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TUDO SOBRE O CORONAVÍRUS

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Vitória Farias – 2º semestre de Medicina 
 
O QUE É? 
 
Coronavírus (Ordem Nidovirales, Família 
Coronaviridae, Subfamília Coronavirinae) são 
vírus envelopados, com genoma de RNA de 
senso positivo, de fita simples e com tamanho 
aproximado de 26 a 32 Kb, o qual é o maior 
genoma conhecido para um vírus de RNA. 
O termo "coronavírus" refere-se à 
aparência dos vírions de CoV, quando 
observados em microscopia eletrônica, onde 
as projeções da membrana do vírus se 
assemelham a uma “coroa” ou corona em 
latim. Os CoVs podem exibir uma sazonalidade 
bienal típica diferente da que ocorre com 
outros vírus respiratórios. Causam 
principalmente patologias respiratórias e 
entéricas, com propriedades neurotrópicas e 
neuroinvasivas em vários hospedeiros, 
incluindo gatos, porcos, vacas, aves, cães e 
humanos. 
Os Coronavirinae são subdivididos em alfa 
(α), beta (β), gama (γ) e delta (δ) coronavírus. 
Gama e delta geralmente infectam pássaros, 
embora alguns deles possam atingir 
mamíferos; os alfa e os beta coronavírus são 
conhecidos por infectar seres humanos e 
outros animais. Os vírus foram inicialmente 
classificados nesses grupos com base na 
sorologia, mas atualmente são divididos em 
agrupamento filogenético. O primeiro 
coronavírus humano (HCoV), denominado 
B814, foi isolado em 1965 a partir da secreção 
nasal de pacientes com resfriado comum. Há 
sete HCoVs conhecidos, dentre eles o SARS-
CoV (que causa SARS), o MERS-CoV (que 
provoca MERS) e o SARS-CoV-2 (vírus 
responsável pela COVID-19). SARS, MERS e 
COVID-19 podem ocasionar doenças 
respiratórias, intestinais, hepáticas e 
neuronais e podem levar à SDRA, falência 
múltipla dos órgãos e ao óbito. 
 
ORIGEM 
 
O vírus da SARS provavelmente originouse 
de um hospedeiro não humano, mais 
provavelmente morcegos, e foi transmitido 
para o homem. Os morcegos chineses são os 
reservatórios naturais de coronavírus 
semelhantes ao vírus da SARS. Nas regiões 
rurais do sudeste da China, onde o surto se 
iniciou, pessoas, porcos e aves domésticas 
viviam em condições muito próximas e tinham 
o hábito de usar espécies selvagens na 
alimentação e na medicina tradicional - 
condições que promovem o surgimento de 
novas linhagens virais. 
 
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO 
 
A glicoproteína S e a glicoproteína 
transmembrana [M] são duas proteínas 
principais do envelope. A glicoproteína S é um 
antígeno que se liga ao receptor e é 
responsável pela fusão celular. A proteína M 
interage com todas as outras proteínas 
estruturais virais e, portanto, ajuda a moldar e 
a manter a estrutura do micro-organismo. 
Durante a infecção celular, essa proteína pode 
participar da inibição da resposta do interferon 
tipo 1 pelas células infectadas e, portanto, 
influenciar o resultado da infecção e o destino 
celular após a infecção. A proteína N, 
associada ao genoma viral, desempenha um 
papel essencial em encapsulá-lo em um 
nucleocapsídeo helicoidal dentro da partícula 
viral. Foi demonstrado que a proteína N do 
SARS-CoV se localiza parcialmente no nucléolo 
e desregula o ciclo celular do hospedeiro. A 
proteína N de diferentes coronavírus também 
participa na inibição da resposta do interferon 
tipo 1 pela célula infectada e na indução da 
apoptose. A hemaglutinina esterase ajuda a 
espícula S a destruir proteínas do hospedeiro 
para entrar na célula. 
{ Coronavírus } 
Vitória Farias – 2º semestre de Medicina 
O genoma de RNA de fita simples positivo 
com cerca de 26-32 Kbp, é o maior RNA 
genômico conhecido entre os vírus e contém 
7–10 quadros de leitura aberta diferentes. Isto 
é metilado em 5' e tem uma cauda poli-A em 
3'. 
A proteína estrutural S, localizada na 
superfície do envelope viral, é fundamental 
para a entrada do vírus na célula hospedeira. 
Ela representa um fator de virulência 
importante, pois está associada à maioria dos 
efeitos citotóxicos que levam à degeneração 
das células infectadas. É formada pelas 
subunidades S1 e S2, ela é revestida por 
polissacarídeos que tem a função de camuflar 
o vírus e facilitar a sua evasão do sistema 
imunológico. A subunidade S1 se liga à ACE2 e 
a subunidade S2 atua na fusão entre as 
membranas celular e viral. O processo de 
ligação S-ACE2 e a subsequente fusão entre as 
membranas resulta na liberação do genoma 
viral no meio intracelular. Entre as proteínas 
estruturais, a proteína S é o principal antígeno, 
sendo capaz de induzir uma resposta imune 
adaptativa através da produção de anticorpos 
específicos que conferem proteção contra o 
Sars-CoV-2. 
 
SISTEMA IMUNOLÓGICO NA COVID-19 
 
Quando o coronavírus (SARS-CoV-2) 
infecta as células que expressam os receptores 
ACE-2 e TMPRSS2, começa a replicação viral e 
a liberação dos vírus fazem com que a célula 
hospedeira se submeta à piroptose (ao 
contrário da apoptose, que é uma morte 
celular fisiológica e silenciosa, a piroptose 
alerta o sistema imunológico de que algo está 
errado. O macrófago explode e tudo que está 
dentro dele é jogado para fora. Algumas 
dessas moléculas se ligam a outros receptores 
do sistema imune e isso faz com que certos 
tipos de células de defesa, principalmente 
neutrófilos, migrem para o local na tentativa 
de controlar a infecção) e libere padrões 
moleculares associados a danos, incluindo 
ATP, ácidos nucleicos. Estes são reconhecidos 
por células epiteliais vizinhas, células 
endoteliais e macrófagos alveolares, 
desencadeando a geração de citocinas pró-
inflamatórias e quimiocinas (incluindo IL-6, IL-
10, proteína inflamatória macrófago 1α 
(MIP1α), MIP1β e MCP1). Essas proteínas 
atraem monócitos, macrófagos e células T 
para o local da infecção, promovendo uma 
inflamação adicional (com a adição de IFN-γ 
produzido por células T) e estabelecendo um 
loop de feedback pró-inflamatório. Em uma 
resposta imune defeituosa isso pode levar a 
um maior acúmulo de células imunes nos 
pulmões, causando superprodução de 
citocinas pró-inflamatórias, o que 
eventualmente danifica a infraestrutura 
pulmonar. A tempestade de citocinas 
resultante circula para outros órgãos, levando 
a danos multi-órgãos. Além disso, anticorpos 
não neutralizantes produzidos por células B 
podem aumentar a infecção pelo SARS-CoV-2 
através do aprimoramento dependente de 
anticorpos (ADE), agravando ainda mais os 
danos dos órgãos. 
Alternativamente, em uma resposta 
imune saudável, a inflamação inicial atrai 
células T específicas do vírus para o local da 
infecção, onde podem eliminar as células 
infectadas antes que o vírus se espalhe. 
Anticorpos neutralizantes nesses indivíduos 
podem bloquear a infecção viral, e macrófagos 
alveolares reconhecem vírus neutralizados e 
células apoptóticas e os limpam por 
fagocitose. Ao todo, esses processos levam à 
liberação do vírus e danos pulmonares 
mínimos, resultando em recuperação. 
A infecção por SARS-CoV reduz a 
expressão do receptor ACE2 nas células 
pulmonares. Como a perda da função ACE2 
pulmonar está associada a lesões pulmonares 
agudas, a regulação ACE2 induzida pelo vírus 
pode ser importante para a patologia da 
doença. O ACE2 regula o sistema renina-
angiotensina 2 (RAS). Portanto, uma redução 
da função ACE2 após a infecção viral pode 
resultar em uma disfunção do RAS, que 
influencia a pressão arterial e o equilíbrio 
fluido/eletrólito, e aumentar a inflamação e 
permeabilidade vascular nas vias aéreas. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
O espectro de manifestações clínicas 
observado nas pessoas infectadas pelo SARS-
CoV-2 é amplamente variável, indo do estado 
Vitória Farias – 2º semestre de Medicina 
assintomático a quadros graves e 
potencialmente fatais. Quando presentes, os 
sintomas refletem predominantemente o 
acometimento do trato respiratório ou a 
resposta sistêmica à infecção, mas também 
são observados sintomas gastrointestinais. 
A Covid-19 pode ser dividida em três 
estágios de acordo com a evolução e gravidade 
da doença. O período de incubação varia de 2 
a 14 dias (média de 5 dias). 
 
1. Estágio I – leve (infecção precoce): O 
iníciodos sintomas ocorre no estágio I, que 
corresponde à fase de replicação viral e se 
estende por sete dias. Nesse estágio são 
comuns sintomas como febre, tosse, dor de 
garganta, perda de olfato (anosmia) e diarreia, 
além de coriza, perda do paladar (ageusia) e 
olfato (anosmia), dor muscular (mialgia), dor 
nas articulações (artralgia), dor de cabeça 
(cefaleia), dor abdominal e vômitos. O 
diagnóstico nesta fase inclui reação em cadeia 
de polimerase de amostra respiratória, teste 
de soro para SARS-CoV-2 IgG e IgM, imagem 
torácica, contagem sanguínea completa e 
testes de função hepática. O hemograma 
completo pode revelar uma linfopenia e 
neutrofilia sem outras anormalidades 
significativas. O tratamento nesta fase é 
voltado principalmente para o alívio dos 
sintomas. Em pacientes que podem manter o 
vírus limitado a esta fase do COVID-19, o 
prognóstico e a recuperação são excelentes. 
 
2. Estágio II – moderado (envolvimento 
pulmonar sem e com hipóxia): A minoria dos 
infectados evolui para a fase II, que se 
caracteriza pelo comprometimento pulmonar, 
causando dispneia. Essa progressão é 
observada entre o 7º e 10º dia da evolução, 
sendo importante o monitoramento do 
paciente nesse período. Nesta fase, os 
pacientes desenvolvem pneumonia viral, com 
tosse, febre e possivelmente hipóxia (definida 
como pO2/FiO2 < 300 mm Hg). A tomografia 
computadorizada revela imagens de vidro 
fosco, opacidade, infiltrado difuso bilateral. 
Exames de sangue revelam linfopenia, 
leucopenia, alterações de enzimas hepáticas, 
musculares. É nesta fase que a maioria dos 
pacientes com COVID-19 precisa ser internada 
para acompanhamento. O tratamento 
consiste principalmente em terapias antivirais 
disponíveis, como remdesivir (disponível sob 
uso compassivo e experimental). No estágio II 
inicial (sem hipóxia significativa), deve ser 
evitado o uso de corticosteroides. No entanto, 
se a hipóxia ocorrer, é provável que os 
pacientes progridam para necessidade de 
ventilação mecânica, e nessa situação, 
acredita-se que o uso de terapia anti-
inflamatória, como com corticosteroides, pode 
ser útil e pode ser criteriosamente empregado. 
Assim, a doença do Estágio II deve ser 
subdividida em Estágio II-a (sem hipóxia) e 
Estágio II-b (com hipóxia). 
 
3. Estágio III (grave) – hiperinflamação 
sistêmica: Uma minoria de pacientes COVID-
19 passa para o terceiro e mais grave estágio 
da doença, que se manifesta como uma 
síndrome de hiperinflamação sistêmica 
extrapulmonar. Os pacientes que 
desenvolvem a resposta hiperinflamatória, 
fase III, necessitarão de cuidados de unidade 
intensiva e apresentam elevada taxa de 
mortalidade. 
Nesta fase, os marcadores de inflamação 
sistêmica se elevam. A infecção por COVID-19 
resulta em uma diminuição na contagem de 
células T auxiliares, supressoras e regulatórias. 
Estudos revelaram que citocinas inflamatórias 
e biomarcadores como IL-2, IL-6, IL-7, fator 
estimulante da colônia de granulócitos, 
proteína inflamatória de macrófago 1-α, TNF-
α, proteína C-reativa, ferritina e D-dímero são 
significativamente elevados nesses pacientes 
com doença mais grave. Além da COVID-19 
causar grave acometimento pulmonar, o 
sistema cardiovascular também pode ser 
afetado por miocardite, insuficiência cardíaca 
e choque. Portanto, a elevação de 
biomarcadores cardíacos, como Troponina T 
(TnT) e peptídeo natriurético tipo B (BNP) tem 
Vitória Farias – 2º semestre de Medicina 
sido associada a um pior prognóstico. Entre os 
mecanismos propostos para a agressão 
miocárdica causada pelo SARS-CoV-2, temos 
principalmente a chamada “tempestade de 
citocinas” que é desencadeada por um 
desequilíbrio nas respostas celulares dos 
linfócitos T helper Tipo 1 e Tipo 2. A 
Interleucina-6 (IL-6) é uma das que se elevam 
como resultado desse desequilíbrio celular, 
sendo inclusive um marcador de mortalidade 
já identificado. Essas citocinas agridem o 
miocárdio, causando elevação da troponina e 
disfunção cardíaca. 
Um importante achado no estudo de Guo 
et al. foi que a elevação da troponina foi um 
marcador mais forte para mortalidade do que 
a presença de doença cardiovascular (DCV) 
prévia. Pacientes com histórico de DCV, mas 
com troponina normal tiveram mortalidade 
menor que aqueles sem história de DCV, mas 
que elevaram troponina na internação. Além 
disso, tanto a TnT quanto NT-pro-BNP 
aumentaram de forma significativa ao longo 
da internação naqueles que evoluíram para 
óbito e isto não foi observado naqueles que 
sobreviveram. Quanto ao BNP/NT-pro-NBP, 
alguns estudos também sugerem ser um 
marcador prognóstico importante. Os 
possíveis mecanismos para elevação do BNP 
na infecção por SARS-Cov-2 vão desde a 
elevação secundária a agressão inflamatória 
do miocárdio (tempestade de citocinas), que 
resulta em disfunção cardíaca e aumento das 
pressões de enchimento ventricular, até 
mesmo a agressão direta do cardiomiócito 
pelo vírus pelo sítio de ligação da enzima 
conversora da angiotensina 2 e pela hipoxemia 
miocárdica induzida pela injúria pulmonar 
aguda. 
Nesta fase, choque, vasoplegia, 
insuficiência respiratória e até colapso 
cardiopulmonar são perceptíveis. O 
envolvimento sistêmico do órgão, até mesmo 
a miocardite, se manifestaria durante esta 
fase. 
A terapia sob medida no Estágio III 
depende do uso de agentes 
imunomodulatórios para reduzir a inflamação 
sistêmica antes que resulte esmagadoramente 
em disfunção multiórgão. Nesta fase, o uso de 
corticosteroides pode ser justificado em 
conjunto com o uso de inibidores de citocinas, 
como tocilizumabe (inibidor Il-6) ou anakinra 
(antagonista do receptor IL-1). A globulina 
venosa imune também pode desempenhar um 
papel na modulação de um sistema 
imunológico que está em um estado 
hiperinflamatório. No geral, o prognóstico e a 
recuperação desse estágio crítico da doença 
são pobres, e o rápido reconhecimento e 
implantação dessa terapia pode ter o maior 
rendimento. 
 
FATORES AGRAVANTES 
 
Por que pessoas com doenças crônicas tem 
mais chances de pioras na COVID-19? 
 
Isso se deve ao fato de o gene ACE2 
geralmente ser mais expresso em pacientes 
com doenças crônicas como hipertensão, 
diabetes e outras doenças cardiovasculares, o 
que as torna mais suscetíveis a infecção pelo 
novo coronavírus. Além disso, o uso de 
medicamentos inibidores da enzima 
conversora de angiotensina (iECA) e dos 
bloqueadores dos receptores de angiotensina 
(BRA), comumente usados por pacientes com 
diabetes e hipertensão, pode resultar em um 
aumento ainda maior da expressão de ACE2 
devido a um mecanismo compensatório 
(upregulation). 
Então, como a entrada do SARS-CoV-2 na 
célula é feita principalmente por meio da 
ligação da proteína S do vírus com o receptor 
ACE2, o aumento da expressão dessa molécula 
na superfície das células desses pacientes 
pode aumentar a chance de infecção e até 
mesmo influenciar na gravidade da doença. 
 
1. Diabetes: Essa doença causa muitos 
distúrbios metabólicos, assim, as complicações 
e o grande número de fatalidades dos 
pacientes que contraíram Sars-CoV-2 e que 
são portadores dessa comorbidade podem ser 
explicados pela depressão da função 
imunológica, que prejudica a função dos 
macrófagos e dos linfócitos, tornando-os mais 
suscetíveis aos agravos da doença. 
 
2. Obesidade: As disfunções respiratórias, 
como menor capacidade de comportar ar nos 
Vitória Farias – 2º semestre de Medicina 
pulmões é uma forma de piorar o quadro dos 
obsesos. A pressão do abdômen (barriga) pode 
impedir que o pulmão se expanda 
adequadamente nos momentos de dificuldade 
para respirar. Além disso, a maior frequência 
de outras doenças que aumentam o risco em 
obesos, como diabetes, problemas no coração 
e nos rins. E o risco metabólico pela associação 
com hipertensão, aumento da gordura no 
sangue (dislipidemia) e pré-diabetes. 
 
3. Idade: Foi observado que a forma severa da 
doença prevalece em pacientes mais velhos, 
os quais possuem mais comorbidades 
comparados aos pacientes nãograves. As 
doenças subjacentes presentes são: doença 
cardiovascular, doença hepática, doença renal 
ou tumores malignos. Esses pacientes, na 
maioria das vezes, morrem de suas 
comorbidades originais. Diante disso, é 
possível notar que a idade juntamente com 
comorbidade preexistentes podem ser um dos 
fatores de risco. Assim, estudo revela que de 
312 pacientes mais velhos internados (>65 
anos), 105 eram casos graves e em 241 
comorbidades estavam presentes com 
hipertensão sendo o mais comum, seguido por 
diabetes e doença cardiovascular 
 
TRANSMISSÃO 
 
O modo de transmissão do SARS-CoV-2 
ainda não está totalmente elucidado. As 
características epidemiológicas e clínicas 
indicam que o surto de COVID-19 é diferente 
do SARS de 2002. Presume-se que este vírus 
seja transmitido através de contato e gotículas 
que se formam quando uma pessoa infectada 
fala, tosse ou espirra ou durante a realização 
de procedimentos que gerem aerossóis. 
A transmissão pode ocorrer pessoa a 
pessoa ou a curtas distâncias. No entanto, 
transmissões por via rota oral-fecal (ou seja, o 
vírus é eliminado nas fezes do paciente, 
contaminando a água ou alimentos, e pode 
entrar em contato com a pessoa através das 
mãos, por exemplo) tem sido relatada e 
evidências sugerem que esse mecanismo não 
pode ser descartado. Acredita-se que pessoas 
assintomáticas são fontes potenciais de 
infecção pelo novo coronavírus, sendo um dos 
motivos pelos quais a estratégia de controle 
baseada no isolamento dos pacientes não foi 
muito bem-sucedida. 
 
PREVENÇÃO 
 
No momento atual, o único método aceito 
para prevenir a infecção é evitar a exposição 
ao vírus seguindo as seguintes orientações: 1) 
lavar as mãos frequentemente com água e 
sabão ou com um desinfetante para as mãos à 
base de álcool 70% e evitar tocar os olhos, o 
nariz e a boca com as mãos não lavadas; 2) 
evitar contato próximo com as pessoas 
(mantendo uma distância de pelo menos 1 
metro), principalmente daqueles que têm 
febre, tosse ou espirros; 3) praticar a etiqueta 
respiratória ou etiqueta da tosse (caso não 
tenha disponível lenço descartável, tossir ou 
espirrar no antebraço ao invés das mãos, que 
são importantes veículos de contaminação); 4) 
procurar atendimento médico precocemente 
se tiver febre, tosse e dificuldade em respirar e 
compartilhar histórico de viagens com o 
profissional médico. 
Atualmente, a melhor forma de combater 
o vírus é ficando em casa, evitando sair, 
aglomerar. Caso seja necessária a saída, o USO 
DE MÁSCARA é essencial. A máscara deve ser 
colocada na boca, nariz e queixo. Não deve 
tocar na frente da máscara. Cada máscara tem 
uma duração de uso. 
 
IVERMECTINA 
 
Introduzida inicialmente em 1981 para 
uso veterinário, a ivermectina é segura e muito 
efetiva em seres humanos; com frequência é 
usada em campanhas de saúde pública em 
todo o mundo,3 sendo o fármaco de primeira 
linha no tratamento de muitas infecções 
filariais. Produz bons resultados contra a W. 
bancrofti, causadora da elefantíase. A dose 
única destrói as microfilárias imaturas de O. 
volvulus, porém não os vermes adultos. A 
ivermectina é também a primeira escolha de 
fármaco para aoncocercose, que causa a 
cegueira do rio, reduzindo a incidência de 
cegueira em até 80%. Também se mostra ativa 
contra vermes redondos: nematoides comuns, 
verme-chicote e vermes chatos, tanto do 
Vitória Farias – 2º semestre de Medicina 
Reino Unido (E. vermicularis) quanto na 
variante americana (S. stercoralis), mas não é 
ativa nos ancilóstomos. Quimicamente, a 
ivermectina é um agente semissintético 
derivado de um grupo de substâncias naturais, 
as avermectinas, obtidas a partir de um 
microrganismo actinomicético. O fármaco é 
administrado por via oral e tem meia-vida de 
11 horas. 
Considera-se que a ivermectina destrua o 
verme pelas aberturas dos canais iônicos de 
cloreto controlados pelo glutamato 
(encontrados apenas nos invertebrados) e 
pelo aumento da condutância ao Cl−; ou por se 
ligar a receptores de GABA ou por se ligar em 
um novo local alostérico no receptor nicotínico 
da acetilcolina, levando ao aumento na 
transmissão e à paralisia motora. Os efeitos 
adversos incluem erupções cutâneas e 
prurido, mas, em geral, o fármaco é muito bem 
tolerado. Uma exceção interessante na 
medicina veterinária é a toxicidade para o SNC 
em cães da raça Collie. 
 
IVERMECTINA E COVID-19 
 
Acredita-se que a ivermectina atue em 
diferentes locais de ligação de proteínas para 
reduzir a replicação viral. Então, devido à essa 
evidência de atividade contra SARS-CoV-2 in 
vitro e em modelos animais, a ivermectina 
atraiu interesse na comunidade científica 
global e entre os legisladores. Vários países 
incluíram a ivermectina em suas diretrizes de 
tratamento, levando a um aumento na 
demanda do medicamento pela população em 
geral. 
A hipótese deste ensaio randomizado foi 
que a ivermectina aceleraria a recuperação em 
pacientes com COVID-19 quando administrada 
durante os primeiros dias de infecção. Nesse 
estudo randomizado feito em adultos 
sintomáticos com COVID-19 leve, administrou-
se durante 5 dias a ivermectina e o placebo, 
nos primeiros 7 dias após a evidência de 
infecção e notou-se que não houve melhora 
significativa no tempo para resolução dos 
sintomas. 
O interesse na ivermectina na terapia com 
COVID-19 começou a partir de um estudo in 
vitro que descobriu que as células infectadas 
com SARS-CoV-2 com ivermectina 5 μM teve 
uma redução de aproximadamente 5.000 
vezes no RNA viral. No entanto, as 
concentrações usadas no estudo in vitro são 
difíceis de alcançar em pulmões ou plasma 
humanos, ou seja, as concentrações inibitórias 
de ivermectina são improváveis de serem 
alcançadas em humanos em doses 
clinicamente seguras. 
Este estudo não encontrou qualquer 
efeito significativo da ivermectina em outras 
medidas avaliadas de benefício clínico para o 
tratamento de COVID-19. Embora uma 
proporção numericamente menor de 
pacientes tratados com ivermectina 
necessitou de atendimento (2,0% com 
ivermectina vs 5,0% com placebo), a diferença 
não foi estatisticamente significativa e foi 
atenuada em uma análise após a exclusão de 4 
pacientes hospitalizados em um tempo médio 
de 3,25 horas após a randomização. Além 
disso, a ivermectina não reduziu a DE ou 
consultas por telefone, apoiando ainda mais a 
falta de eficácia para esses resultados. 
No entanto, a população relativamente 
jovem e saudável do estudo raramente 
desenvolveu complicações, tornando o estudo 
insuficiente para detectar tais efeitos. 
Portanto, a capacidade da ivermectina de 
prevenir a progressão de COVID-19 leve para 
estágios mais graves precisaria ser avaliada em 
estudos maiores. 
O estudo foi suficientemente poderoso 
para detectar uma resolução mais rápida dos 
sintomas em pacientes logo após eles se 
tornarem aparentes, e nenhuma diferença 
significativa foi identificada. No entanto, a 
população do estudo era relativamente jovem, 
com poucas comorbidades e com níveis de 
enzimas hepáticas inferiores a 1,5 vezes o nível 
normal, portanto, os achados podem ser 
generalizáveis apenas para essas populações. 
Cumulativamente, os resultados sugerem 
que a ivermectina não afeta significativamente 
o curso do COVID-19 inicial, consistente com 
os modelos farmacocinéticos que mostram 
que os níveis plasmáticos de ivermectina total 
e não ligada não atingem a concentração que 
resulta em 50% da inibição viral, mesmo para 
um nível de dose 10 vezes superior à dose 
aprovada. 
Vitória Farias – 2º semestre de Medicina 
CLOROQUINA 
 
A 4-aminoquinolina cloroquina é um 
fármaco antigo, dos anos 1940, porém ainda é 
um agente esquizonticida sanguíneo muito 
potente, efetivo contra as formas eritrocíticas 
de todas as quatro espécies de plasmódios (se 
sensíveis ao fármaco), porém não possui efeito 
algum nos esporozoítos, hipnozoítos ou 
gametócitos. Não apresenta carga elétrica em 
pH neutro e, assim, difunde-se livremente para 
o lisossomo parasitário.Em pH ácido do 
lisossomo, é convertida para a forma 
protonada, impermeável à membrana, sendo 
“aprisionada” dentro do parasito. Sua principal 
ação antimalárica deriva da inibição da heme-
polimerase, a enzima que polimeriza a heme 
livre tóxico em hemozoína. Isso envenena o 
parasito e evita que utilize os aminoácidos da 
proteólise da hemoglobina. A cloroquina 
também é usada como fármaco 
antirreumatoide modificador da doença e 
também apresenta algumas ações quinidina-
símiles no coração. 
Em geral, a cloroquina é administrada por 
via oral, mas a malária falcípara grave pode ser 
tratada por injeções intramusculares ou 
subcutâneas frequentes de pequenas doses, 
ou pela infusão intravenosa contínua lenta. 
Após a administração da dose oral, é 
completamente absorvida e extensamente 
distribuída nos tecidos, concentrando-se nos 
eritrócitos parasitados. A liberação dos tecidos 
e dos eritrócitos infectados é lenta. O fármaco 
é metabolizado no fígado e eliminado na urina, 
70% como fármaco inalterado e 30% como 
metabólitos. A eliminação é lenta, com a fase 
principal possuindo meia-vida de 50 horas, e 
algum resíduo persiste por semanas ou meses. 
A cloroquina tem poucos efeitos adversos 
quando administrada com a finalidade de 
quimioprofilaxia. No entanto, esses efeitos, 
incluindo náuseas e vômitos, tonturas e 
turvação da visão, cefaleia e sintomas de 
urticária, podem ocorrer quando doses 
maiores são administradas para tratar as crises 
agudas de malária. Algumas vezes, as doses 
maiores também resultaram em retinopatias e 
perda da audição. As injeções em bolus 
intravenoso de cloroquina podem causar 
hipotensão e, se doses elevadas forem usadas, 
arritmias fatais. A cloroquina é considerada 
segura para uso por gestantes. A amodiaquina 
tem ação muito semelhante à da cloroquina. 
Foi retirada do mercado alguns anos atrás, 
devido ao risco de agranulocitose, porém 
agora está reintroduzida em diversas áreas do 
mundo em que a resistência à cloroquina é 
endêmica. 
 
HIDROXI + CLOROQUINA E COVID-19 
 
Cloroquina e hidroxicloroquina parecem 
bloquear a entrada viral nas células inibindo a 
glicosilação de receptores hospedeiros, 
processamento proteolítico e acidificação 
endossomal. Esses agentes também têm 
efeitos imunomodulatórios através da 
atenuação da produção de citocinas e inibição 
da autofagia e da atividade lysosômica nas 
células hospedeiras. 
Cloroquina inibe SARS-CoV-2 in vitro com 
uma concentração efetiva meia-máxima (EC50) 
na faixa de micromolar baixa. A 
hidroxicloroquina tem atividade in vitro com 
uma EC50 inferior para SARS-CoV-2 em 
comparação com cloroquina após 24 horas de 
crescimento (hidroxicloroquina: EC50 = 6,14 
μM e cloroquina: EC50 = 23,90 μM).

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