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Maria Fernanda Brandão – UC3 1 Metabolismo do álcool e da bilirrubina Metabolismo do etanol no fígado → Álcool é absorvido no estômago, duodeno e cólon (não passa por processo de digestão) → O etanol pode ser excretado diretamente pelos pulmões, urina e suor, mas a maior parte é metabolizado em acetaldeído pelo fígado → O álcool (molécula solúvel em álcool e lipídeos) é desintoxicado e eliminado principalmente no fígado através de uma série de alterações metabólicas de reações oxidativa → Cada um destes três passos produz metabólitos específicos e resultam na produção de acetaldeído • É um produto tóxico, quer na mitocôndria, quer no citoplasma, que pode causar ▪ Desnaturação de proteínas, ▪ Peroxidação lipídica e alterações da exocitose por ligação à tubulina ▪ Reduz também o nível de glutatião (um dos sistemas de proteção hepática contra substâncias hepatotóxicas: havendo a diminuição dele, o REL cresce proporcionalmente com o aumento na ingestão de etanol) ▪ Aumenta o efeito tóxico de radicais livres. ▪ Interfere com a cadeia de transporte de eletrons, causando alterações estruturais na mitocôndria ▪ Inibe os mecanismos de reparação do DNA → Acetaldeído é oxidado pela aldeído desidrogenase (ALDH). Essa reação forma NADH (que produz 16 ATP/mol de etanol) e acetato • Reação praticamente irreversível • Formação de NADH é um problema, pois o NAD+ é necessário em outras reações metabólicas ▪ Inibe gliconeogênese, por isso beber sem comer gera hipoglicemia → Na conversão do acetato em coenzima A, há o desdobramento de ATP para adenosina monofosfato (AMP). → O acetil-coenzima A entrará no ciclo de Krebs, transformando-se em dióxido de carbono e água → O acetato, metabólito final da degradação do álcool, é uma ótima forma de energia, inibindo a oxidação lipídica e causando alterações metabólicas e consequentemente doenças CONVERSÃO DE ETANOL EM ACETALDEÍDO ADH → Via mais comum em pessoas saudáveis: principal via → Citosol do hepatócitos → A reação principal é catalisada por uma enzima, a álcooldesidrogenase (ADH) 2 • Formação de acetaldeído pela ADH, com formação de NADH (1 mol de etanol = 1 mol de NADH) • Irreversível Sistema Mitocondrial de oxidação do etanol (MEOS) → Via mais comum em alcoolistas → Participação na destruição de 20% do álcool ingerido num modelo de consumo excessivo, cuja diferença está, na sua sensibilidade ao dióxido de carbono e na maior afinidade ao etanol → Ocorre no reticulo endoplasmático liso (REL) dos hepatócitos, tendo como pH ótimo de 6.9-7.5 → Cofator: NADPH → Utiliza o citocromo P450 → Enzima: NADPH-citocromo redutase → Ocorre oxidação de NADPH, formando NAD+, formando acetaldeído (não forma NADH, então a via não produz energia, e sim consome) Catalase → Biotransformação hepática peroxidativa do etanol é limitada pela produção endógena de água oxigenada. → Sob circunstâncias fisiológicas, o sistema catalase responde por menos 2% da oxidação do etanol → Via de recurso tóxica, sendo a formação de água oxigenada responsável pela destruição de ácidos nucleicos constituintes dos cromossomas indispensáveis à multiplicação celular → Ocorre nos peroxissomos Características e função do citocromo P450 → Enzima com papel central na detoxificação de xenobióticos, especialmente do etanol. • Ele, unido ao citocromo da família B, são responsáveis por grande parte da detoxificação de fármacos → São encontrados em na membrana interna de mitocôndrias e na membrana do retículo endoplasmático, com objetivo de tornar o produto mais solúvel • Oxida etanol utilizando oxigênio (não produz ATP) → Tem como propriedade a ligação de elétrons ao oxigênio e no ciclo do NADH. → Como consequência, espécies reativas de oxigênio são formadas, incluindo radicais hidroxilo, que podem iniciar a peroxidação lipídica na membrana, gerando produtos finais tóxicos → Dano hepático: pode formar, através do etanol, o radical hidroxietila no REL. Tanto o acetaldeído como os radicais hidroxietila podem interagir com várias proteínas celulares, formando complexos que atuam como autoantígenos para iniciar a resposta imune → O aumento da atividade metabólica pelas enzimas do citocromo P450 aumenta a produção de espécies reativas de oxigênio, potencializando ainda mais os efeitos danosos do álcool 3 → Reação geral: NADPH + H+ + O2 + SH → NADP+ + H2O + SOH (monoxigenação) Ação → A ativação deste sistema necessita de dois equivalentes redutores que chegam até o P450 por dois passos distintos. Os passos do ciclo catalítico do citocromo P450 são: (1) Ligação do substrato (RH) ao citocromo P450 (Fe+3); (2) redução monoeletrônica do complexo enzima- substrato pela enzima NADPH citocromo P450 redutase (NCR); (3) ligação do oxigênio molecular (O2) ao complexo enzima-substrato. Enquanto um átomo do oxigênio molecular é introduzido no substrato, o outro é reduzido até água gerando espécies reativas do oxigênio, tais como o ânion superóxido (O2 .-) e o peróxido de hidrogênio (H2O2); (4) transferência do segundo elétron para o complexo enzima-substrato através do citocromo b5; (5) protonação do complexo enzima-substrato com liberação de peróxido de hidrogênio; (6) clivagem da ligação O-O gerando um intermediário reativo; (7) inserção de um átomo de oxigênio no substrato (monooxigenação); (8) dissociação do produto e liberação do citocromo P450; (9) reação de hidroxilação sem a necessidade de equivalentes redutores. Metabolismo da bilirrubina → Bilirrubina: produto final da degradação do grupo heme, o qual pode provir das hemoglobinas envelhecidas, dos eritrócitos da medula óssea por eritropoese ineficaz e, em menor parte, formada a partir da degradação de outros complexos proteicos (catalase, mioglobina e citocromo P450), especialmente no baço, onde é posteriormente transportado para o fígado pela circulação esplênica • Não-conjugada/indireta: pouco hidrossolúvel, ligada a albumina • Conjugada/direta: hidrossolúvel → Fases: • Baço recebe sangue a partir da artéria esplênica • Células esplênicas reconhecem e destroem hemácias senis, a partir do rompimento de suas membranas no retículo plasmático (isso também pode ocorrer nos fagócitos, células de Kupfer do fígado, células do baço e da medula óssea) • Hemácia rompida libera hemoglobina, que será reaproveitada, sendo transformada em dois subprodutos ▪ Complexo heme: toxina ➢ Reação requer oxigênio molecular e NADPH e libera CO e íon Fe3+ ➢ Heme é convertido a biliverdina pela enzima heme oxigenase ➢ Com uso de NADPH e da enzima biliverdina redutase, a biliverdina é convertida em bilirrubina insolúvel ▪ Complexo globina: parte proteica a ser reutilizada • Através da veia esplênica (que junto às veias mesentéricas superior e inferior forma a veia porta), a bilirrubina insolúvel (ligada à albumina sérica) vai ao fígado • No fígado, a bilirrubina insolúvel é convertida em bilirrubina solúvel ▪ Bilirrubina é liberada da albumina e ligada à duas moléculas de ácido glicurônico, o que a torna hidrossolúvel ▪ No REL do hepatócito, a enzima UDP- glicuronil-transferase forma diglicuronato. ▪ Liga-se à proteína ligandina e é excretada do hepatócito • Bile é armazenada na vesícula biliar e é secretada no processo de digestão • No íleo e intestino grosso, os glicuronatos são removidos por enzimas bacterianas (β- 4 glicuronidases), resultando os urobilinogênios, que são incolores. Estes são oxidados a compostos corados, as urobilinas (urina) ou estercobilinas (fezes). Doenças hepáticas relacionadas ao consumo elevado de álcool → Os principais mecanismos de dano hepático associados ao consumo excessivo do álcool são: alteração de membranas,formação do acetaldeido, estresse oxidativo, formação de fibrose, desnutrição e apoptose do fígado Esteatose hepática → Quando as células e os espaços do fígado são preenchidos por gordura, o órgão se torna volumoso e pesado. Causado pelo abuso de álcool, uso de certos medicamentos e doenças como as hepatites virais. Só gera algum sintoma quando o dano ao fígado já é muito grave Cirrose → Sintomas: fraqueza generalizada, distensão abdominal, anorexia, icterícia, dores no quadrante superior direito, perda de peso, ascite. → A insuficiência pancreática aparece simultaneamente à cirrose hepática alcoólica → Necrose pelo tecido Hepatite alcoólica → Geralmente se desenvolve em pacientes que consomem pelo menos entre 40 a 80 g de álcool etílico por dia, durante pelo menos cinco anos → Pode variar desde completamente assintomática até hepatite com falência hepática e posterior morte. → É um estado precursor de cirrose hepática Carcinoma hepatocelular → Pode existir associado a outras hepatopatias ou como lesão única. → A associação hepática mais frequente é com a cirrose
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