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TRÍADE PROCESSUAL Jurisdição: é o poder-dever do Estado, na figura do juiz, de solucionar a lide levada a sua apreciação. Ação: garantia constitucional que permite todos ir ao encontro do Judiciário ante a ameaça ou efetiva lesão a direito. Processo: instrumento de que se vale a Jurisdição. PANORAMA HISTÓRICO SOBRE A SOLUÇÃO DE CONFLITOS I Primeiro momento – inexistência de Estados Nacionais fortes. Como consequência: autotutela (através do uso da força) e autocomposição (desistência, submissão e transação). Paulatinamente: solução imparcial de conflitos através dos árbitros, função inicialmente concebida aos sacerdotes que, teriam ligações com divindades, que conheciam os costumes sociais. A decisão era atribuída com base na convicção coletiva, associada aos costumes. Afirmação do Estado: Ênfase na jurisdição, apesar de as demais formas de solução de conflito não terem desaparecido por completo. Ordenamentos previram desforço possessório e autocomposição, por exemplo. Críticas: nem toda a complexidade das relações sociais acabava demonstrada no processo. Processo não foi contínuo, mas fortaleceu-se com o Neoconstitucionalismo. A RELEVÂNCIA DO NEOCONSTITUCIONALISMO Segunda Guerra: marco para o Constitucionalismo Contemporâneo. Transição do modelo de Estado Legislativo de Direito para o Estado Constitucional de Direito, em que a Constituição se tornou uma norma jurídica autêntica, e os direitos fundamentais passaram a exercer papel essencial na estrutura jurídica dos Estados. Denominado de Neoconstitucionalismo, este movimento foi marcado pela estrutura jurídica baseada em princípios constitucionais e na interpretação jurídica pautada na ponderação deles. Outro traço preponderante do Neoconstitucionalismo é o crescimento do papel político do Poder Judiciário, que passou a ser mais ativo na defesa dos direitos fundamentais. NO BRASIL A recepção do Neoconstitucionalismo no Brasil se iniciou com a Constituição Federal de 1988. Judiciário passou a exercer um papel central na estrutura do Estado, além de influenciar diretamente o ordenamento jurídico, como pode-se observar na consagração do princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (art.5º, XXXV CF88). PANORAMA HISTÓRICO SOBRE A SOLUÇÃO DE CONFLITOS II A nível internacional: consciência e relevância dos meios de solução de conflitos – obra Acesso à Justiça, Projeto Florença, coordenado por Mauro Cappelletti e Bryant Garth. Século XXI: transformações do Estado e crise da jurisdição. Ênfase aos meios de solução de conflitos, que passam da compreensão de alternativos a adequados. Para reflexão: Meios de solução de conflitos não podem ser uma panaceia para os problemas do Judiciário. É necessário incentivar uma solução multiportas de conflitos, mas aperfeiçoar a prestação jurisdicional. FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS Autotutela Autocomposição Conciliação Mediação Arbitragem Jurisdição MÉTODOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO Mediação e conciliação: presença de terceiro imparcial para tentar a solução consensual. Diferença de mediação para conciliação: artigo 165, §2º e §3º Código de Processo Civil. Lei de mediação: Lei nº 13.140/2015 Arbitragem: terceiro possui poder decisório, mas não de efetivar seus próprios julgamentos (se não for voluntariamente cumprido, efetiva no Poder Judiciário). Lei nº 9.307/1996. ESTADO Função administrativa Função legislativa Função jurisdicional A função legislativa é a função que o Estado exerce por via de normas gerais. A função jurisdicional é a função para decidir controvérsias com força de coisa julgada. A função administrativa é a função exercida na intimidade de uma estrutura de regime hierárquico. Estrutura do Poder Judiciário: artigo 92 da Constituição. Justiça do Trabalho: artigo 114 Constituição (relações de trabalho) Justiça Militar: artigo 124 Constituição - crimes militares, tanto em tempo de paz como em tempo de guerra, ex vi de seus arts. 9º e 10. Justiça Eleitoral: artigo 121 Constituição: organiza processo eleitoral e julga Justiça Federal: artigo 109 Constituição Justiça Estadual. PRINCIPIOS Início. São um conjunto de padrões de conduta presentes de forma explícita ou implícita no ordenamento jurídico. Papel dos princípios – informam e orientam a interpretação dos institutos para garantir o acesso à justiça. Artigo 5º, inciso XXXV – objetivo: realizar o acesso à justiça, de forma mais ampla, e não apenas o acesso ao Judiciário. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS – ONDE ENCONTRÁ- LOS? Constituição Código de Processo Civil Código de Processo Penal CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) Devido processo legal -Artigo 5º, inciso LIV da Constituição Aspectos: Substantivo – garantia da vida, liberdade e propriedade. Não basta regularidade formal, é preciso que decisão seja razoável. Dessa garantia surgem os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Processual – direito de ser processado e de processar de acordo com normas previamente estabelecidas. Participação, exercício de faculdades como legitimidade da jurisdição. Isonomia – artigo 5º, caput, Constituição e artigo 7º CPC. As partes devem ser tratadas com igualdade, de tal modo que desfrutem concretamente das mesmas oportunidades de sucesso final, em face das circunstâncias da causa. Contraditório e ampla defesa – artigo 5º, LV, da Constituição e artigo 9º CPC. Observado procedimento, com direito de defesa e participação. Pressupõe: a) audiência bilateral: adequada e tempestiva notificação do ajuizamento da causa e de todos os atos processuais através de comunicações preferencialmente reais, bem como ampla possibilidade de impugnar e contrariar os atos dos demais sujeitos, de modo que nenhuma questão seja decidida sem essa prévia audiência das partes; b) direito de apresentar alegações, propor e produzir provas, participar da produção das provas; c) congruidade dos; d) contraditório eficaz e prévio; e) o contraditório participativo pressupõe que todos os contrainteressados tenham o direito de intervir no processo e exercer amplamente as prerrogativas inerentes ao direito de defesa e que preservem o direito de discutir os efeitos da sentença que tenha sido produzida sem a sua plena participação. Juiz Natural – artigo 5º, incisos XXXVII e LII da Constituição. Visto: a) em relação ao órgão jurisdicional - direito ao julgamento de sua causa por um juiz abstratamente instituído como competente pela lei antes da ocorrência dos fatos originadores da demanda. b) em relação à imparcialidade - julgamento por um juiz imparcial, ou seja, um juiz equidistante das partes e dos interesses a ele submetidos. Inafastabilidade do controle jurisdicional – artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição – não apenas acesso à justiça, mas acesso ao Judiciário de forma mais ampla. Publicidade – artigo 5º, LX, e artigo 93, IX, CF. Segredo de justiça: artigo 189 CPC. A supressão da publicidade em nenhum caso pode impedir a presença das partes e dos seus advogados aos atos processuais orais, como exigência imperiosa da plenitude de defesa. Motivação das Decisões – artigo 93, IX, CF e artigo 489 CPC. Todo provimento jurisdicional deve ser motivado, apresentando justificação suficiente do seu conteúdo e evidenciando o respeito ao contraditório participativo através s do exame e consideração de todas as alegações e provas pertinentes apresentadas pelas partes. Cooperação – artigos 5º e 6º CPC. Atuação de boa-fé, para obtenção de provimento jurisdicional justo. Inércia e impulso oficial – artigos 2º, 312 e 490 CPC. Magistrado só atua a partir do que foi pedido (srt. 141 CPC). Decidir fora dos limites do pedido significa decidir ultra petita (além dos limites do pedido), citra petita (aquém dos limites do pedido) ou extra petita (diverso do pedido). Inadmissibilidade de prova obtida por meio ilícito – direito à prova é garantia do direito de ação, docontraditório e da ampla defesa. Art. 5º, LVI – veda provas obtidas por meio ilícito. Prova não é ilícita, e sim acesso a ela. Duração razoável do processo – artigo 5º, LXXVIII, CF. O direito à prestação jurisdicional em prazo razoável é uma exigência da tutela jurisdicional efetiva. A demora no julgamento cria uma instabilidade na situação jurídica das partes, incompatível com a noção de segurança jurídica exigível em toda sociedade democrática. NORMAS FUNDAMENTAIS DO CPC/2015 Artigo 1º - leitura do processo à luz da Constituição Artigo 2º - inércia (exceção: art. 738 CPC) e impulso oficial Artigo 3º - acesso à justiça Artigo 4º - duração razoável Artigos 5º e 6º - cooperação Artigo 7º - isonomia Artigo 8º - razoabilidade, proporcionalidade, publicidade. Artigo 9º - inafastabilidade da tutela jurisdicional e contraditório. Artigo 10 – vedação de decisão surpresa Artigo 11 – fundamentação. FONTES DO DIREITO Meios de produção, expressão ou interpretação da norma processual. Não se diferenciam das fontes do Direito. Fontes: Diretas ou imediatas – geram a norma jurídica Indiretas ou mediatas - influenciam a elaboração das normas, mas não geram o dever jurídico Fonte direta ou imediata: lei – dotada de coercitividade. Lei – Constituição, leis (ordinária) e tratados (art. 24 CPC). Lei processual civil: disciplina a função jurisdicional – artigo 13 CPC. Pode se recorrer a: princípios gerais, costumes, equidade, analogia – meios de integração do ordenamento – veja artigo 140 do CPC e art. 4º da LINDB. Fonte indiretas ou mediatas: doutrina e jurisprudência. LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. No entanto, também são invocáveis para disciplina do Processo Civil normas processuais civis internacionais previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. Como regra geral, a lei processual aplicável será a lei vigente no foro onde tramita o processo (lex fori) – isto é, ao menos como regra geral, quando o processo tramitar em território brasileiro, haverá de ser observada a nossa legislação processual, mesmo ainda naqueles casos em que, por qualquer motivo, a lei substancial aplicável seja estrangeira. Entretanto, tem-se uma exceção à regra mencionada: a eventualidade de submissão do processo nacional a procedimento diverso, em decorrência de previsões especiais contidas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. É, por exemplo, o caso de rapto (sequestro) internacional de menor ao abrigo da Convenção de Haia de 1980. Imageticamente, temos uma família constituída por um pai norte-americano, uma mãe brasileira e um filho nascido nos Estados Unidos. Após uma vinda da mãe ao Brasil com o filho menor, com a autorização do pai, a genitora decide ficar no Brasil pelo fato de o seu casamento não estar passando por bons momentos. O pai, estarrecido com a situação, ingressa nos Estados Unidos com pedido de retorno imediato do menor ao seu país de origem, uma vez que a mãe violou o direito de guarda (que estava com os dois progenitores), e, como a última residência do menor eram os Estados Unidos, qualquer processo de guarda deveria ocorrer em solo norte-americano (assim como prevê a Convenção de Haia). Concomitantemente, a genitora ingressa com processo de regulação de guarda no Brasil. A norma convencional, porque dispõe que o processo deverá ocorrer na residência habitual do menor (que era o solo norte- americano), e o Brasil faz parte da Convenção de Haia. LEI PROCESSUAL NO TEMPO Vigência: artigo 1º LINDB. Art. 1.045. Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial. Código de Processo Civil: Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Fim da vigência: artigo 2º LINDB Quando uma nova norma entra em vigor: atos exauridos Art. 1.047. As disposições de direito probatório adotadas neste Código aplicam-se apenas às provas requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua vigência. b) atos pendentes c) atos futuros A lei pode dispor em sentido diverso? Art. 1.046, CPC. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. § 1º As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste Código. § 2º Permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, aos quais se aplicará supletivamente este Código. § 3º Os processos mencionados no art. 1.218 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, cujo procedimento ainda não tenha sido incorporado por lei submetem-se ao procedimento comum previsto neste Código. § 4º As remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código. § 5º A primeira lista de processos para julgamento em ordem cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos na data da entrada em vigor deste Código. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL I)O método literal ou gramatical muitas das vezes é insuficiente para a interpretação da norma. II)O segundo método de interpretação lógico-sistemático impõe-se ao magistrado, que deve analisar a norma dentro da logicidade havida no sistema jurídico-processual como um todo, não admitindo contradições ou paradoxos com o próprio sentido emanado pelo sistema jurídico. Ou seja, para chegar ao alcance da norma individual, será necessário analisar sua relação com as demais leis, inserido no contexto do sistema legislativo. III) Em algumas situações, pelo método histórico de interpretação, “é preciso olhar para trás para chegar à frente”. Significa dizer que por vezes é preciso analisar as normas antecedentes que regulavam determinado instituto, cuja outorga de significado quer-se dar a uma nova norma. IV) a interpretação comparativa – muito em face de a doutrina jurídica brasileira ser jovem se comparada com a velha Europa –, busca nas doutrinas estrangeiras e em seus ordenamentos fundamentos para chegar à conclusão do significado da lei nacional, até porque alguns dos nossos institutos processuais foram inspirados na legislação estrangeira. V) o método teleológico encontra-se disposto no art. 5º da Lei de Introdução do Código Civil, o qual determina que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. INTEGRAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL O descompasso entre o direito posto e as necessidades sociais fora tratado no art. 4º da LINDB: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”.
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