai dos 6 (lactente) aos 24 meses (lactente tardio). OMA é a principal causa de prescrição de antibióticos em pediatria na maioria dos países. Thais Alves Fagundes ETIOLOGIA BACTERIANA Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae não tipável Moraxella cararrhalis FISIOPATOLOGIA Disfunção da tuba auditiva Mais importante em crianças jovens. o Tuba auditiva com tendência a se obliterar como, por exemplo, pela anatomia da criança, tem facilidade em acumular pus. o Ficando esse material aprisionado na orelha média, gera crescimento de bactérias que colonizam a mucosa do trato respiratório, produzindo a infecção. o À medida que a criança envelhece e adquire uma tuba mais pérvia, fica cada vez menos incidente a otite média aguda. OTOSCOPIA Ferramenta de exame clínico importante para diagnóstico. Sendo os achados específicos, de melhor acurácia diagnóstica: Eritema intenso timpânico Abaulamento timpânico Membrana timpânica opaca Perda de mobilidade timpânica o Verificada através do método pneumático / otoscopia pneumática. Acoplando um manguito com bulbo ao otoscópio realiza-se a otoscopia pneumática. Permite diagnóstico mais convicto. Thais Alves Fagundes TRATAMENTO Crianças > 2 anos de idade sem sintomas graves: conduta expectante o Criança deve ser reavaliada entre 48 e 72 horas. Iniciar antimicrobianos: o Menores de 6 meses o Crianças a partir de 6 meses com otalgia moderada à intensa há pelo menos 48 horas ou com febre maior que 38,9°C (sintomas graves). Antibiótico de escolha para o tratamento das otites é a amoxicilina. CRUPE Corresponde às síndromes clínicas encontradas na laringite, laringotraqueíte e na laringotraqueobronquite. Causada predominantemente por infecção viral. Sazonal: predomina no outono e inverno, mas ocorre o ano todo. Principal causa de obstrução aguda das vias respiratórias superiores e estridor em crianças. QUADRO CLÍNICO Coriza, rouquidão e tosse leve. Febre pode ocorrer. Evolutivamente podem surgir estridor (achado bem específico para diagnóstico), tosse ladrante e dificuldade respiratória. Nos casos mais graves há, ao exame físico, retração inspiratória na fúrcula esternal e nas regiões sub e intercostais. Sintomas pioram na madrugada ou quando a criança se agida. Fase mais intensa da doença costuma durar de 2 a 5 dias. TRATAMENTO Criança, ao ser recebida no pronto atendimento, deverá ficar mais isolada, sem muita manipulação, afim de deixar a via área fazer um fluxo laminar com adequada oxigenação. Epinefrina nebulizada o Criança que se apresentar ainda muito agitada, com desconforto respiratório, hipoxêmica. o Deixando a criança em observação por pelo menos 4 horas, para atestar efeito rebote possível. Corticoides o Efeito anti-inflamatório. o Dexametasona. Oxigênio o Pacientes que permanecem hipoxêmicos, após as medidas medicamentosas, devem receber oxigênio no fluxo necessário. o Podemreceber por cânula nasal a 2-3L/min (baixo fluxo) ou, se necessário, através de máscara (alto fluxo). PREVENÇÃO Afastar criança momentaneamente da creche, se frequentar, e outros meios sociais. Lavagem das mãos antes e depois de contato com o paciente ou com fômites. o Para não perpetuar a infecção para outros pacientes observados e internados. Para pacientes internados, recomenda-se isolamento da criança, em quarto privado ou a uma distância de 2/3 metros do próximo leito.
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