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HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA DISCIPLINA: Urologia ALUNA: Indira Odete Amorim de Matos Menezes UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS EPIDEMIOLOGIA Hiperplasia prostática benigna 01. A hiperplasia prostática benigna (HPB) é definida pela proliferação de células do epitélio e do estroma prostático, formando tecido nodular adenomatoso. Isso provoca aumento da glândula, associado a história de sinais e sintomas obstrutivos e irritativos. É mais comum em homens acima de 45 anos Em torno dos 80 anos, aproximadamente 85% dos homens apresentam HPB O envelhecimento e os testículos funcionantes constituem os principais fatores de risco O aparecimento de manifestações clínicas de HPB antes dos 65 anos de idade em um parente de primeiro grau também constitui um fator de risco. Nos Estados Unidos, cerca de um terço dos homens norte-americanos na faixa dos 40 aos 79 anos de idade apresenta sintomas moderados a graves do trato urinário inferior, cuja maioria é atribuível à HPB. EPIDEMIOLOGIA DIAGNÓSTICO Hiperplasia prostática benigna 02. O diagnóstico é feito pela história clínica, exame físico e exames laboratorias HISTÓRIA CLÍNICA Avaliar os sintomas característicos da HPB Sintomas de Armazenamento: aumento da frequência urinária (polaciúria), noctúria, urgência/incontinência urinária e enurese noturna. Sintomas de Esvaziamento: jato fraco, bífido ou intermitente, hesitação, esforço miccional e gotejamento terminal. Sintomas Pós-miccionais: tenesmo vesical (sensação de esvaziamento incompleto) e gotejamento pós-miccional. I-PSS (Escore Internacional de Sintomas Prostáticos) escore de sintomas para avaliar seguimento e manejo do paciente. Apresenta sete perguntas, autoaplicadas pelo paciente, que avaliam a gravidade dos sintomas prostáticos. DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO Exame físico geral e exame urológico completo Observar a micção, observando o jato urinário Palpação do hipogástrio para detectar massas ou globo vesical Toque retal avalia se a próstata está aumentada de volume e detecta possíveis nodulações Exame digital da próstata avaliar a contração e sensibilidade do esfíncter anal, reflexo bulbocavernoso, características prostáticas ( volume, consistência, regularidade, limites, sensibilidade e mobilidade), as vesículas seminais e parede retal Uma calota palpável com 3 cm equivale a uma próstata de aproximadamente 30 g. A medida do resíduo urinário pode ser obtida pela passagem de uma sonda vesical após micção ou por ultrassonografia transabdominal DIAGNÓSTICO EXAMES LABORATORIAIS - Obrigatórios Exame de urina investiga a presença de piúria e nitrito (infecção) e hematúria Ureia e creatinina avalia a presença de nefropatia obstrutiva (complicação importante da HPB) Antígeno prostático específico (PSA) é uma glicoproteína produzida pelo tecido prostático que pode elevar seus níveis séricos em qualquer doença inflamatória ou neoplásica. O valor normal é < 2,5 ng/mL para homens com menos de 60 anos e até 4 ng/mL para o restante. DIAGNÓSTICO EXAMES NÃO OBRIGATÓRIOS Ultrassonografia avalia a morfologia do trato urinário , o volume da próstata e o resíduo pós-miccional. A via preferida é a transretal Urofluxometria método urodinâmico recomendável, que registra, em gráfico, a curva do fluxo urinário. Tem boa acurácia em detectar hipofluxo miccional, desde que o volume urinado seja de pelo menos 150 mL Uretrocistoscopia avalia a presença ou não de estenose da uretra, a extensão da uretra prostática, aspecto da parede vesical, presença de doenças associadas (como cálculos ou tumores vesicais) Urodinâmica indicada nos casos de sintomas do trato urinário inferior em pacientes com menos de 50 anos e mais de 80 anos; volume urinário <150 mL; resíduo pós-miccional > 300 mL; pacientes com doenças neurológicas ; ou após a falha de procedimento invasivo prévio. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DIAGNÓSTICO Estenose de uretra Uretrite Divertículo de uretra Litíase de uretra Disfunções do esfíncter externo Dissinergia detrusora esfincteriana Pseudodissinergia Prostatites Câncer de próstata Infarto prostático Disfunções do colo vesical Cistites específicas Cistites inespecíficas Cistite actínica Litíase vesical Tumores vesicais superficiais /infiltrativos/ in situ Hiperatividade vesical TRATAMENTO Hiperplasia prostática benigna 03. EXPECTANTE Indicado aos pacientes com sintomas leves e sem complicações (escore I-PSS entre 0 e 7) O acompanhamento deve ser anual Mudanças do estilo de vida diminuição da ingesta hídrica à noite, evitar bebidas diuréticas, rever uso de medicações TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Indicado aos pacientes com sintomas moderados ( I-PSS entre 8 e 19), com morbidade mínima e boa aceitação. Não deve interferir na sua qualidade de vida Bloqueadores alfa-adrenérgico Ação: relaxamento da musculatura lisa do colo vesical, uretra prostática e cápsula prostática. Os alfabloqueadores seletivos alfa-1 amenizam sintomas miccionais, com efeitos sistêmicos de intensidade e frequência menores (urosseletivos) Contraindicações : Absolutas: IR pós-renal e/ou resíduo vesical elevado causados pela HPB; história de hipersensibilidade à droga Relativas: doença cerebrovascular; história de síncope ou hipotensão postural; retenção urinária aguda repetida ou ITU recorrente atribuída À HPB TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Bloqueadores alfa-adrenérgico Fármacos disponíveis: Prazosina diminui as pressões arterial e uretral. Meia vida de 4-6h. Dose de 4-6 mg, em 2 a 3 tomadas diárias. Causa hipotensão postural acentuada, podendo levar a síncope. Caiu em desuso. Terazosina ação similar à da prazosina. É mais urosseletiva. Sua ação é menor. Meia vida de 12h. Dose habitual de 10-20mg, ao deitar-se. Aconselha-se um regime de titulação da dose Alfuzosina possui urosseletividade mais elevada, que as drogas anteriores. Tem menos efeitos colateriais. Meia vida de 5h. Pode ser usada dose única de 10mg/ dia, ou fracionada de 2,5mg, 3x ao dia. Doxazosina afinidade elevada pelos receptores alfa-1. meia vida de 20h. Dose de 2-8mg em tomada única, ao deitar-se, ou doses múltiplas com titulação progressiva. Redução pontual de sintomas. Seus efeitos colaterais são leves. Tansulosina mais moderno e potente bloqueador alfa-1, com especificidade para receptores alfa-1-a. Dose diária de 0,4 mg. Apresenta mínimos efeitos vasculares. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Inibidores da 5-alfarredutase A 5AR é uma enzima altamente lipofílica que converte, na próstata, a testosterona em DHT. Possui as isoformas tipo 1 e 2, sendo a tipo 2 predominantemente encontrada na próstata (98%). Fármacos disponíveis Finasterida inibidor potente e reversível da 5AR tipo 2. A inibição leva à redução do volume prostático em percentuais variados, sobretudo em portadores de glândulas acima de 40g. A administração prolongada leva a diminuição volumétrica , melhora fluxo urinário e reduz o IPSS. Diminui o risco de retenção aguda de urina e necessidade de tratamento cirúrgico. Dose de 5mg/dia. Efeitos colaterais restritos a esfera sexual, com redução de libido, do volume ejaculado e da capacidade fértil. Pode levar a redução do PSA em cerca de 50%, quando tomada em períodos acima de 6 a 12 meses. Por isso, para não mascarar o diagnóstico precoce do CA de próstata, o PSA deve ser dobrado em seus valores. Dutasterida inibidor seletivo da 5AR tipo 1 e tipo 2. reações adversas iguais as da finasterida. Reduz níveis plasmáticos do PSA. TRATAMENTO TERAPIA COMBINADA A combinaçãode α-bloqueadores 5-α-redutase pode ser empregada em pacientes com sintomas graves (IPSS > 20), alto risco de progressão ou que não tenham resposta adequada com tratamento em monoterapia em dose adequada. Recomenda-se intervalo de 4 horas entre a tomada dos medicamentos, pois sua interação pode causar hipotensão. FARMACOLÓGICO Fitoterápicos Naturais e desprovidos de efeitos colaterais Serenoa repens Carece de estudos Inibidores da fosfodiesterase 5 (IPDE-5) Ação relaxamento do músculo liso, proliferação de células endoteliais, melhora do fluxo sanguíneo, melhora atividade sobre nervos eferentes prostáticos. Tadalafila 5mg, 1x ao dia. Antimuscarínicos Indicados em pacientes com STUI moderados/graves com predomínio de sintomas de armazenamento. Resíduo miccional deve ser <150 mL Agonista beta-3-adrenérgico Classe mais recente Mirabegrona agonista de receptores beta-3-adrenérgicos vesicais. Promove relaxamento do detrusor, melhorando sintomas de armazenamento TRATAMENTO CIRÚRGICO Indicações: Retenção urinária ITU recorrentes ou persistentes Distúrbios anatômicos ou funcionais do trato urinário superior decorrentes da obstruão prostática Calculose vesical secundária a obstrução Hematúria macroscópica recorrente de origem prostática Insucesso ou impossibilidade de tratamento clínico Incisão transuretral da próstata Indicado para pacientes com sintomatologia leve ou moderada e próstata menor que 30g, sem lobo mediano. Realiza-se por 2 incisões posteriores-4 a 8h. Taxas razoáveis de melhora dos sintomas e da obstrução, porém por curto período ( 2 anos, em média). TRATAMENTO CIRÚRGICO Tratamentos minimamente invasivos Técnicas de uso transuretral de micro-ondas (TUMT) e ablação por agulha (TUNA) são aceitáveis O stent uretral é aceitável com restrição Não possibilitam estudo anatomopatológico da próstata Não alcançaram taxas de sucesso comparáveis às das prostatectomias ou ressecção transuretral Outros: lift de uretra prostática, urolift, embolização das artérias prostáticas. TRATAMENTO CIRÚRGICO Ressecção transuretral da próstata (RTUP) Tratamento cirúrgico mais utilizado (90%). Padrão ouro Alta taxa de sucesso e preenche requisitos de técnica minimamente invasiva ( curva de aprendizado rápida com uso de microcâmera, menor tempo de cateterização vesical com deambulação, reabilitação e alta precoces. Pode ser usada em pacientes com risco cirúrgico elevado Melhora nos sintomas e fluxo urinário em 85% dos pacientes Mortalidade em torno de 2% Complicações Síndrome de intoxicação hídrica complicação intraoperatória mais temida. Absorção excessiva, pelo leito prostático cruento, de solução hipotônica empregada para irrigação vesical durante o procedimento. Ocorre em % dos pacientes e é caracterizada por hiponatremia, náuseas, vômitos, hipotensão arterial, bradicardia e distúrbios da visão. Com o advento da técnica bipolar, usando-se soro fisiológico ao invés de solução hipotônica, a intoxicação hídrica foi praticamente eliminada Outras: hemorragia perioperatória; perfuração de cápsula; retenção urinária pós-operatória; tamponamento por coágulos; ITU; ejaculação retrógrada; disfunção erétil; estenose do colo vesical; incontinência urinária TRATAMENTO CIRÚRGICO Ressecção transuretral da próstata (RTUP) TRATAMENTO CIRÚRGICO Vaporização transuretral da próstata Variante da RTUP, em que com uma alça especial, destrói-se o tecido prostático que é vaporizado, dissecado. Pode ser utilizada em indivíduos com problemas de coagulação ou naqueles que vão realizar terapêutica anticoagulante TRATAMENTO CIRÚRGICO Terapia a laser GreenLight “laser verde” Combina a eficácia do procedimento cirúrgico tradicional (RTUP) com a vantagem de ter menos efeitos colaterais Permite a vaporização fotosseletiva da próstata (PVP), que é uma técnica de ablação da glândula de elevadas eficácia e precisão. É eito sob anestesia geral, epidural ou raquidiana, dura 2h. Vantagens: quase ausência de hemorragias operatórias, baixa taxa de disfunção erétil, baixa incontinência urinária Complicação: sintomas miccionais irritativos (raro) Desvantagem: não há como enviar material para anatomopatológico HoLEP Ressecção do adenoma prostático por via endoscópica. Usa para próstatas pequenas até maiores Vantagem: permite tratar próstatas grandes e ser minimamente invasiva TRATAMENTO CIRÚRGICO Evaporação plasma button Por meio do plasma, provoca a vaporização dos tecidos Rápida recuperação e redução de vários transtornos típicos de processos operatórios Energia elétrica transmitida por gerador bipolar Prostatectomia simples- aberta, laparoscópica ou robótica Possui as taxas mais elevadas na melhoria dos sintomas e do fluxo urinário, porém possui o maior índice de morbimortalidade Indicada para próstatas volumosas Técnicas: suprapúbica transvesical 9técnica de Freyer) ou retropúbica (técnica de Millin) Complicações: hemorragia, perfuração de cápsula, retenção urinária pós-operatória, fístula urinária, infecção urinária, ejaculação retrógrada, disfunção erétil, esclerose do colo vesical, incontinência urinária. TRATAMENTO TRATAMENTO REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA; CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Hiperplasia prostática benigna. São Paulo: AMB; Brasília: CFM, 2006. (Projeto Diretrizes). R. J.; et. al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 1835. Goldman L, Ausiello D. Cecil: Tratado de Medicina Interna. 22aEdição. Rio de Janeiro:ELSE- VIER, 2005.
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