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HISTÓRIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

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Produtor Verificado – Gustavo Marques
(https://www.passeidireto.com/perfil/gustavo-marques/ )
HISTÓRIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Se hoje temos um ordenamento jurídico com um olhar especial de proteção integral para os indivíduos que estão em processo de formação, essa conquista social se deu por um processo histórico lento, do qual teve um início não só tardio, tendo em vista que os primeiros movimentos em prol do direito da criança e do adolescente se deram no final do século XIX, como também com uma visão tendenciosa e preconceituosa com o antigo e ultrapassado princípio do menor em condição irregular. Mostrando um avanço significante somente após a promulgação da atual Constituição, no final do século XX, do qual trouxe a visão atual da proteção integral.
Na idade média, não havia nenhuma diferenciação entre crianças, adolescentes ou adultos[footnoteRef:2]. Isso quer dizer que, o conceito de infância nessa época ainda não existia, demonstrando a lentidão dos passos que os direitos das crianças e adolescentes deram até chegarmos ao entendimento contemporâneo da proteção integral. [2: ARIÈS, Philippe Ariés. História Social da Infância e da Família, p.156.] 
Ainda na idade média, a criança quando adquiria a capacidade de viver sem o constante cuidado de sua mãe, já era considerada apta para a vida adulta, onde começavam a aprender seus ofícios ajudando os mais velhos em troca de conhecimento[footnoteRef:3].É o exemplo de Napoleão Bonaparte que com a tenra idade de 16 anos já era Tenente de artilharia Corso na Artilharia Real.[footnoteRef:4] [3: 	 Ibidem. p. 157] [4: ENGLUND, Steven. Napoleão – Uma Biografia Política, p.28 e 29.] 
Um marco importante foram as revoluções industrial e Francesa que deram início a primeira geração de direitos humanos e o início da idade contemporânea. Onde em 1789, ouve a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, uma vez que consagrou os primeiros esboços dos direitos individuais do homem e por consequência da criança e do adolescente.
Porém somente no final do século XIX, em 1875, nos Estados Unidos, foi quando surgiu a primeira Sociedade de proteção à criança do mundo, a New York Society for the Prevention of Cruelty to Children (Sociedade de Prevenção da Crueldade contra Crianças de Nova York)[footnoteRef:5], no qual iniciou	suas atividades com um caso que ganhou destaque e publicidade mundial e marcou o começo dos movimentos em prol da criança, o caso de Mary Ellen Wilson[footnoteRef:6]. [5: 	Endereço eletronico oficial: http://www.nyspcc.org/about-the-new-york-society-for-the-prevention-of-cruelty-to-children/history/. Acesso em: 07/01/2016
] [6: WATKINS, S.A. The Mary Ellen myth: Correcting child welfare history. Social Work, p. 500-503.
] 
Mary Ellen nasceu em Nova York em 1864. Após a morte de seu pai, sua mãe teve que arrumar um emprego, foi quando decidiu dar a filha para uma mulher chamada Mary Score , porém sempre visitava sua filha. Ocorre que por dificuldades financeiras acabou acumulando dívidas e não conseguiu manter as visitas à filha. 
Mary Ellen quando tinha dois anos foi encaminhada para a Secretaria Municipal de Caridade, do qual decidiram encaminhar a pequena garota de forma irregular para a adoção. A mulher que a adotou era Marry McCormack Connolly que pouco tempo após a morte de seu marido, casou-se com Francis Connoly, mudando-se para um cortiço, levando a pequena garota. 
A mãe adotiva maltratava a criança, negligenciando cuidados básicos como alimentação , além de agredi-la fisicamente com chicotadas por todo seu corpo magro. 
Foi só com a ajuda de Etta Angell Wheeler e Henry Bergh, líder do movimento humano animal nos Estados Unidos e fundador da Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (ASPCA) que a sorte da pequena garota mudou. Utilizando-se das leis de proteção animal vigente da época, o promotor alegou esta não era menos que um cachorro e assim conseguiu retirar a criança do convívio com seus pais adotivos.
Dois anos depois do nascimento de Marry Ellen, em 1864 na França, Victor Hugo publicou a obra “Os Miseráveis” onde retratava a miséria moral dos personagens que viviam no final do século XVIII pré-revolução Francesa. Obra esta que inspirou e alimentou o pensamento da época, dando vida à personagem Cossete, uma garota com a história muito parecida com a de Mary Ellen.
Em 1919, após o fim da primeira Guerra Mundial foi fundada a International Save the Childen Alliance (União Internacional Salve as Crianças)[footnoteRef:7] com o objetivo de promover programas de proteção às crianças abandonadas. [7: 	Endereço eletronico oficial: https://www.savethechildren.net/about-us/our-story. Acesso em 07/01/216.] 
Em 1924, foi elaborada pela Assembleia Geral da Liga das Nações e a Declaração de Genebra do qual trazia a primeira referência aos direitos da criança[footnoteRef:8], no qual deu início posteriormente à criação de outras declarações e convenções internacionais como a Declaração dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU em 1959 e a Convenção sobre os Direitos da Criança também aprovada pela ONU em 1989. [8: 	 ORTIZ, Ligia Galviz. A Convenção sobre os Direitos da Criança vinte anos mais tarde. Disponível na Internet via < http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1692-715X2009000200002&lang=pt> Acesso em 07/01/2016.] 
No Brasil, a primeira Lei destinada a regulamentar os direitos da criança se deu em 1921 com a Lei 4.242/21 que autorizava os estados a criarem o Serviço de Assistência e Proteção à Infância Abandonada e Delinquente.
A fim de consolidar as leis que regulavam a situação dos menores, 1927 foi promulgado o Decreto nº 17.943-A, ou também conhecido como Código Mello Mattos, do qual ficou vigente até 1979. 
Em 1979 entrou em vigor o Código de Menores (Lei 6.697/79) que estabelecia como base a doutrina da situação irregular do menor, no qual a criança e o adolescente que cometiam algum ato infracional bem como aqueles que eram abandonados, vitimas de maus tratos eram tratados como menores em situação irregular, sendo tratados da mesma forma, ou seja, eram afastados da sociedade em estabelecimentos que privavam sua liberdade.
Além disso, as medidas que até então eram aplicadas aos infantes que praticavam um ato infracional, tinham muito mais um caráter punitivo do que visando sua reinserção social. 
Somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi criado dispositivos que visavam a proteção integral e absoluta prioridade destes sujeitos, ensejando posteriormente a criação do Estatuto da Criança e do adolescente em 1990.

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