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Rev. CEFAC, São Paulo PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES DE FALA EM CRIANÇAS POR MEIO DE TESTE DE RASTREAMENTO Prevalence of speech disorders in children through screening test Helena Jesini Meira Caldeira (1), Stéffany Lara Nunes Oliveira Antunes (2), Luiza Augusta Rosa Rossi-Barbosa (3), Daniel Antunes Freitas (4), Mirna Rossi Barbosa (5), Antônio Prates Caldeira (6) RESUMO Objetivo: conhecer a prevalência de alterações de fala em crianças que frequentam o 1º ano do ensino fundamental em escolas públicas de Montes Claros – MG no ano de 2010, por meio de teste de rastreamento, �er�� �ar os res��ta�os �a tr�a�em �om a �ar���e� se�o e �on�e�er os �r�n���a�s �ro�es��er���ar os res��ta�os �a tr�a�em �om a �ar���e� se�o e �on�e�er os �r�n���a�s �ro�es� sos fono�ó���os �resentes nas �r�anças �esq��sa�as. Método: �t���zo��se o Teste de Rastreamento �e D�stúrb�os Art����atór�os �e Fa�a – TERDAF a�a�ta�o, �m �nstr�mento �a���a�o �ara este �m. Os alunos foram selecionados aleatoriamente para a aplicação do teste. Resultados: foram avaliadas 404 �r�anças �om mé��a �e ��a�e �e se�s anos e ��n�o meses, 52,0% eram �o se�o fem�n�no. A �re�a�ên��a �e a�terações �e fa�a fo� �e 33,7%. Po�e�se obser�ar �resença �e �e�e�o em 8,4% �as �r�anças. Dos 137 a��nos �om a���ma a�teração nos �ro�essos fono�ó���os, os ma�s �t���za�os foram: substituição de /ʎ/ por /i/ ou /y/, /l/ por /r/, /z/ por /s/ e omissão do /l/ e /r/. A chance de alterações de fa�a em �r�anças �o se�o mas����no fo� 2,53 �ezes àq�e�a �o se�o fem�n�no. A mé��a �o tem�o �asto ��rante o teste fo� �e �m m�n�to e �ezo�to se��n�os. Conclusão: a �re�a�ên��a �e �r�anças �om a�te� rações �e fa�a est� em a�or�o �om o�tros est��os. Ações �o �ro�ss�ona� fonoa���ó�o�o em �are�er�a �om e���a�ores �ontr�b�em �ara fa����tar a a�ren��za�em �omo me���a �re�ent��a. DESCRITORES: Pre�a�ên��a; Transtornos �a Art����ação; Pro�ramas �e Rastreamento; Fonoa���o�o��a (1) Fonoa���ó�o�a �ra��a�a �e�as Fa����a�es Un��as �o Norte �e M�nas – FUNORTE, Montes C�aros, MG, Bras��. (2) Fonoa���ó�o�a �ra��a�a �e�as Fa����a�es Un��as �o Norte �e M�nas – FUNORTE, Montes C�aros, MG, Bras��. (3) Fonoa���ó�o�a; Professora Mestre �o C�rso �e Fono� a���o�o��a �as Fa����a�es Un��as �o Norte �e M�nas – FUNORTE, Montes C�aros, MG, Bras��. (4) O�ontó�o�o; Professor �os C�rsos �e Fonoa���o�o��a e O�onto�o��a �as Fa����a�es Un��as �o Norte �e M�nas – FUNORTE, Montes C�aros, MG, Bras��; Mestre em INTRODUÇÃO A �om�n��ação �erba� é �e e�trema �m�ortân��a, seja nas relações interpessoais, seja como meio �e a�ren��za�em. Antes q�e �ossam ter q�a�� quer compreensão da leitura e escrita, as crianças devem entender que a fala é composta por unidades sonoras mínimas, os fonemas, e que esses podem ser representados1. O�onto�o��a �e�a Un��ers��a�e Va�e �o R�o Ver�e – UNIN� COR, Três �orações, MG, Bras��. (5) Fonoa���o�ó�o�a; Mestran�a em C�ên��as �a Saú�e �a Un��ers��a�e Esta��a� �e Montes C�aros – UNIMONTES, Montes C�aros, MG, Bras��. (6) Médico pediatra; Professor Doutor dos Cursos de Mes� tra�o e Do�tora�o em C�ên��as �a Saú�e �a Un��ers��a�e Esta��a� �e Montes C�aros – UNIMONTES, Montes C�aros, MG, Bras��. Confl�to �e �nteresses: �ne��stente Alterações na fala podem ser encontradas tais �omo: s�bst�t��ções, om�ssões e/o� ��storções �os sons, �o�en�o estar re�a��ona�as às �������a�es �a �ín��a (o q�e �ara�ter�zar�a �ma �������a�e �o�n�t��o���n��íst��a), �om a �er�e�ção a���t��a �os sons e/ou com a produção dos mesmos2. O �es��o fonét��o tem �omo �r�n���a�s �a�sas as alterações de estruturas ósseas e/ou muscu� lares, envolvidas na articulação e nas alterações de Ca��e�ra HJM, Ant�nes SLNO, Ross��Barbosa LAR, Fre�tas DA, Barbosa MR, Ca��e�ra AP Rev. CEFAC, São Paulo �on�e�er os �r�n���a�s �ro�essos fono�ó���os a�te� rados nas crianças pesquisadas. MÉTODO Este traba��o �ara�ter�za�se �or �m est��o transversal, analítico, realizado na cidade de Montes Claros – MG. A população alvo foi formada por crianças da 1ª série do ensino fundamental, re���armente matr����a�as em es�o�as �úb���as �a zona urbana de Montes Claros, no ano de 2010, s�bor��na�as à Se�retar�a �e Esta�o �a E���ação de Minas Gerais. Em�re�o��se a té�n��a �e amostra�em a�eatór�a �or �on��omera�o em �o�s est���os, �r�me�ro foram sorteadas as escolas e posteriormente a turma da escola sorteada. Participaram 23 escolas, sendo 16 estaduais e 7 municipais. A amostra constituiu �e �r�anças, �e ambos os se�os, ��jos �a�s a�to� rizaram a participação das mesmas na pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram autorizados 404 termos para a aplicação do TERDAF adaptado12. As crianças foram submetidas ao teste individu� almente, na biblioteca da escola ou em uma sala vazia com pouco ruído e aplicado por duas acadê� m��as �o ��rso �e Fonoa���o�o��a �o 7º �erío�o q�e haviam sido, previamente, treinadas e calibradas �or �ma �ro�ss�ona� �om e��er�ên��a na �rea. O �nstr�mento �t���za�o, (TERDAF a�a�ta�o)12 �ontém ��nte ���ras �om os fones �o �ort���ês bras��e�ro (F���ra 1). No �ro�esso �e rea�a�tação �o teste, a ���ra �a borbo�eta fo� s�bst�t�í�a �e�a �ra��ra �e �ma �orta; a ���ra �a ��a�a, �e�a b���� ��eta; a ���ra �a zebra �e�a �ra��ra �e �ma �obra; e �ma ���ra me��or re�resentat��a �ara a em�ssão �a �a�a�ra �am�n�ão, �onforme s��estão �e est��o prévio12. Fo� mant��a a �onta�em �e 1 a 10 �ara facilitar a avaliação do ceceio, ou seja, a produção �os fonemas /s/ e /z/ �om a�o�o �a �onta �a �ín��a entre os dentes. É importante ressaltar que foi �ronometra�o o tem�o �e a����ação �a tr�a�em. O �roto�o�o ��ass���a �omo “norma�” q�an�o to�as as res�ostas são �orretas; “a�tera�o” q�an�o �ma o� ma�s res�ostas são em�t��as �om a���ma a�teração no q�e refere aos �ro�essos fono�ó���os; e “�n�on���s��o” q�an�o a �r�ança �e��a �e fa�ar o nome �e a���ma ���ra, �or não �on�e�ê��a o� s�bs� t�t�í��a �or o�tro nome, �m�oss�b���tan�o a a�a��ação do fonema em questão. As produções foram trans� �r�tas �ara �oster�or an���se, rea��za�a �or ��as fonoa���ó�o�as. Por ser �m teste �e rastreamento, a criança com qualquer produção emitida incorreta� mente fo� en�am�n�a�a �ara ��a�nóst��o. �ro��ção �a fa�a. O �e�e�o é �m e�em��o �esse desvio em decorrência de uma alteração na postura �a �ín��a sen�o �ron�n��a�o �om a�o�o �a �ín��a anteriorizada, entre os dentes, ou posteriorizada, ocorrendo principalmente na produção dos fonemas /s/ e /z/3. O �es��o fono�ó���o, �or s�a �ez, o�orre na a�sên��a �e a�terações or�ân��as or���nan�o�se nas �������a�es �e �onte�t�a��zação �os sons, na or�an�zação ��n��íst��a e na �omb�nação �os traços fonêmicos4. O �ro�esso �e aq��s�ção e �esen�o���mento fono�ó���o o�orre �e mane�ra �ra��a�, até q�e �aja o estabe�e��mento �o s�stema fono�ó���o, �e a�or�o �om a �om�n��a�e ��n��íst��a q�e a �r�ança est� �nser��a5. Geralmente acontece por volta dos ��n�o anos, �o�en�o esten�er�se �os q�atro até no m���mo se�s anos6. Os Pro�essos Fono�ó���os o�orrem q�an�o a criança produz a fala dos adultos de forma mais f���� �ara e�a, �ro�o�an�o s�m�����ações q�e afetam ��asses �e sons e não sons es�e�í��os7,8. O �nteresse �e se �esq��sar a �re�a�ên��a das alterações de fala em relação aos processos fono�ó���os s�r��� a �art�r �o Pro�rama Saú�e na Es�o�a – PSE q�e tem �omo �na���a�e contribuir �ara a formação �nte�ra� �os est��antes �a re�e �úb���a �e e���ação b�s��a �or me�o �e ações �e �re�enção, �romoção e atenção à saú�e9. As ações em saú�e �re��stas no âmb�to �o PSE deverão ser desenvolvidas articuladamente com a re�e �e e���ação �úb���a b�s��a e em �onfor� midade com os princípios e diretrizes do Sistema Ún��o �e Saú�e – SUS. Cabe ao fonoa���ó�o�o desenvolver ações, em parceria com os educa� dores, que contribuam para a promoção, aprimo� ramento, e prevenção de alterações dos aspectos re�a��ona�os à a���ção, ��n��a�em (ora� e es�r�ta), motricidade oral e voz e que favoreçam e otimizem o �ro�esso �e ens�noe a�ren��za�em10. Para �er���ar �rob�emas �e fa�a n�ma �o���ação se faz ne�ess�r�o �m teste �e tr�a�em e o Teste �e Rastreamento de Distúrbios de Fala – TERDAF foi �a���a�o �ara este �m, mas �o��e re�omen�ações de ajustes para estudos posteriores11. Pesquisa com novas adaptações ao teste foram propostas, �omo �nserção �e �onta�em �e �m a �ez �ara melhor observação do ceceio e substituições de a���mas ���ras12. Os objet��os �este est��o foram: �on�e�er a prevalência das alterações de fala em crianças que frequentam o 1º ano do ensino fundamental em escolas públicas de Montes Claros – MG no ano de 2010, por meio do TERDAF adaptado12; veri� ��ar os res��ta�os �a tr�a�em �om a �ar���e� se�o e Alteração de fala em crianças Rev. CEFAC, São Paulo TRIAGEM ADAPTADA – FOLHA 1 Ca��e�ra HJM, Ant�nes SLNO, Ross��Barbosa LAR, Fre�tas DA, Barbosa MR, Ca��e�ra AP Rev. CEFAC, São Paulo RESULTADOS Participaram deste estudo 404 crianças, sendo 66,3% (n=268) �e es�o�as esta��a�s e 33,7% (n=136), m�n����a�s; 38,6% (n=156) �as �r�anças alocadas para o estudo estudavam em escolas da �rea �entra� �a ���a�e e 61,4% (n=248) em es�o�as �er�fér��as. Q�anto ao se�o, 52,0% (n=210) eram men�nas e 48,0% (n=194) men�nos; �om ��a�e entre cinco anos e um mês a sete anos e três meses, média de seis anos e cinco meses (DP±4,16). Na época da coleta de dados, 27 crianças (6,7%) tinham menos de seis anos de idade. O �resente est��o fo� a�ro�a�o �e�o Com�tê �e Ét��a em Pesq��sa �a Un��ers��a�e Esta��a� �e Montes C�aros – Un�montes, sob o número 1236/08. Os �a�os obt��os foram ana��sa�os estat�st��a� mente no �ro�rama M��rosoft Of��e E��e� 2007, em�re�a�o �ara e��ção �e tabe�as e �o Software SPSS versão 17.0 para o Windows, utilizado para apreciação dos estudos estatísticos, no qual abordou a utilização do teste Qui–Quadrado (X²) e ANOVA �ara obser�ação �e ��ferenças re�e� �antes, ass�m�n�o�se o ní�e� �e s��n���ân��a �e 5% (�<0,05) e foram �onstr�í�os �om 95% �e �on�ança estatística. TRIAGEM ADAPTADA – FOLHA 2 CONTAR DE 1 A 10. Figura 1 – Etapa da pesquisa Alteração de fala em crianças Rev. CEFAC, São Paulo Tabela 1 – Prevalência em relação às respostas das crianças ao teste de triagem de fala; Montes Claros, MG – 2010 Triagem Normal Alterado Inconclusivo Total Sexo N % N % N % N % Feminino 100 47,6 51 24,3 59 28,1 210 100 Masculino 64 33,0 85 43,8 45 23,2 194 100 Total 164 40,6 136 33,7 104 25,7 404 100 p = 0,000 (n=104) não re�on�e�eram a���ma �as ���strações a�resenta�as, sen�o o teste ��ass���a�o �omo “�n�on���s��o”. Portanto, a �re�a�ên��a �e a�te� rações de fala com teste de rastreamento foi de 33,7% (Tabela 1). A mé��a �o tem�o �asto ��rante o teste fo� �e �m m�n�to e �ezo�to se��n�os. Das 404 �r�anças s�bmet��as ao teste �e tr�a�em, 40,6% (n=164) apresentaram fala normal; 33,7% (n=136) apre� sentaram a���m t��o �e a�teração na fa�a e 25,7% Tabela 2 – Frequência de emissões realizadas pelas crianças do 1º ano de escolas públicas do ensino fundamental, consideradas como alteradas na triagem de fala; Montes Claros, MG – 2010 Figuras N % Folha 70 51,1% Coelho 61 44,5% Bicicleta 59 43,1% Presente 44 32,1% Tesoura 39 28,5% Cobra 21 15,3% Chave 19 13,9% Passarinho 15 10,9% Relógio 12 8,7% Cachorro 9 6,6% Porta 9 6,6% Gato 8 5,8% Violão 8 5,8% Sapato 7 6,1% Banana 6 4,4% Escova 6 4,4% Maçã 4 2,9% Lápis 3 2,2% Dedo 1 0,7% Caminhão 0 0,0% Nota: O ne�r�to �esta�a as �ro��ções ma�s �re�a�entes. Das 136 crianças com fala alterada, 62,5% (n=85) eram �o se�o mas����no e 37,5% (n=51) �o se�o fem�n�no. Po�e�se obser�ar �resença �e �e�e�o em 8,4% (n=34) �as �r�anças. Dentre as crianças com menos de seis anos, apenas seis �e�as a�resentaram res��ta�o “a�tera�o”. Entre as 136 crianças que apresentaram emis� sões �om a���ma a�teração, as ma�s �re�a�entes foram �ara as ���ras �a fo��a, �oe��o, b�����eta, presente, tesoura e cobra, sendo emitida como foia, cuêi/cuêiu, biciqueta/bicicreta, pezenti, tissora e coba res�e�t��amente. Os �ro�essos fono�ó���os ma�s �t���za�os �e�as �r�anças foram: s�bst�t��ção de /ʎ/ por /i/ ou /y/, /l/ por /r/, /z/ por /s/ e omissão �o /�/ e /r/. As ���ras �om res�ostas a�tera�as ma�s re�orrentes en�ontram�se em or�em �e�res�ente na Tabela 2. A tabela 3 apresenta em ordem decrescente, a freq�ên��a �as ���ras não re�on�e���as �or 104 crianças (resultado inconclusivo). No teste de rastreamento �essas �r�anças, a ���ra re�resen� tativa de passarinho foi dita pela maioria como pássaro, a �ra��ra q�e re�resenta �ma fo��a fo� substituída por planta, violão foi emitido como viola, e dedo pela palavra mão. Entre os 300 �n���í��os �om tr�a�em norma� e a�tera�a fo� �er���a�a a asso��ação entre essa �ar���e� �e�en�ente e a �ar���e� �n�e�en�ente se�o (Tabe�a 4), obser�an�o�se ��ferença estat�s� t��amente s��n���ante entre men�nos e men�nas (�=0,000). O odds ratio mostro� res��ta�o ���a� a 2,60 (IC 95%: 1,63 – 4,16), �ortanto a ��an�e �e a�terações �e fa�a em �r�anças �o se�o mas����no é 2,6 �ezes àq�e�a em �r�ança �o se�o fem�n�no. Ca��e�ra HJM, Ant�nes SLNO, Ross��Barbosa LAR, Fre�tas DA, Barbosa MR, Ca��e�ra AP Rev. CEFAC, São Paulo A an���se �os res��ta�os, �e�an�o�se em consideração a localização das escolas (Tabela 4), mostrou que 51,0% (n=104) das crianças das es�o�as �e �reas �er�fér��as a�resentaram a�tera� ções na fala, enquanto 33,3% (n=32) das crianças �as es�o�as �a re��ão �entra� a�resentaram ta�s alterações. Essa diferença foi estatisticamente s��n���ante (�=0,004). A s�bst�t��ção �o /ʎ/ foi maior em crianças das escolas da periferia, em relação às �r�anças �as es�o�as �entra�s, sen�o esta ��fe� rença também estat�st��amente s��n���ante (�ara “�oe��o”, �=0,032 e �ara “fo��a”, �=0,001). Não �o��e ��ferença estat�st��amente s��n��� �ante entre os �r��os et�r�os e o os res��ta�os �a tr�a�em, o� seja, a �ro�orção �e �r�anças q�e a�re� sento� a�teração na tr�a�em fo� seme��ante nos três �r��os et�r�os (�=0,096). Entretanto, na an���se da duração do tempo de realização do teste, a fa��a et�r�a se mostro� �omo �ar���e� asso��a�a (p=0,000) (Tabela 5). DISCUSSÃO A prevalência de 33,7% de alterações na fala em �r�anças est� �entro �os est��os ��ja meto�o�o��a tem os mesmos �r�tér�os ��a�nóst��os: �re�a�ên��a de 26,7% foi encontrada em estudo com crianças na fa��a �e se�s a �oze anos11 e de 36,2% em estudo com crianças de cinco anos e sete meses Respostas Inconclusivos Nº % Passarinho 45 43,3% Folha 37 35,6% Violão 25 24,0% Dedo 22 21,1% Porta 18 17,3% Coelho 17 16,3% Caminhão 15 14,4% Sapato 13 12,5% Escova 9 8,6% Gato 8 7,7% Presente 8 1,7% Cobra 6 5,8% Relógio 5 4,8% Maçã 4 3,8% Chave 2 1,9% Tesoura 1 0,9% Cachorro 1 0,9% Banana 1 0,9% Lápis 1 0,9% Bicicleta 1 0,9% Tabela 3 – Frequência de emissões, sem reconhecimento de figura, realizadas pelas crianças do 1º ano de escolas públicas do ensino fundamental; Montes Claros, MG – 2010 Variáveis Normal Alterado p-valor OR (IC95%) Sexo 0,000 Feminino 100 51 1,0 Masculino 64 85 2,60(1,63-4,16) Local das escolas 0,004 Área central 64 32 1,0 Área periférica 100 104 2,08(1,26-3,45) Tabela 4 – Associação entre variáveis estudadas e alterações de fala em crianças da primeira série de escolas públicas; Montes Claros, MG – 2010 Tabela 5 – Tempo de aplicação na triagem de fala, segundo o grupo etário em crianças da primeira série de escolas públicas; Montes Claros, MG – 2010 Grupo etário N Média de tempo (segundos) DP Teste ANOVA p-Valor Até 6:0 69 92,80 35,74 6:1 a 6:6 190 77,24 31,65 Acima de 6:7 145 72,80 29,16 9,604 0,000 Alteração de fala em crianças Rev. CEFAC, São Paulo�o�a��zação �resente �� sé���os12. H� a�tores q�e �es�re�eram q�e o �esen�o���mento �a ��n��a�em est� asso��a�o aos �a�rões ��n��íst��os aos q�a�s a �r�ança est� e��osta25,26 não devendo considerar esta forma �e ��n��a�em �omo �ato�ó���o mas s�m �omo �ar�ação ��n��íst��a o� re��ona��smo12. A ��ferença no tem�o ne�ess�r�o �ara a a���� �ação �a tr�a�em fo� s��n���antemente ��ferente entre os �r��os et�r�os. De �m mo�o �era� o tem�o de aplicação diminui conforme o aumento da idade das crianças27 o q�e �o�e ser e�����a�o �or fatores maturacionais e de estimulação28. A média do tem�o �asto �emonstro� ser �m teste s�m��es e r����o. Conforme a ��terat�ra, �ara o �e�antamento �e �a�os em �ma �o���ação re�at��amente �ran�e e sem q�e��as �e�e�se �t���zar �m teste �e rastre� amento �e f���� a����ação, ser r����o e �a���a�o29, aspectos que foram considerados para a realização da presente pesquisa. O�tro as�e�to a ser �esta�a�o refere�se ao teste em�re�a�o. Po�e�se obser�ar q�e as s�bs� t�t��ções �e ���ras s��er��as em est��o anter�or12 reduziram o percentual de resultados inconclusivos em 83,6%. Q�anto às �ema�s ���ras sem re�on�e� ��mento �e�as �r�anças, �o�em�se a�otar fa����ta� �ores. Por e�em��o, na ���ra �o �assar�n�o: “�m ��ssaro �eq�eno é �m...”, na ���ra �o �e�o: “na mão temos ��n�o....” Os res��ta�os �este est��o sa��entam a �m�or� tân��a �e me���as �re�ent��as no �ro�esso �e e���ação �nfant�� e a re�e�ân��a �o �a�e� �o fono� a���ó�o�o nas es�o�as. Este �ro�ss�ona� �e�e �r�ar �on��ções fa�or��e�s e e��azes �ara q�e as �a�a� ���a�es �e �a�a a��no �ossam ser e���ora�as ao m���mo, não no sent��o �e e��m�nar �rob�emas, mas basean�o�se na �rença �e q�e �eterm�na�as s�t�a� ções e e��er�ên��as �o�em fa����tar e �n�rementar o �esen�o���mento e a a�ren��za�em30. CONCLUSÃO A prevalência de crianças com alterações de fa�a est� em a�or�o �om o�tros est��os e também reforçam que estas ocorrem mais em crianças do se�o mas����no. Problema de fala pode ser prejudicial ao desen� volvimento da criança e sua interação no meio so��a�. A �art����ação �o fonoa���ó�o�o na �rea educacional deve ser de orientação e planejamento escolar, criando condições para facilitar a alfabeti� zação e etapas posteriores a ela, em medidas de �ar�ter �re�ent��o. a oito anos e sete meses12. Entretanto, e��stem estudos na literatura brasileira que apontam preva� �ên��a �e transtornos fono�ó���os �ar�an�o �e 4,2% a 63,2%13�16. Esta �ar�ab����a�e �o�e ser e�����a�a �e�a �t���zação �e ��ferentes meto�o�o��as, ��a�e dos sujeitos e pelo número da amostra12. De�e�se �esta�ar, também, q�e a �re�a�ên��a re��stra�a neste est��o refere�se às a�terações �e fa�a q�anto aos �ro�essos fono�ó���os e não a transtornos fono�ó���os, �o�s não �o��e a�a��ação ��a�nóst��a. A maioria dos estudos indica que as altera� ções de fala são mais frequentes em sujeitos do se�o mas����no4,13,17�21, corroborando os resultados deste trabalho. Pesquisa realizada em Salvador – BA, �om �r�anças na fa��a et�r�a �e q�atro a se�s anos, �er���o� �re�a�ên��a �e 13,3% �ara o se�o masculino e 5,0% para o feminino13. O�tra �esq��sa rea��za�a no Va�e �o Paraíba em es�o�ares �e sete anos �om transtorno fono�ó���o, 77,0% era �o se�o masculino21. Estudos realizados com pacientes atendidos em amb��atór�os �e Fonoa���o�o��a mostraram q�e a ma�or �arte �as �r�anças �om transtorno fono�ó���o era composta por meninos com idades entre cinco e sete anos18,19. Pesquisas de base populacional ou com amostras representativas de crianças em idade escolar constataram que atraso de fala, alte� rações fonoart����atór�as, transtorno fono�ó���o são, a�ro��ma�amente, 1,5 �ezes ma�s �re�a�entes em meninos do que em meninas17,20. No que refere ao ceceio, este estudo tem resul� tados semelhantes com pesquisa realizada na mesma cidade, em escolares com média de idade de seis anos e seis meses (DP±5,06), no qual a �re�a�ên��a �e �es��o e����s��amente fonét��o foi de 10,4%12. J� o est��o rea��za�o em Santa Maria – RS com crianças de idade entre cinco anos e sete meses e sete anos e cinco meses, 2,1% apresentaram desvio fonético15. A literatura revela que estas alterações fonéticas diminui sua ocor� rência com o aumento da idade22. Obser�o��se, no �resente est��o, ��ferença s��n���ante entre �r�anças �e es�o�as �entra�s e �er�fér��as q�e, �oss��e�mente, est� asso��a�a ao �ra��ente so��a�. Embora, não se ten�a afer��o o nível socioeconômico das famílias das crianças envolvidas, a localização das escolas pode ser toma�a �omo �ma �ar���e� q�e, em �erta me���a, também é um indicador social. A substituição de /ʎ/ por /y/ foi a mais frequente no presente estudo. Tal alteração é bastante comum e caracteriza forma est��mat�za�a �o fa�ar �rbano12, 23,24. É um fenômeno ��n��íst��o ant��o, �es�e à ��e�a�a �a �ín��a �ort�� ��esa ao Bras��, �ortanto, estão re�ro��z�n�o �ma Ca��e�ra HJM, Ant�nes SLNO, Ross��Barbosa LAR, Fre�tas DA, Barbosa MR, Ca��e�ra AP Rev. CEFAC, São Paulo 9. Bras��. De�reto nº 6.286, �e 5 �e �ezembro �e 2007. Inst�t�� o Pro�rama Saú�e na Es�o�a �PSE, e �� o�tras �ro���ên��as. 10. Conse��o Fe�era� �e Fonoa���o�o��a. Reso��ção CFFa nº 309, de 01 de abril de 2005. Dispõe sobre a at�ação �o Fonoa���ó�o�o na e���ação �nfant��, ensino fundamental, médio, especial e superior, e �� o�tras �ro���ên��as. Brasí��a, 1 abr. 2005. 11. Go��art BNG, Ferre�ra J. Teste �e rastreamento de alterações de fala para crianças – Terdaf. Pró�Fono Re� At�a� C�ent. 2009;21(3):231�6. 12. Ross��Barbosa LAR. Pre�a�ên��a �e Transtornos Fono�ó���os em Cr�anças �o 1º Ano �o Ensino Fundamental [dissertação]. 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T�e ��an�e of ��ono�o���a� ��sor�er �n ma�e �����ren �s 2,53 t�mes t�at �n fema�e �����. T�e a�era�e t�me s�ent ��r�n� t�e test was 1 m�n�te an� 18 se�on�s. Conclusion: we fo�n� a ���� �re�a�en�e of ��ono�o���a� ��sor�er �eman��n� not on�y effe�t��e t�era�e�t�� �nter�ent�on �ro�ram, b�t a�so �re�ent��e meas�res. Pre�a�en�e of �����ren w�t� s�ee�� ��sor�ers �s �n a�reement w�t� ot�er st���es... A�t�ons of t�e �rofess�ona� s�ee�� t�era��st �n �artners��� w�t� e���ators �e�� to fa����tate �earn�n� as a �re�ent��e meas�re... KEYWORDS: Pre�a�en�e; Art����at�on D�sor�ers; S�reen�n� Pro�rams; S�ee��, Lan��a�e an� Hear�n� S��en�es Alteração de fala em crianças Rev. CEFAC, São Paulo 24. Nery A. O mo�o �e fa�ar �o bras��e�ro. Pa��na 3 Pe�a�o��a & Com�n��ação. [�er�ó���o na Internet]. 2007 [a�essa�o 2010 A�o 12]. D�s�oní�e� em: �tt�:// e���a�ao.�o�.�om.br/�ort���es/��t1693�60.j�tm. 25. S�r�ber� LD, Kw�atkowsk� J. De�e�o�menta� ��ono�o���a� ��sor�ers: I. A ���n��a� �ro��e. 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RECEBIDO EM: 09/05/2011 ACEITO EM: 18/10/2011 En�ereço �ara �orres�on�ên��a: Daniel Antunes Freitas Fa����a�es Un��as �o Norte �e M�nas – FUNORTE A�en��a Osmane Bran�ão, s/n – Ba�rro JK Montes Claros – MG CEP: 39400�000 E�ma��: �an�e�mestra�o�n�n�or@ya�oo.�om.br
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